sexta-feira, julho 15, 2016

E subir na escala de valor para parar com o crescimento canceroso?

A propósito de "Floresta volta aos anos 80 e cria mais riqueza":
"A silvicultura está a crescer desde 2008. No entanto, em 2014 tinha um peso de menos de 0,6% na economia nacional. O papel e o cartão são, de longe, a maior exportação da floresta nacional."
Sim, pode ser verdade. No entanto, este ano tive oportunidade de trabalhar com empresa que usa cartão como matéria-prima e percebi que quem quer cartão de qualidade tem de o importar. O que reforçou a minha opinião de que somos uma espécie de chineses da pasta de papel, produzimos muita quantidade mas com baixo valor acrescentado. Por isso é que o sector para continuar a crescer nas vendas tem de continuar com um crescimento canceroso da área de eucalipto plantado. Em vez de subir na escala de valor continua a predar.
.
Faz-me espécie ninguém se interrogar como é que um país tão pequeno como Portugal pode produzir tanta pasta de papel. Por que é que os espanhóis, muito maiores, não aumentam a sua área?

BTW, duvido que isto seja verdade, para não variar acerca do que escreve Nuno Aguiar:
"Embora muito se fale sobre o aumento do eucaliptal no país, os hectares ocupados pela espécie em Portugal continental não aumentaram muito entre 1995 e 2010. Nesse período, passaram de 675 para 760 mil hectares."
Basta olhar para esta figura:

E ler este texto:
"O certo é que segundo os últimos resultados preliminares do Inventário Florestal Nacional, os eucaliptos tiveram um crescimento de 13 por cento entre 1995 e 2010 e são hoje a espécie dominante na floresta portuguesa, com 812 mil hectares plantados." 
O Jornal de Negócios contar a verdade sobre o eucalipto é como esperar que um jornal português, propriedade de general angolano, diga mal de Angola.

Sem comentários: