domingo, maio 05, 2013

O modelo de negócio da Zara em todo o lado

"O modelo de negócios da Inditex, que assenta na recolha diária de informação sobre a preferência dos clientes nas seis mil lojas que tem nos cinco continentes, deixa um prazo de apenas duas a três semanas para a produção dos artigos de moda. Este segmento - o mais relevante em termos de valor para o grupo espanhol - é, por isso, fabricado em mercados próximos aos centros de abastecimento em Espanha, uma vez que as lojas têm de ser abastecidas duas vezes por semana.
Espanha, Portugal e Marrocos são responsáveis por este "aprovisionamento de proximidade", que representa 51% do volume total de 970 milhões de peças produzidas anualmente pelo gigante retalhista de vestuário. Deste lote da produção, quase um terço vem de fábricas portuguesas. "É um terço importante, sobretudo de peças de qualidade. A moda, em que as séries de produção são curtas, é a nossa fatia mais importante", disse esta segunda-feira o director de comunicação da Inditex, Jesús Echevarría."
Rapidez, proximidade, pequenas séries... o futuro não só do têxtil mas de todos os sectores económicos. Imaginem que não existiam tantas barreiras a protegerem os incumbentes, nestes tempos de transformação até veríamos novos modelos de automóveis, não padronizados, a percorrerem as estradas.

Trecho retirado de "Inditex fabrica um terço da moda em Portugal"

sábado, maio 04, 2013

Curiosidade do dia

Duas coisas bem diferentes e que fazem toda a diferença:

  • "skin in the game"
  • "gaming the system"
Fundamental distinguir o papel dos agentes.

"If you are self-motivated, wow, this world is tailored for you"

"What’s exciting is that this platform empowers individuals to access learning, retrain, engage in commerce, seek or advertise a job, invent, invest and crowd source — all online. But this huge expansion in an individual’s ability to do all these things comes with one big difference: more now rests on you.
.
If you are self-motivated, wow, this world is tailored for you. The boundaries are all gone. But if you’re not self-motivated, this world will be a challenge because the walls, ceilings and floors that protected people are also disappearing. That is what I mean when I say “it is a 401(k) world.” Government will do less for you. Companies will do less for you. Unions can do less for you. There will be fewer limits, but also fewer guarantees. Your specific contribution will define your specific benefits much more. Just showing up will not cut it.
...
When I say that “everyone has to pass the bar now,” I mean that, as the world got hyperconnected, all these things happened at once: Jobs started changing much faster, requiring more skill with each iteration. Schools could not keep up with the competencies needed for these jobs, so employers got frustrated because, in a hyperconnected world, they did not have the time or money to spend on extensive training. So more employers are demanding that students prove their competencies for a specific job by obtaining not only college degrees but by passing “certification” exams that measure specific skills — the way lawyers have to pass the bar.
Claro que para muito gente isto é perigosa propaganda em prol da precariedade laboral.
.
Trechos retirados de "It’s a 401(k) World"

O poder de um cluster

Via @tspascoal cheguei a este artigo "Shenzhen is Like Living in a City-Sized TechShop" e fiquei fascinado com a concretização do que é o poder de um cluster:
"That begins to describe the electronics farmer’s market
...
It’s naive to think of labor costs as China’s chief advantage in hardware manufacturing. The main advantage of being at the center of the supply chain is the iteration speed it permits. Need to find a particular part to fit a particular housing? Just blew a board and need a replacement part? Looking for a variation of a certain component? Then literally walk across the street and go get it. Even if you’re in the heart of the Silicon Valley sitting inside a TechShop that’s not possible. Looking for a segmented LED display? How about browsing through a case full of 75 different ones on the spot. Not sure about using the part in production? Talk to the factory rep and maybe jump in a car to see the factory line.
Aside from selection and immediacy, it’s easier for local designers to build their prototypes using the exact same tools as the production line uses, thus side-stepping possible manufacturing problems down the road and avoiding costly redesigns that plague most hardware projects. It’s also much easier to identify and design around components that are more popular by looking at what’s on sale at local markets than by searching online.
Huaqiangbei is the electronics component mecca, but it’s just one small part of the Shenzhen ecosystem. “I’d never hand-soldier a board. I just send an Eagle file off and get the completed board back later that day for a few bucks.” The town is full of service firms that have the equipment, expertise and capacity to handle quick turnaround on basic needs."

Pós-Magnitogorsk

Nada de novo no texto que se segue. Escreve-se sobre isto aqui no blogue há vários anos. O que é novidade é encontrar isto escrito num jornal português:
"No essencial esta nova fábrica, apropriadamente intitulada "NextFab", consiste num conjunto de máquinas, várias de base digital mas outras não, com as quais é possível fabricar praticamente tudo. Tem similaridades com os chamados FabLabs, uma invenção do MIT, mas com uma variante importante. A componente digital, crítica nos FabLabs, não é aqui determinante.
...
Na indústria convencional (Moi ici: Produção em massa, modelo do século XX) as máquinas são concebidas para cumprirem uma única e repetitiva função. Cada nova produção exige normalmente uma reconfiguração importante da maquinaria e dos processos. Ao invés, neste novo tipo de fábrica pode fazer-se em simultâneo uma bicicleta, um saca-rolhas, uma camisola ou desenvolver um novo polímero. As máquinas são muito versáteis e de elevada capacidade combinatória. (Moi ici: Produção customizada em Mongo, peças únicas, pequenas séries, produção para uso próprio)
...
A nova fábrica é acessível a qualquer pessoa, quer na modalidade de auto-produção, em que o próprio opera os equipamentos, ou contratando pontualmente um serviço de assistência. (Moi ici: Prosumers, os artesãos de Mongo - todos nós) O modelo de negócio segue estas ideias e é por isso bastante original. Assenta numa carteira de associados que, através do pagamento de uma cota incomparavelmente menor do que o investimento em causa, utilizam livremente e sem mais custos todos os equipamentos. Estes são portanto partilhados e utilizados de forma bastante mais eficaz e produtiva do que é habitual. A propriedade exclusiva não é económica nem muito inteligente. Uma máquina, um qualquer equipamento ou, por exemplo, o nosso carro estão na maior parte do tempo parados. Não faz qualquer sentido. A partilha é muito mais lógica e eficaz. (Moi ici: Os modelos de negócio assentes na partilha e no aluguer)
...
O gosto muda velozmente, a inovação constante altera comportamentos e necessidades, os problemas sociais, ambientais e económicos crescem em complexidade. Faz cada vez menos sentido continuar a produzir em massa, quando as pessoas desejam diferenciação. Faz cada vez menos sentido impor uma determinada solução quando as pessoas gostariam de poder escolher, desenhar, conceber a sua.
.
Existem para além disso problemas concretos que exigem uma mudança. A produção em massa gera imensos desperdícios, precisa de enormes áreas de armazenagem, requer uma sofisticada e onerosa rede de transportes. É, além do mais, ambientalmente insustentável. Por isso as fábricas do futuro terão forçosamente de ser muito diferentes.
...
A indústria do futuro será ligeira, dispersa, diversificada e sobretudo acessível. Os equipamentos pesados, as grandes linhas de montagem irão dando lugar a pequenos centros de produção que funcionarão ao virar da esquina. Os poluentes e inacessíveis complexos industriais tenderão a desaparecer. Assistiremos a uma espécie de regresso da pequena oficina de bairro, só que altamente sofisticada e, mais importante, à disposição de todos. Isto vai mudar muito o universo produtivo e é melhor estarmos todos preparados. Depois não digam que não avisei."
Agora imaginem  o mundo de possibilidades que se abre...
.
´As Magnitogorsk do século XX absorveram as pessoas expulsas da agricultura. Agora, com o fim dessas Magnitogorsk voltaremos ao mundo não normalizado, ao mundo diversificado, ao mundo da produção dispersa e próxima do consumo. voltaremos a um mundo com menos empregados por conta de outrém. Small is beautiful!
.
Trecho retirado de "Nova indústria".

sexta-feira, maio 03, 2013

Curiosidade do dia

"Ni los grandes pensadores saben qué hacer con la crisis"... pode ser o começo de algo interessante, absterem-se de intervencionismo ingénuo:
.
Ainda este final da manhã descia a A25 quando ouvi deliciado este trecho:
"What I can say for now is that much of what is taught in economics that has an equation, as well as econometrics, should be immediately ditched—which explains why economics is largely a charlatanic profession. Fragilistas, semper fragilisti!"
Depois, já a subir para Sever de Vouga, apanhei:
"Recall that the interventionista focuses on positive action - doing. Just like positive definitions, we saw that acts of commission are respected and glorified by our primitive minds and lead to, say, naive government interventions that end in disaster, followed by generalized complaints about naive government interventions, as these, it is now accepted, end in disaster, followed by more naive government interventions. Acts of omission, not doing something, are not considered acts and do not appear to be part of one’s mission.
...
I have used all my life a wonderfully simple heuristic: charlatans are recognizable in that they will give you positive advice, and only positive advice, (Moi ici: Claro que me lembrei logo deste coiso) exploiting our gullibility and sucker-proneness for recipes that hit you in a flash as just obvious, then evaporate later as you forget them." 
Depois, já a almoçar uma sandes, o processamento de toda esta informação deu origem a este comentário:
"Deixar de medir o PIB contribuía mais para o crescimento do mesmo do que todas estas ideias de académicos." 
Entretanto, mão amiga, via Tweeter, fez-me chegar a "Nicholas Taleb Against Establishment Economists":
"What once used to be a field in which men of towering intellect tried to establish, discuss and lay down the tenets of what was widely considered an entirely new science as recently as the late 19th century, has become a field in which a great many rather mediocre intellectuals are mainly serving the interests of the State. The classical economists such as Ricardo, for all their flaws, did humanity an invaluable service by showing that there are in fact economic laws and that a ruler cannot suspend them, just as he cannot suspend gravity. The era during which the classical economists dominated the new science was one that saw the implementation of a fairly enlightened economic policy – as close to 'laissez faire' as we ever got – which led to an  enormous spurt in the growth of real wealth and prosperity between the late 19th and early 20th century. We owe a huge debt to this era of capital accumulation and the men who made it possible – without it, the world may be a lot poorer than it actually is."
Perfeito:
"Of course, if an economist rejects interventionism and supports the establishment of an unhampered free market, then there is obviously no role for him as an 'economic planner' and 'adviser to policymakers' (except for advising them to stay the hell out of the economy and stop meddling with it)." 
Eheheh:
"someone causing action while being completely unaccountable for his words. The phenomenon I will call the Stiglitz syndrome," 
Vou ter de ter uma versão em papel do "Antifragility"... já imagino o livro junto à cabeceira durante anos, para ler e reler e voltar a ler.

Uma empresa americana tipo-Mittelstand alemã!!!

Comecei a ler "The Way I Work: Ken Grossman, Sierra Nevada" e, mais ou menos a meio, um pensamento invadiu-me:
Uma empresa americana tipo-Mittelstand alemã!!!
"I'm constantly thinking about beer. Trying to figure out how to improve our product has driven me from Day One. (Moi ici: Concentração, devoção, obsessão com o produto)
...
I like to walk around the place every day to see what's going on.
...
Our goal as brewers is to make the same beer every batch. But we're using agricultural products, which inevitably vary because their taste is affected by soil, climate, water, and age. That's why we focus hard on the science of brewing.
.
About 10 years ago, I bought a very fancy instrument, an EPR spectrometer, for $250,000. You can put hops, beer, or whatever you want to analyze into the machine, and it separates out each compound and its aroma. So if I think, This is a great aroma; where did it come from? I can see it's from this malt or that variety of hop.
.
Investing in this kind of technology is worth it to me. I'm convinced that our success is driven by our focus on quality. We do things that most small brewers would consider labor intensive and expensive. (Moi ici: Concentração, devoção, obsessão com o domínio das variáveis que afectam a produção e a qualidade do produto)
...
We never really advertised much, and we still don't. I've always thought it was better to focus on our beer. (Moi ici: Pouca preocupação com a publicidade... como os campeões escondidos)
...
We have a very advanced research and development team that I meet with every week to go over new ideas and discuss results.  (Moi ici: Concentração, devoção, obsessão com o desenvolvimento)
...
My CFO and I talk every day, but I probably don't spend as much time poring over books as some CEOs might. I do review financials and am involved in those decisions, but I'd much rather be playing with brewing ingredients than crunching numbers.  (Moi ici: Mais preocupação com a Gemba (à la japonesa) do que com a finança. Ganha-se dinheiro com o que se produz com amor e não a mexer em dinheiro)  We do track our key performance indicators, and we have screens throughout the brewery so everyone can see them."


Using Cost-Driven Pricing

Este texto "Drucker’s Five Deadly Sins in Business" fez-me logo sublinhar este ponto:
"Sin #3: Using Cost-Driven Pricing.
Cost-driven pricing means that you simply add up all your costs, and then add a profit, and there you are - the price you should charge. It’s all very logical, but it is wrong, according to Drucker. This, by the way, is how governments insist contractors price their products. It’s supposed to ensure both competition and a “fair” price. All you need to do is look at government cost overruns to see how well that approach is working.
.
Drucker said that instead of cost-driven pricing, you needed to do price-driven costing. That is, you need to start at the other end with the right price, and then to work back from price to determine your allowable costs. Drucker blamed the loss of the consumer-electronics industry and the machine-tool industry in the U.S. directly on this deadly sin. One begins to understand why Drucker called these deadly sins, and not simply marketing mistakes."

A bosta académica!


O final de Abril trouxe-me o aroma da erva cortada nos campos que irão dar lugar à sementeira de milho daqui a poucas semanas.
.
O início de Maio traz-me o característico e mágico aroma a bosta que me dá esperança no futuro:
"Abençoado cheiro a bosta"

(Imagem de ontem, por volta das 19h30)
.
Contudo, o mês de Maio, este ano, trouxe-me outra bosta: a bosta académica! 
.
Ontem, por volta das 14h, à porta de uma empresa, para fazer horas até à entrada, peguei no JdN.
.
Como é meu costume, comecei a leitura do fim para o princípio. Então, na antepenúltima página encontro um artigo digno dos Gatos Fedorentos ou do Inimigo Público: "Regime de despesa privada obrigatória é a solução" onde sublinhei esta pérola:
"Proponho que o Estado imponha temporariamente um regime de despesa privada obrigatória. Nesse regime os titulares de depósitos bancários dispõem, no máximo, de seis meses para gastar uma fracção do saldo na compra de bens e serviços em território nacional. Findo esse prazo, do montante ainda por gastar é transferida para o Tesouro a parte que corresponde à taxa média actual de IVA e de impostos específicos. Na prática, não há qualquer transferência porque não haverá nenhum montante por gastar ao fim de seis meses. Esta é uma solução equilibrada, dado que quanto maior é o saldo, maior é a responsabilidade e a capacidade de relançar a economia."
Lê-se isto e pensa-se logo nas diatribes de Nassim Taleb contra os académicos.
.
É tão fácil a estes aprendizes de feiticeiro lançarem estas parvoíces...

Não é fácil fazer a transição

A propósito deste postal "Todos sabem fazer, mas poucos sabem vender" refere-se que as empresas portugueses do sector de iluminação têm vantagens competitivas no B2B. Depois, refere-se que o futuro é o ter marca e subir na escala de valor para o B2C.
.
Entretanto, numa acção de formação esta semana apresentei esta imagem:

No lado esquerdo, o mapa da estratégia de uma empresa de calçado que aposta no B2B.
.
No lado direito, o mapa da estratégia de uma empresa de calçado que aposta no B2C.
.
Diferentes prioridades, diferentes "preocupações", diferentes modelos mentais.
.
Passar de um modelo B2B para um modelo B2C não é pêra doce, muitos políticos e "espertos" pedem essa mudança. Só que se trata de uma mudança que não pode, não deve ser imposta.
.
É uma mudança que deve ser decidida pelas empresas.

quinta-feira, maio 02, 2013

Curiosidade do dia

Em Felgueiras diziam-me, na Terça-feira passada, em duas conversas distintas:
"Não se decide exportar para a China. A China é muito grande e muito heterogénea. Decide-se, escolhe-se exportar para uma dada região da China."
 Agora, em "8 Exponential Trends That Will Shape Humanity", constato que a primeira tendência é:
"The Century of the City State"
Interessante, ainda na semana passada, em "Antifragile", Nassim Taleb escrevia sobre a diferença entre viver em países centralizados e viver em cidades-estado e a vantagem destas últimas.

Acerca da re-industrialização

Um artigo interessante, "Is U.S. manufacturing making a comeback — or is it just hype?", equilibrado e com muita informação:
"Lenovo, a Beijing-based computer maker, opened a new manufacturing line in Whitsett, N.C., to handle assembly of PCs, tablets, workstations and servers.
.
The rationale? The company is expanding into the U.S. market and needs the flexibility to assemble units for speedy delivery across the country
...
Besides the shrinking wage gap between China and the United States, the productivity of the American worker keeps rising. Shipping costs are rising, making outsourcing more costly. And the surge in shale gas drilling gives the United States a wealth of cheap domestic energy to bolster industries such as petrochemicals.
.
All that could combine to make U.S. factories more competitive in the years ahead, not just with Europe and Japan, but with the manufacturing behemoth in China. This shift likely won’t mean the United States will have 19 million manufacturing workers again, the way it did in the 1980s. For one thing, automation is still a powerful force. And the types of jobs that come back will be very different from the ones that vanished. (Moi ici: Também aqui se faz sentir o efeito de Mongo, o Estranhistão, a re-industrialização não se fará com base num retorno à produção do século XX. É um outro campeonato!)
...
China has been getting wealthier, and its factory workers are demanding ever-higher wages. Whereas the gap in labor costs between the two countries was about $17 per hour in 2006, that could shrink to as little as $7 per hour by 2015, says Dan North, an economist with Euler Hermes, a credit insurer that works with manufacturers.
.
If you’re a U.S. company and the advantage is only $7 per hour, suddenly it may be worth staying home,” North says. “If I stay here, I have lower inventory costs, lower transportation costs. I’m closer to my market, I can have higher-quality production and I can keep my technology.”
This notion appears to be catching on."
 Entretanto, o Aranha, enviou-me um e-mail com uma referência a este postal, onde sublinhou:
“…Álvaro Santos Pereira. Sempre que o oiço falar de re-industrialização, desconfio que ele sonha com a indústria do século XX.”
E, depois, acrescentou da sua lavra:
"Of course, mas mais ainda. Ele afirmou ontem mesmo que o que falta às empresas portuguesas para se afirmarem na exportação é escala.
.
Donde, grande é que é bom, e grande é que tem que ser ajudado subsidiado."
Não ouvi mas infelizmente não me surpreende.
.
Relacionei logo esta crença num retorno à escala do século XX com este resultado irlandês:
"Os mercados de trabalho mais flexíveis tendem a reflectir mais rapidamente os choques, mas também a recuperar mais depressa. Aqui isso não está a acontecer. Porquê?.
O crescimento é muito baixo e está concentrado no sector exportador que não é tão trabalho-intensivo como o sector doméstico." (Moi ici: A empresa exportadora-tipo irlandesa pertence a uma multinacional que exporta grandes quantidades, que aposta no volume, e necessita de pouca mão de obra. Contribui de forma interessante para o PIB e para os números das exportações mas geram pouco emprego)

Fomos roubados!

É muito lindo dizer estas coisas "Oliveira Martins: "Não há superação da crise sem criar riqueza"" agora, depois do caldo entornado:
""Não há superação da crise sem criação de riqueza", (Moi ici: Apetece dizer: Duh!!!) afirmou hoje o presidente do Tribunal de Contas na abertura de um colóquio organizado com o Tribunal de Contas de França sobre Políticas Orçamentais em Contexto de Crise que decorre em Lisboa.
.
O responsável afirmou que "o rigor financeiro e orçamental deve contribuir decisivamente para mais justiça, mais emprego e mais desenvolvimento'" (Moi ici: Não estou muito de acordo com esta lógica. A criação de emprego será uma consequência da criação de riqueza, não o contrário, a criação de emprego como ponto de partida não gera riqueza. Como fizeram os governos portugueses, e não só, durante a primeira década do século XXI, 
torraram dinheiro emprestado, para mascararem os números do desemprego e do PIB, face aos 3 choques em curso na altura - euro; China e Europa de Leste. Assaram as sardinhas com o lume dos fósforos e nada mais, agora temos a dívida para pagar) e defendeu novamente que os tribunais de contas têm de "ser mais ouvidos nas suas recomendações".
O crescimento raquítico da primeira década do século XXI não pertencia a esse tempo. Nesse tempo devíamos ter tido recessão e mais recessão. Assim, nesse tempo, o fraco crescimento que tivemos foi roubado ao futuro.
.
Nassim Taleb escreve sobre isso em "Antifragile":
"As to growth in GDP (gross domestic product), it can be obtained very easily by loading future generations with debt - and the future economy may collapse upon the need to repay such debt. GDP growth, like cholesterol, seems to be a Procrustean bed reduction that has been used to game systems. So just as, for a plane that has a high risk of crashing, the notion of “speed” is irrelevant, since we know it may not get to its destination, economic growth with fragilities is not to be called growth, something that has not yet been understood by governments. Indeed, growth was very modest, less than 1 percent per head, throughout the golden years surrounding the Industrial Revolution, the period that propelled Europe into domination. But as low as it was, it was robust growth—unlike the current fools’ race of states shooting for growth like teenage drivers infatuated with speed." 

O regresso ao Lugar do Senhor dos Perdões

Uma mensagem importante que deve ser sempre sublinhada, sobretudo pelos intervencionistas ingénuos:
"The takeaway is to stop thinking about whether the industry you are in is "good" or "bad" — recognizing that as the wrong question — and to focus instead on what you can do to win where you are.
.
Indeed, our study shows that the biggest variations in TSR [Total Shareholder Return] are not between industries but within them. Yes, at 21%, the median annual return of tobacco, the best-performing industry between 2002 and 2012, was seven times higher than computers and peripherals, the worst-performing industry. The difference in the averages between those two industries was 18 percentage points — no small potatoes.
...
But the TSR variations of companies within these industries were far greater: 44 percentage points in tobacco and 69 percentage points in computers and peripherals."

Trecho retirado de "Don't Blame Your Company's Poor Performance on Its Industry"

Recordar "Lugar do Senhor dos Perdões (parte III)" e o marcador ali abaixo.

quarta-feira, maio 01, 2013

Curiosidade do dia

Descobri hoje que a minha casa foi escolhida por um casal de andorinhas para fazer a sua casa.
.
Maravilha!!!

A marca vai a reboque

Na sequência de:
Este exemplo que encontrei no Tweeter (via @suzyjacks) é impecável:

Em plena linha com o "customer's job-to-be-done".
.
Algo que me fez lembrar uma afirmação de Conrado Adolpho em “Os 8 Ps do Marketing Digital”:
"Um domínio na internet com, obviamente, o nome de sua empresa, é uma importante etapa da construção de uma marca; porém, como palavra-chave, pode não representar muita coisa. Prepare-se para mais um conceito que cai por terra. Imagine que um usuário esteja procurando um fornecedor que ministre um curso de redação oficial. Provavelmente esse usuário digitará no mecanismo de busca “redação oficial” ou “treinamento em redação oficial”.
.
Digitando-se tais palavras no Google, um dos clientes da Publiweb aparece logo na primeira página, a Scritta – empresa que ministra cursos de redacção oficial, entre outros –, mas aparece ainda outro site: www.redacaooficial.com. br, também desenvolvido pela Publiweb para a Scritta. Ter a palavra-chave no próprio domínio é uma técnica interessante para aumentar a probabilidade do clique do internauta e para estar na primeira página dos buscadores, mesmo não sendo com o site institucional. É lógico que, quando o usuário digita “redação oficial” no campo de busca do Google e este indexa um site que tenha a própria palavra-chave no domínio – www.redacaooficial.com.br –, o buscador vai considerá-lo de extrema relevância, pois a palavra-chave é igual ao domínio.

Você pode achar uma heresia, porém, na internet, em alguns casos você tem que esquecer a marca e pensar em palavras-chave. A marca vai a reboque. Só é percebida em segunda instância. É claro que, se sua marca é muito conhecida no seu segmento e agrega muito valor ao seu negócio, você deve usá-la como um argumento de vendas; porém, para boa parte das empresas em que isso não é realidade, pense em atrair o seu usuário por meio da palavra-chave que ele digita no Google, para depois apresentar sua marca para ele."

Coerências... de jogador de bilhar amador

Por um lado, pela parte do patronato, um dos mais aguerridos defensores do aumento do salário mínimo:
"CCP disponível para aumento do salário mínimo com algumas condições"
Por outro lado, o mesmo que pensa isto:
"Além disso, a economia portuguesa e o tecido empresarial tem “uma capitalização relativamente baixa” e por isso assente “num financiamento bancário extremamente alto”, algo que a troika “não percebeu”. “A quebra do financiamento da banca está a asfixiar inclusivamente as empresas viáveis, ao contrário do que aconteceu em outras crises em que as que encerravam eram as inviáveis”, acrescentou."
E o mesmo que pensa isto:
"“No contexto presente, a criminalização dos salários em atraso não conduziria, na maioria das situações, a uma solução positiva, mas, pelo contrário, só serviria para acelerar o encerramento das empresas ou aumentar o número de despedimentos, lançando mais pessoas no desemprego”, afirma a CCP, em resposta a questões colocadas pela agência Lusa.
.
Na entrevista, o inspector-geral diz também que a redução salarial é ilegal, mesmo com acordo do trabalhador. A CPP refere que a medida, “sendo obviamente ilegal”, é uma tentativa das empresas de fazer face às dificuldades do mercado."
Um exemplo flagrante daquilo a que chamo jogadas de bilhar amador:
"We need to learn to think in second steps, chains of consequences, and side effects."

Um país de intervencionistas ingénuos

"attempts to eliminate the business cycle (Moi ici: O que os governos portugueses andaram a fazer durante toda a primeira década do século XXI, despejar dinheiro na economia para minimizar o impacte do euro, da China, da Europa de Leste) lead to the mother of all fragilities. Just as a little bit of fire here and there gets rid of the flammable material in a forest, a little bit of harm here and there in an economy weeds out the vulnerable firms early enough to allow them to “fail early” (so they can start again) and minimize the long-term damage to the system.
.
An ethical problem arises when someone is put in charge. Greenspan’s actions were harmful, but even if he knew that, it would have taken a bit of heroic courage to justify inaction in a democracy where the incentive is to always promise a better outcome than the other guy, regardless of the actual, delayed cost.
.
Ingenuous interventionism is very pervasive across professions.
...
Let me warn against misinterpreting the message here. The argument is not against the notion of intervention; in fact I showed above that I am equally worried about underintervention when it is truly necessary. I am just warning against naive intervention and lack of awareness and acceptance of harm done by it.
...
What should we control? As a rule, intervening to limit size (of companies, airports, or sources of pollution), concentration, and speed are beneficial in reducing Black Swan risks." (Moi ici: Recordo logo "If they are too big to fail they are too big to exist")
Interessante ouvir isto enquanto os políticos da situação e da oposição em Portugal continuam a competir entre si pelo título do mais intervencionista, do que mais "ajuda" a economia a crescer ou a recuperar.

Trechos retirados de "Antifragile" de Nassim Taleb.
.

terça-feira, abril 30, 2013

Tradição, tradição, tradição


Curiosidade do dia

A propósito deste acidente "Autoridades do Bangladesh suspendem buscas de sobreviventes" este artigo "Shoppers Turn Blind Eye to Bangladesh in $6 Bikini Hunt" de onde retiro este parágrafo:
"“They could probably afford to invest in their factories, but it’s a tough market and it’s very difficult to up prices,” Cavill said. “The consumer may need to start getting used to higher prices.”"
Que o consumidor vai começar a ter de pagar preços mais altos, isso é uma realidade que as estatísticas que monitorizam os preços em Londres e Paris já detectaram no ano passado. Contudo, o ponto que me faz espécie é este: a diferença entre o preço do produto à saída da fábrica e o preço na prateleira é abismal. E, como alguém bem me dizia esta manhã:
"Vão ter de mudar de modelo de negócio!"