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terça-feira, julho 23, 2019

A verdade que não nos é contada, acerca do leite (parte II)

Na parte I, em Março de 2012, citei:
"the rise of small farms is possible with sales direct to consumers (raw milk certification), direct processed either by working with small local cheesemakers or small yogurt facilities, or creating on farm processing, agritourism, and young farmer incentives."
A parte I descreve bem a evolução dos efectivos leiteiros numa série de países e a concentração eficientista em curso.

Agora encontro:
"While larger farms get by with government subsidies, smaller farms are turning to the rental economy.
...
are looking to make extra income by renting out space at pastoral Old Crow to vacationers who’d like a taste of New England farm life.
...
city dwellers and suburbanites are hungry to spend their vacation time in a bucolic landscape with the promise of some wholesome downtime and maybe a locally sourced meal. They are part of a growing agritourism trend of family farmers with small to medium farms using their land, food supply, and livestock to attract guests on websites like Airbnb and VRBO, increasing their farms’ revenue and exposure."
Trechos retirados de "How are small farms surviving? Airbnb"

sexta-feira, junho 28, 2019

"E sem intenção, e sem querer, apareceu na minha mente a decisão de pôr de lado o azeite alentejano"

Há dias escrevi no Twitter:


Logo vários comparsas apareceram com comentários e sugestões: juntar alho, ou juntar paprika, ou ...  (quando comentei com a minha mulher ela rejeitou e disse que só acrescenta, quando tem em casa, coentros).

Entretanto, hoje alguém apareceu e fez o seguinte comentário:


O diálogo que se seguiu foi este:

"Há exemplos menos bons? Com certeza que os há. Qual a profissão que os não tem? Mas não temos dúvidas que esses exemplos menos bons são uma ínfima minoria e que em nada beliscam o tudo de bom que esta realidade tem trazido à Região."
É assim: quando eu fui à procura de um bom azeite para alimentar a gulodice dela, não me passou pela cabeça segregar o azeite alentejano. Entrei no corredor do azeite e procurei as diferentes marcas e garrafas de 0,5 litro: tinha da Vidigueira, tinha do Esporão, tinha de Moura, tinha de ... e quando me comecei a pressionar para fazer uma escolha, foi então que me lembrei da imagem dos pássaros mortos na Andaluzia pela apanha nocturna, das notícias sobre os químicos no Alentejo e sobre a destruição de património arqueológico para plantar amendoeiras intensivamente. Temas que referi em "Todos vão perder" e em "Optimista? Realista? Pessimista?"

E sem intenção, e sem querer, apareceu na minha mente a decisão. Não posso comprar azeite do Alentejo. Tenho medo de estar a comprar uma marca que pratica o olival intensivo.

E volto ao texto sublinhado: "Há exemplos menos bons? Com certeza que os há. ... Mas não temos dúvidas que esses exemplos menos bons são uma ínfima minoria e que em nada beliscam o tudo de bom que esta realidade tem trazido à Região."

Este é o problema de "Todos vão perder" e que escrevi aqui pela primeira vez num artigo em 2009 sobre cortinas de PVC para banheira. Na impossibilidade de separar os bons dos menos bons, os clientes mais exigentes vão decidir: para não cometer o risco de apoiar o olival intensivo e as suas práticas rapaces - vou jogar pelo seguro e optar por um azeite transmontano. Confesso que não foi fácil encontrar um. Não tinha os códigos postais na cabeça e não sabia onde se localizavam algumas terras. Parei quando encontrei um nome conhecido: Sabrosa.

A minha sugestão para os que querem minimizar as perdas: arranjem uma certificação. Distingam-se, diferenciem-se!

BTW, no comunicado referido acima encontro uma frase que refiro aqui no blogue há muitos anos:
"Os agricultores são agentes com a dupla responsabilidade de produzir alimentos para todos, e a de preservar o meio ambiente onde atuam, no exercício da sua profissão."
Não! Os agricultores não são responsáveis por produzir alimentos para todos ponto. Os agricultores são responsáveis por dar uma vida melhor à sua família hoje e no futuro. E isso, num país pequeno, não passa por alimentar o mundo, passa por ser bem pago pelo que se produz colocando no mercado produtos que os clientes valorizam mais do que o granel.

Muitos agricultores preservam o meio ambiente onde actuam porque têm skin-in-the-game, são gente que espalha bosta na terra e têm netos que lhes vão suceder. No entanto, a Big Agro é outro modelo de negócio: deitam abaixo o pau do circo e levam a tenda para outro lado, como gafanhotos.


sexta-feira, maio 03, 2019

Todos vão perder


O século XX foi o século de Metropolis, o século de Magnitograd, o século de Levittown, o século das linhas de montagem, o século da escala e do volume, o século do Normalistão. O século do crescimento canceroso.

Razão tinha Popper em defender a ideia de que temos de estar sempre alerta, só porque hoje se vive melhor do que ontem, não quer dizer que amanhã se viverá melhor do que hoje.

Em Dezembro de 2014 escrevi "Ter razão antes do mainstream é tramado". Nesse texto sublinhava a ironia da ministra da Agricultura de então, actual dirigente do CDS, chegar ao mesmo modelo para a agricultura portuguesa que o saudoso ministro socialista Jaime Silva preconizava. Ou se calhar, não chegou, apenas leu o que alguém lhe "botou" no discurso. Na altura ela disse: "Cristas quer colar a Portugal o rótulo de país da "joalharia da agricultura". Algo que jogava bem com a marca Portugal, recordo este outro texto de Junho de 2014, "A marca Portugal".

Mas uma coisa são os agricultores que espalham bosta nos campos e que daqui a 10 ou 20 anos vão continuar por lá, eles ou os seus filhos. Outra são os que mandam semear ou plantar hoje aqui e quando não der, deitam abaixo o pau do circo e mudam-se para outro lado.

E o que está a acontecer no Alentejo é a cópia de tudo o que nos afasta da joalharia agrícola, é a cópia do Mar del Plástico.

Meter um país pequeno, com terras pobres, a mergulhar na produção intensiva ... só vai dar asneira... "A outra face do sucesso do Alqueva é um Alentejo envenenado por químicos"

Mongo, aka Estranhistão, será o mundo da variedade, o mundo da diversidade, o mundo em que não queremos ser tratados como plancton. Outros, sabem fugir do crescimento canceroso e da tragédia dos comuns apostando na joalharia:
BTW, os fabricantes low-cost de cortinas em PVC para a casa de banho deram cabo do produto. Hoje, já ninguém usa esse material, mesmo que seja produzido por fabricantes com cuidado. No redemoinho turbulento da tragédia dos comuns ninguém se safa... o Rei Lear: Uma estória amoral, todos perdem os bons e os maus.

Todos acabam por perder, mesmo o que não seguem a via cancerosa, porque a marca Portugal vai ficar queimada.

terça-feira, abril 09, 2019

Só a fuga ao eficientismo os pode salvar

"In 1997 and 1998, olive oil was the most adulterated agricultural product in the European Union, prompting the E.U.’s anti-fraud office to establish an olive-oil task force. (“Profits were comparable to cocaine trafficking, with none of the risks,” one investigator told me.) The E.U. also began phasing out subsidies for olive-oil producers and bottlers, in an effort to reduce crime, and after a few years it disbanded the task force. Yet fraud remains a major international problem: olive oil is far more valuable than most other vegetable oils, but it is costly and time-consuming to produce—and surprisingly easy to doctor. Adulteration is especially common in Italy, the world’s leading importer, consumer, and exporter of olive oil. (For the past ten years, Spain has produced more oil than Italy, but much of it is shipped to Italy for packaging and is sold, legally, as Italian oil.) “The vast majority of frauds uncovered in the food-and-beverage sector involve this product,” Colonel Leopoldo Maria De Filippi, the commander for the northern half of Italy of the N.A.S. Carabinieri, an anti-adulteration group run under the auspices of the Ministry of Health, told me.
.
In Puglia, which produces about forty per cent of Italy’s olives, growers have been in a near-constant state of crisis for more than a decade. “Thousands of olive-oil producers are victims of this ‘drugged’ market,” Antonio Barile, the president of the Puglia chapter of a major farmers’ union, told me, referring to illegal importations of seed oils and cheap olive oil from outside the E.U., which undercut local farmers. Instead of supporting small growers who make distinctive, premium oils, the Italian government has consistently encouraged quantity over quality, to the benefit of large companies that sell bulk oil. It has not implemented a national plan for oil production, has employed a byzantine system for distributing agricultural subsidies, and has often failed to enforce Italian laws and E.U. regulations intended to prevent fraud. The government has been so lax in pursuing some oil crimes that it can seem complicit. In 2000, the European Court of Auditors reported that Italy was responsible for eighty-seven per cent of misappropriated E.U. subsidies to olive-oil bottlers in the preceding fifteen years, and that the government had recovered only a fraction of the money."
Criar uma bitola privada de qualidade, autenticidade e origem do azeite.
Criar mecanismo de certificação privada.
Criar mecanismo de punição violenta.
Meter gente com skin-in-the-game a operar a coisa, ou a coisa mantém-se.
Criar marcas locais e cooperativa de marketing, engarrafamento e logística.

Só a subida na escala de valor, só a fuga ao eficientismo os pode salvar.

Trecho retirado de "Slippery Business"

domingo, dezembro 30, 2018

Retratos do futuro em Mongo

Uma peça interessante acerca de coisas que serão comuns em Mongo, "Some of the biggest livestreamers in China are not teenagers, but farmers":
"One livestreamer recently managed to sell 1 million kilos of oranges in just 13 days, according to reports. Chen Jiubei, who goes under the username Xiangxi Jiumei, streams herself on Taobao doing farm work, talking about her cured meat or eggs or just making meals in her humble countryside home.
...
So what draws people to peek into village life? Some people tune in to check where the product they’re buying comes from, with sellers reassuring them that farm products are grown in a natural way and in an area without pollution – something that is becoming increasingly important for Chinese shoppers."
O poder da relação directa entre os produtores e os consumidores:
  • a remoção da distribuição da equação;
  • a importância da confiança e da autenticidade.
Como escrevi aqui em , os agricultores não devem assumir a missão de alimentar o mundo. Devem olhar para a sua actividade e ganhar a sua vida com ela, nem que para isso tenham de mudar de produtos ou de prateleiras.

segunda-feira, agosto 13, 2018

Em vez de apelar à culpa dos consumidores

"Bem sei que é uma utopia, que o mercado é global, que a concorrência é selvagem e não contempla lirismos e que as grandes superfícies não se distinguem propriamente pelos seus valores humanistas. Mas fechar os olhos e pensar que o vinho, ou as batatas, ou as couves, ou a carne, ou o leite são produzidas sempre da mesma maneira e com custos mais ou menos certos, como numa fábrica, também não nos ajuda. Quanto menos quisermos pagar, pior beberemos e comeremos. Não há milagres."
Há algo neste texto que me faz torcer o nariz.

Quem conhece este blogue sabe que ele tem como uma das suas imagens de marca o defender o trabalhar para aumentar os preços, para fugir à race-to-the-bottom. Por isso, pregamos o Evangelho do Valor! Por isso defendemos a subida na escala de valor.

Nunca, mas nunca defendi que o caminho para esse aumento de preços passe por apelar à bondade dos clientes, ou por lhes lançar culpas para que pelo remorso aceitem preços mais altos. Pelo contrário, nas empresas nunca me farto de usar esta linguagem que se segue:
"E os clientes são como nós consumidores, a menos que sejam obrigados a recorrer a um monopolista, são egoístas, pensam no seu interesse próprio."
Assim, só há uma forma de fugir do rolo compressor dos preços cada vez mais baixos e aspirar à race-to-the-top, mudar de uma estratégia baseada na quantidade produzida e na eficiência e, apostar na diferenciação.

Uma fábrica pode não ser um negócio a céu aberto, mas também tem os seus infortúnios do clima. Ontem, durante uma caminhada passei pelo espaço onde em tempos foi uma empresa que visitei como técnico, quando era responsável pela qualidade e apoio a clientes de uma empresa onde trabalhava. Muitos anos depois soube que essa empresa tinha fechado porque, depois de um avultado investimento para entrarem num novo mercado, uma alteração tecnológica tornou esse investimento obsoleto.

Um stand de automóveis pode ou não ser um negócio a céu aberto, mas também tem os seus infortúnios do clima.
Muitas vezes dou o exemplo de uma responsável da qualidade com quem trabalhei e que hoje vive no Canadá. O marido tinha um stand e a vida corria bem. No interior havia muita procura por jipes e essa era a sua praia. Houve um ano em que um governo Guterres olhou com um misto de inveja e de gula para a venda de jipes e criou uma lei orçamental que matou o negócio.

Em vez de apelar à culpa dos consumidores, os produtores devem abandonar uma visão de produção como vómito, industrial ou agro-industrial, e apostar na arte, na diferenciação, na autenticidade.

Em vez de apelar à culpa dos consumidores, os produtores devem trabalhar para educar o gosto dos futuros clientes. Beber vinho é como ouvir música clássica, tem de se começar por temas mais populares e subir na complexidade.

E como aprendi com um texto de 1906 de um tal Schumpeter, cuidado com aquilo a que chamam lucro. Uma parte desse suposto lucro é o custo do futuro.

Trecho inicial retirado de "O negócio do vinho é feito a céu aberto, mas os preços são de fábrica"

domingo, julho 29, 2018

Capoulas Trump Santos


Um governo socialista, como muitas vezes recorda o amigo @icyView, tem uma obsessão económica, picking winners and losers:



Socialista aqui não tem nada a ver com partidos, mas tudo com formas de ver a sociedade e a economia. O CDS é um partido socialista, por exemplo. O PSD de Rio é de longe muito mais socialista que o PSD de Passos, o menos socialista de todos.

Quando há tempos apareceu este título:

"A Estratégia Nacional para a Promoção da Produção Cerealífera (ENPPC) traça como meta que dentro de cinco anos o grau de auto-aprovisionamento – ou seja a percentagem do consumo que é assegurada pela produção interna – atinja os 38%, uma subida de 15 pontos percentuais face aos 23% registados em 2016.
.
O auto-aprovisionamento deverá, segundo os objectivos traçados, ascender a 80% no arroz, 50% no milho e 20% nos cereais praganosos (trigo mole, trigo duro, centeio, cevada, aveia e triticale)."
 Associei-o logo à dita obsessão de picking winners and losers. Um governo, sem skin in the game, pretende pôr outros a apostarem em algo que, sem dinheiro dos contribuintes, não seria opção economicamente válida.

Há dias num tweet alguém comparava dois tweets de Trump, publicados no mesmo dia e com opiniões contraditórias. Comparemos esta política deste governo com esta afirmação do ministro da Agricultura em 2016:
"Luís Capoulas Santos, ministro da Agricultura, considera que “o que aconteceu foi uma alteração do perfil produtivo”. Ou seja, os agricultores portugueses deixaram de produzir bens alimentares que só faziam sentido no tempo do mercado protegido e dedicaram-se a cultivar produtos “nos quais são mais competitivos à escala europeia”, continua Capoulas Santos. Dá um exemplo: hoje produz-se muito menos cereais, mas investe-se muito mais na produção de frutos e de legumes."
 No mesmo artigo uns investigadores da agricultura portuguesa defendem e são secundados pelo ministro da Agricultura de então:
"O que quer dizer que, com muito menos área e com muito menos activos, os agricultores de hoje produzem quase o mesmo valor do que há 20 anos. Faz-se menos cereal em terras secas, mas produz-se vinho que, em termos internacionais, consegue preços razoáveis; produz-se menos carne, mas num curto espaço de tempo Portugal tornou-se uma potência exportadora no sector do azeite e está a caminho de se consolidar como uma marca mundial no sector das frutas. “Fizemos o caminho que devíamos ter feito”, diz Capoulas Santos"

E para meu espanto, um dos investigadores termina com esta tirada nada socialista:
"Francisco Avillez propõe uma visão diferente. Para ele, é questionável que o Governo deva definir prioridades de investimento – o que interessa é a viabilidade dos projectos apresentados."
Como não recordar o primeiro princípio de Deming: Constância de propósito!

É claro que existirão apoios comunitários em casos como este "Empresa espanhola investe 7,9 milhões para produzir amêndoa no Alentejo". No entanto, acredito que produções deste tipo, em que podemos fazer a diferença, por causa do clima e tradição, têm muito mais futuro que voltar aos cereais.

Vão lá ver o que escreveu Ricardo acerca do vinho e do têxtil portugueses e ingleses. Ricardo aconselhava a comprar vinho português, não porque fosse mais barato, o vinho inglês era mais barato, mas porque se ganhava mais a produzir têxteis. Custo de oportunidade, não esquecer.

sexta-feira, junho 08, 2018

Mudança, mudança, mudança

Mongo na agricultura... até na agricultura os gigantes estão condenados pela sua suckiness.
"Yet Minnesota-based Cargill’s business is falling victim to a scourge that’s already upended media, retailing, and other venerable industries: digital disruption. Cargill long made fat profits by having far more information about global commodity prices than the local farmers it negotiated with or the food companies it sold to. But today, even a small Iowa farmer with a smartphone or a tablet can get real-time data about weather conditions and prices facing his Brazilian counterparts.
...
His view that farmers increasingly won’t need to rely on agribusiness giants for pricing intelligence is gaining ground within the industry. “We probably [will] witness the disappearance of the dinosaurs of the international agri trade,”
...
The revolution goes beyond digitization. Agriculture is moving from a pure commodities business, where each bushel of wheat or corn is considered functionally identical, to an ingredients business, where consumers demand differentiation, such as organic produce and foodstuffs grown without genetically modified organisms. That transition makes the life of a trading-based company more difficult, says Jonathan Kingsman, author of Commodity Conversations, because it restricts its ability to find the lowest-priced goods on the market. When traders can no longer “substitute one origin for another, that reduces their ability to make money from the supply chain,”(fonte 1)

O problema da política agrícola comum europeia, afinal o de qualquer subsidiação porque minimiza o stress, elimina um sinal de que é preciso mudar.
"O algodão está a voltar às planícies do Kansas e do Oklahoma, ao mesmo tempo que os agricultores desistem do trigo, atraídos pelo preço relativamente alto daquela matéria-prima assim como pela sua capacidade para suportar uma seca.
.
Um aumento de 20% em relação ao ano passado marca uma alteração profunda numa colheita que já dominou o delta do Mississippi até ao Texas e que registou o seu ponto mais baixo há três anos, quando os preços reduzidos levaram a quem se dedica à plantação do “ouro branco” a diminuir o número de hectares para mínimos em 30 anos. Esta mudança pode ser de longo prazo, tendo em conta que os agricultores estão a deixar o trigo, segmento dominado pelo crescimento enorme da Rússia, o maior exportador deste cereal." (fonte 2)

Recordar 2012, "Commodity Prices Are Headed Lower"


(1) - America’s Largest Private Company Reboots a 153-Year-Old Strategy
(2) - Algodão regressa às planícies americanas

quarta-feira, abril 04, 2018

Pensamento estratégico em todo o lado

É reconfortante encontrar pensamento estratégico em todo o lado, em todos os sectores de actividade económica.

A ISO 9001:2015 começa a secção 4 com a cláusula 4.1 sobre compreender uma organização e o seu contexto, e a cláusula 4.2 sobre as partes interessadas relevantes e os seus requisitos relevantes. Não admira, uma organização inteligente e com skin-in-the-game tem de estar atenta e alinhada com o seu contexto e partes interessadas, e quando estas mudam as organizações têm de mudar, não podem contar com um qualquer direito adquirido a um queijo metafórico.
"When Tom and Mac Ehrhardt took over the seed company from their father in the 1970s, much of their business came from producers like Swieter.
.
“Farmers in pickups would come in and buy soup to nuts,” said Tom Ehrhardt. “They’d buy some oats, alfalfa, corn, a little clover, a little pasture grass, and maybe sweet corn and tomatoes for the garden, so it was a whole grocery list of things.”
...
Now, 40 years later, “lots of those small farms have disappeared, and we don’t see as many individual farmers coming in this time of year as we once did,” he said.
...
Tens of thousands of farmers have patronized the seed company since its founding in 1923. Now in its third generation, Albert Lea Seed House has adjusted with the times, becoming more of a distribution center than general store and surviving by recognizing its changing customers and providing a wide variety of seeds that farmers like Swieter can’t find through co-ops and the agricultural behemoths."
Liderar uma organização é esta busca permanente de ajuste à realidade, e sublinho outra vez Nassim Taleb:
"Gracias a la paranoia, que es la mejor estrategia de supervivencia. El optimismo es malo. Los psicólogos siempre dicen que infravaloramos la posibilidad de que se produzca una catástrofe. Yo te hago una simple pregunta: ¿prefieres que tu piloto de avión sea un pesimista o un optimista?
. . .
Ya respondo yo: necesitamos que nuestros líderes sean pesimistas.
Muchos expertos dicen que la ansiedad es la enfermedad del siglo XXI.
Pues se equivocan. Si no eres ansioso en tu vida personal, te vas a la quiebra. Mira a los animales salvajes: siempre están vigilantes, no asumen riesgos. Yo soy una persona feliz, pero cada mañana me levanto como si fuera a irme a la quiebra ese mismo día.
Curiosamente, este pesimismo existencial de Nassim Nicholas Taleb le lleva a un corolario contraintuitivo. La ansiedad humana, que tantos esfuerzos dedicamos a erradicar, quizá sea el principal motivo para confiar en la supervivencia de la raza a largo plazo."

Trecho retirado de "Albert Lea Seed House still thriving as it adjusts to the same forces changing the farm industry" e citado em "Leaders and Strategies in Real Life: 4/3/18"

quarta-feira, fevereiro 21, 2018

Ser do contra dá nisto

Ontem ouvi na rádio esta estória "“Catástrofe” na agricultura exige plano nacional":
"Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da CAP reage às previsões do Instituto Nacional de Estatística (INE) que apontam para a redução da área de cultivo dos cereais de Inverno para um mínimo histórico devido à seca."
No boletim do INE percebe-se que é o quinto ano consecutivo de redução da área de cultivo dos cereais.

Eu de agricultura não percebo nada, mas tenho memória e gosto de ser do contra. Então, pergunto-me:

- Qual é o contexto de preços dos cereais?

E encontro:
1. Preços em deflação. E a memória faz-me recuar a este artigo que tenho guardado "U.S. Farmers, Who Once Fed the World, Are Overtaken by New Powers". Nem os agricultores americanos têm pedalada para acompanhar os preços de novos players no mercado.

2. Qual a região do país que mais cereais produz? Alentejo. O que é que aconteceu nessa região na última década? O regadio do Alqueva!

3. Como está a agricultura via números e não via opinião de dependentes de fundos europeus, há anos que chamo à CAP de funcionários públicos encapotados, reparem acerca das exportações de 2017:
  • animais vivos cresceram 13%
  • carnes caíram 13%
  • leite e lacticínios cresceram 16%
  • produtos de origem animal cresceram 32%
  • plantas vivas cresceram 4%
  • hortícolas cresceram 10%
  • frutas cresceram 27%
  • cereais cresceram 11% (devem ser os biológicos tão apreciados pela indústria das Nestlés deste mundo)
  • sementes de oleaginosas 19%
  • preparações à base de cereais 6%
Acham mesmo que a agricultura vive uma catástrofe? 

Vive tempos bons!

Um agricultor minimamente racional olharia para os preços dos cereais e reconheceria que não faz sentido continuar a competir num mercado onde não se conseguirá ter vantagem competitiva. Um agricultor minimamente racional teria duas opções:
  • apelar ao papá-Estado por mais apoios por causa de ... (é só inventar desculpas criativas)
  • mudar de vida e aproveitar culturas alternativas com muito mais retorno e menos risco.

Mais uma vez recordo o ministro mais odiado de sempre, odiado pelo seu partido e pela oposição e, apreciado neste blogue.

segunda-feira, janeiro 15, 2018

Acerca do activismo agrícola

Sou um defensor da manutenção de Portugal na UE. Ao mesmo tempo, sou muito crítico do activismo agrícola da UE. Por isso, olho para isto, "Brexit and agriculture: British farmers to plough new course" e penso nas oportunidades que se podem criar dando azo à liberdade.

BTW, algum dos defensores da saída da UE alguma vez falou sobre o que fariam com o fim dos subsídios?

BTW, interessantes os exemplos de quem resolveu fugir da race-to-the-bottom.
"The farm was a family dairy outfit with 350 cows in the 1980s when the government decided to cut support and introduce milk production quotas. Now it is a combined ice-cream factory and theme park, which turns over £6m a year. The few remaining cows are a small part of the tourist attraction.
...
As a dairy farm, it employed a grand total of three people: in its new guise, that number has risen to 292 at its peak."

quarta-feira, novembro 29, 2017

I see Qimondas everywhere

Mal vi o título, "Portuguesa Sugal bate recorde de produção de tomate e factura mais de 265 milhões", porque sofro o maior castigo que os deuses podem lançar sobre um humano, isto é, ter memória. Cheguei ao Twitter e escrevi:


Depois, fui ao blogue e encontrei:
Guardem uns minutos para reflectir sobre esta empresa que no final de cada ano apresenta sempre estes resultados, mas que na primeira metade de ada ano está sempre a chorar apoios e benesses ao Estado.

domingo, novembro 26, 2017

Cooperativas, partes interessadas, valor e a sua partilha

Se a maior riqueza que há num ecossistema é a sua biodiversidade, porque encerra em si a robustez para lidar com o desconhecido, também numa economia a heterogeneidade e idiossincrasia é algo positivo pelas mesmas razões.

Recentemente visitei empresa muito bem sucedida e que, imaginem:
  • desistiu de crescer em quantidade, só aposta em crescer por aumento de preços, por subida na escala de valor;
  • rejeita clientes;
  • rejeita crescer mais do que um certo valor por cliente;
  • rejeita convites de clientes para investir em novas fábricas em mercados onde esses clientes estão a implantar-se ou a expandir-se.
A gerência consegue explicar o racional por trás de cada uma dessas decisões. Outra gerência composta por outras pessoas poderia tomar outras decisões. Não há resposta certa, não há resposta única.

Sabendo e crendo na frase "Não há resposta certa, não há resposta única.", apesar de tudo, fico com pena disto "Aumenta procura direta de azeitona em Murça devido a quebras a nível internacional":
"A azeitona sai daqui a granel e não colocamos nós as nossas marcas no mercado internacional”, salientou. O responsável considerou ainda que, com esta venda direta, “não há mais-valia para o azeite de Trás-os-Montes”."
Quem segue este blogue sabe o quanto valorizo a aposta:
  • na autenticidade;
  • na fuga ao granel comoditizado;
  • na aposta numa marca;
  • na subida na escala de valor;
No entanto, também sei que cada produtor é que sabe da sua vida.

O que levanta outra questão:
"esta situação pode “condicionar a vida das próprias cooperativas”." 
Até que ponto as cooperativas estão a fazer o seu trabalho? Até que ponto as cooperativas estão a tratar os produtores como partes interessadas livres que devem ser cativadas e seduzidas para um projecto de longo prazo? Até que ponto as cooperativas estão a recompensar convenientemente os produtores? Até que ponto as cooperativas têm elas próprias uma gestão suficientemente ágil? Para eventualmente melhorar preços a pagar aos produtores e negociar melhores condições com a procura? Para aproveitar oportunidades e colocar em novas prateleiras o seu azeite numa altura de escassez? Para subir preços em tempos de escassez?

Imaginem uma cooperativa com um sistema de gestão certificado pela ISO 9001 a marcar uma revisão do sistema extraordinária para actualizar a análise do contexto e das partes interessadas e tomar decisões à priori, a comandar os acontecimentos em vez de, com as calças na mão, ir a reboque dos acontecimentos.

BTW, estão a ver aquelas simulações sobre a vida das estratégias? Uma estratégia tem sucesso e a maioria das empresas está a tentar ter sucesso seguindo-a. Depois, algo muda no contexto, e uma empresa-pioneira testa uma nova abordagem e tem algum sucesso, à medida que essa abordagem vai se aperfeiçoando, o sucesso vai aumentando, o próprio contexto co-evolui e o spill-over começa a contaminar outras empresas que começam a seguir a mesma estratégia. Então, a densidade de uso da estratégia anterior começa a baixar e a da nova estratégia começa a subir. Depois, algures no tempo, uma nova alteração de contexto e uma nova experiência a nível de estratégia. Experiência que pode passar por recuperar uma estratégia anterior, uma estratégia entretanto abandonada.

Voltar a uma estratégia entretanto abandonada pode ser um retrocesso, pode ser um erro, pode ser muita coisa, mas voltamos ao princípio e à idiossincrasia.

sexta-feira, novembro 10, 2017

Deixem o capitalismo funcionar!

Ontem no Twitter alguém criticava Trump por ter dito uma barbaridade, acerca das exportações serem boas e as importações serem pecaminosas. Comentei dizendo que quase todos os meses é comum ouvir políticos portugueses de todas as cores, da situação e da oposição, dizerem o mesmo e ninguém estranha.

E é isso, há coisas que se dizem e publicam e que ninguém estranha, apesar de não resistirem a uma simples análise acerca da sua razoabilidade. Por exemplo, "De plus en plus d'agriculteurs bio en situation de détresse".

Agricultores lançam-se na produção bio, têm custos de produção superiores e recorrem a apoios do Estado francês. Agora que o Estado resolve cortar esses apoios protestam.
"ont des coûts de production supérieurs à ceux de l'agriculture conventionnelle, liés notamment à plus de main d'oeuvre. Et, même en vendant leurs produits un peu plus cher que les produits non bio, sans les aides de l'Etat, ils ont beaucoup de mal à s'en sortir...
.
Une situation aberrante alors que la demande des citoyens en produits bio progresse chaque année en moyenne de 10% (+20% entre 2015 et 2016). Préservation de l'eau et de la biodiversité, régénération des terres agricoles, préservation de la santé, et créations d'emplois,... les services rendus par l'agriculture biologique à la société dans son ensemble sont nombreux et méritent d'être reconnus. Alors pourquoi ne pas plus l'aider à se développer ? Les agriculteurs bio voient dans cette suppression de l'aide au maintien un manque de reconnaissance pour tous ces effets positifs. Et beaucoup d'agriculteurs qui envisageaient de se convertir au bio finissent par changer d'avis. Malheureusement."
Recordo um tweet que favoritei recentemente:


Portanto, a procura por produtos agrícolas bio cresce a 20% em França, o Estado francês resolve cortar os apoios aos agricultores bio e estes não podem subir preços? Por que é que têm de ser todos os contribuintes a financiar o consumo da fatia que prefere produtos bio? Fatia que deve ser a que tem mais rendimentos, muito provavelmente? Por que é que não deixam o capitalismo funcionar? Por que é que têm de meter a catequese ao barulho?

Entretanto, na mesma França e no mesmo sector, sublinho esta outra postura, "Des agriculteurs rachètent une grande surface pour vendre leur production":
"Des agriculteurs du Grand Est ont racheté une grande surface, un ancien Lidl. Implanté à Colmar ce commerce est particulier car on y pratique la vente directe, ce qui n existe pas dans les supermarchés classiques. Il est géré par les paysans qui chaque semaine apportent leurs produits locaux plus variés qu'ailleurs.
....
En vendant maintenant directement leur productions, ils ont retrouvé une certaine liberté 
Ils n'ont plus à se soumettre aux conditions de plus en plus restrictives des grandes surfaces qui ne veulent que des "produits calibrés et standardisés". Ils mettent ainsi sur les étales  une plus grande variétés de produits. Denis Digel cultive 35 sortes de tomates, mais les supermarchés ne « lui en prenaient que deux sortes » !"
Pessoalmente compro ovos bio e sem factura (take that AT)
Pessoalmente compro alguns produtos agrícolas bio e sei que são mais caros que os convencionais.

domingo, outubro 29, 2017

Outro exemplo de Mongo, agora o mel

"Italy’s wide range of high-quality honeys — a happy result of climate, countryside and strong horticulture — has led to the country developing a trained method of tasting. Just as wine experts can taste grape varieties, honey tasters are taught to distinguish and remember different flavours and nectar sources. Does a jar of monofloral honey contain what it says on the label, for example, or is it significantly altered by large quantities of other types of nectar?
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“To start with, people tend to know just one or two kinds of honey — just a brown liquid with the same taste,” says Gian Luigi Marcazzan, president of the government-funded register. In contrast to the bland blends of imported industrial honey, Italy has about 50 distinct types of monofloral honey, 22 of them closely studied and analysed. And
every millefiori has its own character. Different honeys will appeal to different tastes. “There is a honey for everyone if you look for it,” he says.
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Since each honey is unique to its time and place, it is a product that varies widely. Even in monofloral honeys the bees can fly where they want and gather in other nectars."
Há dias eram os vinagres, já foram os azeites, já foram os vinhos e as cervejas, já foi o sal, estão a ser as castanhas, ... agora o mel!!!

Sempre que se abandona o granel, começa-se a subir na escala de valor, precisa-se de marca, de denominação de origem, de marketing, ... trabalhar para Mongo.

O problema é que os produtores estão concentrados em produzir que não trabalham o ecossistema da procura, a marca, o marketing, a relação, a interacção.




Trechos retirados de "Forget wine tasting, Italy is now a prime destination for honey-tasting courses"

sexta-feira, outubro 13, 2017

Agricultura por gente com skin-in-the-game (parte II)

Interessante esta evolução "Febre dos frutos secos contagia planície alentejana".

Como não recordar os tweets deste postal "Agricultura por gente com skin-in-the-game":

Pena os actores ainda não terem tomado consciência a sério de que têm de assumir o futuro por si e não ficar à espera do papá-Estado. Por um lado temos os produtores que estão a fazer a parte inicial no terreno. No entanto, já poderiam estar a movimentar-se para subir na escala de valor e, por exemplo, equacionar a produção de manteiga de amêndoa. E já poderiam estar a criar uma marca para a região para fugir do granel comoditizado e vender a marca Portugal.

terça-feira, outubro 10, 2017

Um pouco de estratégia na agricultura pode fazer toda a diferença

Há dias aproveitei passar perto de Estarreja e passei pelo casal de lavradores que me vende ovos caseiros de contrabando e sem factura (pica especial por chatear a ASAE e a AT em simultâneo). O lavrador contou-me que este ano foi um ano excepcional para a produção de milho. Há muito milho e, por isso, o máximo que consegue é que o comprem a 0,20 € por kilo. Daí que já tenha decidido usar o milho na alimentação dos seus animais.

Enquanto o ouvia pensei logo que ele deveria optar por outras culturas e abandonar o que não faz sentido para um pequeno produtor de um país com fronteiras abertas. Aposto que há muitas culturas alternativas, não tradicionais, que lhe dariam muito mais rendimento.

Voltei a recordar-me deste episódio quando ontem à noite descobri que o amigo Graça me tinha enviado este texto, "New England Is Cracking the Code to Farming — All Year-Long". Texto que me diz muito porque também faço parte de uma "community-supported agriculture, or CSAs", a AMAP Gaia.

Um pouco de estratégia na agricultura pode fazer toda a diferença:
"The community-focused process is especially fruitful in pastoral New England, which has a higher proportion of small operators and family farms than anywhere else in the country. The region doesn’t have a single representative in the U.S. Department of Agriculture’s top 10 agriculture-producing states. “You’re never going to convince really large farmers to get away from the monoculture of planting 1,000 acres of corn,” says Greg Noden, USDA farm operations manager in Geneva, New York. But for a midsize or beginning farmer, it’s a viable shift. And that class of farmer, Noden adds, is “more prevalent in the Northeast than anywhere else.”
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There are financial benefits for those who change up the typical farming equation. “If you can get people greens in December, not only will you have plenty of demand but you will be able to charge a premium,” says Jim Hafner, executive director of the Keene, New Hampshire–based nonprofit Land for Good. “That’s why you also see people moving into non-land-based farming, such as hydroponics.”"
Estas CSAs permitem:

  • assegurar clientes-alvo;
  • assegurar prateleira;
  • assegurar mecanismo de desenvolvimento da relação;
  • mudar de proposta de valor;
  • mudar de preço;
  • mudar de ecossistema da procura. 

sexta-feira, setembro 22, 2017

Os pescadores não são a Santa Casa da Misericórdia

A propósito de "Pescadores ganham mais com menos peixe" repito o que costumo escrever para os agricultores.

O papel dos pescadores não é alimentarem o mundo, não são a Santa Casa da Misericórdia ponto. O papel dos pescadores é ganharem a sua vida ponto.

Por isso:
"O preço médio por quilo do pescado vendido em lota subiu 6,2% nos primeiros oito meses de 2017 face a igual período do ano anterior, tendo passado de 2,01 para 2,13 euros.
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Segundo a Docapesca, que gere 47 lotas e postos de venda, "esta valorização do pescado permitiu aos pescadores melhorar o rendimento face a 2016, apesar da redução do volume capturado de 66,2 para 64,3 mil toneladas, menos 2,8%".
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No global, o peixe comercializado nos primeiros oito meses do ano fixou-se em 137,2 milhões de euros, o que se traduz num crescimento de 3,3% por comparação com os 132,9 milhões de 2016."
Num mundo onde se chegou ao fim da fronteira, em que já não há mais fronteira, tem de se perceber que o objectivo não deve ser atingido simplesmente à custa de vender mais e mais quantidade, mas à custa da subida na escala de valor.

segunda-feira, julho 17, 2017

Oportunidade de negócio?

Este números, "Près de 9 Français sur 10 ont consommé du bio en 2014", fazem-me lembrar de ver em Agosto de 2014 em Paris cerejas à venda a 14€/kg.

Que oportunidades de negócio para as empresas agrícolas de um país com potencial para reforçar a sua imagem de marca como joalheiro agrícola.


sábado, julho 15, 2017

Estratégia para uma agricultura em Mongo

Não sei se esta opção é viável. Uso-a aqui simplesmente para dar mais um exemplo das alternativas de pensamento estratégico: "Dans le nord de la France, des paysans redonnent vie aux blés anciens".

Não se consegue competir de igual para igual com os outros?

Então, optar pela concorrência imperfeita.

E mesmo assim não basta produzir. É preciso pensar a nível de modelo de negócio. Se se produz um produto diferente e se tenta vendo-lo aos clientes do costume... o mais certo é que dê errado.
"Les semences de blés modernes ont été conçues pour répondre aux exigences nouvelles des boulangers qui souhaitent, aujourd’hui, travailler une pâte dont la levée est plus rapide. « Ils offrent ainsi à leurs clientèles des pains aux apparences trompeuses, car excessivement gonflés et dont la mie blanche et souple n’apporte plus les éléments nutritifs souhaités, analyse Didier Findinier."
Como encontro aqui "Les paysans-boulangers cultivent les graines de résistance" uma espécie de Mongo e das suas tribos:
"Les pieds dans la terre et les mains dans le pétrin, ils vont à contre-courant de l’industrialisation de la boulangerie et de la culture du blé. Paysans boulangers, ce sont des passionnés qui courent du four au moulin et sillonnent champs et marchés. "Le métier de paysan boulanger, c’est aller du grain au pain", explique Charles Poilly, installé dans le Lot-et-Garonne. "C’est élaborer le goût de ton pain dès le semis, comme les vignerons qui façonnent leur vin par le travail de la vigne."...
"Avec 40 hectares cultivés en bio, impossible de me contenter de produire du blé, je ne pourrais pas en vivre. Par contre, en étant paysan et boulanger, je sors un salaire confortable tous les mois." Et à l’autre bout de la chaîne, les consommateurs plébiscitent. "Les gens aiment savoir que le blé produit à côté de chez eux est celui qui les nourrit", note Charles Poilly.
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Signe de cet engouement, une nouvelle formation, intitulée "Paysans du grain au pain", vient d’ouvrir dans le Tarn. Un cursus qui met notamment l’accent sur la culture d’anciennes variétés de blé. Variétés de populations, de pays ou semences paysannes… autant de termes pour désigner des plantes délaissées depuis près de cinquante ans par l’agriculture conventionnelle, car pas adaptées au système agricole intensif. Des semences remises au goût du jour par une poignée d’irréductibles rêveurs, paysans et chercheurs.
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Rue Saint-Front, à Périgueux, une vitrine attire les regards gourmands. Petites miches dorées, gros campagnards ou ficelles parsemées de lin et de sésame. Derrière son comptoir, Laurent Cattoire fabrique tous ses pains à la main, à partir de farines de blés paysans. Une évidence d’après lui. "Avec les variétés commerciales, le pain est standard, sans saveur particulière, on ne peut pas mettre toute notre personnalité", explique-t-il. "Par contre, une farine de blés anciens, ça sent les champs, et ça a du goût."[Moi ici: Como isto me faz lembrar uma formação numa empresa de vinhos esta semana em que o tema Mateus Rosé veio à baila]
Petit rouge du Morvan, touselle, pétanielle noire. Ces blés aux noms, aux formes et aux couleurs variés confèrent au pain des saveurs complexes et subtiles. Autre intérêt, le gluten qu’ils comportent est moins modifié et plus digeste que celui des variétés commerciales. "Beaucoup de personnes intolérantes au gluten peuvent manger des céréales anciennes", constate Laurent Cattoire."