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quinta-feira, julho 29, 2021

Ultrapassados pelo Leste

No JdN de ontem encontrei "Dinamarca abre fábrica de meias em Famalicão e cria 130 empregos".

Fábrica de meias? Que meias? 

"meias desportivas de alta "performance"

Faz sentido, trabalhar para nichos, subir na escala de valor. A minha receita!

No entanto, produção de 4 milhões de pares de meias por ano, facturação de 6 milhões de euros por ano. Ou seja, preço médio de um par de meias à saída da fábrica 1,5 euros. Parece-me um valor baixo. Quão alta será a tal performance? Por exemplo, trabalhar para a Decathlon? Sorry, low-cost.

130 trabalhadores significa 46,1 mil euros facturados por trabalhador. 130 pessoas para este tipo de produto?! Sorry, não é nicho!

O que me faz espécie é isto:

"Depois de cerca de 16 anos de produção na Lituânia, e devido sobretudo à falta de mão de obra qualificada local, começaram a olhar para outros mercados, como a Bulgária, a Ucrânia ou a Roménia, para deslocalizar a sua fábrica, e escolheram o nosso país", contou o diretor-geral"

Qual o salário mínimo na Lituânia? Qual a evolução salarial na Lituânia?

Salário mínimo na Lituânia 642€ versus em Portugal  665€. Qual a evolução salarial na Lituânia? "Lithuania posts 13 percent wage growth for 2020"

Sinto que é um sinal preocupante. Os antigos países comunistas começam a ter um nível de vida demasiado caro para este tipo de produtos. Nos anos 60 e 70 do século passado as fábricas alemãs e francesas fechavam para abrir em Portugal, agora fecham na Lituânia e vêm para Portugal...

Benvindos à Sildávia do Ocidente.


segunda-feira, novembro 01, 2021

Percebem como isto é deprimente?

No caderno de economia do último Expresso encontrei este esquema:

Lembram-se dos títulos todos lampeiros dos jornais sobre o roubarmos empresas à Lituânia e à Polónia?

É o mesmo fenómeno dos anos 60 e 70 quando as fábricas de calçado e de têxteis fechavam na Alemanha e na França para virem para Portugal, só que agora são as da Polónia e Lituânia, em breve mandam para cá as da Roménia.

Percebem como isto é deprimente? 

domingo, novembro 20, 2022

Para reflexão

Lembram-se da fábrica de meias lituana que veio para Portugal e os jornais regozijaram-se?

Eu recordo de Julho de 2021- Ultrapassados pelo Leste.

Eu recordo a evolução salarial na Lituânia, de Maio deste ano - A caminho da Sildávia ao vivo e a cores, mais um pacotão.

Entretanto, ontem no Pordata analisei os dados sobre a evolução da "Produtividade do trabalho por hora trabalhada (Euro)". Reparem na evolução da produtividade na Lituânia:


Todo o bloco de países da Europa de Leste está a crescer em produtividade muito mais do que Portugal. Mesmo as humildes Roménia (cresceu 921%) e Bulgária (428%).

Ninguém se interroga a sério sobre o que se passa neste país.


terça-feira, fevereiro 14, 2012

"Milho" é para multinacionais, não se iludam

Desejo boa sorte a gente deste calibre, gente que não desiste e que vai à luta, gente que em vez de esperar pelo futuro, cria o seu futuro... ou pelo menos tenta fazer batota nesse sentido (e sabem como a batota é uma palavra que tanto aprecio).
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"Naturea: A marca portuguesa de luxo para cães e gatos"
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E mais, gente que aponta para o segmento premium!!!
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"A má notícia chegou em meados de 2010. Os novos proprietários de uma marca canadiana de pet food à venda em Portugal rescindiram contrato com a empresa de Raul Abraão por falta de consenso na definição de objectivos de vendas. O “azar”, como chama à contrariedade Raul Abraão, foi ao mesmo tempo o golpe de sorte dos cinco trabalhadores que constituem a equipa da Naturea. (Moi ici: O problema nunca é o que nos acontece mas o efeito que nós permitimos que esse acontecimento tenha sobre nós) Fundaram a Naturea – The Natural Grain Free Concept – em Setembro de 2010 e três meses depois a ração e os biscoitos para cão criados de raiz pela empresa portuguesa começam a suscitar interesse em Espanha. Hoje, são vendidos também na Alemanha, Eslováquia, República Checa, Lituânia, Áustria, Luxemburgo e Dinamarca."
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Qual é a minha preocupação e o meu conselho para reflexão? Isto:
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"A Naturea tem distribuidores exclusivos em nove mercados: Portugal, Espanha, Alemanha, Eslováquia, República Checa, Lituânia, Áustria, Luxemburgo e Dinamarca. E está de olhos postos no Canadá. “Decidimos trabalhar Portugal como mais um país porque rapidamente Espanha vai liderar o top das vendas: num mês apenas pusemos o produto à venda em 72 lojas em Madrid. Na Alemanha também vamos registar um bom resultado. O nosso distribuidor propõe-se a colocar a marca em cinco mil pontos de venda”. Em Portugal, concretamente na Grande Lisboa, a marca está nos lineares de 140 lojas e o objectivo é atingir 300 estabelecimentos no final deste ano."
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Marca premium, marca de luxo, não é marca para vendas em grande escala. Se é uma marca de luxo não compete pelo preço mais baixo. Se não compete pelo preço mais baixo não precisa de estar em todas as lojas, não precisa de inundar as prateleiras.
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Se é uma marca de luxo deve estar nas prateleiras dos espaços visitados pelos clientes-alvo que procuram esse tipo de produto.
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Se é uma marca de luxo deve trabalhar os prescritores que aconselham os clientes-alvo que procuram esse tipo de produto.
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Se é uma marca de luxo deve estar presente nas feiras, exposições, concursos caninos, sítios na internet sobre a alimentação animal, frequentados e visitados pelos clientes-alvo que procuram esse tipo de produto.
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Não acredito que existam 300 lojas na Grande Lisboa, ou 72 em Madrid que sejam rentáveis para a distribuição deste produto de luxo.
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Recordar:
Muita gente, espero que não seja o caso desta equipa da Naturea, age desta forma:
Primeiro pensam no produto e na produção, depois no escoamento e, por fim, no produto.
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Experimentem pensar e agir desta forma:
E não esquecer, os clientes-alvo precisam de uma proposta de valor. Mas também os donos das prateleiras-alvo, as visitadas pelos clientes-alvo, mas também os prescritores, os que aconselham os clientes-alvo... todo os actores no ecossistema, na cadeia da procura.
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Espero que não estejam iludidos com o crescimento pelo crescimento... isso, é "milho" para multinacionais.

domingo, novembro 27, 2022

A grande reconfiguração


The failure of covid zero. Likely to have major implications for China and the rest of the world. pic.twitter.com/EhTn774i9A
— Olivier Blanchard (@ojblanchard1) November 25, 2022

Ontem, alguns tweets de Sofia Horta e Costa foram sobre:
Por isso é que todas as PMEs portuguesas exportadoras com que interajo estão cheias, cheias de trabalho. Por exemplo, esta semana estive com empresa que quase fechou em Janeiro deste ano e hoje está cheia de trabalho até ao final de Abril de 2023. Por isso, é que tanta empresa desespera com a falta de trabalhadores. (BTW, quem pode pagar melhor, um fabricante de sapatos ou de camisas ou um fabricante de máquinas? Não é uma questão de lucro, é uma questão de valor acrescentado. Por isso, os flying geese model. Por isso, o adeus Lituânia).

Algures entre 2008 e 2013 li, numa revista ou jornal americano, um texto onde alguém defendia que a WalMart devia receber o prémio Nobel da Economia por ter controlado a inflação americana com o recurso à produção chinesa.

Julgo que parte do aumento da inflação que sentimos agora resulta também do fim da China como fábrica do mundo, o fim das GVC (global value chains), o regresso da produção ao Ocidente tem a implicação de preços mais altos.

segunda-feira, junho 24, 2024

Quando a produtividade estagna ou baixa... (parte III)

Parte I e parte II.

Começo a parte II com a pergunta:

O que acontece numa sociedade em que a produtividade baixa ou estagna mas é preciso aumentar salários para seduzir trabalhadores?

Primeiro, recordo o impacte da instalação de uma fábrica de chips da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company numa região longe das grandes metrópoles, na ilha de Kikuyo nos arrabaldes da prefeitura de Kumamoto no Japão em "A dolorosa transição ao vivo e a cores".

No nosso país de baixos salários, preferia perder com os checos no futebol e ganhar neste campeonato, "US chipmaker onsemi will invest $2 billion in a chip production facility in the Czech Republic". Contudo, reconheço que a tribo do pão e circo é bem mais numerosa.

Há um ano:

Acrescentar STMicroelectronics, Infineon, Wolfspeed Inc e Silicon Box.

Imaginam a contribuição destes investimentos e dos spillovers que geram na produtividade agregada destas sociedades?

Outra vez, lembram-se da alegria do jornal porque uma fábrica de meias trocou a Lituânia por Portugal ... minha Nossa Senhora. Percebem porque é um sinal triste?

Agora, por que é que estas empresas viriam para Portugal?

quarta-feira, abril 19, 2023

É complicado ...

Li ontem "Costa: "Portugal tem muito a ganhar com a reorganização à escala global das cadeias de valor"".

É complicado ...

Choca com a minha experiência do mundo? Não!!!

Ainda ontem contava o caso de empresa exportadora, há cerca de um ano, aumentou os preços para, polidamente, mandar embora um cliente. E ele foi. Entretanto, já no primeiro trimestre deste ano, esse ex-cliente voltou a bater à porta disposto a aceitar os tais preços. Ainda ontem mostrava os dados da tabela neste postal Evolução das exportações. Recordar ainda de Novembro último A grande reconfiguração

Então, por que é complicado?

Porque é mais do mesmo. Porque me faz lembrar a Lituânia e o postal Ultrapassados pelo Leste. O meu interlocutor ontem contava-me que tinha estado a observar uma equipa da concorrência a trabalhar. Pormenor, não viu um português, só chilenos e brasileiros.

É complicado porque o que penso não é linear, tem um lado positivo e tem um lado negativo. O lado positivo é dar trabalho a quem já está no terreno. O lado negativo é ser mais do mesmo, é continuarmos a ser um país que não consegue aumentar a produtividade agregada. Não porque os patrões ou os empregados sejam maus ou preguiçosos, mas porque o aumento da produtividade (num país onde a escala não funciona, país de PMEs) é limitado pelo preço máximo que se possa praticar ... como não recordar a foto e o texto de A brutal realidade de uma foto:


Com mais do mesmo teremos os portugueses a continuar a emigrar em busca de melhor remuneração.

É complicado.

segunda-feira, novembro 08, 2021

A boa árvore conhece-se pelos frutos...

Vamos admitir como válidos estes números coligidos por Eugénio Rosa:

"A remuneração média nacional aumentará 10,1% entre 2015 e 2022

Agora comparem com a Lituânia:

"The monthly average gross wage rose 12.7 percent in the fourth quarter of 2020 from a year before to 1,467 euros, and the average net pay rose 13.3 percent to 935 euros, SoDra said on Tuesday." (fonte)

 A boa árvore conhece-se pelos frutos... Lucas 6, 44 ou Mateus 7, 17

sexta-feira, novembro 12, 2021

Mea culpa (parte II)

Escrevo regularmente neste blogue há mais de 15 anos. Às vezes sinto algum orgulho por causa das previsões em que acerto (por exemplo RaporalÓrbita ou Gráfica Mirandela), e por raramente ter escrito algo do qual me tenha de retratar.

No entanto, hoje gostaria de pôr preto no branco algo que quase soa a retratação. Embora seja mais o resultado de eu próprio ter cometido o pecado do jogador de bilhar amador que tantas vezes refiro aqui.

Herman Simon costuma escrever sobre a falsa percepção que o público tem acerca do lucro das empresas:
"What does the average citizen think about profit? 
...
We’ll start with what people think in the United States, where a survey posed the following question to a representative sample: “Just a rough guess, what percent profit on each dollar of sales do you think the average company makes after taxes?” The average response was 36%! This is very consistent with research that advertising guru David Ogilvy cites in his book Ogilvy on Advertising: “the average shopper thought Sears Roebuck made a profit of 37% on sales.” Sears’ true profit at that time was less than 5%.
Responses to similar questions in nine different polls between 1971 and 1987 ranged from 28 to 37% and averaged 31.6%. What is the truth? The actual average after-tax profit margins of US companies over the long term is around 5%. In other words, the respondents overestimated the level of corporate profits by a factor of six. We found very similar perceptions in a study conducted in Italy in 2019. Respondents there estimated net profit margins to be 38%.
People in Germany have also responded to surveys with similar questions. The answers varied between 15.75 and 24.15% with 20% on average. In Austria, a comparable number was 17%.7 In other countries we could not find similar surveys."(fonte 1)
As empresas ganham menos dinheiro do que as pessoas suspeitam. Então em Portugal, país de zombies e de apoio à manutenção de postos de trabalho com um sistema Ponzi encavalitado em empréstimos bancários, é comum justificar os baixos salários com a avareza dos patrões. Contudo, o problema é outro, a falta de concorrência imperfeita, a falta de inovação, a falta de diferenciação real, que leva a demasiada concorrência perfeita.

Ao longo dos anos o meu erro de raciocínio tem sido o de me ficar pelo pensamento de primeira ordem. Ainda ontem publiquei esta figura:
Enquanto outros falam de produtividade como condição para se ser competitivo, há muito que descobri que produtividade e competitividade são duas realidades distintas. 

Como trabalho com empresas concretas o meu foco é na sua competitividade e a coisa até funciona. Recordo os protestos contra os "ateliês" quando lembro a necessidade de preparar a Fase IV.

O que confesso nunca me passou pela cabeça foram as consequências de um mundo de empresas competitivas, mas não produtivas. Um mundo com salários cada vez mais estagnados não porque os patrões não queiram pagar mais, mas porque o negócio não dá mais. 
Um empresário, um patrão, não tem como responsabilidade mudar o mundo, tem como responsabilidade liderar a sua empresa. Por outro lado, o desafio de a manter à tona é tão grande que raramente encontra tempo para pensar no depois de amanhã, simplesmente reage, o quotidiano é que assume o comando. É cada vez mais difícil encontrar pessoas para trabalhar a receber os salários que pode pagar? Em vez da subida na escala de valor, temos a race to the bottom: Arranjar quem o faça no Brasil, ou na Moldávia ... ou uma prestação de serviços à la Odemira.

Por isso, os portugueses emigram

O que leio em "How Rich Countries Got Rich and Why Poor Countries Stay Poor" de Erik S. Reinert.
“Once a considerable gap in real wages has been created, the world market will automatically assign economic activities that are technological dead-ends - and therefore only require unqualified labour, for example, to produce baseballs - to low wage countries. [Moi ici: Daí as "vitórias de Pirro" sobre a Lituânia e a Polónia]
...
The competitiveness of a country is, according to OECD definition, to raise real wages while still remaining competitive on the world markets. In most of the Third World today this situation is turned upside down: wages are lowered in order to be internationally competitive. [Moi ici: Como não recordar a reportagem dos empresários do turismo algarvio que querem ir buscar filipinos e cabo verdianos porque supostamente os portugueses não querem trabalhar]) 
[Moi ici: BTW! Recordam-se da caridadezinha?]
Education is increasingly regarded as the key to expanding wealth in the Third World. In countries like Haiti, which specialize in non-mechanized production - in technological dead-ends - raising the level of education of the population will not help to increase the level of wealth in the population. In such countries the demand for educated personnel is minimal. Education is more likely to increase the propensity to emigrate. A strategy based on education succeeds only when combined with an industrial policy that also provides work for educated people, as happened in East Asia.
...
By emphasizing the importance of education without simultaneously allowing for an industrial policy that creates demand for educated people - as Europe has over the last 500 years - the Washington institutions are just adding to the financial burdens of poor countries by letting them finance the education of people who will eventually find employment only in the wealthy countries. An education policy must be matched by an industrial policy that creates demand for the graduates.[Moi ici: Entram aqui os dinheiros da Europa. Como appetizers recordo estas duas breves reflexões acerca da entrada massiça de dinheiro para investir, aqui e aqui]
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Theory development led to what Schumpeter calls `the pedestrian view that capital per se propels the capitalist engine'. The West started thinking that by sending capital to a poor country with no entrepreneurship, no governmental policy and no industrial system, they could produce capitalism. The consequence is that today we virtually stuff money down the throat of countries with no productive structure - where this money could be profitably invested - because they are not allowed to follow the industrial strategy all the presently rich countries followed. Developing countries are given loans they cannot profitably utilize, and the whole process of development financing becomes akin to that of chain letters and pyramid games. Sooner or later the system breaks down, and the ones who designed it, standing close enough to the door when everybody rushes out, are able to make good financial profits, while the poor countries themselves are the losers. This is part of the mechanism that often creates larger flows of funds from the poor to the rich countries than the other way around, one of Gunnar Myrdal's `perverse backwashes' of poverty."[Moi ici: Reinert propõe o proteccionismo, mas o proteccionismo para um país na UE não é possível. Como resolver a situação sem sair da UE? Seguir a receita irlandesa, não confiar em irlandeses e atrair investimento estrangeiro apostado na concorrência imperfeita, não na extracção venenosa na agricultura e recursos naturais]
Saúdo Rui Tavares com o artigo "Portugal está preso numa armadilha de salários baixos" por lhe dar a importância que deve merecer. Muito certamente não concordarei com a receita de Rui Tavares para o solucionar, mas decididamente é o tema de fundo.

O mesmo tema, tratado por Eugénio Rosa, desvia-se para os salários da função pública. Como é que a função pública não pode deixar de ter salários estagnados se a riqueza criada está estagnada e há cada vez mais gente na função pública ou a depender do orçamento do Estado? Reinert escreve sobre isto quando refere que um barbeiro na Suécia é tão produtivo, em quantidade de trabalho, quanto um barbeiro em Portugal, mas o salário do barbeiro sueco é muito superior ao do barbeiro português, por causa da riqueza criada pelo resto da sociedade. Tal como um motorista de autocarro português que emigra e começa a trabalhar na Suiça como motorista de autocarro...

Fonte 1 - Trechos retirados de “No Company Ever Went Broke Turning a Profit” de Hermann Simon.

sexta-feira, abril 19, 2024

sábado, outubro 11, 2008

As escolhas que fazemos e as suas consequências

Daniel Pink é autor de um livro sobre o qual já aqui escrevi várias vezes.
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Voltei a encontrá-lo no mês passado, num comentário a um caso, na revista Harvard Business Review. Na altura sublinhei uma frase que não me tem saído da cabeça:
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"To the extent that any nation has an advantage, it comes from the choices the country makes , not its citizens' inborn traits."
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Esta frase sintoniza-se perfeitamente com este artigo de opinião de João Miranda no DN de hoje "A crise portuguesa":
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"Estas debilidades da economia portuguesa não foram criadas pela crise internacional. Resultam de opções políticas feitas em Portugal pelos portugueses. Foram os portugueses que escolheram políticos com uma visão dirigista da economia.
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Os países da Europa de Leste optaram por impostos baixos e por uma política de laissez-faire. A Eslováquia, por exemplo, adoptou uma flat rate de 19%. A Lituânia tem um imposto sobre os lucros das empresas de 15% e a Letónia não cobra impostos sobre os lucros não distribuídos.
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Portugal optou por impostos mais elevados (25% sobre os lucros das empresas) e por programas politizados dirigidos por burocratas, como o sistema de projectos de interesse nacional e o choque tecnológico. Os portugueses só têm de se queixar das suas próprias opções."
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Este gráfico de João Miranda ilustra perfeitamente a evolução comparativa da economia portuguesa.

segunda-feira, julho 11, 2016

Preço do leite, para reflexão

"De acordo com os dados publicados pelo European Milk Market Observatory, o preço médio do leite cru na União Europeia em maio de 2016 situou-se nos 26,15€/100 kg, o que representa uma descida de 4,5% em relação ao mês anterior, mais acentuada do que o previsto anteriormente. Em Portugal, de acordo com estimativas, o preço médio situou-se nos 28,01€/100 kg, o que representa uma  estabilização em relação ao mês anterior.
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A tendência de descida do preço é generalizada na União Europeia, com as maiores quebras a verificarem-se na Roménia (-12,0%), Holanda (-9,1%) e Letónia (-7,4%). Na Alemanha, Bélgica e França a quebra nos preços foi também significativa, com descidas de 6,9%, 5,1% e 3,9%,  respectivamente.
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Os preços em maio variaram entre um mínimo de 17,15 €/100 kg na Lituânia e um máximo de 54,71 €/100 kg em Chipre. Nos grandes países produtores como Alemanha, Holanda e França os valores foram de, respectivamente, 24,61 €/100 kg, 23,96 €/100 kg e 27,48 €/100 kg."[Moi ici: Trocam meses e países mas o essencial mantém-se]
Lembram-se do choro e ranger de dentes com que os coitadinhos dos produtores de leite invadiram os media?
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Comparem a sua situação em Portugal com a dos produtores dos outros países:
Comparem os preços:
Olhando para os preços praticados em Portugal, Espanha e França ... interrogo-me acerca da capacidade de gestão das unidades de lacticínios.

Trecho retirado deste portal controlado pelo governo dos Açores.

segunda-feira, dezembro 02, 2024

A economia não é um jogo de "nós contra eles" (parte II)

Parte I.

Já escrevi aqui que o desporto não é uma boa metáfora para explicar a economia. Na economia, o objectivo não é derrotar os concorrentes, mas conquistar clientes. Ainda assim, vou recorrer a essa analogia porque, no desporto, quando um adversário vence, ninguém pode legitimamente argumentar que a vitória lhe foi "roubada" ou que foi injusta. No desporto, perder faz parte do funcionamento natural das coisas.

Vamos então ao exemplo:

Momento 1
Imaginem uma corrida em que apenas um corredor, o alemão, está na pista. Ele é o único participante.

Momento 2
O corredor alemão continua a correr, mas agora aparece um segundo competidor: um corredor português.

Momento 3
Enquanto o corredor alemão mantém o ritmo, o corredor português começa a sentir pressão quando surge um terceiro concorrente: um corredor marroquino.

Momento 4
O corredor alemão segue firme na corrida, enquanto o corredor português abandona a competição. Resta apenas o corredor marroquino a disputar a pista.

A Coindu da Parte I está no "Momento 3".

Com a ajuda de um drone observamos o que se passa em cada momento:

O corredor alemão tem-se mantido em prova porque corre numa pista à parte, embora corra como os outros está a competir numa prova diferente. Já o português e o marroquino estão a competir na mesma pista.

Na parte III vamos ligar isto à estratégia, aos Flying Geese e à evolução de uma espécie ou dos indivíduos de uma espécie. Para já fechamos com uma ligação a um outro artigo, "Marisa está entre os 350 desempregados da Coindu e sabe porquê: "Não há mais projetos para nós, não podemos concorrer com o norte de África"":
""Dizem-nos que Portugal começa a ter dificuldades em atrair encomendas de clientes estrangeiros pelos ordenados, mas se formos ver os nossos salários nem são altos, rondam os 900 euros", diz ao Expresso Marisa Sousa, trabalhadora e dirigente sindical da Coindu, em Arcos de Valdevez, onde só tem trabalho até ao final do ano."
Lembram-se da produção de meias que saíu da Lituânia em direcção a Portugal? É a versão oposta do que acontece agora na Coindu.

Li algures na semana passada que a montagem de veículos eléctricos na Alemanha era 10 vezes mais do que em Portugal. Quais os veículos mais caros? Pois.

Recordo a superior produtividade física da fábrica polaca da Fiat a fazer … os carros mais simples e mais baratos. BTW, cuidado com a produtividade física.

segunda-feira, abril 05, 2021

Sair da cepa torta

Este texto publicado no Correio da Manhã de ontem, "Portugal tem das empresas mais frágeis da Europa", suscita dois apontamentos.

Primeiro, a taxa de encerramento das empresas em Portugal ao fim de 5 anos:

"Esta fragilidade do mercado português, constituído sobretudo por micro e pequenas empresas, poderá ser avaliada ainda por um outro indicador: a taxa de sobrevivência das companhias.

Em Portugal, apenas 34% das empresas criadas em 2013 tinham conseguido aguentar-se de portas abertas ao fim de cinco anos.

A média comunitária estava fixada nos 45%. Pior do que Portugal só memo a Lituânia"

Mercados diferentes devem ter desempenhos diferentes e isso é normal.

BTW, um número que publiquei aqui no blogue em Maio de 2008

Nos Estados Unidos, 80% das empresas que arrancam a funcionar num ano, ao fim de 5 anos estão falidas! Ao fim de 10 anos 96% estão fechadas. 

Julgo preferível um sistema com baixas barreiras à entrada. Talvez por isso:

"Em 2018, Portugal tinha a segunda maior taxa de criação de empresas entre os 27 Estados-membros, de 16%."

Depois, quem tiver unhas que toque guitarra.

O segundo apontamento é, para mim, muito preocupante:
"88,1% do investimento realizado em 2017 em investigação e desenvalvimento, na indústria e construção nacionais, foi protagonizado por empresas com capital nacional. O resultado coloca Portugal na primeira posição quanto à origem interna do investimento."
Isto para mim é medonho...

Nestas últimas semanas tenho escrito sobre o exemplo irlandês e a importância do investimento directo estrangeiro para ultrapassar a impossibilidade dos "macacos voarem":

quinta-feira, setembro 22, 2011

Recordar Lawrence... nada está escrito (parte VI)

Na parte I escrevi:
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"de 10 Agosto para cá mudei de opinião "e apesar de ter escrito aqui que estava apreensivo quanto às exportações no 2º semestre "O mais certo é que tudo isto se desmorone quando a recessão voltar ao mercado de destino das exportações." começo a desconfiar que a recessão na Europa pode ter um lado positivo para as PMEs portuguesas porque os importadores europeus vão preferir comprar menos e perto, do que contentores cheios pagos à cabeça com meses de antecedência na Ásia. Vamos ver o que vai dar.""
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Acabo de ler "Encomendas à indústria portuguesa registam segunda maior subida da Zona Euro":
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"Portugal destaca-se pela positiva neste relatório do Eurostat, mostrando que as exportações nacionais continuam a aumentar a bom ritmo.
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Em Julho as encomendas à indústria portuguesa aumentaram 19,6%, o que representa o segundo maior registo entre os 17 países da Zona Euro. Na Estónia as encomendas subiram 24,5% e tendo em conta todos os países da União Europeia, também a Lituânia (24,4%) consegui uma subida mais acentuada que a verificada em Portugal. O crescimento homólogo verificado em Julho em Portugal representa uma forte aceleração face ao verificado em Junho, quando as encomendas à indústria portuguesa aumentaram 9,9%."
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E isto apesar do Estado sorvedouro socialista ... como seria se não tivéssemos que pagar os desvarios da orgia cainesiana dos últimos 30 anos... conseguem imaginar?!!!
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Precisamos mesmo da TSU para exportar, está-se mesmo a ver

sábado, abril 30, 2022

Pedintes, a profissão mais comum em Portugal


Pedintes, a profissão mais comum em Portugal ... e com isso, subcontratamos a capacidade de agência ao actor com menos conhecimento e capacidade para o fazer, o papá-estado. (Dielmar, Efacec, TAP, ...)

No semanário Sol de hoje pode ler-se:

"Há um problema transversal a todos os setores que não deixa ninguém indiferente: a falta de mão-de-obra. A opinião junto dos vários empresários e responsáveis de vários setores ouvidos pelo nosso jornal é unânime. A restauração é um dos setores mais afetados. De acordo com as contas da AHRESP, relativas aos primeiros meses do ano davam conta da falta de 40 mil trabalhadores no setor. «Antes da pandemia fizemos um debate sobre o mercado de trabalho e sobre as dificuldades que estávamos a sentir e chegámos à conclusão que se tivéssemos 40 mil pessoas teríamos dado emprego a todos. A situação não só não se resolveu como até se agravou», disse Ana Jacinto, secretária-geral da associação. Uma opinião partilhada por Daniel Serra, presidente da Pro. Var. «O Governo deve rever urgentemente as políticas relacionadas com o incentivo ao emprego, do ponto de vista da procura e da oferta». E lembra que ..."

Num país de amélias é assim que as coisas funcionam:

  • às segundas, terças e quartas o governo rouba-nos através da voracidade fiscal;
  • às quintas, sextas e Sábados o governo tem de nos apoiar, o governo tem de resolver os nossos problemas.
- Há um problema de falta de mão de obra? Há!

- Tornem o posto de trabalho mais atractivo!

- Não conseguem?

- Talvez seja um sinal do universo a dizer-lhes para mudarem de vida, se não conseguem subir na escala de valor para conseguirem melhores margens e, assim, poderem ter postos de trabalho mais atractivos.

No Dinheiro Vivo de hoje é a mesma estória, mas mais grave porque escrita pelo presidente da CIP:

"Os sinais vitais da economia parecem, à primeira vista, animadores: a atividade económica em Portugal continua a resistir ao impacto da guerra na Ucrânia e à aceleração da inflação.

...

É certo que a comparação com o dificil 2021 ajuda os números, puxa-os para cima, mas há um ponto que tem de ser sublinhado: as pessoas estão a comprar, estão a consumir, estão a gastar.

...

Explico-me: tendo em conta a inflação de 5,3% registada em março, sobretudo por causa da energia, mas também com uma forte pressão em várias matérias-primas, nos salários e nos custos de transporte/logística, há uma parte significativa do impacto que não está a ser repercutida nos preços pagos pelos consumidores. Isso significa que as empresas estão a vender com menos margem, muito menos margem, nalguns casos até a perder dinheiro, já que procuram a todo o custo manter-se à tona. Isto é, dão o que têm e o que não têm para não perderem mercado e clientes, enquanto esperam que a guerra acabe e os custos operacionais baixem novamente.

...

as empresas estão a servir a de pára-choques porque sabem que o poder de compra em Portugal é frágil e porque estão a tentar segurar o futuro com tudo o que podem.

Infelizmente, isto não é sustentável, os balanços não são eternos. O que significa que vamos ter mais empresas a soçobrar ou, inevitavelmente, os preços terão de subir mais depressa. E o governo? O governo não parece querer perceber o que está a acontecer. [Moi ici: E a CIP? A CIP não parece querer perceber o que está a acontecer] Eu chamo-lhe a crise submersa. Aguardemos."

As empresas não percebem o Evangelho do Valor e a sua implicação? 

Por que temos, como país, de estar sempre dependentes desta relação pedo-mafiosa com o estado? Se pedimos esmola com a mão-direita, como queremos a seguir com a mão esquerda manifestar contra o saque fiscal? Como andamos sempre a pedir esmola, acreditamos que a salvação vem sempre de outros, nunca dependende de nós e da nossa capacidade de mudar, de evoluir, de rasgar, de experimentar e de falhar, para voltar a experimentar, a tentar, ...

Acham que a tal subida do país na criação de riqueza será feita à custa de manter o mesmo número de pessoas em empresas que não são capazes de criar riqueza suficiente para serem atractivas? O que dizem da evolução na agricultura? Menos gente e mais riqueza criada! 

Lembrem-se da Lituânia... 

domingo, junho 23, 2024

Quando a produtividade estagna ou baixa... (parte lI)

Termino a Parte I com esta pergunta:

"O que acontece numa sociedade em que a produtividade baixa ou estagna mas o custo de vida sobe?"

Acrescento mais uma questão:

  • O que acontece numa sociedade em que a produtividade baixa ou estagna mas é preciso aumentar salários para seduzir trabalhadores?
E por que é preciso seduzir trabalhadores?
  • Por que há outros a pagar mais (no caso da emigração, ou no caso do "roubo" por outros sectores de actividade com maior produtividade, ou por imposição legal via SMN)
Na semana passada descobri o "Efeito de Baumol" também conhecido como "Doença de Baumol" ou "Doença dos Custos de Baumol", um fenómeno económico identificado pelo economista William Baumol. Este efeito descreve uma situação em que os salários aumentam em sectores que não experimentaram aumentos na produtividade, em resposta a aumentos salariais noutros sectores que tiveram ganhos de produtividade. Aqui está uma descrição mais detalhada:

1. Premissa básica:
- Numa economia, alguns sectores experimentam aumentos de produtividade mais rápidos que outros.

2. Mecanismo:
- Sectores com alta produtividade podem aumentar salários devido aos ganhos.
- Para reter trabalhadores, sectores com baixa produtividade também precisam aumentar salários, mesmo sem ganhos correspondentes de produtividade.

3. Consequências:
- Os custos nos sectores de baixa produtividade aumentam mais rapidamente que a inflação geral.
- Isso pode levar a aumentos de preços nesses sectores. Se esses sectores pertencem à economia não transaccionável, os preços sobem. Por isso, os barbeiros em Londres cobram muito mais do que em Gaia pelo mesmo serviço. No entanto, se esses sectores pertencem à economia transaccionável ... a subida de preços está fortemente limitada pea concorrência:
  • Nas economias da OCDE o que costumava acontecer era o fenómeno da deslocalização. Incapazes de competir pelos trabalhadores as empresas fechavam ou deslocalizavam-se. Por isso, as empresas têxteis alemãs e francesas vieram para Portugal. Por isso, ainda hoje, as empresas têxteis saem da Lituânia para Portugal.

Apesar das empresas nos sectores transaccionáveis não poderem aumentar os salários livremente, por causa da concorrência internacional, o custo de vida sobe, os governos querem impostar mais e, por isso, as empresas começam a ver os trabalhadores a emigrarem para outras paragens onde facilmente ganham muito mais do que nos seus países de origem.

Então entra o fenómeno das paletes de trabalhadores pouco qualificados para fazerem o trabalho ao preço mais baixo possível no país. Recordo um artigo do Público, talvez de 2018, sobre os problemas gerados pela imigração no concelho de Odemira sobre o SNS (BTW, acho interessante nunca ninguém falar destas externalidades e de quem as paga).

Numa economia em que a produtividade estagna ou baixa as empresas não geram capital para pagar os custos crescentes como as rendas. Quando os governos começam a apoiar as empresas para que aumentem a produtividade, muitas vezes o dinheiro é usado para compensar custos em vez de subir na escala do valor.

Estamos, como país, nesta situação.

sexta-feira, julho 12, 2013

Perigosa espiral recessiva

"Indústria em Portugal registou a maior subida da UE de Abril para Maio"
"A produção industrial em Portugal foi a que, em termos europeus, mais aumentou em Maio, quando comparado com Abril, registando um acréscimo de 6,1%. Em termos homólogos, registou a terceira maior subida – 4,5% - na União Europeia que, no seu conjunto, recuou 1,6%, anunciou nesta sexta-feira o Eurostat.
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Comparando Maio deste ano com o do ano passado, a produção de bens de consumo duráveis caiu 6,2% por cento na zona euro e 5,1% no total da União Europeia. Em contraciclo, Portugal, apenas antecedido pela Lituânia (+ 21,6%) e pela Estónia (+6,3) viu a sua indústria crescer. É a segunda subida homóloga consecutiva do país, depois de, em Abril, a produção industrial ter crescido 2,3%."

segunda-feira, fevereiro 21, 2022

"A produtividade tem de ser uma exigência nacional!"

"A produtividade tem de ser uma exigência nacional! Se formos mais produtivos por unidade de trabalho incorporado, podemos aumentar a receita fiscal "sem dor", exigir uma melhor distribuição do fator trabalho, com ênfase para a qualificação (o que promove o aumento do salário médio), e evitamos a debandada dos portugueses mais talentosos.

Para percebermos porque é que Portugal é sucessivamente ultrapassado pelos novos países que se juntaram mais recentemente à União Europeia devemos olhar para os dados da produtividade do fator trabalho. Peguei nos dados da evolução da produtividade do trabalho por hora trabalhada em euros, para os últimos anos, para vários países que recentemente se juntaram à União Europeia, a que acrescentei Espanha e a Grécia.

E até excluí os anos de 2020 e 2021, por serem anos atípicos.

O resultado para Portugal é devastador. De 2015 a 2019, a produtividade na Roménia aumentou 37,1%, enquanto em Portugal apenas aumentou 9,6%, tendo ficado na média da UE a 27, onde a produtividade aumentou 9,6%, mas onde os restantes países com quem nos comparamos arrasaram: a Estónia 31,3%, a Bulgária 30,9%, a Lituânia 27,2%, a Letónia 26,2%, a República Checa 24,6%, a Eslovénia 18,4%, a Croácia 12,7% e a Eslováquia 12,3%!

É por estas e por outras que estamos como estamos e acabámos de perder um período de crescimento europeu notável porque não soubemos fazer o que devíamos: não mudámos o tecido empresarial, não amortizámos a dívida, não investimos..."

Recordar, acerca da Roménia:

Espero que João Duque já tenha abandonado a ideia de Julho de 2020 de substituir importações, Produtividade e tretas académicas.

Trechos retirados de "O orçamento pode esperar" de João Duque no Caderno de Economia do semanário Expresso do último Sábado. 

sexta-feira, dezembro 18, 2020

Vamos ficar todos bem

"o setor europeu de retalho de vestuário e calçado está a ser altamente penalizado pela pandemia. Até setembro, a queda acumulada ascende a 24,4%, de acordo com dados do World Footwear. 

O índice de volume de negócios no setor de retalho na União Europeia nos artigos especializados de vestuário, calçado e artigos em couro tem revelado perdas constantes ao longo dos primeiros nove meses do ano, sempre na casa dos dois dígitos, revelando-se mesmo superior a 20% quando comparado com o mesmo período do ano anterior. No verão, nos meses de julho a setembro, verificou-se uma ligeira recuperação, ainda assim insuficiente para a hecatombe desde o início pandemia. 

“Trata-se da confirmação de um sentimento generalizado, mas que ajuda a perceber melhor a dinâmica do mercado”, considera Luis Onofre. Para o Presidente da APICCAPS “estas quebras afetam particularmente as empresas portuguesas que, exportando mais de 95% da sua produção, têm na União Europeia o seu mercado de referência”.

Curiosamente, é em Espanha a e Portugal onde o setor do retalho na fileira moda mais está a sofrer, com perdas acumuladas de 33 e 31%, respetivamente. Os melhores registos ocorrem na Polónia (quebra de 10%), Lituânia (perda de 12%) e Estónia (recuo de 14%).

Entre os mercados de referência para as empresas portuguesas de calçado, o retalho de moda no Reino Unido caiu 29% entre janeiro a setembro deste ano. Em Itália o recuo acumulado é de 27% e em França 25% relativamente ao ano anterior. Na Alemanha o prejuízo ronda os 22% e na Holanda 16%."

Trechos retirados de "Retalho europeu colapsa"