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terça-feira, novembro 19, 2024

A incapacidade de calçar os sapatos do outro


Li no DN do passado Domingo, "Indústria conserveira quer faturar mil milhões até 2030". Entretanto, ontem no JdN li "Conservas querem dobrar o cabo dos mil milhões, mas temem "gigante" Tailândia".

Lembram-se do karma e o leite? 
Não?! 

Lembrei-me do karma do leite ao ler a conversa do presidente da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), José Maria Freitas. 

Qual o maior mercado de exportação para as conservas de peixe? Espanha!
O que quer a ANICP fazer? Reduzir as importações de conserva de Espanha!

Pena que em vez de crescimento canceroso, a ANICP não faça o trabalho de missionar o sector para: Em vez de tentar limitar as importações, a indústria conserveira portuguesa deve continuar a apostar em diferenciação da qualidade, sustentabilidade e inovação, que são as suas vantagens competitivas.
Essa estratégia já está em andamento, como exemplificado pela certificação "PT" e pela aposta em mercados premium como os Estados Unidos.

Fujam do objectivo de aumentar vendas e foquem-se no objetivo de subir vendas ao mesmo tempo que se aumenta a margem, o valor acrescentado integrado no produto. Não percam tempo com produtos baratos e comoditizados, façam como o alvarinho diferenciem-se.

A ideia de crescer em valor, em vez de volume, permite um desenvolvimento mais sustentável da indústria:
  • Menos pressão sobre os recursos naturais e humanos.
  • Incentivo a práticas produtivas mais sustentáveis.
  • Maior atractividade para consumidores que valorizam produtos de alta qualidade, mesmo que mais caros.
Produtos comoditizados, que competem apenas no preço, colocam a indústria em concorrência directa com países onde os custos de produção são muito mais baixos. Isso perpetua uma dinâmica de baixos lucros e dependência do volume.
O foco em produtos diferenciados, como conservas gourmet, orgânicas, com sabores únicos ou combinações inovadoras, ajuda a posicionar o sector num patamar superior.

Volume is vanity.

Profit is sanity.

domingo, julho 18, 2021

Custo de oportunidade, again!

Há dias, talvez sexta-feira, via Twitter encontrei este texto, "What do economic scholars consider powerful economic knowledge of importance for people in their private and public lives? Implications for teaching and learning economics in social studies" de Niclas Modig.

"Based on Young’s notion of powerful knowledge, acquiring disciplinary knowledge emerging from an economic epistemic community is expected to make an important difference for people when dealing with economic issues in their daily lives. In this regard, this article’s author asked Swedish scholars of economics at higher education institutions what they considered to be the most important economic concepts that people would need to acquire and understand

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People need economic knowledge to make well-informed decisions when facing economic questions in their private and public lives. However, research from different parts of the world has shown that adults, students and youngsters alike often lack economic knowledge 

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According to research, the lack of economic knowledge is even pervasive amongst social studies teachers, who are responsible for providing basic economic education [Moi ici: Eheheheh!]

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The results are drawn from an online questionnaire (see Appendix 1) sent to all identified (419) economists in all 48 higher education institutions in Sweden, except nine economists at the author’s own university. 

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Two items (questions 10 and 11) in the questionnaire are of particular importance, focussing on what the economists consider to be the most important concepts in economics for people to acquire and understand. Both questions were open ended, making it possible to list an unlimited number of concepts for each question. The concepts were summarised based on frequency and then sorted into broader categories;

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As shown in Figure 3, opportunity cost is the largest category when the individual (74) and the citizen perspectives (60) are merged, with a total of 134 occurrences, followed by interest, with 51 occurrences (33 from the individual perspective and 18 from the citizen perspective), and marginal concepts, with 49 occurrences (33 from the individual perspective and 16 from the citizen perspective)."

Posto isto, como não recordar João Duque em "Produtividade e tretas académicas" (Junho de 2020):

“Para começar, acho que podemos ir à lista de importações e começar a fazer o que importamos. Se conseguimos passar a fazer ventiladores, porque não outras coisas?”[Moi ici: Até sinto vergonha alheia ao reler isto!]

Ou a estória de reduzir a importação das conservas, "Como se pode ser tão burro e cometer sempre os mesmos erros???"

Recordo a frase de Napoleão:

E recuo a 1986/87 quando tinha cerca de 22 anos, um mundo pré-China, um mundo em que nós eramos uma china, ""um atestado de desconhecimento da realidade" (parte IV)"[Fevereiro de 2016).

Por fim, recordo Abril de 2014 com "Acerca do custo de oportunidade".

"Martha Stewart, let us agree, can iron shirts better and in less time than anyone else in the world. So, does it make sense for Martha Stewart to iron her own shirts? No!" 

terça-feira, fevereiro 21, 2017

Custo de oportunidade

"o mercado que mais valoriza os sapatos portugueses é o chinês. A região administrativa especial de Hong Kong comprou, no ano passado, três milhões de euros em sapatos, a um preço médio por par de 44,99 euros. Quase o dobro do preço médio global de exportação do setor, que foi de 23,74 euros. Em segundo lugar surge a Coreia, com 42,59 euros e, em terceiro, a China. A quarta posição no ranking é ocupada pelos Estados Unidos/ /Canadá a uma distância considerável: 34 euros. O preço final ao consumidor é, normalmente, o triplo do preço de saída de fábrica."
Estes dois sublinhados são apenas um appetizer para ilustrar a vantagem de quem segue este blogue em obter informação muito antes do mainstream:


 Mas a piéce de resistance é este trecho sublinhado:
"A verdade é que, apesar de o potencial ser enorme, a realidade é complicada. Não só pela distância, mas pela própria estrutura do mercado, onde o conceito de loja multimarca não existe ainda. Questões que levam Sérgio Cunha, da Nobrand, a assumir que a China "vai ser um mercado enorme, mas faltam anos para isso". Embora tenha lá um showroom, em Xangai, para ir marcando terreno.
Já a Profession Bottier fechou, em dezembro, o seu showroom local. Não por desinteresse no mercado, que Rúben Avelar classifica de "fascinante", mas por "falta de capacidade de investimento para alavancar o crescimento"."
Estratégia a sério é isto! Decisões dolorosas. Decisões que invertidas (não esquecer o teste de Roger Martin) não são estúpidas. Talvez a empresa sinta que nesta fase o investimento que poderia fazer na China nunca poderia ter o rendimento de outro num outro mercado: custo de oportunidade.

Trechos retirados de "Portugal já é o 5.º fornecedor de sapatos da China"

quarta-feira, março 25, 2015

"Acerca do custo de oportunidade" (parte II)

Na passada segunda-feira, o Jornal de Negócios trouxe um artigo intitulado "Metal tem plano para substituir 500 milhões de importações":
"Os industriais da metalurgia e metalomecânica abriram uma nova frente de batalha. Com as exportações completarem em Janeiro um ano seguido a crescer, a associação do sector (AIMMAP) tem em marcha um plano de "criação de massa crítica e de aumento da oferta" na produção de máquinas e equipamentos  industriais para substituir importações.
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É que se a indústria de metal consegue dar resposta a clientes nacionais da área do calçado ou da pedra ornamental, por exemplo, só há uma empresa nacional "com significado" que produz máquinas para a indústria têxtil, que nos últimos anos tem recuperado nas exportações e investido nas suas fábricas."
Ao ler o artigo lembrei-me logo de David Ricardo, dos custos de oportunidade, de "Acerca do custo de oportunidade" e de Martha Stewart a passar roupa a ferro.
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As empresas que conseguem dar resposta a clientes nacionais do sector do calçado e da pedra, começaram como um projecto top-down ou um projecto bottom-up?
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Uma dessas empresas, por exemplo, tem muitas solicitações para trabalhar para o sector automóvel mas não está interessada em "passar camisas a ferro".
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Não é só uma questão de custos...

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Acerca do investimento (parte V) e custo da oportunidade

Parte I, parte II, parte III e parte IV.
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Mais exemplos da mudança em curso no país "Clientes estrangeiros pressionam produtores de frutas e legumes a aumentar produção":
"Os produtores de frutas e legumes vão aumentar as áreas de produção em 2015 para responder aos pedidos de clientes estrangeiros. A expansão do terreno para cultivo chega, em alguns casos, a quintuplicar e há planos de investimento na produção de mirtilo, cebola, alhos ou uvas."
Reparar que se trata de um perfil que nada tem a ver com aquilo de que a CAP falava e defendia.


A propósito do que escrevem no artigo sobre os alhos, 90% do alho consumido em Portugal é importado, por acaso há pouco tempo, reparei num Continente que os alhos bonitos que ia comprar eram chineses. Pára tudo! Alhos made in China!? Nem pensar. Lá encontrei outros, franceses ou marroquinos e, só por fim é que encontrei uns, com a pior embalagem e o pior aspecto, cheios de casca seca a desfazer-se e a separar-se... nem reparei no preço, escolhi-os. Convenci-me que o pior aspecto era da rusticidade do produto e sinal de pouca engenharia de "mar del plastico".
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BTW, este artigo é um bom exemplo de como a noção de custo de oportunidade é difícil de perceber. Conseguem perceber o problema da jornalista com o facto de se apostar em culturas para exportação em vez de substituir importações?
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Quer que se siga o manual da CAP e produzir cereais a preços não competitivos?