quinta-feira, junho 20, 2013

Acerca da liderança e do futuro

Aqui, em 2007, a propósito da saída de José Mourinho do Chelsea escrevi:
"Contudo, fica-me algo atravessado na garganta... queremos o sucesso da nossa organização hoje, porque estamos cá. Mas, não deveriam os gestores ser um pouco esquizofrénicos e, enquanto preparam a organização para o sucesso hoje e amanhã, para o qual precisam de cultivar a relação, a emoção, os laços de união, o espírito de equipa (ao leme deste navio sou mais do que eu, sou todo um povo..., diz-se) em simultâneo, deveriam cultivar o distanciamento, pensar, planear e preparar a organização, para o depois de mim... senão, depois de mim é o dilúvio."
Ontem, ao ler "Turn the Ship Around" de David Marquet sublinhei:
"In the Navy system, captains are grade on how well their ships perform up to the day they depart, not a day longer. After that it becomes someone else's problem.
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I thought about that. On every submarine and ship, and in every squadron an battalion, hundreds of captains were making thousands of decisions to optimize the performance of their commands for their tour and their tour alone.
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We didn't associate an officer's leadership effectiveness with how well his unit performed after he left. We didn´t associate an officer's leadership effectiveness with how often his people got promoted two, three, or four years hence. We didn't even track that kind of information. All that mattered was performance in the moment."

BTW, no essencial, a equipa que Mourinho deixou esteve em duas finais da Champions, ganhou uma Champions e uma Liga Europa.

Sintomas da mudança em curso

A caminho de um país mais saudável "Portugueses nunca pouparam tanto":
"o valor registado em maio significa que a poupança das famílias portuguesas já representa mais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) português."

A revolução em curso

"Welcome to the New Industrial Revolution—a wave of technologies and ideas that are creating a computer-driven manufacturing environment that bears little resemblance to the gritty and grimy shop floors of the past. The revolution threatens to shatter long-standing business models, upend global trade patterns and revive American industry.
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"Manufacturing is undergoing a change that is every bit as significant as the introduction of interchangeable parts or the production line, maybe even more so," says Michael Idelchik, who heads up advanced technologies at GE's global research lab, located about 15 minutes away from the battery plant. "The future is not going to be about stretched-out global supply chains connected to a web of distant giant factories. It's about small, nimble manufacturing operations using highly sophisticated new tools and new materials." (Moi ici: Chamem-me bruxo!!! É isto que escrevemos aqui há tanto tempo! O modelo do século XX a dar lugar ao modelo do século XXI. Esta é a corrente de fundo que os estrategas deveriam aproveitar, fazer batota)
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At the same time, technological advances now allow manufacturers to invent new ways of fabricating things that represent an extreme departure from the classic production-line model. By far the most significant of these steps forward is additive manufacturing—a process of making a three-dimensional object of virtually any shape from a digital model.
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These exotic machines can use a range of materials—everything from wood pulp to cobalt—and create things as varied as sneakers, fuel nozzles for airplanes and, ultimately, even human organs. And a single piece of manufacturing equipment, rather than being custom-designed to perform a single function, can be programed to fabricate a virtually limitless array of objects. (Moi ici: Flexibilidade, baixos custos para produções unitárias, explosão da variedade)
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Almost certainly, it won't mean creating jobs the old way—building large factories that employ thousands of people. (Moi ici: Cuidado com os sonhos de re-industrialização com base no paradigma do século XXThe real opportunity is in the growth of highly specialized, highly advanced microfactories and in legions of small entrepreneurial ventures making old things in new ways, as well as producing new products and custom-made items.
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Still, this new environment leaves manufacturers facing big new challenges, as digital files of physical objects show up in huge numbers on websites like Thingiverse and Physibles, and manufacturing instructions appear online, too.
"I give a lot of speeches about this topic to manufacturing groups, and people are usually quiet during the Q&A," says Christine Furstoss, who oversees a staff of 450 engineers and scientists working on materials, energy strategy and processing technology at GE's research center. "But afterward, they come up to me in private and want to talk about how frightened they are. People get a glimpse of how this could change the game in their business, and they are just not sure what to do about it."" (Moi ici: O fim das fábricas como as concebemos e dos empregos como os concebemos - em linha com o que escrevemos aqui há anos!!!)

Trechos retirado de "A Revolution in the Making"

Coisas estúpidas

"Gasolineiras com mais de quatro reservatórios obrigadas a vender combustíveis low cost"
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Consequência, vão pôr fora de serviços os reservatórios acima do quarto e fechar os locais de abastecimento acima do oitavo. E brincava eu ontem no twitter, recordando o imposto inglês sobre o número de páginas de jornais e, o imposto francês sobre o número de janelas das casas e propunha, com ironia, imposto sobre o número de livros em casa.
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Reparem no que sublinhei esta semana aqui no blogue:
"There is a real strategy called "low-cost," which can facilitate more attractive prices than competitors. But low prices unaccompanied by low costs is an approach to liquidation"
Enfim, políticos a brincar com o dinheiro e as opções estratégicas dos outros.

quarta-feira, junho 19, 2013

Curiosidade do dia

Aveiro, esta manhã

Vantagem de viver no campo

Nesta altura do ano, somos animados por uma mensagem de esperança, anónima, real e libertária


Que interessa a estratégia se...

Há vários meses que tinha em mente ler "Turn the Ship Around!" de David Marquet, segunda-feira passada aproveitei as viagens de comboio para o começar a ler:
"During one torpedo approach, I devised an elaborate ruse that would flush out the opposing submarine and make it a sitting duck for our attack. I predicted to the officers in the control room what would happen. The situation developed exactly as I'd foreseen, and we were able to get a hit on a quiet and tenacious enemy. In the middle of the attack, however, I'd had to reach over and do the job of one of the other trainees because he had gotten confused.
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I thought I was brilliant, but Captain Kenny took me aside and upbraided me. It didn't matter how smart my plan was if the team couldn't execute it! It was a lesson that would serve me well."
E lembrei-me logo daquele número de há dias:
"Most (53 percent) could not say their strategy is understood by employees and customers." 
Se a estratégia não é conhecida, como é que as pessoas vão saber como podem contribuir para a sua execução?

E Mongo continua

Parece que a realidade continua a brindar-nos com exemplos ou com previsões sobre a integração de Mongo no nosso dia-a-dia:
"What will global manufacturing look like five years from now?.
The future of manufacturing in one word is “connected.”
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More Connected to Customers & Local Markets: As consumers demand more customization, markets will be micro-segmented and competition will intensify. Having the capabilities to manufacture and deliver the right product at the right time to the right place will become an even greater driver of competitive advantage. Additionally, labor rates in low-cost countries will go up, logistics costs will increase and energy costs will drop in some regions. All this will drive the regionalization of manufacturing near large centers of consumer demand (Moi ici: Chamem-me bruxo! Por que é que tanta gente com acesso aos media tradicionais no nosso país não falam desta oportunidade - proximidade; flexibilidade; customização; interacção) such as North America, Europe and Southeast Asia.
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"What will global manufacturing look like five years from now?.
The migration of high volume, relatively simple, high labor content, low cost to produce and ship products, which do not need to be delivered instantaneously, will continue to chase low labor cost locations in the developing, and even underdeveloped, parts of the world. On the other hand, “one-off” or very low volume, more complex, more challenging to produce and much more expensive to ship products, will be produced closer to their ultimate end customer."
Intriga-me é encontrar tantas opiniões ainda tão enformadas no paradigma do século XX. Por exemplo, de uma pessoa que muito considero, é triste ler:
"Manufacturing facilities will come to resemble one another even more than they do now. Companies with multiple facilities will seek similarity across countries in order to be able to shift production quickly as demand shifts and to monitor them centrally to ensure that they meet the same standards." 
Quase exactamente o oposto do que penso que vai acontecer...
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Esta matriz:
 diz-me que em Mongo, porque vou ter produções mais pequenas e diferentes, porque vou assistir a uma explosão na variedade da oferta, vou ter unidades produtivas flexíveis. E recordo também Ghemawat e a conclusão acerca da importância da variabilidade inter-regional.

Trechos retirados daqui.

Equívocos

"o estudo divulgado esta manhã na Fundação AEP, no Porto, revela que os empresários reconhecem também debilidades na sua própria actuação. “Desde logo, chamam a atenção para a reduzida dimensão das empresas, com o consequente impacto em termos de economia de escala e de massa crítica para enfrentar, com sucesso, o mercado internacional” (Moi ici: Acreditar que uma PME pode competir, com sucesso, no mercado internacional com base na escala e no volume é continuar a acreditar que só se pode competir com Golias de igual para igual. Pena que os exemplos das estratégias alternativas não sejam mais conhecidos. Pena que o modelo triunfante do século XX continue tão forte nas mentes que ainda não perceberam as potencialidades de competir no século XXI), lê-se no sumário executivo, reforçando que “os próprios empresários afirmam a necessidade de uma maior cooperação entre as empresas (que pode traduzir-se em parcerias, fusões ou alianças estratégicas) que leve a uma efectiva conjugação de esforços e de recursos”.
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A falta de profissionalismo na gestão é outro “mea culpa” realizado pelos líderes empresariais que participaram neste estudo, no qual reconhecem a necessidade de melhorar a sua capacidade de gestão e defendem que deve ser implementada uma “atitude profissionalizada” na gestão das PME. (Moi ici: Podiam começar pela sua própria empresa. A velha mensagem de Ghandi, sejam a mudança que querem ver no mundo) Uma gestão rigorosa e responsável, assente em equipas e estruturas de trabalhadores com “forte espírito de resistência” e “valências” que lhes permitam enfrentar o futuro, sustenta o mesmo documento.
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Trechos retirados de "Um quarto das empresas assume “risco de insolvência ou perda de reputação”"
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BTW, lembram-se disto?
"Se me venderem a redução da TSU para facilitar a vida às empresas que vivem do mercado interno concordo, o grosso do emprego está aqui e estas empresas vão viver tempos terríveis, o aumento futuro do desemprego virá sobretudo daqui, e tudo o que for feito para lhes aliviar o nó na corda que vai asfixiando o pescoço das empresas será bem vindo."
Chamam-me bruxo!

terça-feira, junho 18, 2013

Curiosidade do dia


And again, Mongo

Bem prometi que o dia ia ser dedicado a Mongo.
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No JdN de hoje, "Palmilhas feitas à medida":
"Salete Tavares, praticante de actividades de montanha em duas vertente (Ultra Travessias em BTT e "Trail Running") é uma das atletas que a equipa da XFeet apoia. Como? disponibinizando-lhe um serviço de fabrico de palmilhas 100% adaptadas ao seu pé.
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Estas [as palmilhas] são personalizáveis com as cores e materiais que o cliente desejar e adaptáveis a todo o tipo de calçado.
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Na XFeet é possível encontrar várias gamas dedicadas ao desporto, diabetes, uso diário, descanso e palmilhas fabricadas mediante receita médica. Além da venda on-line, Pedro Matias quer ter um espaço físico de análise biomecânica.
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Pedro Matias licenciou-se em Ortoprotesia, pela Universidade do Algarve, e passou o último ano lectivo em Espanha.
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Quando regressou, decidiu adaptar o que tinha aprendido na Ortopedia Técnica ao mercado português."
Mongo a funcionar, quer na produção customizada, quer no empreendedorismo, quer na incorporação de conhecimento científico.

Ainda acerca de Mongo

Outro exemplo de Mongo em "Want Customers to Love Your Product? Let Them Design It":
"What's the best way to make sure customers will choose your product? Ask them what they want, and then give them exactly that." 
Tenho algumas reticências em relação aquele "and then give them exactly that". Se a empresa der aos clientes "exactly that" interrogo-me sobre qual o valor que vai ajudar a criar...  se a empresa der aos clientes "exactly that" onde está o ping-pong da interacção? Se a empresa der aos clientes "exactly that" é como uma marca a subcontratar minutos de produção a uma unidade de produção.
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No entanto, o miolo do artigo tem a minha subscrição:
"1. Ask for input....
2. Monitor conversations and reviews--and actual customer activity....
(Moi ici: Cá está o lado do antropólogo a funcionar) collects detailed data on how customers actually use the app, which feature they use frequently, and which they use infrequently, and what they do with those features.
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3. Act on what you find out.
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This is where too many companies fail in this process. They gather detailed user input and analyze it carefully--but then they don't actually make any changes in response to what they've learned.
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"We never wait till we understand deeply whether something is going to work or not," Mehrabyan says. You never know whether it will be successful or not, he says, so give the users the benefit of the doubt, and just try it. "We add features fast and we react fast. If they don't like something, we change it. If they like it, we polish it and make it even better.""

Outro sintoma de Mongo

Ontem, já noite, tive a boa surpresa de um e-mail do André Cruz com um presente. Um e-mail com o "recorte" da notícia "Empresa especializada em personalização de motas abriu em Coimbra" retirada do Diário das Beiras.
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Outro sintoma de Mongo, de um mundo customizado e personalizado:
"Mais do que uma empresa, o que vai funcionar nestas instalações é um conceito: a "paixão" dos seus mentores "pelas motas, pelos carros e todos os movimentos inerentes a estes contextos, incluindo a transformação ou personalização de veículos e espaços".
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Por isso, existe um espaço próprio para os cerca de 25 membros do "Custom Club Coimbra", coletividade que já existe há vários anos, mas que só agora adquiriu personalidade jurídica como associação sem fins lucrativos.
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"A cerimónia de sábado serviu também para apresentar oficialmente à comunidade e aos canais oficiais, não só o movimento "custom", em expansão mas também para promover a festa anual, designada" 5° Tarrafal Custom Party" que terá lugar nos próximos dias 5 e 6 de julho, na Associação Cultural de Vilarinho, Brasfemes."
Como o André resumiu num tweet que trocámos depois, está cá tudo:

  • o nicho - as pessoas que têm paixão pelas motas e carros e que valorizam a transformação ou personalização de veículos e espaços;
  • a tribo - os membros do "Custom Club Coimbra;
  • o engagement - a festa anual do movimento
Co-criar valor é isto!!!

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Mongo é isto, mais gente fora da caixa do que dentro da caixa, um mundo de 'weirdos' orgulhosos da sua especificidade.
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Conseguem apanhar as semelhanças entre as 'weirdos' que querem aprender a fiar e as 'weirdos' que querem personalizar a sua moto?

O B2C está a ganhar força

O dia de hoje, vai ser um dia dedicado a Mongo.
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Em Agosto passado escrevi aqui:
"Aqui está um negócio que há mais de 1 ano me convence que vai ter um boom espectacular, o "home delivery"."
Imaginem um mundo de prosumers, um mundo de artesãos, que desenvolvem as suas relações pela internet, e que precisam de enviar as suas criações para os consumidores. Não estamos a falar de cartas de correio normalizadas, estamos a falar de volumes de todos os tamanhos e feitios."
Em Maio do ano passado fiz eco das palavras de Conrado Adolpho sobre o fim da barreira geográfica.
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Ontem, o JdN publicou "As PME portuguesas deviam apostar mais nas vendas on-line", uma entrevista a Michel Akavi, director de gestão da DHL Express:
"Empresas portuguesas, num país pequeno mas que têm um mundo grande como mercado.
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A minha recomendação para as empresas portuguesas é que devem apostar mais nas vendas na Internet.
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Portanto, essa é a linha estratégica para o desenvolvimento das PME?"Sim, as empresas portuguesas são pequenas e têm um pequeno país. Por isso, o mundo é o mercado, e os meios electrónicos, se a aposta for bem feita, permitem que qualquer produto, em dois dias, saia de Lisboa ou Coimbra e esteja em quase todos os locais do mundo"
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Aliás, o mesmo gestor disse que apesar de o comércio B2B ser o sustentáculo do negócio, o B2C está a ganhar força."
O mesmo JdN de ontem trazia um exemplo deste crescendo do B2C com "Mercearia on-line de Aveiro alimenta vaga de novos emigrantes"
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Primeira nota deste dia: Mongo pede relações directas entre quem produz e quem consome, faz o by-pass a um retalho que não acrescente valor, que não faça batota.

segunda-feira, junho 17, 2013

Curiosidade do dia

"O custo médio por hora trabalhada em Portugal voltou a cair no primeiro trimestre deste ano, ao recuar 0,3% em termos homólogos, o que traduz a quarta maior descida anual entre os países da União Europeia, onde esse valor aumentou, em média, 1,9%.
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Nas actividades sujeitas às regras do mercado (que correspondem grosso modo ao sector privado) os custos caíram 0,6%, após variações homólogas de -0,5% e -11,5% nos trimestres anteriores. Pelo segundo trimestre consecutivo, a construção civil o único sector onde a variação foi positiva (3,6%). Já na indústria (-1,3%) e nos serviços (-1,1%), os custos do trabalho mantiveram-se em queda na economia portuguesa."
Interessante.
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Trecho retirado de "Custos do trabalho em Portugal registam a quarta maior queda da UE"

"Stressors are information"

"Stressors are information" é uma frase que aprendi com Nassim Taleb e que aprendi a estimar.
"Constraints have a Goldilocks quality: too many and you will indeed suffocate in stale thinking, too few and you risk a rambling vision quest. The key to spurring creativity isn't the removal of all constraints. Ideally you should impose only those constraints (beyond the truly non-negotiable ones) that move you toward clarity of purpose.
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If a constraint enhances your understanding of the problem scope and why you're doing what you're doing, leave it in. Insights into user needs, for example, are great because they provide focus and rationale.
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So don't be afraid of constraints. They can be your friend, your muse even. Thinking outside the box is all well and good, but if the box is the right size and shape it might help, not hinder, your creativity."
Interessante dois artigos semelhantes na mesma altura:
"The traditional view of creativity is that it is unstructured and doesn't follow rules or patterns. Would-be innovators are told to "think outside the box," "start with a problem and then brainstorm ideas for a solution," "go wild making analogies to things that have nothing to do with your product or service."
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We advocate a radically different approach: thinking inside the proverbial box, not outside of it. People are at their most creative when they focus on the internal aspects of a situation or problem—and when they constrain their options rather than broaden them. By defining and then closing the boundaries of a particular creative challenge, most of us can be more consistently creative—and certainly more productive than we are when playing word-association games in front of flip charts or talking about grand abstractions at a company retreat."
Tempos de crise, tempos de falta de dinheiro, são tempos de aplicar a criatividade. Por exemplo, seguindo o caminho menos percorrido.

Trecho inicial retirado de "Boosting Creativity Through Constraints"
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Segundo trecho retirado de "Think Inside the Box"

Sem papas na língua

Gosto de gente assim, gente sem papas na língua, gente capaz de dizer o contrário do que diz a corrente dominante.
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Lembro-me de ler "The Innovator’s Dilemma" sem saber da fama que o livro tinha e achar que o livro era muito, muito bom.
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Primeiro acerca do 'big data':
"In your lecture you suggested that firms are too beholden to data. How does that view fit with the age of big data?
It is truly scary to me. By definition, big data cannot yield complicated descriptions of causality. Especially in healthcare. Almost all of our diseases occur in the intersections of systems in the body. For example, there is a drug that is marketed by Elan BioNeurology called TYSABRI. It was developed for MS [multiple sclerosis]. It turns out that of the people who have MS a proportion respond magnificently to TYSABRI. And others don't. So what do you conclude from this? Is it just a mediocre drug? No. It is that there is one disease but it manifests itself in different ways. How does big data figure out what is the core of what is going on?" (Moi ici: Recordar "Curiosidade do dia"; "Big Data" e "A libertação")
Depois, acerca das universidades:
"So I'd be very surprised if in ten years we don't see hundreds of universities in bankruptcy
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Is this something you lament?It makes me sad because these institutions have a lot of meaning for a lot of people. But on the other side, we should celebrate. People will be so much better served. Because learning becomes a process that means they can learn for their lifetime and get skills for new jobs and it will be customised to their needs. It is hard to argue when you think about the customer."
Depois, acerca da investigação nas universidades:
"We are awash in content that needs to be taught, yet the vast majority of colleges give a large portion of their faculties’ salaries to fund research.
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The problem is the research that most of them generate isn't useful to anyone except other academics. In business there are five ‘A’ journals in which you have to publish to get promoted to tenure. In one of those five the average article is read by 12 people. If only one in every five research universities stopped doing research, society wouldn't be impaired in the least.
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Given your research on innovation, I am surprised to hear you say that. Surely innovation can come from unlikely places, including esoteric research?
I don't think you are right. Almost always great new ideas don't emerge from within a single person or function, but at the intersection of functions or people that have never met before. And most universities are organised so you don't have those intersections. They are siloed. Universities think people come up with great ideas by closing the door. The academic tenure process, where you have to publish to journals which are very narrow, stands in the way of great research."
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Trechos retirados de "Clayton Christensen: Still disruptive"

Um mundo co-...

A propósito deste simpático postal "querer fiar" onde se pode ler:
"O que leva seis mulheres urbanas a virem à Retrosaria num Sábado de manhã para aprender a ir do velo de ovelha a um novelinho de lã? É um sinal dos tempos, de Mongo como se diz aqui, da makers revolution como se diz por aí? É mesmo uma maneira nova de olhar para as coisas que se afirma devagarinho."
Sim, é isso mesmo, Mongo a funcionar, Mongo a entranhar-se.
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Depois de ver as imagens e ler o texto de Rosa Pomar, recordei "Arquitecto de paisagens competitivas (parte I)".
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A figura:
ilustra bem a evolução retratada naquelas imagens do "querer fiar".
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Estamos no tempo da interacção, da co-produção, da co-criação, do co-design, do co...
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O workshop é um momento de interacção e de actuação do 'co'


Este é o futuro de cada vez mais actividades humanas, num mundo de cada vez mais tecnologia as pessoas precisam de interacção e de sentirem que podem criar algo com as suas próprias mãos.
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O interessante nestes workshops da retrosaria, e tão bem retratado na primeira figura ao nível da co-produção, é o jogo de ping-pong entre a organizadora do workshop e as participantes. Uma tem o know-how, tem a experiência, os outros têm a paixão e têm os seus sonhos, e vão criar algo único que não é repetível, cada caso é um caso, cada participante é único. No final, a bicicleta construída ou o novelo de lã fiado, são únicos: "passou pelas minhas mãos", "passou pela minha pela mente" ... tão longe do vómito industrial.

LOL "se os salários alemães subirem os produtos da Europa do Sul ficam mais competitivos"

Numa base per capita a Alemanha produz:
  • duas vezes mais patentes que a França;
  • quatro vezes mais patentes que a Itália;
  • cinco vezes mais patentes que o Reino Unido.
"E se olharmos para os países problemáticos da Europa":
  • A Alemanha produz cerca de 12 500 patentes por ano;
  • A Grécia produz cerca de 60 patentes por ano;
  • Portugal produz cerca de 29 patentes por ano;
  • A Espanha (um país de 47 milhões de habitantes) produz cerca de 390 patentes por ano
Segundo Hermann Simon, existem mid-sized companies in Germany que produzem mais patentes por ano que a Espanha.

E, depois, dizem que a Alemanha é mais competitiva porque os alemães ganham pouco. Ou, que se os salários alemães subirem os produtos da Europa do Sul ficam mais competitivos... pois.
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Não que eu seja um grande apologista das patentes, esse não é o ponto aqui. Competir em Mongo não é pelo preço/custo.

NOTA: Muitas indústrias tradicionais onde os países da Europa do Sul até brilham não permitem grandes patentes. Não se pode patentear um tecido ou uma peça de roupa.

Informação retirada daqui.

domingo, junho 16, 2013

Curiosidade do dia

Via @HelderAMF cheguei a este ensaio "Defending the One Percent" de N. Gregory Mankiw onde encontrei este trecho:
"Joseph Stiglitz’s (2012) book, The Price of Inequality, spends many pages trying to convince the reader that such rent-seeking is a primary driving force behind the growing incomes of the rich. This essay is not the place for a book review, but I can report that I was not convinced. Stiglitz’s narrative relies more on exhortation and anecdote than on systematic evidence. There is no good reason to believe that rent-seeking by the rich is more pervasive today than it was in the 1970s, when the income share of the top 1 percent was much lower than it is today.
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I am more persuaded by the thesis advanced by Claudia Goldin and Lawrence Katz (2008) in their book The Race between Education and Technology. Goldin and Katz argue that skill-biased technological change continually increases the demand for skilled labor. By itself, this force tends to increase the earnings gap between skilled and unskilled workers, thereby increasing inequality. Society can offset the effect of this demand shift by increasing the supply of skilled labor at an even faster pace, as it did in the 1950s and 1960s. In this case, the earnings gap need not rise and, indeed, can even decline, as in fact occurred. But when the pace of educational advance slows down, as it did in the 1970s, the increasing demand for skilled labor will naturally cause inequality to rise. The story of rising inequality, therefore, is not primarily about politics and rent-seeking but rather about supply and demand.
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To be sure, Goldin and Katz focus their work on the broad changes in inequality, not on the incomes of the top 1 percent in particular. But it is natural to suspect that similar forces are at work."
Em sintonia com as minhas reflexões:

BTW, daqui:
"Há números que ajudam a compreender o percurso da indústria portuguesa de calçado, a investir, em média, 16% do seu valor acrescentado bruto por ano, quase o dobro dos concorrentes Italianos.
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Sob o lema "A indústria mais sexy da Europa", os sapatos made in Portugal acompanharam a recuperação das exportações com a qualificação dos seus recursos humanos: a percentagem de trabalhadores qualificados subiu de 28% para 48% e o valor acrescentado bruto por trabalhador cresceu 34% em 10 anos."