quinta-feira, maio 31, 2012

Ajudamos PMEs a fazerem batota (parte III)


A realidade em que as empresas operam, é uma espécie de meio abiótico, existe fora delas. Contudo, nós não somos capazes de conhecer essa realidade tal e qual ela é intrinsecamente. Nós só somos capazes de apreender aquilo que a nossa mente consegue integrar, em função dos modelos mentais que carrega.
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Assim, os membros da tríade fazem as suas previsões com base na sua leitura linear do mundo e, os pequenos, os empresários, trocam-lhes as voltas, e furam essas previsões dando a volta por cima uma e outra vez, sem ligar às receitas simplistas e assépticas que tais senhores proclamam como as únicas para resolver a crise.
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Sim, fazer batota é isso, fazer batota é dar cabo de previsões, é ilustrar que só os tolos fazem previsões, porque só os tolos acreditam que nada vai mudar entre o hoje e o futuro, fazer batota é fazer brotar água do que os senhores diziam ser um deserto, é ir mais além do que se julgava possível, é dar lugar à imaginação, é dar lugar ao sentimento e vencer a folha de cálculo.
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Os membros da tríade, aqueles que só conhecem a variável preço para seduzir clientes, olham para a realidade como Saúl olhava para Golias. Os que fazem batota olham para a realidade com os olhos do pequeno David. Não precisam de elmo, nem espada, nem escudo, nem os saberiam usar, mas fazem milagres competindo à sua maneira.
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E o mundo é um melhor local para viver a partir dos olhos de David, tantas possibilidades, tantas oportunidades...
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Continua.

quarta-feira, maio 30, 2012

Final de Maio

Rosas bravas na berma das estradas.
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E o milho já tem pelo menos 5 cm de altura.

Fora dos palácios há uma multidão que não precisa de orientação

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"São apenas exemplos que ilustram um Portugal que funciona. E que funciona bem.
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Quando o Governo fala num plano para o crescimento, é neste Portugal que se deve inspirar. Numa Renova que se distingue pelo design e inovação, numa Helsar que não abre mão da qualidade e da etiqueta nacional, numa Autoeuropa que aposta na mão-de-obra potuguesa, numa Bial que investe na investigação e na internacionalização, numa série de outras grandes e pequenas empresas que continuam a contrariar a tendência depressiva da economia nacional. Daí que, tal como defende Poul Thomsen, do FMI, num país onde os problemas são "exclusivamente estruturais", o plano deve concentrar-se "em reformas económicas para promover o crescimento baseado nas exportações e tirar o país da dívida". Todas estas empresas que o fazem, e fazem bem, já abriram o caminho. A partir daqui devia ser tudo mais fácil."
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"Olhando para trás, o administrador recorda que trabalhar para terceiros o expunha "a vender minutos". "E há sempre alguém que vende minutos mais baratos".(Moi ici: Às vezes percebo que os políticos e ministros, e a tríade ainda não aprenderam esta lição) Era a época em que se formavam as grandes cadeias de distribuição, que alimentavam as produções em locais diferentes do globo, o início das descentralizações, que viriam a arrasar parte da indústria têxtil nacional.
"Percebemos que seria um caminho mais difícil, (Moi ici: Um clássico neste blogue, seguir o caminho mais difícil) [mas] foi um soltar de amarras, sem cortes radicais", conclui Figueiredo. Só em meados da década é que a Laranjinha chegou a 50% das vendas e só no final do século é que parou em definitivo a produção para terceiros. (Moi ici: Paciência estratégica) O empresário socorre-se novamente da lista de memórias. "Foi um risco. Passámos de um ciclo de investimento relativamente curto para um período de dez meses entre o início da produção e a cobrança", o que implicou "um esforço financeiro enorme para aguentar o crédito que tem de se dar", resume. (Moi ici: Já conheci empresas têxteis que fizeram o percurso inverso seduzidas pelo ciclo de investimento mais curto... abandonaram a marca e ... já fecharam)
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Outro exemplo do que a austeridade provoca - há 15, anos a retracção do mercado português levou a empresa a saltar fronteiras.
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Outro exemplo, a fuga de clientes para a China foi o evento transformado em oportunidade... não é o que nos acontece que conta, é o que fazemos com o que nos acontece. O truque é a velocidade com que repõe e substitui coleções.
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Têxtil, mobiliário, calçado, máquinas, ... e muito mais.
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"Falemos de Portugal. Nem é preciso listar a miserável reputação da maioria das instituições. Basta pensar nas possibilidades: estão cerradas. Quem tem uma ideia para um projecto precisa de dinheiro. Como não há capital acumulado em famílias, nem em capitais de risco, restam duas vias: a banca e os fundos comunitários. Na banca, ou se tem pais anónimos, mas ricos ou pobres, mas famosos. Nos fundos comunitários, é preciso pagar comissões às associações empresariais que histórica e vergonhosamente controlam a distribuição do dinheiro. (Moi ici: Por isto é que escrevi ontem no twiter "a redução de impostos (para empresas, sem PINS pelo meio) é cega tem o potencial de beneficiar por meritocracia ñ por amizades com o poder") Se a empresa arranca, precisa de padrinhos ou de financiar partidos para ganhar concursos públicos. Se tem lucro, é tributada; se não tem lucro, é fiscalizada. É uma economia a inferno aberto.
O inferno é Portugal ser um sistema fechado, dominado por uma elite que reparte o poder, a riqueza, o dinheiro. Transfere a fortuna para "offshores" e dá-nos lições de moral. Diz-nos para nos fazermos à vida, mas depende da sociedade que critica.
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Fora dos palácios habitados pelos nómadas da política há milhares de empresas, projectos e ideias para quem prosperar é sobreviver. Não são casos giros, são projectos sofridos. Casos que é preciso conhecer, imitar e fortalecer precisamente porque conseguem viver à margem do sistema - ou contra o sistema. O tal sistema económico, político e financeiro que come à mesa do poder, mesmo se falido." (Moi ici: Por isso é que escrevo há anos sobre as empresas anónimas que longe das carpetes e biombos do poder fazem by-pass a este país de incumbentes)

A atitude é tudo

"it’s not what happens to us that determines out lives—it’s what we make of what happens"
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O capítulo 7 de "The Element" de Ken Robinson é um hino ao locus de controlo no interior.
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Ao ler o texto que se segue, em vez de pensar em pessoas, podemos pensar em grupos de pessoas, em organizações, em empresas:
"There is a risk in giving examples of people who have found their Element. Their stories can be inspiring, of course, but they can also be depressing. After all, these people seem blessed in some way; they’ve had the good fortune to do what they love to do and to be very good at doing it. One could easily ascribe their good fortune to luck, and certainly many people who love what they do say that they’ve been lucky (just as people who don’t like what they’re doing with their lives often say they’ve been unlucky). Of course, some “lucky”  people have been fortunate to find their passions and to have the opportunities to pursue them. Some “unlucky” people have had bad things happen to them. But good and bad things happen to all of us. It’s not what happens  to us that makes the difference in our lives. What makes the difference is our attitude toward what happens. The idea of luck is a powerful way of illustrating the importance of our basic attitudes in affecting whether or not we find our Element. Describing ourselves as lucky or unlucky suggests that we’re simply the beneficiaries or victims of chance circumstances. But if being in your Element were just a matter of chance, all you could do is cross your fingers and hope to get lucky as well. There’s much more to being lucky than that. Research and experience show that lucky people often make their luck because of their attitudes." 
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"the ability to look at situations in different ways. There’s a difference between what we are able to perceive—our field of perception—and what we actually do perceive.
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"Wiseman [The Luck Factor, psychologist Richard Wiseman] has identified four principles that characterize lucky people. Lucky people tend to maximize chance opportunities. They are especially adept at creating, noticing, and acting upon these opportunities when they arise. Second, they tend to be very effective at listening to their intuition, and do work (such as meditation) that is designed to boost their intuitive abilities. The third principle is that lucky people tend to expect to be lucky, creating a series of self-fulfilling prophecies because they go into the world anticipating a positive outcome. Last, lucky people have an attitude that allows them to turn bad luck to good. They don’t allow ill fortune to overwhelm them, and they move quickly to take control of the situation when it isn’t going well for them."
Em linha com o ditado "As oportunidades multiplicam-se à medida que são aproveitadas".
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Em linha com a vantagem de quem coloca o locus de controlo no interior de si.
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Em linha com quem exibe um positive mindset.
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Em linha com quem olha para o mundo como um jogo de soma positiva.
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BTW, "How Great Leaders Make Their Own Luck" gosto da "empirical creativity"

Para reflexão

Há aqui qualquer coisa que para um ignorante como eu cheira a bolha que rebentou...

Prepare-se para 5 de Junho (parte II)

Parte I.
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"a Comissão encara como eixos centrais do futuro plano industrial: investimento numa rede europeia de energia e aposta nas energias limpas, na renovação da construção civil (tornando cada vez mais os edifícios em pequenos produtores de energia solar ou eólica) e no desenvolvimento dos carros eléctricos, eixos divididos entre grandes e pequenas empresas." (1)
"Portugal é um país com muitas pequenas e médias empresas (PME) e, para mim, o turismo é um sector importante a apoiar. Trata-se de um sector-chave que vale 11% do PIB. Atrás do turismo vem o sector da construção, o agro-alimentar e o têxtil." (2)
"Bruxelas quer ligação entre Sines, Lisboa e Madrid a 200 km/h"

Eu não disse?


terça-feira, maio 29, 2012

Não sigam as regras, criem as vossas próprias regras

Agora, já percebo porque é que várias pessoas no último ano me falaram do livro "The Element" de Ken Robinson.
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Num mundo em que somos "pressionados" (uma palavra tão em voga nos tempos que correm) desde muito cedo a conformar-mo-nos, é salutar ler uma voz que nos aconselha a lutar por uma paixão.
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Ontem, durante o jogging, ao ouvir a história da vida de Vidal Sassoon e da sua luta para descobrir, seguir e aperfeiçoar a sua paixão:
"“I took some time out after that because I still wasn’t sure if I wanted to be a hairdresser. I loved football so much. In the end, I suppose it was the prospect of all the pretty girls and, of course, my mother that swung it for me. At first I couldn’t get a proper job in the West End of London at a big salon like Raymond’s because I had a cockney accent. That’s the way it was in those days.”
For three years, he took voice lessons to improve how he sounded so he could get a job at one of the better salons. “I knew I had to learn how to project myself, so I got a job teaching in different salons in the evenings. I used my tips to take a bus to the West End and go to the theater. I’d catch the matinee and see great Shakespearean actors like Laurence Olivier and John Gielgud and try to copy their voices.”
He went regularly to London’s many art museums and began to educate and inspire himself with the history of painting and architecture. “I really think that was what set me on my course. I was developing my own vision for hairdressing. The shapes in my head were always geometric. I have always been working toward a bone structure so as to define a woman rather than just make her ‘pretty pretty.’ I knew hair dressing could be different, but it took a lot of work and nine years to develop the system we use in our salons.”
A minha mente abandonou o som dos auriculares e começou a recordar a letra da canção de um dos meus grupos preferidos: "Logical Song" dos Supertramp cantada pelo grande Roger Hodgson, a certa altura ouve-se:
"But then they sent me away to teach me how to be sensible, logical, oh responsible, practical.
And then they showed me a world where I could be so dependable,
oh clinical, oh intellectual, cynical."
A mensagem da conformidade: segue as regras, segue as regras...
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Depois, não sei como, veio-me à memória uma notícia que li algures este mês. Um espanhol que pela manhã de um dia tinha finalmente conseguido um emprego com contrato sem termo e, que à tarde já estava desempregado. Depois, no desenvolvimento da notícia, descobria-se que já tinha tido 7 empregos, todos completamente diferentes uns dos outros... não tinha nenhuma paixão, não era especialista em nada, tinha-se conformado a esperar ter sorte... uma folha à deriva na corrente.
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O mesmo se passa com as empresas.
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A mensagem da tríade é, conformem-se, sigam as regras, sejam lógicas, sejam responsáveis, sejam práticas... sejam eficientes, cortem , pensem nos custos.
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Nós somos pela outra via, pelo caminho menos percorrido, não se conformem, não sigam as regras, não sejam lógicas, sejam saudavelmente irresponsáveis, sigam a paixão que as pode diferenciar da manada, descubram o vosso ADN, abusem da batota e arrasem o status-quo.

O outro retrato

Há dias escrevi "Antes de Julho de 2012".
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Lembram-se do retrato do país que as elites lisboetas da esquerda à direita mantêm? Novembro de 2010.
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Agora, os números começam a obrigar alguns a perceber o que realmente se está a passar:

"Captam investimento, geram emprego, entram em novos mercados, apostam na inovação e no ‘made in' Portugal como critérios competitivos. É por isso que se mantêm em jogo, apesar da crise e das estatísticas sombrias, do fraco investimento e das dificuldades de acesso ao capital.
Mas ainda há boas notícias: os dados mais recentes da Coface confirmam que se criaram perto de dez mil novas empresas em Portugal nos primeiros três meses do ano - só entre Fevereiro e Março, houve mesmo um aumento de 5,2%. A este sinal positivo juntam-se outros indicadores macroeconómicos que atestam da boa performance nacional nas exportações e em sectores estratégicos como tecnologia, energia ou indústria têxtil."

"As exportações têm sido o grande motor de crescimento económico em Portugal. Mas o segredo já não está em fabricar produtos baratos, porque haverá sempre quem os faça a um custo mais baixo. Na inovação e na diferenciação é que está o ganho."
           Este artigo merece-me três reparos:

  1.  Até que enfim que os media começam a descobrir que existem outras variáveis para além do preço.
  2. Triste que a lição tenha de ser dada por um inglês que escreve no FT: "Export growth boosts Portugal’s prospects" ("FT elogia papel higiénico preto e sapatos reais feitos em Portugal")
  3. Os jornais económicos continuam obcecados com a economia de bens não transaccionáveis ou protegida pelo Estado. ainda não aprenderam a relatar a economia que nos está a tirar do buraco.


Prepare-se para 5 de Junho

Se pensar no número de desempregados que vieram directamente do sector da construção, do retalho e dos recibos verdes do Estado no último ano e meio... tenho de concluir que sim, que ele cumpriu:
E não só cumpriu como se excedeu...
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Imaginem o quanto custou manter essas centenas de milhares de postos de trabalho contra qualquer racionalidade de economia sustentável.
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Imaginaram?
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Agora imaginem os juros ...
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Prepare-se para 5 de Junho

"Co" por todo o lado

Lembram-se do tempo em que o consumidor era obrigado a comprar o que os produtores industriais se dignavam a colocar na prateleira?
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Hoje, vivemos o tempo do "co". Co-produção, co-design,  co-criação!
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Cada vez mais produtores e clientes trabalham em conjunto a co-desenhar, a co-produzir produtos, serviços, experiências.
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Até no Giro d'Itália:
"The race’s penultimate stage — the first ever designed by fans, covering 219 kilometres from the Caldes-Valle de Sole to the Passo dello Stelvio"
Sempre que "co" entra em jogo nasce uma relação individualizada entre as partes, o valor co-criado percebido cresce, surge uma experiência completamente diferente.

E a sua empresa... consegue equacionar situações em que o "co" podia entrar em campo e diferenciar as suas relações com os clientes?

segunda-feira, maio 28, 2012

A explicação de José

Em Maio de 2010 escrevi "Mais tarde ou mais cedo..." e estava lá tudo!!! ("Mais tarde ou mais cedo... a produção de azeite vai ser excessiva, os preços vão cair, os empréstimos vão-se tornar cada vez mais difíceis de pagar... Isso vai acontecer, é só uma questão de quando. Alternativa?")
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Em Dezembro de 2010 escrevi aqui:
"quem é capaz de negar que está em curso a criação de uma bolha azeiteira em Portugal?"
E basta pesquisar no blogue "bolha azeiteira" para ver a evolução do tema.
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Agora o tema chega ao FT com "Olive oil price dip adds to European woes" escrito por Javier Blas o "Commodities Editor".
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Nem de propósito, o "Commodities Editor"!!! O homem do granel!!!
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Se eu quisesse inventar estas coisas, ninguém acreditava!

Quem trata o azeite como uma commodity não pode dizer que não foi avisado... é no tempo das vacas gordas que se prepara o tempo das vacas magras... (Gen 41, 17-36)

E a sua empresa, lá porque não está no negócio do azeite, por mais bem que esteja hoje, ou ontem, não terá os seus anos de vacas magras?
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O que é que a sua empresa está a fazer para passar ao lado de uma futura crise?
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BTW, não esqueçam, na base desta bolha estiveram os apoios à produção de azeite. A seguir, vamos ter choradinho dos produtores de quantidade, e dos obsoletos, a pedir apoios por causa do excesso de produção. Stay tuned

Commodity ou Experiência? (parte II)

Há dias, ao ler que os estabelecimentos onde se vende café andam a baixar preços para seduzirem os clientes a regressar ao consumo, escrevi a parte I.
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As curvas de Dolan e Simon são eloquentes para demonstrar o que acontece ao lucro de quem baixa os seus preços... e o que acontece a quem os aumenta, vantagens de quem conhece o Evangelho do Valor.
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Por isso, com a pergunta em mente: "commodity ou experiência?", reflectir sobre o que fez a Starbucks em 2009 com a quebra no consumo, em "Starbucks Price Increase – A Case Study In Analysis":
"Starbucks decided to raise its drink prices by as much as 8% (5 cents to 30 cents), They are doing this just when customers are cutting back on their Starbucks trips and switching to cheaper alternatives from McDonalds and Dunkin Donuts.

The conventional “wisdom” on pricing is, when recession pushes customers to cut back on expenses and switch from your products to cheaper alternatives, you cut your prices to keep the customers. While this is a usually accepted and followed practice, it is neither wisdom nor based on analysis. 
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"when price conscious customers moved out all they are left with are price insensitive customers who prefer their products. Hence it makes sense to charge more for them as long as the loss in profit from further drop in customers is less than the increase in profit from higher price."
Uma grande lição aqui "Pricing Direction For Recessionary Times – Higher" (Vale mesmo a pena ler para reflectir e, quiçá, influenciar decisões futuras. E, nestes tempos em que tantos e tantos portugueses compram private-label... muitas empresas deviam reflectir sobre isto)

E quais os resultados para a Starbucks, passados estes anos:


 BTW:
"As you read this multiple times you will find all kinds of reasons except, “We cater to a somewhat higher-income customer and we price our products based on customer willingness to pay. Besides we don’t expect any push back from these high income segment”.

A key attribute of those practicing value based pricing is never explicitly saying that they are practicing value based pricing. There are always other reasons and you never say pricing at customer willingness to pay. A key part of practicing effective pricing is effective pricing communication and managing customer perception. Failing that you will face backlash as some brands recently did."

Para recordar

Da próxima vez que ouvir falar em desemprego, não esquecer estes números acerca de sectores sobre-dimensionados que engordaram assentes no crédito fácil e na sombra do Estado:

Ao longo dos anos critico aqui no blogue o apelo que os empresários fazem aos apoios do Estado, chamo a esses apelos uma irresponsável entrega a uma relação pedo-mafiosa que acarreta um payback muito doloroso:
""Quatro meses da atividade das empresas são só para pagar impostos ao Estado e à Câmara. Durante esse período trabalhamos para pagar esse valor. Agora com esta quebra drástica no consumo estamos de facto com alguma preocupação em relação ao futuro", sustentou a presidente da União das Associações de Comércio e Serviços de Lisboa."
Agora queixam-se... a falta de capacidade de pensar no depois de amanhã não deixa de me surpreender, então não viam o que iria acontecer, mais tarde ou mais cedo?
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Bom, voltemos à lista:

  • Olha, mais um que vem exigir que eu pague  a manutenção do seu condomínio... "5 de Junho - o dia da defesa do sector"... por que raio é que tenho de ser coagido a pagar a manutenção de um sector sobre-dimensionado? Por que raio tenho de ser obrigado a sustentar um sector que contribui para os elevados números do abandono escolar? Os partidários de Moloch estão a movimentar-se... 

Ajudamos PMEs a fazerem batota (parte II)

Parte I.
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Quem está de fora olha para a capacidade das PMEs concorrerem, sem informação relevante, sem informação parcial e subjectiva, sem informação alimentada pela paixão, pelo sonho, pelo conhecimento íntimo. Sem isso, e munidos de folhas de cálculo, olham e interpretam o mundo de uma maneira básica: só é possível competir e seduzir clientes recorrendo ao preço mais baixo.
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Só conhecem a concorrência perfeita, aquela em que todos os intervenientes competem da mesma forma seguindo as mesmas regras. No entanto, quem está por dentro, é capaz de olhar o mundo de uma forma diferente, é capaz de desencantar oportunidades onde os outros vêem esterilidade. O segredo?
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Hamlet revela-o:
Hamlet. A Dinamarca é uma prisão.
 Rosencrantz. Então é o mundo uma.
 Hamlet. Uma bela prisão, na qual há muitas celas, alas e masmorras, a Dinamarca sendo uma das    piores.
 Rosencrantz. Nós não pensamos assim, milorde.
 Hamlet. Bem, então não é uma para vós, pois não há nada quer bom ou mau, mas o pensamento assim o faz: para mim ela é uma prisão.
 Rosencrantz. Bem, então tua ambição faz dela uma, é estreita demais para tua mente.”

Se achamos que o mundo é uma prisão, o mundo é uma prisão. Se um empresário acredita no que a tríade diz e interioriza que vende uma commodity, então ele passa a vender uma commodity.
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Pior do que viver num mercado comoditizado é viver num mercado que se comoditiza a si próprio porque os fornecedores são preguiçosos e só pensam no custo e esquecem o valor... às vezes penso que quando uma empresa se subestima e só compete pelo preço, é porque ela própria não vê valor acrescentado naquilo que oferece no mercado... se nos convencemos que somos uma commodity então somos mesmo uma commodity.
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Mas se uma empresa se convence de que há outras variáveis para além do preço, abre-se um mundo de possibilidades. Depois, quando a preparação (a história, o gosto pessoal, ...) se conjuga com a oportunidade, surge aquilo a que outros chamariam sorte. E, como diz o provérbio, as oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas.
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Continua.

domingo, maio 27, 2012

Para reflexão

Da próxima vez que alguém abrir a boca para dizer mal dos empresários portugueses... lembre-se desta comparação:

Incoerência? Não, liberdade.

"The low-price leader really doesn't need someone with your skills." (Seth Godin)
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Foi desta frase que me lembrei ao ler:
"Um dos casos divulgados tem a ver com uma empresa de comércio de mobiliário e artigos de iluminação que pede arquitecto, com mestrado, para trabalhar a tempo inteiro por 500 euros. Outro, é uma empresa de estudos de mercado que pretende contratar um técnico de relações públicas licenciado para fazer clipping de imprensa. O horário de entrada é às cinco da manhã e o salário oferecido são 485 euros - o salário mínimo nacional."
Se alguém está interessado em aceitar, por que há-de ser impedido? Por que há-de ser ilegal?
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Não, não estou a ser incoerente. Posso não acreditar nesta estratégia, mas serei o último a atirar pedras a quem a segue. Liberdade de actuação.

"Work to raise prices" (parte II)

A propósito deste trecho:
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"Almost every small business I have ever worked with doesn’t charge enough for their products and services. This is due in part to a lack of confidence, part to a feeling of competition, and part because they have never strategically educated their clients as to the value of what they have to offer. (Moi ici: Uma velha reflexão minha, a auto-subestima das PMES aqui e aqui, por exemplo).
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Want a raise? Raise your prices. (Moi ici: Nem de propósito, quando ontem escrevi sobre o meu aparvalhamento com os partidários do jogo do rato
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For the most part your premium products will only be marketed to highly qualified clients who already know, like, and trust you. They will expect to pay a premium for these premium products and if presented correctly, they will feel privileged to do so. That’s not a statement of arrogance as much as a statement of what people choose to do when they are allowed to appreciate value
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Raise your prices right now, today. By the time you finish this book, you’ll feel confident that you have done the best possible thing for your business."
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Uma blasfémia para a tríade, na sequência de "Work to raise your prices"
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Trecho retirado de "Duct tape marketing : the world's most practical small business marketing guide" de  John Jantsch.

E o modelo de negócio?

Li "Chefias dizem ser precisas novas fontes de receitas sob risco de falência".
"os inquiridos pensam ser necessárias novas receitas, correndo o risco de o negócio se tornar inviável."
"“Todos os níveis de chefia, incluindo os editores, acham que obviamente tem que haver uma aposta maior em novas receitas."
Nem uma palavra sobre a reformulação do modelo de negócio...
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Se usarmos o modelo de Osterwalder para visualizar um modelo de negócio:
é fácil perceber que as fontes de receita são 1 bloco entre 9.
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Quando se envereda por aumentar as receitas sem ser à custa do jogo dos outros blocos, o mais provável é estar a viver-se a fase final de erosão de um modelo que terá gerado valor potencial algures no passado mas que agora só sobrevive à custa da extracção.
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É todo o modelo, são todos os blocos que têm de ser repensados...
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BTW, revejam um filme do Super-homem... reparem na quantidade de gente naquela redacção do Daily Planet... obsolescência por todos os poros. O valor não é criado pelo fornecedor, por mais horas que inclua no que oferece. O valor é percepcionado por quem usa a oferta.

Ajudamos PMEs a fazerem batota (parte I)

- Mas o que fazes na vida?
- Ajudo as PMEs a fazerem batota!
- A fazerem batota? Mas o que é que isso quer dizer? Tem algo a ver com fugir aos impostos?
- Não, trata-se de ajudar as PMEs a abusarem e tirarem partido de algo a que se chama a imperfeição do mercado, a concorrência imperfeita. Lembras-te da história de David e Golias?
- Sim, mas o que é que isso tem a ver com as PMEs?
- Tudo, tem tudo a ver com as PMEs que fazem a diferença. Lê o relato bíblico e os meus comentários.
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(Continua)

sábado, maio 26, 2012

Prov 26, 11

"Um cão que volta ao seu vómito: tal é o louco que reitera suas loucuras" Prov 26, 11
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Boa imagem para caracterizar quem pede PIB e emprego sustentado em obra pública, depois de tudo o que nos aconteceu.
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"O crescimento voltou a estar nas bocas do mundo como uma prioridade. O Governo admite flexibilizar as metas do défice de 4,5% para este ano, de forma a ser criada uma almofada de dinheiro para injectar na economia?
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O importante é garantir a credibilidade que temos vindo a conseguir aumentar nos últimos meses.
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Como vai colocar a economia a crescer no curto prazo, neste clima de austeridade, sendo que as reformas estruturais não têm efeitos imediatos?
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Deitar dinheiro para cima dos problemas e pensar que a miragem do investimento público nos irá levar ao crescimento público é uma total fantasia, como ficou provado nos últimos anos. Após a crise de 2007/2008 foram injectados centenas de milhões de euros e qual foi o resultado? Uma dívida insustentável que não resolveu problema nenhum, antes pelo contrário. Só se consegue ter uma verdadeira política de crescimento através de reformas estruturais e nós isso já fizemos. Portugal está a dar provas ao Mundo de que quando há ambição e determinação é possível. Estou convicto de que seremos o caso de sucesso da Europa em termos de crescimento."
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