terça-feira, dezembro 08, 2009

Folhas na corrente (parte VIII)

Os antigos já passaram por isto, a minha avó, nascida em 1902, dava-me conselhos que evitavam chegar onde chegamos. Este trecho de um artigo do Telegraph "We must stop stealing from our youngsters" é eloquente:
.
"We got into this mess by living beyond our means. We spent more than we earned and saved nothing as a nation. Of course, families and businesses know that – and many have begun the painful transition, paying off debt and cutting back on non-essentials. Only the Government believes that you can fix a problem caused by borrowing and spending too much by doing more of the same. Tax revenues Gordon thought were permanent, and based his spending plans on, were temporary revenues that came from the bubble. These have evaporated, leaving a black hole in the budget that he is filling with higher taxes on the wealth-creating sector and with more borrowing and printed money.
Living standards will fall, unemployment will rise and public services will decline unless we can create new wealth. The key lies in curbing the growth of government and by nurturing small and medium businesses.
Of course, we are doing the opposite. Government bureaucracy is out of control. Instead of lowering burdens, the Government is crushing businesses with higher taxes, charges, National Insurance contributions and quango-imposed bureaucracy."
.
Há aqui alguma coisa que não seja aplicável ao nosso caso?
.
Depois temos isto "S&P piora avaliação das finanças públicas portuguesas" (Moi ici: como posso ser tão... que sou incapaz de ler esta pérola sem rir "As medidas de estímulo orçamental em Portugal dirigem-se também à resolução dos problemas estruturais do país" Quais?)

segunda-feira, dezembro 07, 2009

PMEs não saltam de poiso em poiso

Imaginem uma grande empresa, uma multinacional, com um negócio suportado na oferta da proposta de valor do preço mais baixo.
.
Há 20 anos Portugal era um bom local para montar uma empresa que apostasse nessa proposta de valor.
.
20 anos passaram, Portugal deixou de ser um bom local para a instalação ou manutenção de uma multinacional que aposte no preço mais baixo.
.
Das duas uma, ou muda de proposta de valor... ou muda de país.
.
Guess what...
.
.
.
.
.
.
"December 5th, 2009 - General
Prokuplje Serbia - Leoni opens plant in Serbian town.
Germany-based Leoni AG wire and cable manufacturer recently opened its plant in Prokuplje, southern Serbia. The factory is set to employ 400 workers in the first phase, it was announced. They earn monthly wages of EUR 160. The inauguration ceremony was attended by President Boris Tadiæ, Economy Minister Mlaðan Dinkiæ and member of Leoni Management Board Uwe Lamann. According to a statement, the factory will produce 150 sets of cables for car industry in the first phase. The company was founded in 1917, and employs more than 150,000 workers worldwide, with annual sales reaching some EUR 3bn."
.
As PMEs não podem saltar de poiso em poiso para, em face das alterações da realidade, manter a fidelidade ao modelo de negócio e à proposta de valor. Então, só têm uma alternativa... mudar o modelo de negócio e a proposta de valor... (há que ouvir o comentário de Camilo Lourenço desta manhã no RCP)

O custo de arriscar

"O problema fundamental coloca-se, no entanto, a médio e longo prazo: já com a crise internacional fora do cenário, Portugal volta a confrontar-se com as suas fragilidades estruturais, como o sobreendividamento (que vai limitar o consumo privado), o peso excessivo de bens não exportáveis na economia (o sector dos serviços, na maioria não transaccionáveis, pesa 66% na riqueza criada) e a competitividade baixa de parte das suas exportações (que terão crescimento escasso). Resultado: sem as "reformas estruturais que promovem a competitividade" - e que "são a chave para um crescimento mais alto via exportações", aponta a OCDE - Portugal acumulará mais uma década de anemia económica. Os números ontem divulgados são preocupantes: o potencial de crescimento médio anual da economia portuguesa cai para 0,4% entre 2009 e 2011, para subir para uns magros 1% entre 2012 e 2017, o segundo nível mais baixo na OCDE." (Trecho retirado do artigo "OCDE Portugal sem capacidade para criar empregos até 2017" publicado no i)
.
Julgo que as reformas estruturais deveriam ter como preocupação não a competitividade mas a criação de empresas produtoras de bens transaccionáveis. Criando as empresas, sem subsídios e apoios, estas terão de fazer pela vida e aprender a ser competitivas.
.
Criar uma empresa é arriscar, é experimentar, é tentar... empresas sem risco só existem coladas ao Estado:
.
"“96% of all business start-ups in the US fail within 10 years” (Trecho retirado do livro "Six Disciplines for Excellence" de Gary Harpst)
.
Se o custo de contexto forem muito elevados... menos empreendedores vão tentar a sua sorte.

A influência da definição dos objectivos da auditoria

Gosto muito deste esquema para sistematizar e enquadrar um conjunto de conceitos relacionados com as auditorias:
Atenção à definição das conclusões da auditoria: "Resultados finais de uma auditoria, decididos pela equipa auditora, após ter tido em consideração os objectivos da auditoria e todas as constatações da auditoria."
.
Que importância é que as empresas dão à definição dos objectivos das suas auditorias internas? Infelizmente julgo que pouca!
.
Atentemos num exemplo:
.
Evidência recolhida
"Os registos do controlo da qualidade do mês de Dezembro 2009, incluídos no Mapa ABC.09, nunca incluem resultados para a densidade em dois dos turnos."
.
Agora consideremos três hipóteses distintas para a definição dos objectivos da auditoria:
.
"Objectivo da auditoria 1
Verificar a conformidade com os requisitos do SGQ da empresa."
.
"Objectivo da auditoria 2
Verificar adequação dos recursos humanos no sector da secagem."
.
"Objectivo da auditoria 3
Estamos a produzir produtos com a qualidade prometida aos clientes?"
.
Como serão as constatações para cada caso? Não esquecer que a constatação resulta da comparação da evidência com os critérios da auditoria.
.
"Constatação 1
A empresa não evidenciou realização sistemática dos ensaios de controlo da densidade, segundo o PCQsec.09.B. Por exemplo: os registos do mês de Dezembro de 2009, incluídos no Mapa ABC.09, nunca incluem resultados para a densidade em dois dos turnos."
.
"Constatação 2
A empresa não evidenciou realização sistemática dos ensaios de controlo da densidade, segundo o PCQsec.09.B. Por exemplo: os registos do mês de Dezembro de 2009, incluídos no Mapa ABC.09, nunca incluem resultados para a densidade em dois dos turnos. Segundo apurou a equipa auditora, em Setembro de 2009 houve uma rotação de operadores em todos os turnos, tendo o 1º e 3º turnos ficado sem operadores habilitados a medir a densidade. Evidenciado pedido do encarregado geral a solicitar a formação aos novos operadores."
.
"Constatação 3
A empresa não evidenciou realização sistemática dos ensaios de controlo da densidade, segundo o PCQsec.09.B. Por exemplo: os registos do mês de Dezembro de 2009, incluídos no Mapa ABC.09, nunca incluem resultados para a densidade em dois dos turnos. Os registos do controlo da qualidade da secagem nos últimos 35 meses evidenciam que nunca a densidade esteve fora das especificações. Os registos do controlo da qualidade na embalagem nos últimos 25 meses evidenciam que nunca a densidade esteve fora das especificações. Nunca houve reclamações por causa da densidade."
.
Em cada um dos casos, somatórios de constatações do mesmo tipo levariam a conclusões do género:
.
"Conclusões da auditoria 1
A empresa evidenciou não cumprir de forma sistemática os requisitos do seu SGQ"
.
"Conclusões da auditoria 2
A empresa evidenciou não ser capaz de assegurar que tem colaboradores competentes em cada um dos seus postos de trabalho."
.
"Conclusões da auditoria 3
A empresa evidenciou estar a produzir produtos de acordo com a qualidade que promete aos seus clientes.

A equipa auditora põe à consideração da empresa a realização de uma reflexão sobre a adequação dos planos de controlo da qualidade que mantém, dado que parecem ser demasiado exigentes em recursos sem vantagem aparente.
"
.
Diferentes objectivos da auditoria levam a diferentes curiosidades, diferentes questões, diferentes constatações, diferentes conclusões.
.
Assim, há que perguntar: "O que quer de cada uma das suas auditorias?"

A grande migração de valor em curso

Esta Grande Recessão em curso provocou uma formidável migração de valor.
.
Os consumidores, perante o receio do futuro, perante o desemprego, perante o abaixamento dos seus rendimentos, perante o aumento da poupança, testaram mais marcas brancas, experimentaram mais produtos baratos. Quais poderão ser as consequências?
.
A The McKinsey Quarterly no artigo "How the recession has changed US consumer behavior" procura dar resposta, ou dar subsídios para a resposta:
.
"Companies waiting for a return to normality following the recession may be disappointed. Their customers have tried cheaper products—and actually like them."
.
Alguns números para quantificar o desafio:
.
"New McKinsey research found that, in any given category, an average of 18 percent of consumer-packaged-goods consumers bought lower-priced brands in the past two years.
Of the consumers who switched to cheaper products, 46 percent said they performed better than expected, and the large majority of these consumers said the performance of such products was much better than expected. As a result, 34 percent of the switchers said they no longer preferred higher-priced products, and an additional 41 percent said that while they preferred the premium brand, it “was not worth the money.”"
.
Para as marcas "caras" que tenham ficado a saborear os rendimentos à sombra da bananeira, e que tenham deixado que o valor dos seus produtos sofresse uma erosão, como vão dar a volta?

domingo, dezembro 06, 2009

Como é que uma empresa sincera pode usar estes fora? (parte III)

Recentemente voltamos ao tema do uso das redes sociais para fortalecer uma marca.
.
Desta vez encontrei uma interessante reflexão sobre o tema na revista Business Week, no artigo "Beware Social Media Snake Oil":
.
"For business, the rising popularity of Facebook, Twitter, and other social media Web sites presents a tantalizing opportunity. As millions of people flock to these online services to chat, flirt, swap photos, and network, companies have the chance to tune in to billions of digital conversations. They can pitch a product, listen to customer feedback, or ask for ideas. If they work it right, customers might even produce companies' advertising for them and trade the ads with friends for free"
.
Mas não é linear, não é transparente, não é claro o que fazer e como fazer. O artigo critica fortemente os consultores:
.
"Critics complain that many of the new experts have adopted an orthodoxy that provides little flexibility for differing situations—or outcomes. Their pronouncements follow a rigid gospel: Be transparent, engage with your customers, break down silos. Yet these strictures don't always make business sense."
.
Nem de propósito, há que recordar estas palavras de Peter Drucker, citado por Peter Pascheck, na HBR do passado mês de Novembro:
.
"Drucker considered management one of the liberal arts and therefore believed that managers should be educated in the humanities and the social sciences."
...
"They should think of themselves as diagnosticians, therapists, and scholars rather than as technicians, Drucker said, and must understand a company’s unique competencies, culture, and history."
...
"This makes eminent sense: If consultants are to disseminate best practices, they must be not only good teachers but also good students."
.
Julgo que há muito a aprender, cada caso é um caso, é perigoso generalizar. Por isso, há que estudar, estudar, estudar e experimentar.

sábado, dezembro 05, 2009

Não serão os votos a resolver...

Primeiro há-de ser a Letónia (este ano o PIB vai cair 25%, os salários já caíram mais de 6%) e ou a Hungria, a entrarem em bancarrota. Depois, há-de ser a Grécia.
.
Como a Grécia está na eurozona, a sua queda vai salpicar e contaminar, primeiro a Espanha (já repararam que apesar de todos os estímulos governamentais, os números da produção industrial espanhola continuam a cair, os números do comércio interno espanhol caíram ainda mais em Novembro e, no entanto, o défice externo aumentou... cainesianismo num tempo de mercados abertos é treta, o dinheiro dos contribuintes está a ser usado para financiar as importações...) e nós, que só estamos á espera de um empurrão vamos de seguida.
.
Entretanto, perante este cenário plausível, perante o comportamento de décadas da nossa balança de transacções correntes, o que acontece por cá?
.
.
Acreditar que será impossível suportar os direitos adquiridos:
"E o que fazia, por exemplo, à despesa com os funcionários públicos? É reduzível?
.
Não é reduzível, mas é congelável..."
.
Pergunta JPP "ONDE É QUE SE VÃO BUSCAR OS VOTOS PARA AS SOLUÇÕES DRÁSTICAS QUE “TODA A GENTE SABE” SÃO PRECISAS PARA ENDIREITAR O PAÍS?" quando um viciado no jogo já não se consegue conter... proíbem-lhe a entrada no casino, acaba a brincadeira. Ou vai fazer companhia aos peixes por não pagar as dívidas, com os pés enterrados num pedestal de cimento.
.
Se conseguíssemos evitar o ponto de singularidade, os votos ainda contavam. Como não vamos evitar a singularidade, zona onde as leis físicas que conhecemos não se aplicam, os votos deixam de ter significado, por que os votos serão disputados? perante o facto consumado de uma nova realidade. Alguém se manifesta contra um terramoto? O terramoto acontece e depois? Alguém o critica? Alguém recolhe assinaturas para o criticar?
.
Aconteceu, e agora, perante esta nova realidade, quais os nossos graus de liberdade, o que podemos fazer?

Tiro completamente ao lado

Este título "Calçado português custa o dobro do asiático" representa um tiro completamente ao lado.
.
Até parece que esta marca portuguesa de calçado está preocupada com os custos do calçado asiático.
.
Os números já os repeti várias vezes neste blogue. No entanto, aqui vão outra vez: o preço médio de um par de sapatos asiático que entra na Europa é de 3 euros. O preço médio de um par de sapatos português exportado é de... 19 euros. Portugal exporta mais de 90% da sua produção de calçado (dados da APICCAPS relativos a 2008).
.
O calçado português que se preocupa com os custos da Ásia é o que não tem futuro, é o que vive tempo emprestado, é o que há-de acabar morto de anorexia depois de uma correria desenfreada para redução de custos até ao impossível.
.
É a velha querela que me separa do mainestream acerca da produtividade. Uns apostam no denominador obcecados pelos custos, por mim dou prioridade ao valor criado no numerador.

O futuro de uma agricultura portuguesa com futuro

"Belmiro de Azevedo investe na produção de kiwis" kiwis no noroeste ibérico, mirtilhos no Vouga, morangos na costa alentejana, relva na costa algarvia ...
.
Este é o futuro de uma agricultura portuguesa com futuro, é a minha crença profunda. Já em Maio de 2008 escrevi este postal "Pensamento estratégico" a defender o então ministro da Agricultura Jaime Silva por ele partilhar estas ideias.
.
Os agricultores portugueses são como o Pigarro do livro "Quem mexeu no meu queijo" (o acetato 17 é Portugal em todo o seu esplendor!) continuam a fazer de conta que são agricultores, quando na verdade são funcionários públicos encapotados que vivem à custa de subsídios.
.
A afirmação de João Pigarro Machado da CAP e, depois, a eloquente resposta do Ministério da Agricultura... está lá tudo naquela resposta... diferenciação, vantagem competitiva, nicho, valor acrescentado.
.
Não me parece que Belmiro de Azevedo seja pessoa se meter num negócio sem vantagens competitivas, sem hipóteses de diferenciação, sem hipóteses de ganho.
.
Lá está, o que é difícil é mudar, é deixar de fazer o que sempre fizemos porque sempre deu... mas agora deixou de dar.
.
Os Pigarros condenam-se a eles próprios e por arrasto atrasam e arrastam a comunidade que os rodeia... a não ser que, como o Gaguinho, aprendamos a mudar quando é preciso mudar, ou até mesmo a antecipar a mudança.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Como dizia Mao

A primeira vez neste blogue foi aqui "Correlações, calçado e o exemplo dos pares" em Dezembro de 2007. O tema do exemplo dos pares, na altura escrevi:
.
"Em vez de se concentrarem em sacar subsídios e apoios do QREN para os seus associados, as organizações empresariais deviam apostar na recolha e divulgação destas histórias... não por consultores, não por funcionários, não por universitários, não por políticos, mas por pares. É claro que na sombra, nos bastidores os "especialistas" podiam recolher e trabalhar as histórias, mas deixar o palco para os empresários e gestores, para que contassem aos seus pares a sua história, os resultados que estão a ter, as dificuldades que sentiram e sentem, como as ultrapassaram.
Podem dizer que é lirismo da minha parte. Eu que acredito na concorrência, e de que maneira, também acredito que concorrentes podem partilhar experiências... afinal de contas não era isso que Porter também nos propunha com a história dos "clusters"?! (Não, não estou a falar dos cereais dos meus filhos :) )."
.
Em Março de 2008 voltei ao tema com "Não é preciso ser doutor para criar empresas com futuro" onde recodei as palavras do Kotter:
.
"“The single most important message in this book is very simple. People change what they do less because they are given analysis that shifts their thinking than because they are shown a truth that influences their feelings.”"
.
Mas o apelo ao exemplo dos pares é algo de recorrente neste blogue (basta usar o marcador 'pares' ). Pois bem, ontem à noite tive a oportunidade de participar num encontro desse tipo!!!
.
Um clube de empresários que se juntou e convidou pares para falarem sobre um tema, para contarem as suas experiências, uma espécie de tertúlia. Gente que contou o que correu bem e o que não funcionou, gente com conhecimento em primeira mão, gente que deixou dúvidas e questões por resolver e responder.
.
E como dizia alguém que encerrou a reunião, o país está pendurado nas empresas, nos empresários que criam riqueza.
.
E é mesmo...
.
Como dizia Mao que mil encontros deste tipo possam florescer pelo país, longe de Lisboa, longe do Estado-Estratega, longe dos lóbis, ...

Mas eu não fui nobelizado

Na passada quarta-feira de manhã, quando nas rádios se comentavam os dois dígitos para medir a taxa de desemprego em Portugal, rascunhei num mapa, no carro, alguns tópicos sobre o tema.
.
Hoje voltei a lembrar-me desses tópicos ao ler este artigo do Nobel Krugman "O imperativo dos empregos", não sou economista nem fui/serei nobelizado mas o artigo, IMHO, sofre de uma falha estrutural.
.
Podemos olhar para o lucro como o teste do ácido de uma empresa, o lucro diz-nos se tudo o que foi feito a montante deu direito a prémio, mas é absurdo começar a desenhar uma estratégia pelos números desejados para os resultados financeiros. Estes são uma consequência, estes são o que se vê olhando para o espelho retrovisor.
.
Onde escrevi lucro posso escrever desemprego. ou seja:
.
Podemos olhar para os números do desemprego como o teste do ácido de uma política económica governamental, a taxa de desemprego diz-nos se tudo o que foi feito a montante facilitou, agilizou a criação de emprego, mas é absurdo começar a desenhar uma estratégia pelos números desejados para a taxa de desemprego.
.
A taxa de desemprego é uma consequência, é algo que vem por arrasto.
.
Políticas deliberadas com o fim imediato de criar emprego, podem criar emprego ... mas nunca será emprego sustentado, tirem-lhe o oxigénio dos subsídios e apoios e a chama apaga-se de imediato.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Aproveitar as nossas armas

"Obama Bets Big on Troop Surge" mais 30 mil soldados regulares a enviar para o Afeganistão, para combater grupos de guerrilha que actuam como fantasmas, que agem como enguias, que não estão preocupados em combate frontal.
.
Grupos que usam a variável tempo à la Boyd (assim como o mês seguido de bombardeamentos minou a moral e a estrutura de comando do exército iraquiano, assim como o Hezbolah conseguiu iludir e envergonhar o exército regular israelita, ... por que é que Hitler nunca invadiu a Suiça?)
.
Grupos que fazem uso e abuso das suas vantagens competitivas e do terreno onde podem fazer a diferença... Ah Grande Aníbal Barca que travou e ganhou a Batalha de Canas!!!
.
A minha preocupação, a minha motivação com esta conversa não é militar, é estratégica.
.
As PMEs do Norte por vezes sofrem do mesmo mal que Flávio Silva o comandante da X Legião que tomou Massada, sobrestimam o potencial dos adversários.
.
As PMEs são isso mesmo, pequenas. Pequenas significam, ou têm potencial para significar: rapidez; flexibilidade; ciclos de feedback super-rápidos.
.
Tudo isto vem-me à mente após a leitura do artigo "Dynamic management: Better decisions in uncertain times" do The McKinsey Quarterly onde encontro várias referências ao dilema de manobrar uma unidade de negócio que faz parte de uma corporação.
.
"A ship has a captain with a single mind. The “captain” of a large, complex modern corporation is likely to be dozens, if not hundreds, of people. Aligning those pivotal leaders so that they can steer the company in response to changing conditions is a major challenge for most organizations.
.
An essential first step is simply to define who occupies the pivotal roles. Some companies may have just a few; others 20, 150, or even more. On the one hand, the smaller the number, the easier it is to have the intensity of interaction needed to make critical decisions effectively and collaboratively."
.
Quando aumenta a incerteza que rodeia uma empresa a receita é... mais flexibilidade, mais liberdade de acção... algo que não está no sangue e no ADN das grandes corporações. Como me explicava um director de uma multinacional no início dos anos 90 do século passado: "Quando se trava, acontece o que se vê nos desenhos animados... muita chiadeira, e atraso na resposta. A mensagem demora imenso tempo a fazer efeito."

E o pior já passou... passou mesmo? E o pior para quem? (parte II)

Dia após dia vou recolhendo mais e mais informação para compor os cenários do futuro, tendo em conta as limitações do espaço de Minkowsky.
.
Mats Lindgren e Hans Bandhold no livro Scenario Planning escrevem:
.
"Although scenario planning processes concern the future, it is important to have a clear picture of the present and the past. What is the history of the organization and how has it developed up to now? How has the competitive landscape developed and what have been the triggers for change? Which have been the main indicators of changes in the landscape so far?
You might object that the future landscape is extremely uncertain and that there are many new threats and possibilities. But there are a lot of driving forces in the surrounding world that remain the same. The logic of the arena is still there and even if you consider that your organization is very future-oriented, it is most probable that the changes are fairly slow and that you have competitors who are forerunners as well as followers."
.
Mais algumas:

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Que saudades...

1975, 1º ano do ciclo preparatório, o irmão mais velho do Cagô (Carlos Gomes) tinha este vinil em casa, acho que foi a primeira vez que ouvi os Supertramp:
.


E o pior já passou... passou mesmo? E o pior para quem?

No livro "Scenario Planning" de Mats Lindgren e Hans Bandhold os autores recordam, e como é verdade, que se queremos construir cenários sobre futuros alternativos plausíveis, devemos começar pelo passado e presente.
.
Devemos começar por procurar quais os vectores que se encontram à nossa volta e que vão influenciar o futuro. Esses vectores são as correntes e ventos de fundo que conduzem o barco.
.
Aliás, foi por causa do conselho de Peter Schwartz, para estar atento aos recortes do dia-a-dia, para identificar as forças que influenciam o amanhã que comecei a registar neste blogue o quotidiano que me rodeia.
.
Da net de ontem retirei vários recortes que afixei no painel, são certamente ingredientes que afectarão o bolo, o futuro que me interessa:
.
E o pior já passou, dizem! Com estes ingredientes que bolos podem ser feitos?
.
Passou mesmo?

Escolhas difíceis

"Na Suécia, por exemplo, o primeiro-ministro recusou comprar a Saab à General Motors. Fredrik Reinfeldt considerou que o dinheiro dos contribuintes - "destinado à educação e à saúde" - não pode servir para tapar o buraco de uma empresa de carros. O facto de a Saab ser de origem sueca não lhe exaltou o patriotismo nem a veia demagógica. O excesso de oferta no mercado automóvel foi suficiente para o convencer de que seria mau negócio. É para isso que servem os políticos: fazer escolhas difíceis. Testado pela mesma realidade, Sócrates facilitou e falhou. Não é injustiça: o primeiro-ministro falhou e deixou o país num beco sem saída."
.
Trecho retirado de "E agora, José?" publicado no i. Só não concordo com a inclusão do nome Sócrates. Podia ser MFL, ou Filipe Meneses, ou Passos Coelho; ou ... está no sangue normando. Que modelos mentais podem ter na sua mente? Onde trabalharam? Que experiências de vida têm? Alguma vez viveram longe do Orçamento de Estado?

Como é que uma empresa sincera pode usar estes fora? (parte II)

Nestes dois postais anteriores "Como é que uma empresa sincera pode usar estes fora?" e "Branding in the post-internet era" abordamos o desafio de usar as redes sociais da net em benefício do desenvolvimento de uma marca.
.
Em tempos escrevi sobre esta empresa, pois bem, o Aranha encontrou na net este exemplo:
  • consumidores comentam negativamente o produto e a marca;
  • representante da marca entra em cena;
  • representante consegue levar o consumidor a admitir que se calhar estava enganado; ("Yes I will eat crow for slandering your product on the shrouds, but you can see from the pictures I had a much different experience with the older plastics.") e por fim a disponibilizar-se para dar a volta ("I would give Polisport another chance givin some of the positive responces on here.")
Como dizia e escrevia Peter Drucker: "If consultants are to disseminate best practices, they must be not only good teachers but also good students.

terça-feira, dezembro 01, 2009

A revolução que aguarda a exaustão dos diques que a impedem

A energia, o potencial, a riqueza que se esconde por trás desta comporta!!!
.
Ontem a meio da tarde, o Aranha telefonou-me para me convidar a ver um programa que estava a dar na RTP2.
.
O programa chama-se "Da Terra ao Mar" (um magazine sobre o panorama da Agricultura, da Floresta, das Pescas e do Desenvolvimento Rural, em Portugal).
.
Como estava longe de uma televisão o Aranha teve de me exlicar o que se passava.
.
Parte do programa tinha sido dedicado a apresentar uma empresa agrícola na costa alentejana, o Aranha falou-me na Driscoll, contudo ao pesquisar na net interrogo-me se o programa não teria sido sobre a Luso-Morango.
.
Não interessa, o ponto do Aranha era este, durante toda a conversa com os responsáveis da Driscoll (Luso-Morango?) transpirou estratégia, visão, confiança, concentração no cliente, aposta, ... pois, em tempos de crise não chegam para as encomendas.
.
No entanto, a nossa agricultura é a do choradinho, do subsídio, do apoio, dos coitadinhos, das carpideiras, dos desgraçados vítimas da ira dos deuses e dos supermercados:
Por isso é que sou tão crítico dos subsídios à agricultura. Esses subsídios estão a impedir uma revolução agrícola em Portugal.
.
O ex-ministro Jaime Silva falava no kiwi, no diospiro, no... e era logo massacrado pelos dependentes da cultura dos subsídios.
.
.
.

Vale tudo: é a selva!

"Empresas que devem ao Fisco podem receber apoios do Estado já em Janeiro" e as empresas que se desunham para pagar o saque aos normandos?
.
No limite vamos ter o Estado a apoiar empresas com dívidas ao Fisco, para evitar mais desemprego, e assim, condenar à morte as empresas que cumprem... gerando mais desemprego.

Sei o que não me disseste na última campanha eleitoral (parte VIII)

Depois do Contras & Contras de ontem à noite na RTP1 e depois deste "Dívida pública. Risco está muito alto por causa dos políticos" arrisco-me a projectar o dia em que Medina Carreira será visto como um incurável optimista.
.
Onde é que estava esta gente toda durante a última campanha eleitoral?