quinta-feira, maio 02, 2013

Acerca da re-industrialização

Um artigo interessante, "Is U.S. manufacturing making a comeback — or is it just hype?", equilibrado e com muita informação:
"Lenovo, a Beijing-based computer maker, opened a new manufacturing line in Whitsett, N.C., to handle assembly of PCs, tablets, workstations and servers.
.
The rationale? The company is expanding into the U.S. market and needs the flexibility to assemble units for speedy delivery across the country
...
Besides the shrinking wage gap between China and the United States, the productivity of the American worker keeps rising. Shipping costs are rising, making outsourcing more costly. And the surge in shale gas drilling gives the United States a wealth of cheap domestic energy to bolster industries such as petrochemicals.
.
All that could combine to make U.S. factories more competitive in the years ahead, not just with Europe and Japan, but with the manufacturing behemoth in China. This shift likely won’t mean the United States will have 19 million manufacturing workers again, the way it did in the 1980s. For one thing, automation is still a powerful force. And the types of jobs that come back will be very different from the ones that vanished. (Moi ici: Também aqui se faz sentir o efeito de Mongo, o Estranhistão, a re-industrialização não se fará com base num retorno à produção do século XX. É um outro campeonato!)
...
China has been getting wealthier, and its factory workers are demanding ever-higher wages. Whereas the gap in labor costs between the two countries was about $17 per hour in 2006, that could shrink to as little as $7 per hour by 2015, says Dan North, an economist with Euler Hermes, a credit insurer that works with manufacturers.
.
If you’re a U.S. company and the advantage is only $7 per hour, suddenly it may be worth staying home,” North says. “If I stay here, I have lower inventory costs, lower transportation costs. I’m closer to my market, I can have higher-quality production and I can keep my technology.”
This notion appears to be catching on."
 Entretanto, o Aranha, enviou-me um e-mail com uma referência a este postal, onde sublinhou:
“…Álvaro Santos Pereira. Sempre que o oiço falar de re-industrialização, desconfio que ele sonha com a indústria do século XX.”
E, depois, acrescentou da sua lavra:
"Of course, mas mais ainda. Ele afirmou ontem mesmo que o que falta às empresas portuguesas para se afirmarem na exportação é escala.
.
Donde, grande é que é bom, e grande é que tem que ser ajudado subsidiado."
Não ouvi mas infelizmente não me surpreende.
.
Relacionei logo esta crença num retorno à escala do século XX com este resultado irlandês:
"Os mercados de trabalho mais flexíveis tendem a reflectir mais rapidamente os choques, mas também a recuperar mais depressa. Aqui isso não está a acontecer. Porquê?.
O crescimento é muito baixo e está concentrado no sector exportador que não é tão trabalho-intensivo como o sector doméstico." (Moi ici: A empresa exportadora-tipo irlandesa pertence a uma multinacional que exporta grandes quantidades, que aposta no volume, e necessita de pouca mão de obra. Contribui de forma interessante para o PIB e para os números das exportações mas geram pouco emprego)

1 comentário:

Bruno Fonseca disse...

boas meu caro!

queria deixar apenas uma nota em relação à dimensão. aliás, era para deixar esta nota no seu post a propósito das exportações do sector de iluminação, mas vale a pena deixar aqui.

diz respeito à questão da dimensão. para uma empresa que facture 1 ou 2 milhões de euros, torna-se muito complicado exportar activamente para países um pouco mais "distantes", no sentido em que ir a feiras, visitar clientes, contratar advogados, etc, pode ser quase impossível.
quando falamos de dimensão, e faz a sua defesa da "pequena" dimensão, devemos ter em atenção que uma empresa que facture 2 ou 3 milhões de euros é muito pequena. para poder ter algum arcaboiço, por norma, deveria ter uma facturação superior. até porque para uma empresa que facture pouco, muitas vezes basta um cliente falhar e a empresa em si pode falir.

aliás, muitas vezes nem sequer faz sentido procurar clientes lá fora, se não existir depois capacidade produtiva para fornecer esses clientes. voltamos ao mesmo. um nicho de mercado nos USA, Rússia, ou outros, pode ser uma indústria em Portugal.