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sábado, maio 27, 2017

Adeus Okun

Há dias escrevi:
"Atenção, não pretendo diminuir nem um cêntimo a importância do turismo, ainda para mais com o sucesso dos modelos AirBnB há muito dinheiro a entrar e a dinamizar a economia de pequenas empresas e pessoas. Um milhão de lucro via AirBnB está muito mais disperso do que o mesmo milhão obtido por cadeias de hotelaria multinacionais."
De que falo quando escrevo sobre o advento de Mongo e sobre o abandono progressivo da filosofia do século XX (Magnitograd)?
  • o abandono da escala e da eficiência como factores críticos para ganhar competitividade
Em "Ignorância, politiquice ou a idade? (parte II)" sublinhei o impacte do turismo na reabilitação das cidades e consequente diminuição do desemprego.

1 milhão de euros gastos em reabilitação urbana promovida por indivíduos tem um impacte no emprego muito superior a 1 milhão de euros gastos pelo Estado numa obra pública.

No século XX, com a escala e a eficiência como vectores fundamentais, a criação de emprego exigia um certo crescimento da produção para tornar necessário o crescimento do emprego. Estamos a falar de linhas de montagem eficientes a produzir grandes séries, ... o mundo das bolas azuis:
No século XXI, no mundo das bolas negras, a eficiência não é um factor crítico, a eficácia comanda.

O século XXI não é o século das linhas de montagem, é o século da diversidade, das pequenas séries, da produção para nichos, tudo factores que contribuem para a necessidade de mais pessoas para produzir a mesma quantidade (com preços unitários superiores) ou distribuída por lotes mais pequenos e variados

Assim, a Lei de Okun deixa de ter a força que tinha nos anos 60 do século passado.



sexta-feira, maio 05, 2017

Produtividade: Magnitograd ficou lá para trás no século XX

Estou de acordo com Camilo Lourenço em muito coisa. No entanto, quando ele fala de produtividade parece que falamos de coisas diferentes.

Quando Camilo Lourenço fala de produtividade, concentra-se no denominador, é a receita do século XX: mais produtividade = mais eficiência. Por isso, foi presa fácil de Marchionne na Polónia.

Por aqui, já em 2006, por exemplo em "Redução dos salários em Portugal" escrevíamos:
"Uma actuação tendo em vista o médio/longo prazo tem de actuar no numerador, na capacidade, na quantidade de valor criado.
...
Assim, em vez de andar às voltas em torno do denominador, porque não apostar no aumento do numerador?"
Uma ideia que só agora começa a entrar no mainstream:
"Instead of focusing on continuously managing the denominator by cutting headcount, executives should identify ways to boost the numerator, and increase output." 
Só quando se descobre a vantagem do numerador sobre o denominador é que se percebe o quanto o século XX e os seus gigantes de Metropolis ou de Magnitograd ficam lá para trás e Mongo é o futuro.

segunda-feira, março 27, 2017

Aleluia meurmão!!!

Via @hnascim no Twitter cheguei a este texto muito interessante, "Está a começar a revolução do pão em Portugal" bem na linha de "pensem na magia que os muggles não conseguem entender..." de Agosto de 2014.
"“Nos últimos 60 anos, com o aparecimento da levedura industrial, houve uma alteração grande no modo de fabrico do pão nas padarias tradicionais”, explica. “O padeiro ganhou qualidade de vida. Antes, o processo levava pelo menos 12 horas desde que se começava a amassar, a tender, etc. Hoje é tudo mais rápido.” Mas isso teve custos.
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O problema, acredita, é que “começou a haver uma promiscuidade entre a indústria de panificação e os padeiros mais pequenos”. Perante a ofensiva da indústria, com preços muito baixos, os padeiros tradicionais só tinham duas alternativas para sobreviver: baixar a qualidade da matéria-prima ou aumentar a produção. “Assistimos aos artesãos a entrar no mercado da grande indústria e vice-versa”, ou seja, nas grandes superfícies começou a ver-se cada vez mais pães “artesanais”..
Em 2007, o mercado da padaria entrou em crise. “A Associação dos Padeiros disse que tínhamos de aumentar os preços 20 a 30% e as grandes superfícies tinham um anúncio a dizer: ‘Nós não vamos aumentar o preço do pão’.” José Miguel começou a ver que o caminho tinha de ser outro. Nunca uma pequena padaria como a sua poderia concorrer com a indústria que “esmaga completamente os preços”. E percebeu uma coisa: “Nós, os pequenos, temos de entrar pelos nichos de mercado e oferecer muito melhor qualidade. Para nós, é muito mais fácil do que para a indústria montar um processo de produção de 24 horas para o pão.”[Moi ici: Aleluia meurmão!!! Lc 15:7 por cada empresário que descobre esta Verdade e a põe em prática]

domingo, janeiro 29, 2017

Alterar a oferta (parte III)

Na parte II sublinhámos:
"This era was dominated by three imperatives: that stores must look the same, that in-store service must be the same, and that bigger was better.
...
The disadvantage, of course, is that everything looks and feels the same, wherever you are, whatever the brand.
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The approach is rapidly losing its pertinence: customers are moving on. The new middle classes, who were invited to share in these brands, now want to be surprised. They demand a newness and diversity that cannot be satisfied by uniform stores."
Depois, encontrei este documentário a um monumento ao século XX em "The Monotony Of Globalism: 32 Cities, 32 Identical Hotel Rooms":
"the founder of the monster hotel chain, Conrad Hilton, that claimed "Each of our hotels is a little America." Eager to test that assertion, Eberhard booked a standard Hilton room in every city he visited, staying for only one night in each.
...
Otherwise, it's the same sterile environment repeated with every turn of the page.
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With the rise of companies like Airbnb and the reach of social media, a universal style has seeped its way into cities worldwide—and it's a type of uniformity that extends beyond hotel walls.[Moi ici: ???] Preceding all of this was Hilton, repeating its design all over the world as it sprang up in city after city in the '60s, paving the way for this level of sameness and our ready acceptance of it."
Desenhado para funcionários em viagem em pleno Normalistão. O futuro não passará por aqui, certamente. Pelo menos para a maioria fora da caixa.

terça-feira, janeiro 24, 2017

Magnitograd vs Estranhistão

Tão Mongo... recordar Coase e a redução das fricções.
"Corporations are the dominant mechanism by which economic activity is organized.
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Over the past years, intelligent technologies, peer-to-peer cryptocurrencies and the Internet have laid the foundation for a very small size and a very low-cost enterprise with the potential for managing very large numbers of business relationships. [Moi ici: Every laptop is a corporation] The impact of these new actors is still hard to grasp because we are used to thinking about work from a different perspective.
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Our thinking arises from a make-and-sell economic model. Most managers still subscribe to this and think that the core of creating value is to plan and manage a supply chain.
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In the mass-market economy, the focus was to create a quality product. With increased global competition that is not enough any more. The focus changes to a joint process of defining and solving contextual problems. You and your customer necessarily then become cooperators. [Moi ici: A aposta na interacção, na co-criação, a tal "shared identities"] You are together creating value in a way that both satisfies the customer and ensures a profit for you. New economic spaces beyond incumbent firms are emerging."


Trechos retirados de "The programmable enterprise"

sexta-feira, novembro 04, 2016

"It was just what the 20th century was about: mass production"

 Daqui "Сhristos Passas (Zaha Hadid Architects): It is interesting to work in Russia, but the approval process is complicated here" sublinho este trecho que parece retirado aqui do blogue:
"we do not have any ready-made solutions. We do not believe in mass produced architecture. We believe in mass customization, making everything unique, not making everything the same. Of course, the idea of repetition has something to do with the mode of production we had at the beginning of the 20th century, with machines that would repetitively do the same job, so that you got standard, high-quality products — but it was the same from one to the other. It was just what the 20th century was about: mass production — and if you wanted to have something individualized, you could change the colour, or, say, the buttons.
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Christos Passas: “We do not believe in mass produced architecture. We believe in mass customization, making everything unique, not making everything the same
Nowadays, I think, the mode of production is changing. It is very important, because the machines we are using today for fabrication, for construction, are so agile that they can produce unique objects in every case."
Recordar:

"“Small brewers have been growing in market share since the late ’70s and early ’80s, but for a long time they were too tiny to pose any threat to the bigger brands,” he says. “Only in the past 10 years have they really made themselves known, with more than 20 percent of the market in dollar sales.” By volume, their share also is going up, with craft beers representing 12.2 percent of the U.S. market in 2015, he says, and they will likely hit a peak this year.
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Craft concoctions can do many things the big beers can’t, like offer greater variety, fuller flavor and snappier names (Pepperation H, Apocalypse Cow and Citra Ass Down) or humorous mottos appealing to locals and tourists, like Utah’s Polygamy Pale Ale (“Try one and you’ll want another, and another, and another...”). Watson says craft brewers also tend to be deeply involved with their communities and are highly philanthropic, bolstering brand loyalty in a way the monster beer makers cannot."

quarta-feira, julho 27, 2016

"Granel, Fiambreiras e Rouxinóis"


Eis o título de uma apresentação que vou fazer depois de Agosto, no âmbito de um encontro de empresários abordando os seguintes tópicos:

  • A necessidade de fugir do "granel instituído" e evoluir para práticas de gestão mais modernas: segmentação do mercado; diferenciação e especialização; actividade comercial proactiva;
  • A necessidade de apostar no marketing para relacionar preço com valor e não com custos; para diferenciar as empresas e ensinar os clientes a comprar;
  • A possibilidade de usar as redes sociais como veículo de promoção moderno e económico. Exemplos e objectivos.
Nunca pensei que o título passasse.
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Uma outra alternativa, que não tive coragem de enviar era: "Transsexual, Fiambreiras e Rouxinóis"



terça-feira, dezembro 01, 2015

Um símbolo

O que me chamou a atenção foi o número de espectadores, 100 mil espectadores num estádio de futebol em 1938...
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Um símbolo do século XX, um símbolo do Normalistão, um símbolo de Metropolis, um símbolo de Magnitogrado.
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O século XXI está noutro campeonato!




quinta-feira, setembro 24, 2015

Mais sintomas do fim do regime 1984

Ontem, a minha manhã começou cedo e com este retweet:
Depois, ao final do dia li "Death and transfiguration":
"Today’s corporate empires comprehend every corner of the earth. They battle their rivals with legions of highly trained managers. They keep local politicians in line with a promise of an investment here or a job as a consultant there.
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Corporate profits more than tripled in 1980-2013, rising from 7.6% of global GDP to 10%, of which Western companies captured more than two-thirds. The after-tax profits of American firms are at their highest level as a share of national income since 1929.
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The golden age of the Western corporation, they argue, was the product of two benign developments: the globalisation of markets and, as a result, the reduction of costs.
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Now a more difficult era is beginning. More than twice as many multinationals are operating today as in 1990, making for more competition. Margins are being squeezed and the volatility of profits is growing. The average variance in returns to capital for North American firms is more than 60% higher today than it was in 1965-1980. MGI predicts that corporate profits may fall from 10% of global GDP to about 8% in a decade’s time.
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Two things in particular are shaking up the comfortable world of the old imperial multinationals. The first is the rise of emerging-market competitors.
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The second factor is the rise of high-tech companies in both the West and the East. These firms have acquired large numbers of customers in the blink of an eye.[Moi ici: O tal poder das plataformas da primeira geração]
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Such firms can also provide smaller companies with a low-cost launching pad that allows them to compete in the global market.
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The relative decline of the Western corporation could also lead to a rethinking of some of the long-standing assumptions about what makes for a successful business. Public companies may lose ground to other types of firm"
Conseguem recordar e juntar as peças do mosaico que temos trazido para aqui ao longo dos tempos?

  • Mongo, o Estranhistão e as suas tribos apaixonadas;
  • Clientes que não querem ser tratados como plankton;
  • Fugir da miudagem e dos fantasmas estatísticos;
  • O fim do eficientismo e de Magnitograd;
  • O poder das plataformas e como mudam a fricção que Coase identificou como sendo a base para a justificação da empresa do século XX;
  • Os rouxinóis de MacArthur;
Vamos viver tempos interessantes, tempos muito mais para piratas do que para marinheiros de uniforme com visão analítica e racional.


O Estranhistão vai ser um local muito mais colorido do que o Normalistão.





domingo, setembro 20, 2015

"why 1984 won't be like 1984"

Ontem estava previsto apresentar no 8º Encontro Nacional da AGAP uma comunicação subordinada ao tema “Bem Vindos ao Estranhistão”.
Há mais de dois meses que tinha previsto que a primeira imagem a apresentar fosse esta:

Uma imagem de entrada simplesmente e sem necessidade de qualquer esclarecimento.
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Entretanto, na manhã do dia da apresentação acordei com um problema. Voltei a calçar os sapatos de quem ia estar a assistir à minha apresentação e descobri algo que ainda não me tinha ocorrido.
Quando eu disser “Bem vindos ao Estranhistão!” alguém, do outro lado pode pensar:
- Bem vindo? Então, se estou a chegar a algum lado é porque fiz uma viagem. Se fiz uma viagem e estou a chegar a um destino tive de vir de algum lado. De onde é que tu achas que eu venho?
Para responder a esta hipotética questão tive de alterar a minha intervenção inicial. Assim, além da mensagem de boas vindas ao Estranhistão tive de acrescentar que quem estava a chegar ao Estranhistão tinha um ponto de partida: o Normalistão. Depois, ainda acrescentei:
- Não têm alternativa, o Estranhistão está a entranhar-se na vossa vida, quer queiram ou não.
E voltei à carga:
- E qual é o grande perigo de estar no Estranhistão?
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O Estranhistão é um “país” diferente do “Normalistão”. E, como diz a frase, “Em Roma sê romano”, quando estamos num país diferente do nosso temos de ter cuidado com os costumes e comportamentos que temos, pois aquilo que tem uma leitura na nossa terra, pode ter uma leitura oposta no estrangeiro. Assim, se uma empresa estiver no Estranhistão e tiver os mesmos comportamentos que lhe davam bons resultados no Normalistão pode descobrir, por vezes tarde de mais, que aquilo que era verdade ontem hoje é mentira e vice-versa.

Para sublinhar esta mensagem final lembrei-me de uma história. Fui à Internet e confirmei a veracidade da história e precisei a data e o local.
Data: Maio de 2004.
Local: Estádio do Riazor (A Coruña)
Evento: Meia-final da Liga dos Campeões entre o Deportivo e o FC Porto

Foi um jogo renhido, muito disputado que o Porto ganhou por um a zero com um golo de grande penalidade marcado por Derlei.
No final do jogo, já no túnel de acesso aos balneários, um jogador do clube galego, como sinal de reconhecimento, como cumprimento, disse:
- Mourinho, deputa madre!
Ao ouvir aquilo, Silvino, um dos membros da equipa técnica de Mourinho sentiu-se insultado e quis avançar para o jogador, um tal de Luque. Tiveram de ser os outros membros da equipa técnica a segurá-lo.

Aquilo que em Portugal é entendido como um insulto à mãe de alguém, em Espanha é usado para dizer:
- Fantástico! Parabéns!
Agora, pensem nisto. Poucas são as empresas que decidem deliberadamente viajar para o Estranhistão. A maioria das empresas não viaja para o Estranhistão. O Estranhistão é que vem até elas, sorrateiramente, entranhando-se silenciosamente no seu habitat, no seu ecossistema.
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Imaginem empresas presas, agarradas, habituadas às regras, às leis, aos costumes, aos sinais do Normalistão e que já estão, sem o saberem, no Estranhistão… o seu modelo mental de interpretação da realidade já não é o mais adequado. Contudo, como funcionou no passado vai ser muito difícil mudar, voltar a ver o mundo de forma diferente. Razão tinha Napoleão quando disse:
"To understand someone, you have to understand what the world looked like when they were twenty." 
Nota: Aqui no blogue costumo usar as designações Magnitograd, ou Metropolis (Fritz Lang) no sentido em que aqui uso o nome Normalistão. O Normalistão é de certa forma caricaturado no livro "1984", o Estranhistão é o mundo que se revela depois da quebra deste vidro:

sexta-feira, setembro 04, 2015

O mindset do século XX na mente dos investidores do século XXI?

Quando vejo o Shark Tank e oiço Kevin O'Leary, penso sempre nos tópicos deste texto "Twitter works just fine – but for investors, anything except total market domination is a disaster".
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Continua-se agarrado ao paradigma do século XX, ao sucesso do BIG HIT, ao bezerro dourado da quota de mercado.
"The longer Twitter has existed, the more this essential fact has become clear. It will grow, but not spectacularly; make profits, but not spectacular ones. And it works
...
But to tech investors this is a bad thing. It means share prices calibrated for exponential growth cannot be justified. Any company that cannot demonstrate a clear route to monopolising its space, monetising its users’ data on a vast scale, is to be discarded, targeted for acquisition, consigned to perpetual dowdiness.
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Nothing better illustrates our addiction to illogic than the mismatch between Twitter’s workability and its unpopularity with investors. And it’s a question with systemic importance."
No Estranhistão onde somos todos weird, o BIG HIT tem cada vez menos lugar.

sábado, agosto 29, 2015

"Not Kansas anymore"

Mão amiga fez-me chegar este vídeo.


Interessante. Contudo; o que me ficou a azucrinar a cabeça foi o nem uma palavra acerca da "fábrica" do futuro.

Acham mesmo que com toda esta nova tecnologia, com os novos modelos de negócio, com a explosão da procura em tribos e mais tribos, continuaremos a ter as fábricas do Normalistão, de Metropolis de Magnitogrado?

sábado, agosto 08, 2015

Gente que ouviu o chamamento do futuro e arriscou!

Outra mensagem clássica deste blogue:

  • não copiar, de ânimo leve, o que resulta com os outros. (O que resulta no litoral, por exemplo, pode não resultar num interior pobre e despovoado)
  • ir às raízes em busca da autenticidade e em busca do que outros em gerações esquecidas fizeram com sucesso, com os meios disponíveis no mesmo local.
Daí postais como:
Ontem, o Twitter deu-me a conhecer mais um exemplo deste regresso às origens, (afinal uma das estratégias seguidas pelos islandeses com a derrocada decorrente da especulação financeira, a aposta no mar, no tradicional, no mais que provado por gerações) "Jovens empresários fazem renascer indústria conserveira na bacia do Arade":
"A indústria conserveira está a renascer na bacia do Arade, pela mão de três jovens empreendedores,que criaram a marca «Saboreal»....Não se consideram industriais, mas sim «artesãos conserveiros». [Moi ici: Isto é Mongo! Isto é trabalhar para nicho de valor acrescentado. Avelino de Jesus ficaria horrorizado com mais este exemplo!!!]...«estudámos primeiro a cultura local. [Moi ici: Grande conselho para quem quer empreender no interior com produtos autóctones. Estudar a tradição, o que é que existia antes de Magnitogrado, o século XX, se ter instalado?] Na bacia do Arade, deste lado do Parchal e Ferragudo e em Portimão, chegou a haver 23 fábricas de conservas. Desde há décadas que não havia nenhuma, aliás, neste momento, não haverá em Portugal inteiro 23 fábricas de conservas».[Moi ici: Faz-me lembrar ter descoberto que na cidade de Baltimore, só na cidade de Baltimore, antes de 1920 existiam 19 marcas fabricantes de automóveis]...É por isso que os três empresários se consideram «artesãos conserveiros» e não industriais. «Não temos nada contra as grandes indústrias de conservas, mas acreditamos nos artesãos, nos que fazem tudo com as próprias mãos, para podermos ter um produto diferente». «A manualidade traz qualidade» [Moi ici: Não, não fui eu que escrevi, foram eles que o disseram!!!]...Ao afirmar-se como artesãos conserveiros, os três jovens empreendedores apostam em produtos criados em pequenas quantidades, gourmet, que se afirmem pela sua qualidade..
Um dos segredos dessa qualidade, nomeadamente ao nível da textura e do sabor, é o facto de as conservas serem feitas numa autoclave de pequena dimensão, construída em Portugal.
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A cozedura rápida em autoclave, em pequenas quantidades, permite, segundo explicam, «manter o sabor genuíno e a cor original do peixe». «Temos a impressão de estar a comer peixe fresco», "


Gente que ouviu o chamamento do futuro e arriscou! Recordar Abril de 2011 "O caminho está escrito nas estrelas..."


sexta-feira, agosto 07, 2015

"escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos"

Quando iniciei este blogue a sério, foi para fazer dele uma continuação da minha memória. Um local onde pudesse arquivar reflexões e fontes de informação relevantes para a minha vida profissional.
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Por vezes, quando andamos à procura de uma coisa no blogue, acabamos por descobrir outras que já estavam esquecidas. Muitas vezes, aquando dessas descobertas, dou comigo a pensar que os gregos tinham razão, ter memória é um castigo dos deuses.
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Comparar esta afirmação de Avelino de Jesus em Abril de 2013:
«austeridade tem consequências benéficas, ao eliminar as empresas pequenas»
Com esta constatação de Junho de 2015:
""o facto de a grande maioria delas [PME de construção] ser de carácter regional, o que provou que tinham a dimensão adequada e, por isso, conseguiram sobreviver; e porque eram e são empresas especialistas, que estão focadas em nichos de mercado"."
Académicos formados no modelo mental do século XX têm muita dificuldade em perceber o truque de Mongo! Recordar os "Encontros da Junqueira":
 "Temos, de facto, um grande problema da cauda. Não é apenas um problema de má gestão. É um problema de pequenez. Hoje em dia, na grande parte das actividades, a escala é muito importante. Na China, uma empresa pequena não deve ter menos de mil trabalhadores e, portanto, isso faz uma diferença muito grande devido às economias de escala. Se em algumas actividades não é significativa, no geral, as empresas pequenas, em Portugal, não têm escala para ser competitivas.
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Se for possível substituir essa cauda, seja através de concentrações, seja através de substituições, fazendo as mesmas actividades de uma forma mais eficiente, temos uma oportunidade de aumentar a produtividade da economia" [Moi ici: Gente tão fechada na sua torre de marfim e que, agarrada às sebentas obsoletas, continuam a explicar e a prever a realidade sem ousarem entranharem-se nela]
Apetece copiar Mateus 11:25:
"Graças te dou, ó Pai, Senhor dos céus e da terra, pois escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos." 
No alto da sua torre em Isengard não percebem a mudança que ocorreu:
"Há 12 anos éramos 500 pessoas e tínhamos cinco clientes activos. Hoje somos 160 e temos mil clientes activos" 
BTW, esta semana favoritei no Twitter estas reflexões de Esko Kilpi:

sábado, julho 11, 2015

O fim do século XX

Uma imagem metafórica do que é o fim do século XX:
O fim dos monólitos, o fim do domínio das empresas grandes, a explosão de variedade.

Imagem retirada de "Opening Windows"

segunda-feira, abril 13, 2015

A propósito da produtividade

Ainda na sequência do texto de Teixeira dos Santos:
"Herdamos do passado um setor produtivo subcapitalizado e com baixa produtividade que apostou numa competitividade assente em atividades trabalho-intensivas, de mão de obra barata e pouco qualificada."
Como se pode aumentar a produtividade?
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A produtividade é medida por um rácio.
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Por isso, tem um numerador e um denominador. Por isso, a produtividade pode ser aumentada ou fazendo o numerador crescer, ou fazendo o denominador encolher. Com a Revolução Industrial, com o século XX, com o mercado de massas, ninguém pensava em mudar a oferta, apenas em ser mais eficiente a produzir o que já se produzia. Assim, sempre que se fala em aumentar a produtividade, pensa-se logo no denominador e parte-se do princípio que o numerador permanece constante.
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Como aqui no blogue somos fanáticos pelo crescimento da produtividade à custa do crescimento do numerador, aqui fica esta figura:

sexta-feira, março 27, 2015

Dois mundos em divergência (parte II)

Parte I.
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Bem na linha do que escrevemos na parte I estes trechos:
"“It’s not an artisan cheese or anything that takes a lot of skill to make,”
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“You take a bunch of milk and fat and heat it and melt it all down,” he said. “It’s cheese. It’s made from milk. What’s the flavour profile for American cheese? There isn’t one . . . but that’s what Americans have come to know.”
...
the big change since those days is that now even US consumers are turning away from such blander fare. [Moi ici: O tal mínimo denominador comum associado a experiências neutras ou mesmo negativas. Uma espécie de recusa em ser tratado como plankton]
...
This US food rebellion, on one level, reflects growing concerns, particularly among young people of the millennial generation, about the health consequences of eating products that are full of sugar, salt, fat and artificial preservatives and colouring."
E, já agora, esta reflexão "Why Big Organizations Are Broken"



quinta-feira, março 26, 2015

"the shift is away from the mass toward the individual"

"One thing that both waves have in common is the shift is away from the mass toward the individual.  This suggests that the essential logic of mutation in our time involves providing individuals with the quality goods, services, experiences, and capabilities that they want, when they want them, how they want them, where they want them—and all at an affordable price.  This reorientation around the individual necessarily implies trustworthy relationships.  It implies a new kind of social contract based on a promise of advocacy and alignment with consumers’ genuine interests. As Schumpeter put it, “ the new consumer’s needs”  are the disciplinary guideline."
Trecho retirado de "Disruption’s Tragic Flaw"

BTW, não creio que a Uber e outras empresas do género venham para ficar, não será sobre elas que se construirá o futuro da partilha e aluguer em Mongo.

quarta-feira, março 25, 2015

Dois mundos em divergência

Ontem, a minha mulher trouxe para casa uma tablete de chocolate Cadbury, porque estava em promoção no Pingo Doce.
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Lembrei-me logo de ter lido este texto durante a viagem de comboio, "Cadbury, Kellogg’s and Kingsmill feel the pain of supermarket price war".
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Enquanto acontece esta evolução junto da produção em massa, em paralelo temos "Mais um exemplo de Mongo e da sua relação com o preço".
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Dois mundos em divergência.
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Como é que o mundo da produção em massa reage? Mais eficiência, mais controlo de custos... o que vai acontecer à dona da marca Cadbury?
"Já a 3G é um fundo de private equity fundado pelo multimilionário Jorge Paulo Lemann, conhecido por espremer os custos das empresas em cujo capital entra, procurando extrair o máximo de margem de lucro."
Vão divergir ainda mais...

BTW,"Making Healthier Chocolate That Tastes Better, Too"

sábado, março 07, 2015

Mongo, Estranhistão, Weirdistão

Há anos que cunhei a designação de Mongo para significar o modelo do século XXI, por contraponto a Metropolis, ou Magnitogrado, para significar o modelo da escala, do volume, da eficiência, da linha de montagem, do século XX.
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Mongo é um conceito teórico, é uma abstracção. Eu sei o que quero dizer com a designação mas a sua abstracção não ajude a tornar concreto o impacte da democratização da produção para o modo de vida, para o modo de organização da sociedade, para o emprego, para os impostos, para as empresas, para a economia, para o marketing, para a educação formal centralizada a que chamamos universidades.
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Hoje, li algo que me surpreendeu pelo impacte que teve em mim, porque ajudou a concretizar o que é isso de Mongo, ajudou a arranjar uma referência que permite fazer uma comparação. E essa comparação chocou-me, não estava preparado para o embate, apesar de falar e escrever sobre Mongo:
"3-D printing is starting to do something amazing. The technology is transforming physical stuff into data, much the way digital technology over the past 20 years changed things like newspapers and phone calls into data.
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Once anything turns into data, it becomes cheap and easy to send anywhere over networks, and cheap and easy for anyone to manipulate using software. So imagine a world where physical stuff - chairs, shoes, sex toys, Jeeps - can be sent around the world instantly and at almost zero cost. And imagine a world where the design of those chairs, shoes, sex toys or Jeeps could be altered and customized by any suburban mom on her iPad while fighting boredom at her kid’s soccer game.
...
Another effect of turning stuff into data will be mass customization. You may never again have to own anything that looks like anybody else’s.
...
Because the products are data, they don’t have to be static. The designers can constantly tweak them in response to customer input. “It’s iterative—I’ve seen some products go through 30 versions in a couple of months
...
Everybody’s empowered to solve their own problems,” he says.
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Industrial-scale 3D printing will get increasingly sophisticated, rendering one physical thing after another into data that can be sent anywhere, modified by anyone, and printed and assembled locally. In another decade, shoes, chairs, bicycles or who knows what else will become data.
...
[Moi ici: O trecho que se segue é aquele que motivou o texto inicial deste postal acerca da surpresa] There’s an industrial side to this, too. This process is going to open up physical-product industries the way the Internet and blogs opened up the business of news. [Moi ici: Basta recordar as imagens da redacção do Daily Planet com centenas de pessoas e o que é uma redacção hoje. Ou comparar a bosta que muitos jornais clássicos produzem, com a excelência que projectos digitais conseguem atingir. Ou comparar como, num mundo cada vez com mais informação, cada vez menos gente comprar jornais. O mundo do cidadão jornalista. O mundo do cidadão prosumer... ] ... “New tools for democratized production are boosting innovation and entrepreneurship in manufacturing, in the same way that the Internet and cloud computing have lowered the barriers to entry for digital startups.”"

Trecho retirado de "3-D Printing Will Make Your Stuff Data, and Then Make It Unique" [Moi ici: O que importa reter é o "make it unique"]