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sábado, julho 16, 2011

Imprimam bentos! (parte I)

Não acredito no Grande Planeador, seja ele português ou chinês.
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Interessante, no entanto, perceber as boas-intenções do governo chinês
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"Credit squeeze drives change at China’s SMEs":
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"Rather than facing a widespread credit squeeze, the SME sector is undergoing a painful process of restructuring. Capital is being funnelled towards high-tech and green energy-related companies at the expense of traditional low-end manufacturers.
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In Wenzhou, China’s SME heartland, many of the shoe and clothing factories are indeed struggling.
“During the financial crisis, there were no orders. Now, there are orders but no one dares to fulfil them because it is impossible to get credit from banks,”
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Mr Zhou says at least 20 per cent of Wenzhou’s SMEs – there are 360,000 in the city – have already cut back operations or closed their doors this year. State media have carried reports of cash-strapped SMEs borrowing from underground lenders at annualised rates of 60 per cent.
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Instead, interviews with local factory managers, investors and bankers reveal a city in the midst of fundamental change in what it produces, with the government prodding companies to make more sophisticated products as rising wages undermine the low-cost model of manufacturing. (Moi ici:Imprimam bentos! É mais fácil imprimir bentos do que fuçar por uma alternativa) A lack of financing, they say, is a symptom and not a cause of the troubles facing traditional industries.
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“The government is trying to bring about change and is supporting high-tech sectors. We are no longer the kind of company it wants,” says a manager at a factory owned by Yibaini Shoes, a small maker of cheap women’s shoes, where workers’ salaries have tripled in the past five years."
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Trechos retirados daqui.
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BTW,
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"“There are lots of people who can no longer make money off shoes, and so they’re taking their money out of the industry to invest in property. The money comes in so much more quickly,” she said." (Moi ici: You are going to be sorry... os portugueses não são nem mais burros nem diferentes dos outros, reagem aos estímulos com mentalidade de jogador de bilhar amador)

quarta-feira, junho 15, 2011

Modelos mentais - desaprender para voltar a aprender

Ao ler vários artigos sobre a Service-Dominant Logic, que foram sendo publicados desde 2004, há uma referência bibliográfica constante "Reframing Business - When the Map Changes the Landscape" de Richard Normann.
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Trata-se de um livro que aqui fomos comentando ao longo de 2008 e que ficou na categoria de topo. O subtítulo é delicioso ... quando o mapa, a nossa representação da realidade, altera essa mesma realidade. Aliás, nós nunca chegamos a ter consciência da realidade, nós só sensoriamos o mapa.
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Os nossos modelos mentais são os nossos mapas, são um filtro que nos ajuda a seleccionar e enquadrar os estímulos recebidos, para evitar a "parálise por análise".
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Ainda nesta série de postais reflectimos sobre a importância dos modelos mentais para explicar as diferenças de desempenho entre empresas de um mesmo sector de actividade num mesmo país.
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CK Prahalad e Richard Bettis em "The Dominant Logic: Retrospective and Extension", publicado no Strategic Management Journal, Vol. 16, 1995, em vez de modelo mental escrevem lógica dominante, no entanto a mensagem mantém-se:
"We have come to view the dominant logic as an information filter, shown here as a funnel. Organizational attention is focused only on data deemed relevant by the dominant logic. Other data are largely ignored. (Moi ici: Assim, o mainstream apenas reconhece o que encaixa no filtro) "Relevant' data are filtered by the dominant logic and by the analytic procedures managers use to aid strategy development. These 'filtered' data are then incorporated into the strategy, systems, values, expectations, and reinforced behavior of the organization."
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Em "Mental Models, Decision Rules, and Performance Heterogeneity" de Michael Shayne Gary e Robert E. Wood, publicado no número de Junho de 2011 da revista Strategic Management Journal defende-se que o desempenho das empresas depende dos modelos mentais dos seus líderes. Quando a realidade muda... o mais certo é o desfasamento entre o modelo mental mantido e a nova realidade. Sim, o mapa pode mudar a realidade. Mas há limites para o poder dos mapas...
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Voltando a Prahalad e Bettis sobre o abandono dos modelos mentais que ficaram obsoletos:
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"In the business world. IBM is an excellent example in which the dominant logic for years revolved around a set of unseen assumptions about the centrality of the mainframe business. At IBM this thinking became embedded in the strategy, reward system, promotion preferences, and resource allocation system so strongly that a catastrophic crisis was necessary even to begin to dislodging it.
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There has been a great deal written about organizational learning ... In general it is assumed that the learning curve is drawn on 'a clean sheet of paper' in that learning takes place in a neutral environment. This is seldom if ever the case. There is often previous learning 'drawn' on the paper that may inhibit the new learning process. This leads to the concept of unlearning.
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The dominant logic makes clear that before strategic learning of the kind discussed above can occur, the old logic must in a sense be unlearned by the organization. In this sense there Is an unlearning (or forgetting) curve just as there is a learning curve. ... This need to unlearn may suggest why new competitors often displace experienced incumbents in an industry when major structural change occurs (e.g.. the personal computer revolution). The new entrants in essence are starting with a clean sheet of paper and do not have the problem
of having to run down an unlearning curve in order to be able to run up a learning curve.
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What seems clear is that strategic learning and unlearning of the kind involving the dominant logic are inextricably intertwined."
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O subtítulo de Normann faz sentido quando um agente económico percebe, numa realidade em turbulência, que uma ordem nova, mais complexa, está a emergir e antecipa-se a enquadrá-la num novo mapa, para ajudar a actuar melhor na nova realidade. Como se trata de uma antecipação, ainda a realidade não estabilizou e já o agente tem o mapa no seu arsenal de ferramentas.
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Exemplos de modelos mentais a precisar de desaprender muito:

Quando não desaprendemos e a realidade mudou... os modelos mentais fazem de nós bobos (à brasileira) e castram-nos

segunda-feira, maio 30, 2011

Para chocalhar umas cabeças enterradas em modelos mentais obsoletos

Imagem retirada de um artigo da HBR de Junho próximo.
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A soma do fluxo in/out de bens entre a Ásia e a América do Norte mais Ásia e a Europa já é menor que o fluxo intra-Ásia. Este fluxo intra-Ásia é sobretudo de importação de bens pela China.

sexta-feira, maio 06, 2011

Até nos States - modelos mentais a estilhaçarem-se

Até nos EUA, tão dominados pelo "short-termism", se está a assistir a um certo renascimento do chão de fábrica face à China:
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"Why US manufacturing can take on China"
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"US manufacturing takes on China"
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"Made in the USA, Again: Manufacturing Is Expected to Return to America as China’s Rising Labor Costs Erase Most Savings from Offshoring":
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"“All over China, wages are climbing at 15 to 20 percent a year because of the supply-and-demand imbalance for skilled labor,” said Harold L. Sirkin, a BCG senior partner. “We expect net labor costs for manufacturing in China and the U.S. to converge by around 2015. (Moi ici: Como os salários portugueses são inferiores aos americanos... tanta gente que devia andar a estudar como aproveitar esta oportunidade e que anda entretida a fazer política) As a result of the changing economics, you’re going to see a lot more products ‘Made in the USA’ in the next five years.”"
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"After adjustments are made to account for American workers’ relatively higher productivity, wage rates in Chinese cities such as Shanghai and Tianjin are expected to be about only 30 percent cheaper than rates in low-cost U.S. states. And since wage rates account for 20 to 30 percent of a product’s total cost, manufacturing in China will be only 10 to 15 percent cheaper than in the U.S.—even before inventory and shipping costs are considered. After those costs are factored in, the total cost advantage will drop to single digits or be erased entirely, Sirkin said.

Products that require less labor and are churned out in modest volumes, such as household appliances and construction equipment, are most likely to shift to U.S. production. Goods that are labor-intensive and produced in high volumes, such as textiles, apparel, and TVs, will likely continue to be made overseas." (Moi ici: O nosso conselho de sempre)
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Claro, os macro-economistas são os últimos a saber. Aqui ver os 3 primeiros postais.

domingo, abril 17, 2011

Mudanças de modelo mental

"78% do crédito é para não transaccionáveis"
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"Mas pide a los empresarios que tomen el relevo de una administración exhausta" este artigo é revelador de uma mudança de modelo mental que ainda não chegou ao nosso país... quando o presidente da Generalitat de Barcelona avisa os empresários que a administração pública não tem dinheiro e que são os empresários a ter de arregaçar as mangas.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Creepy (part III)

O excelente José deu-se ao trabalho de pesquisar o CV dos responsáveis pelo Orçamento para 2011.
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As empresas, a criação de riqueza neste país, a nossa economia, é em grande medida influenciada pelas escolhas e decisões destas pessoas...
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É leitura para a noite de 30 de Outubro, até eu já estou a ficar contaminado com a treta do Halloween. É arrepiante!!!
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Que experiência de vida têm estes responsáveis?
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Alguma vez esta gente teve insónias sobre como pagar salários ao fim do mês? Sobre como cativar clientes? .
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Isto faz-me lembrar Klein "Intuição e modelos mentais" e "Para lá da razão"

sexta-feira, outubro 01, 2010

Desafiar a nossa visão do mundo

"We found that China’s export sector contributed 19 to 33 percent of total GDP growth between 2002 and 2008"
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"exports have been an important driver of China’s growth, but not the dominant one, and that most common wisdom overestimates the role of exports while underestimating the role of domestic consumption for China’s growth. Any Chinese or multinational company that currently manufactures goods in China and primarily exports them to other countries should ask itself whether it needs to scale up its domestic strategy to get a bigger piece of the pie. This involves developing a more granular understanding of the Chinese market, making products that appeal to the Chinese consumer, and finding ways to market and distribute them effectively—all while contending with increasingly formidable Chinese competitors."
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Trechos retirados de "A truer picture of China’s export machine" incluído no The McKinsey Quarterly.

quarta-feira, setembro 22, 2010

Uma nova página do capitalismo

À medida que o consumo em massa vai cedendo e dando lugar aos "markets of one", novos modelos mentais e de negócio têm de ser desenhados e experimentados.
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Um bom artigo para reflectir sobre o tema pode ser encontrado aqui "Creating value in the age of distributed capitalism".
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"In the same way that mass production moved the locus of industry from small shops to huge factories, today’s mutations have the potential to shift us away from business models based on economies of scale, asset intensification, concentration, and central control. That’s not to say factories are going away; their role in supplying quality, low-cost goods, including the technologies underpinning the shift to more individualized consumption, is secure. Yet even mass production is becoming less homogenous (consider the ability to order custom sneakers from Nike). And for many goods and services, new business frameworks are emerging: federations of enterprises—from a variety of sectors—that share collaborative values and goals are increasingly capable of distributing valued assets directly to individuals, enabling them to determine exactly what they will consume, as well as when and how. This shift not only changes the basis of competition for companies but also blurs—and even removes—the boundaries between entire industries, along with those that have existed between producers and consumers."
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domingo, setembro 12, 2010

O Presidente equivocado

Na última campanha eleitoral para a Presidência da Republica o candidato Cavaco Silva afirmou:
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"Dois adultos perante os mesmos factos, chegam ás mesmas conclusões!"
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Pois bem, eu defendo:
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- Dois adultos, de boa-fé, perante os mesmos factos, podem não chegar ás mesmas conclusões!
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É que a realidade que nos rodeia pode ser única, mas nós não a vemos. Nós só percebemos a realidade através do nosso cérebro. E o cérebro de cada um é diferente, carrega o seu próprio modelo mental de ver e perceber o mundo.
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Por isso:
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quarta-feira, setembro 01, 2010

sábado, maio 29, 2010

Cinismo (parte II)

Serei injusto, relativamente à parte I, se não acrescentar esta outra.
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"Para o país sair da situação dramática em que se encontra, Cavaco Silva pede aos empresários portugueses uma aposta mais forte na inovação e menos dependência do Estado e do poder político.
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O Chefe de Estado pediu às empresas um «compromisso maior, apesar dos progressos feitos nos últimos tempos, para apostar mais fortemente na investigação, desenvolvimento e inovação»."
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Só que cada vez mais me convenço que é marginal o número de empresas que consegue mudar de vida.
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Os modelos mentais que as fizeram nascer, crescer e desenvolver-se são os mesmos que as impedem de mudar de vida quando o habitat onde operam muda.
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Os clientes que compram inovação são diferentes dos clientes que compram preço-baixo, a abordagem é diferente. Basta seguir os episódios da série em curso "Clientes-alvo e valor (parte I)"
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Ora, se o Estado protege, subsidia, apoia os incumbentes e aumenta s custos de entrada...

sexta-feira, maio 21, 2010

"Há mais marés que marinheiros!!!"

Ontem, em comentário a este postal o Carlos lembrou esta canção:

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E em boa hora o fez, a letra da canção é uma adaptação do início do Capítulo III do Livro do Eclesiastes. (BTW, trata-se de um livro que costumo citar em algumas das minhas acções de formação e que também já citei por aqui "Vaidade! É tudo vaidade!")
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Para quem vê o mundo de forma linear, para quem só sabe enunciar as regras do xadrez e descrever à posteriori qual foi a jogada de uma empresa e como é que o mercado reagiu, ou seja, para lanchesterianos que só olham para os custos e não percebem a alquimia da originação de valor o mundo só tem um sentido... ("You cannot prove a new idea in advance by inductive or deductive reasoning")
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Nesse mundo, o papel dos gestores, resume-se a replicar a actuação de Hans Solo quando se encontrava preso numa sala em que as paredes se estavam a aproximar para o prensar. A prensagem parece inevitável, só há um caminho, aguentar o mais possível, atrasar o mais possível o aperto final.
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Para essa gente, a letra da canção devia fazer-lhes abrir os olhos e limpar os ouvidos como se estivessem na sua estrada de Damasco...
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Basta olhar para um campo sem intervenção humana para perceber a resposta. A Natureza tem horror à monotonia, a Natureza favorece a biodiversidade e esta é a base da resiliência.
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Beinhocker no seu livro "The Origin of Wealth" conta as experiências sobre mundos simulados (de Kristian Lindgren) e sobre a transiência das estratégias... todas as estratégias vencedoras são transitórias... e duram cada vez menos.
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Por isso, se as empresas e os gestores públicos não estiverem reféns de modelos mentais obsoletos que tiveram o seu dia de glória, e mantiverem a cabeça aberta e em modo "search" continuamente, poderão encontrar uma alternativa. Há sempre uma alternativa, sempre houve, desde que não nos agarremos sentimentalmente ao que funcionou no passado, ou que não estejamos a contar com uma qualquer renda garantida directa ou indirectamente pelo Estado.
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Mesmo este postal de há minutos "Para quem o mundo é simples e linear" traduz esta realidade... aquilo que a linguagem popular usa depreciativamente mas que eu uso aqui com sentido positivo "Há mais marés que marinheiros!!!"
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Lembram-se? "Os países não se deslocalizam"

quinta-feira, abril 22, 2010

Qual a diferença entre o tratamento sintomático e o ataque às causas-raiz? (parte VII)

Terminei recentemente a leitura de um pequeno livro "Picos e Vales", uma fábula do mesmo autor de "Quem Mexeu no Meu Queijo?", Spencer Johnson.
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O livro é uma lição sobre como desenvolver e ampliar o locus de controlo interno do leitor, convenhamos que é algo que cada vez mais está em falta neste país - gente com o seu locus de controlo no interior.
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Quando tanto se fala em negação da realidade, a primeira regra, de um sumário delas que o livro reúne, sobre como utilizar os picos e os vales no trabalho e na vida é:
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"Faça-se Amigo da Realidade
Quer esteja temporariamente no alto de um Pico ou em baixo num Vale, pergunte a si mesmo: Qual é a verdade desta situação?"
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"Que quer dizer ver a verdade! Não aquilo que eu desejo, ou receio que aconteça, mas o que é realmente verdadeiro nos meus períodos bons e maus."
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Quando nos ficamos pelo tratamento sintomático, quando não vamos às causas-raiz, voluntariamente ou não, não descobrimos a verdade das situações. Se não descobrimos a verdade das situações, e se as situações são eventos que decorrem de comportamentos que, por sua vez, decorrem de estruturas sistémicas... sem conhecer a verdade das situações nunca descobrimos quais as estruturas sistémicas que estão a actuar no sistema, ou seja, estamos condenados a obter sempre os mesmos resultados indesejados.
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Isto tanto se aplica ao PEC, como à erosão das vendas da empresa, como aos nossos vales pessoais.
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ADENDA 1 - O que disse hoje Camilo Lourenço no RCP (Não vai à raiz...) BTW, ele chama-lhe lastro, eu chamo-lhe cuco.
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ADENDA 2 - Que formidável estado de negação grassa na Grécia... quase como as crianças que fazem birra na feira porque o papá, ou a mamã, não tinha dinheiro para lhes comprar o boneco, ou o gelado, ou ... BTW, a Avoila e o Picanço estarão por lá a tirar notas e apontamentos?

quinta-feira, abril 01, 2010

Gerações foram educadas, moldadas e conformadas pela teoria marxiana

Daniel Amaral no DE de hoje:
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"Restam-nos as exportações. Que só podem crescer por duas vias: ou pelo aumento da procura externa ou pela redução dos custos internos. Formas de reduzir os custos: menos impostos do Estado, ganhos de eficiência das empresas, cortes nos salários dos trabalhadores. Querem fazer o favor de escolher? Lamento a conclusão implícita: o Governo foi realista nas projecções que fez - malgrado o fraco crescimento, não há espaço para crescer mais. É trágico mas é assim."
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Quantos anos tem Daniel Amaral?
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Como era o mundo quando Daniel Amaral estudou e se formou na Universidade?
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O que estava na moda quando Daniel Amaral estudou e se formou na Universidade?
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No mundo actual onde vivemos temos esta realidade que uso como exemplo:
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Qual o preço médio de um par de sapatos exportado de Portugal? 20 euros!
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Qual o preço médio de um par de sapatos importado da Ásia para a Europa? 3 euros!
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Perante estes factos, no modelo mental, no paradigma em que Daniel Amaral foi enformado e moldado, qual o destino do calçado português?
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O mesmo que Daniel Bessa previu há cinco anos: um colossal problema, o declínio e a extinção do sector do calçado em Portugal.
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Qual foi a realidade?
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Um sector que em 2009 exportou mais de 96% da sua produção.
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Esta realidade não é explicada pelo modelo mental de Daniel Amaral...
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Daniel Amaral e várias gerações foram educadas, moldadas e conformadas pela teoria marxiana que relaciona trabalho e valor de uma forma que implica que o preço é, sobretudo, baseado numa regra de polegar: o preço é definido tendo em conta os preços da concorrência ou os overheads e um retorno arbitrário. O valor neste mundo é definido pela quantidade de trabalho incorporado...
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A realidade que vivemos hoje já não é a mesma do tempo de Marx, hoje a oferta é várias vezes superior à procura em quase todos os sectores de produção...
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Para Daniel Amaral a única forma de conquistar mercado é... reduzir os custos... é apostar no denominador... nunca leu Rosiello, não descobriu ainda que a resposta austríaca para o valor está na mente do comprador e na capacidade de o seduzir, não porque se oferece o artigo mais barato mas um artigo diferente...
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Será que Daniel Amaral só usa esferográficas? Só usa canetas BIC?

Trecho retirado do artigo "Passos fatais"

quinta-feira, março 25, 2010

Modelos mentais e intuições de políticos

E quais são os modelos mentais e as intuições dos políticos que ocupam o ecossistema de oposição e situação em Portugal?
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"José Sócrates pode sublinhar a sua eficácia a reduzir o défice, mas os mercados desconfiam. Não de Sócrates, mas do modelo político em que o dinheiro dos impostos financia as necessidades do Estado. Há já quem brinque que o único negócio com lucro neste momento de crise é cobrar impostos. Basta mandar, que a factura sobe.
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É isso que traduz grande parte do Programa de Estabilidade e Crescimento, o mesmo que as oposições parecem decididas a deixar passar para uma fase legislativa. Não deviam: não porque tenha erros, mas porque desvaloriza a importância que os mercados dão hoje ao modelo de Estado que cresce à custa de impostos."
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Este é o modelo mental que partilham e defendem, todos.
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O livro "Creative Destruction - Why Companies That Are Built to Last Underperform the Market - and How to Successfully Transform Them", de Richard Foster e Sarah Kaplan, faz uma boa descrição do perigo de "lock-in" dos modelos mentais.
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"“Cultural lock-in” – the inability to change the corporate culture even in the face of clear market threats – explains why corporations find it difficult to respond to the messages of the marketplace. Cultural lock-in results from the gradual stiffening of the invisible architecture of the corporation, and the ossification of its decision-making abilities, control systems, and mental models. It dampens a company’s ability to innovate or to shed operations with a less-exciting future. Moreover, it signals the corporation’s inexorable decline into inferior performance.”

“The heart of the problem is the formation of hidden sets of rules, or mental models, that once formed are extremely difficult to change. Mental models are the core concepts of the corporation, the beliefs and assumptions, the cause-and-effect relationships, the guidelines for interpreting language and signals, the stories repeated within the corporate walls.”

““… mental models the “theoretical frameworks that help investors better understand the world.”
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"Mental models are invisible in the corporation. They are neither explicit nor examined, but they are pervasive. When well crafted, mental models allow management to anticipate the future and solve problems. But once constructed, mental models become self-reinforcing, self-sustaining, and self-limiting. And when mental models are out of sync with reality, they cause management to make forecasting errors and poor decisions. The assumption of continuity, in fact, is precisely the kind of disconnect with reality that leads corporations into flawed forecasting and poor decisions.”
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Mintzberg dá o exemplo das palas nos cavalos, perde-se a capacidade de visão a 360º e fica-se apenas preso a olhar em frente, apesar do mundo em volta mudar e exigir novas respostas.
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Como é que se quebram estes modelos mentais?
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Quando se embate violentamente contra a parede da realidade!!! Como o Sporting, e o FCPorto que, tudo indica, na próxima época vão seguir um novo modelo de negócio.
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BTW, recordo as palavras de José Sócrates na última entrevista televisiva que deu. Disse qualquer coisa como "Poupança. Que horror! Dinheiro parado no banco" e as palavras sábias de Avilez Figueiredo:
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Aqui, como no resto da Europa. Comprar dinheiro, e existir quem o venda pelo justo valor, é um dos activos mais determinantes das economias modernas. É por isso que é tão importante incentivar a poupança - dinheiro gera dinheiro é ditado antigo."
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Trechos retirados de "Portugal assusta América"

Intuição e modelos mentais

E como é alimentada a intuição?
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O que está na base do iceberg de Senge? (aqui e aqui)
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Os modelos mentais!
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"Experts are not just accumulating experiences. People become experts by the lessons they draw from their experiences, and by the sophistication of their mental models about how things work."
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"Mental models are developed through experience—individual experience, organizational
experience, and cultural experience. The richer mental models of experts ... include more knowledge and also enable the experts to see more connections. These are two defining features of complexity.
The mental models of experts are more complex than those of other people."
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"With experience we learn more and more patterns. These patterns let us size up situations quickly and accurately. The experience and the patterns enable us to judge what to pay attention to and what to ignore. That way, we usually reserve our attention for the most important cues and aspects of a situation. However, if the situation is deceptive or is different from what we expect, we may focus our attention on the wrong things and ignore important cues. That’s why the concept of ‘‘mindsets’’ creates so much controversy. Our mindsets frame the cues in front of us and the events that are unfolding so we can make sense of everything.
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Experience and patterns produce mindsets. The more experience we have, the more patterns we have learned, the larger and more varied our mindsets and the more accurate they are. We depend heavily on our mindsets. Yet our mindsets aren’t perfect and can mislead us.
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With more expertise, we may become more confident in our mindsets, and therefore more easily misled. As we saw in the previous chapters, every mechanism has limitations.
The mindsets that reflect our experience and power our expertise can, on occasion, cause our downfall. Mindsets aren’t good or bad. Their value depends on how well they fit the situation in which we find ourselves. Mindsets help us frame situations and provide anchors for making estimates."
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É também por isto que fico com os cabelos em pé quando olho para os curricula dos políticos que nos governam, por exemplo aqui e aqui.
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Que modelos mentais é que esta gente transporta? O que é que as habilita a exercer o poder nos tempos que correm? Como é que vêem o mundo?
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Como escreveu Joaquim Aguiar, somos governados por funcionários.
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Trechos retirados de "Gary Klein retirado de “Streetlights and Shadows - Searching for the Keys to Adaptive Decision Making”"

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Subam na escala de valor e os modelos mentais

Há episódios que nos desconcertam, que nos desmancham e que quase fazem perder a esperança no futuro da nossa comunidade.
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Em praticamente todas as formações que dou uso um exemplo da última campanha eleitoral para a presidência da republica.
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A certa altura, num debate na TV, ou seria numa entrevista, o candidato Cavaco diz:
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"Dois adultos, perante os mesmos factos chegam às mesmas conclusões!"
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Depois, mostro esta imagem:
E depois, corrijo a frase completando-a:
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"Dois adultos, de boa-fé, perante os mesmos factos não chegam às mesmas conclusões. Porque cada um deles carrega o seu modelo mental. Diferentes histórias pessoais, diferentes experiências, geram diferentes formas de perceber o mundo, ou seja, diferentes modelos mentais.
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O problema é que nós não vemos o mundo tal como ele é na realidade, nós vemos uma interpretação pessoal do mundo que nos é facultada pela nossa experiência de vida, pelos nossos modelos mentais. E tentar que pessoas com diferentes modelos mentais dialoguem construtivamente é um desafio digno de Hércules. (BTW, depois deste artigo de JMF "Salvar o país deste Estado, e o Estado deste governo" dá que pensar nos modelos mentais de quem governa este país e de quem está na oposição).
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Se tivéssemos de resumir tudo o que escrevemos neste blogue desde 2004 numa frase com três palavras escolheríamos:
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"Subam na escala de valor!!!"
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Por isso escrevemos "Been there, done that bought the t-shirt" porque só a subida na escala de valor permite aumentar as margens ao mesmo tempo que se aumentam os salários. Porque só a subida na escala de valor permite aumentar a produtividade, a competitividade e, em simultâneo, o nível de vida dos trabalhadores.
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Por tudo isto ... o que dizer do que encontrei ontem no sítio do DN neste artigo "Liberalização provocou fuga de encomendas para a Ásia"
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Sobretudo neste trecho:
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"Passados cinco anos, o director-geral da ATP considera que a única mais-valia da liberalização do comércio foi obrigar a indústria nacional a subir na cadeia de valor, produzindo artigos de maior valor acrescentado, com recurso a novos materiais e tecnologias." (Moi ici: a única mais-valia? Como se fosse coisa de pouca monta.)
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Faz-me lembrar esta cena de "A vida de Brian":
Além da subida na escala de valor o que nos deram os romanos?

sexta-feira, outubro 16, 2009

Erro a evitar

Eu, confesso, sou um fanático que apoia o uso de indicadores para gerir empresas.
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Contudo, reconheço que quando confiamos apenas e só nos indicadores corremos o risco de cometer o mesmo erro que é mencionado neste postal "“Diagnosis: What Doctors Are Missing”"
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"Another way that the desire to systematize medicine may not represent progress is that it limits doctors’ observational methods. Doctors look at a number of elements of a patients’ condition: skin tone, energy level, the quality of their breathing. Some of these do not fit neatly into diagnostic scoring methods and are thus discarded, resulting in information loss. There is in particular in medicine a distaste for seemingly old fashioned diagnostic methods even when they are more accurate than tests"
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"The ability to recognize complex patterns is one of our highest forms of intelligence, and one both disciplines seem inclined to devalue. Admittedly, as Malcolm Gladwell demonstrated in his book Blink, this faculty can be remarkably accurate or wildly wrong. Somehow, embracing technology too often leads to a rejection of older approaches, rather than figuring out how to use the best of both methods."
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Quanto menos experiência no sector de actividade tiver o gestor, maior o risco de confiar cegamente nos indicadores.