sábado, setembro 07, 2024

Deixar dinheiro em cima da mesa

"When it first arrived as a luxury from East Asia, tea was an exotic drink reserved for royalty and aristocrats. But price, it seems, is no longer an indicator of a good brew. Asda's Everyday teabags, which cost only £1.20 for 80 bags, have been pronounced the nation's tastiest.

This was the result of a blind tasting competition organised by the consumer group Which? Seventy-nine "experienced and committed" tea drinkers judged products from some of the biggest brands, including PG Tips, Tetley and Twinings.

Asda's Everyday teabags got the highest overall score, at 72 per cent. Sixty-eight per cent judged the colour to be perfect, and 49 per cent found the flavour to be "just right". Of the ten brands tested, Twinings, which at £4.80 for 80 bags cost four times as much as the Asda offering, came last alongside Tesco Original Tea, with 67 per cent each. Overall, 60 per cent of tea tasters liked the colour and bitterness of Twinings, but fewer than half were satisfied with the strength of its flavour. Although two thirds of the panel enjoyed the bitterness of Tesco Original, 35 per cent said it was too dark and 34 per cent considered it not to be strong enough."

Quanto dinheiro é que os produtores do chá que entra na composição do "Asda's Everyday teabags" deixam em cima da mesa?

A culpa não é da Asda, a culpa é de quem não investe numa marca, ou não tem noção da qualidade do seu produto. Recordar a Raporal.

Trecho retirado de "Asda's 2p teabags make the best brew" publicado no jornal The Times de ontem. 

sexta-feira, setembro 06, 2024

Curiosidade do dia


 Palavras para quê?

O foco certo (parte IV)

Esta semana li num jornal qualquer que uma delegação de viticultores tinha ido a Belém pedir medidas ao presidente da república, e que este terá pressionado o secretário de Estado da Agricultura (também presente) para serem adoptadas medidas.

O infantilizador-mor da praça pública portuguesa sempre a cavar.

Entretanto, durante uma viagem de Alfa li:

“If you want tomorrow to look like yesterday, methodology will get you there.” —Peter Block

A declaração de Peter Block, “Se queres que o amanhã seja igual a ontem, a metodologia levar-te-á lá,” reflecte uma crítica à dependência de métodos e sistemas estabelecidos para criar resultados previsíveis e repetitivos, em vez de promover a mudança e a inovação. Ou seja, as abordagens convencionais muitas vezes reforçam práticas passadas, conduzindo a uma adaptação limitada ou à não exploração de novas possibilidades. Depois, os intervenientes admiram-se por obterem resultados semelhantes.

Esta semana tive oportunidade de ler "Rationality, Foolishness, and Adaptive Intelligence" de James G. March.

March critica a crença absoluta nas abordagens racionais e nos seus limites na tomada de decisões estratégicas. March concorda que as "tecnologias da racionalidade", embora possam ser eficazes em contextos simples e bem compreendidos, muitas vezes falham em ambientes mais complexos e exploratórios. 

"As complexity is increased and temporal and spatial perspectives are extended, returns (both of alternatives that are adopted and of those that are rejected) are likely to be misestimated by huge amounts. [...] There are many instances in which the use of a technology of rationality in a relatively complex situation has been described as leading to extraordinary, even catastrophic, failures."

"The poor record of rational technologies in complex situations has been obscured by conventional gambits of argumentation and interpretation."

Ele enfatiza a tensão entre exploitation (utilizar o que já sabemos) e exploration (procurar novas possibilidades). Metodologias racionais — baseadas em processos de decisão orientados por modelos e dados — são frequentemente ferramentas de exploração que reforçam sucessos passados, mas desencorajam a experimentação e a inovação.

Assim, Block e March chamam a atenção para que metodologias estabelecidas podem limitar a possibilidade de novos resultados transformadores, mantendo assim o "amanhã" idêntico ao "ontem". Depois, não nos podemos queixar... claro que podemos, desde que haja uns trouxas que assumam o prejuízo. Externalizar prejuízos deve ser tão bom!

Que incentivos terão os viticultores para mudarem de vida?


Parte Iparte II e parte III

quinta-feira, setembro 05, 2024

Curiosidade do dia

Os experts:

O anónimo pacóvio da província:

"Podem ter conversa, podem ter fanfarra, podem ter o apoio da comunicação social e do comentariado, mas quando chega a hora da verdade... os contribuintes incham e ninguém se retrata, ao menos podiam retratar-se, mas não, seguem para mais uma vitória eleitoral qualquer."

E pedir a estes "experts" para comentarem as suas ideias de então?

Isso é que era.

É impressionante ...

Há dias numa empresa, durante um intervalo de uma reunião, brincava com um sportinguista dizendo-lhe que o Rubén Amorim já estava a caminho do Benfica. Então, parei e perguntei-lhe com genuína curiosidade: e se as claques do Sporting não tivessem evitado Mourinho como treinador? Ele nunca teria ido para o Porto, ele nunca teria sido campeão europeu no Porto, o mundo da bola em Portugal teria sido muito diferente.

Agora penso no dia 16 de Outubro de 1978 e como o resultado dessa eleição mudou o mundo. O mundo teria sido bem diferente se Karol Wojtyla não tivesse sido eleito papa, se Karol Wojtyla tivesse morrido no atentado de 13 de Maio de 1981.

E se o tiro de Thomas Crooks tivesse acertado em Trump em Julho passado?

É impressionante como o presente pode ser tão diferente por causa de pequenos eventos. Dá que pensar ... em como milhões de futuros potenciais colapsam a cada momento. Será que colapsam mesmo?


quarta-feira, setembro 04, 2024

Curiosidade do dia

"As the midday sun blazed down on Panyu, a suburb in the southern city of Guangzhou, silence took hold. Just an hour earlier had been the sounds of trucks shuffling goods along roads still under construction and whirring sewing machines pumping out clothes.

The garment-making district labelled as "Shein village" for the central role it plays in making clothes sold on the fast-fashion platform — was resting. The workers had vanished underneath their stations before reappearing after a ritual lunchtime nap, common across Chinese workplaces from factory floors to office towers.

...

But going to the heartland of Shein's supply chain, it was clear that its low prices are in spite of, not because of, labour costs, which have been rising in China as the working-age population shrinks and young migrant workers shun factory jobs for the lower-paid service sector.

Factory workers that source to Shein typically get paid between Rmb7,000 ($982) and Rmb12,000 a month, depending on how many clothes they finish. By contrast, the average wage for other blue-collar workers in the area is between Rmb5,500 and Rmb6,500.

Part of the reason the clothes are cheap is, well, because they are cheap. One factory manager held up a baggy dress - probably destined for the US or UK — and joked she would never sell such low-quality clothes to a more discerning Chinese clientele. She says she uses cheaper fabrics for Shein orders than for Alibaba's Taobao, because the domestic platform gives more money to the factories to cover their costs.

Shein has also cut out expensive middlemen by shipping goods directly from warehouses in China to shoppers in the west - a model that also has the benefit of the great majority of its packages bypassing import duties."

"Shein manages supply chain deftly but labour costs are rising fast" no FT de 27.08.2024.

Filtar e priorizar objectivos

Há dias estava a olhar para o "Innovation Project Scorecard" da empresa Strategyzer e a pensar o quão útil poderá ser para, com pequenas alterações, servir de filtro e priorizar objectivos de um sistema de gestão, e respectivas iniciativas, que estejam mais alinhados com a estratégia da organização, garantindo que os recursos são direccionados para projectos que realmente suportam os objectivos globais. Evitando a dispersão de esforços em projectos que, apesar de inovadores, não contribuem significativamente para a direcção estratégica desejada.

Assegura o alinhamento estratégico - requisito das cláusulas 5.2 e 6.2.1.

Considera riscos e oportunidades - requisto das cláusulas 4.1, 4.2, 6.1.

Considera a ligação àctividades criticas, clientes-alvo e parceiros - requisito das cláusulas 4.4, 5.1.2, 4.2,  8.4 e 9.1.2.

Talvez incorporar algumas alíneas relacionadas com obrigações de conformidade, sustentabilidade e obrigação de mensurabilidade.

terça-feira, setembro 03, 2024

Curiosidade do dia

 Li:

""Seen this way, pronatalism is a Ponzi scheme," Merchant and Brown wrote. "It relies on new entrants to produce returns for earlier investors, with the burdens falling most heavily on women, who are responsible for the bulk of childbearing and child-rearing, often without adequate medical care or affordable child care.""

E pensei em fazer uma alteração ao texto:

"Seen this way, pro-immigration is a Ponzi scheme,". "It relies on new entrants to produce returns for earlier investors, with the burdens falling most heavily on immigrants, who are responsible for much of the labor and integration, often without adequate support or affordable services." 

Trecho inicial retirado de "Elon Musk and others urging people to have more kids are essentially calling for a Ponzi scheme, experts say". 

O foco certo (parte III)

"In his book The Icarus Paradox, Danny Miller, ... details how the greatest trigger for organizational failure is success. The most successful organizations start to oversimply processes; become proud, insular, and immune to feedback; and lack the motivation or resources to change. Once highly effective processes, organizations, and leaders start to fail when faced with new technologies and shifting market trends. Miller named this challenge the Icarus paradox, after the Greek god. Icarus became so enamored with the flight enabled by his wax wings that he flew too close to the sun, melting the wings and falling to his death.? Miller offers eye-opening examples of market leaders rising in the markets, becoming so enamored by their own success that they fail to take precautions and then falling swiftly down their S curves.

...

How do we know when we are at point A-the tipping point between success and failure, the point where we need to shift between what we've been doing for our past success and what we need to do for the future? When all is going well, there is no reason for us to believe that our upward trajectory will ever change. The trick, therefore, is to always believe that you are at point A, to constantly scan the horizon for the next curve, even while enjoying your current success."

O consumo de vinho a nível mundial está a cair.

A importação de vinho está a estes níveis.

E a CNA, e os produtores de vinho, com o locus de controlo no exterior, colocam no governo de turno a criação de uma solução (recordar a parte II).

Ontem estava a ver um vídeo no Youtube sobre como desentupir canetas Isograph, e num dos comentários alguém escreveu que já não usava essas canetas há muito tempo porque, entretanto, o desenho por computador passou a ser a norma.

Um velho tema neste blogue: resistir ou abraçar a mudança (versão de 2010).

Nem de propósito, este postal recente de Seth Godin, "Redefining a profession".

A importância do locus de controlo no interior, a adpatação proactiva à mudança, a associação da mudança a oportunidades. A alternativa é a estagnação e o empobrecimento.

E para terminar com a ideia de foco, outro postal recente de Seth Godin, "Write for someone" mas adpatado por mim:

It's so tempting to make wine for everyone.
But everyone isn't going to drink your wine, someone is.
Can you tell me who? Precisely?
What did they believe before they tasted your wine? What do they want, what do they fear? What has moved them to choose a wine in the past?
Name the people you're making wine for. Ignore everyone else.

Parte I e parte II.

Trecho retirado de "Both/and thinking : embracing creative tensions to solve your toughest problems" de Wendy K. Smith, Marianne W. Lewis.

segunda-feira, setembro 02, 2024

Curiosidade do dia

 

O foco certo (parte II)

Já vivo neste país há muitos anos, mas é impressionante como ainda me consigo surpreender com a mentalidade portuguesa. É sempre possível cavar mais um bocado.

Numa empresa liderada por gente com o locus de controlo no interior olha-se para o contexto interno e externo, consideram-se as necessidades e expectativas das principais partes interessadas e tomam-se decisões:
  • continuar como se tem continuado;
  • mudar de mercado;
  • mudar de clientes;
  • mudar de modelo de negócio;
  • fechar e aplicar os recursos noutra coisa.
Gente com um locus de controlo interno acredita que os resultados das suas acções dependem principalmente das suas próprias decisões, esforços e comportamentos, em vez de serem determinados por factores externos como sorte, destino ou a influência de outras pessoas. 

Gente com um locus de controlo interno tende a assumir a responsabilidade pelos seus sucessos e fracassos. Acreditam que as suas acções têm um impacte directo nos resultados. Isso motiva-as a trabalhar mais arduamente e a tomar decisões proactivas para alcançar os seus objectivos.

Gente com um locus de controlo interno sente-se confiante na sua capacidade de influenciar os acontecimentos que são a sua vida. Assumem-se como motoristas, não como passageiros. Há muitos anos, aqui no blogue, usei o termo "folhas levadas pela corrente". Não, não se comportam como folhas levadas pela corrente. Essa autoconfiança faz com que sejam mais resilientes perante os desafios, pois acreditam que podem superar obstáculos com esforço e determinação.

Gente com um locus de controlo interno define metas, planeia e toma iniciativas para alcançar o que deseja, em vez de esperar que as coisas aconteçam por si só ou por intermédio de um "papá".

Gente com um locus de controlo interno são menos propensas a se sentirem vítimas das circunstâncias e mais propensas a buscar soluções para os problemas.

Agora leio "CNA pede audiência urgente ao ministro da Agricultura sobre crise no vinho" e encontro o contrário, um hino ao locus de controlo no exterior:

A CNA pede uma audiência urgente ao ministro da Agricultura, argumentando que a situação "exige uma resposta eficaz do Ministério da Agricultura"​. Este pedido reflecte a expectativa de que uma entidade externa (o governo) tome medidas para resolver os problemas enfrentados pelos produtores, o que é um indicativo de locus de controlo externo.

Os pequenos e médios produtores estão em "situação de desespero" devido às ameaças dos grandes agentes da transformação e do comércio de não comprarem uvas. A confederação menciona que os viticultores são "forçados" a vender as uvas a preços de há 25 anos e a suportar "enormes custos de produção", sugerindo que os produtores sentem que não têm controlo sobre essas condições adversas​. O que querem que o governo faça? Obrigar os "agentes da transformação e do comércio a comprarem uvas"? Obrigar os preços a subirem? Doar dinheiro impostado aos saxões para salvar os viticultores e impedi-los de mudar de vida? O que impede os viticultores de mudarem de vida?

O artigo destaca o "crescente desequilíbrio de poder de mercado entre a produção, a transformação e o comércio", sempre em prejuízo dos pequenos e médios produtores. Este comentário aponta para a crença de que forças externas (o mercado e os seus agentes) são responsáveis pelas dificuldades enfrentadas, em vez de um foco nas possíveis acções internas que os produtores poderiam tomar para mitigar esses efeitos​.

A frase “os agricultores serão obrigados a entregar as uvas ao senhor ministro da Agricultura e ao Governo” é um exemplo de como a CNA coloca a solução do problema inteiramente nas mãos do governo, sugerindo que os agricultores não têm outras opções viáveis além de depender da intervenção governamental​.

Isto é simplesmente doentio. Dificilmente sairemos desta espiral de infantilização de produtores, jornalistas e leitores dos orgãos de comunicação social. Nem a Iniciativa Liberal se atreve a contrariar as CNA's desta vida. 

Quanto ao governo de turno, recordo o ditado: Quem se deita com crianças acorda mijado.

A falta que nos fazem mais suíços e canadianos.

BTW, o artigo começa com:
"Para os agricultores, a "dramática situação do setor" exige uma resposta eficaz do Ministério da Agricultura, não se compadecendo com "paliativos, adiamentos ou silêncios ensurdecedores"."
E paliativos e adiamentos é precisamente o que a CNA está a pedir.

domingo, setembro 01, 2024

Curiosidade do dia

 Ontem no Twitter:

Deixo aqui o link para o Decreto-Lei n.º 22 469, publicado em 11 de Abril de 1933. 



A cláusula van Hallen nas fábricas portuguesas (parte II)

“Red Rabbit” é um termo utilizado em algumas indústrias nos Estados Unidos, particularmente no contexto do controlo da qualidade e dos testes de segurança. Refere-se a um defeito ou anomalia introduzido deliberadamente, utilizado para testar a eficácia da capacidade de um sistema para detetar e responder a problemas.

O que é um “Red Rabbit”?

O principal objectivo de um teste Red Rabbit é avaliar o desempenho e a fiabilidade dos sistemas de inspecção, detecção ou segurança. Ao introduzir um defeito conhecido, a organização pode avaliar se o sistema consegue identificar e tratar corretamente o problema, garantindo que o sistema funcionará adequadamente em situações do mundo real.

Os testes Red Rabbit são normalmente utilizados em indústrias onde a segurança e a qualidade são críticas, como a indústria transformadora, aeroespacial, energia nuclear e farmacêutica. Por exemplo, na produção, uma peça defeituosa pode ser colocada intencionalmente numa linha de produção para verificar se o sistema de controlo da qualidade a sinaliza como defeituosa.

O “Red Rabbit” (o defeito conhecido) é introduzido no sistema e a resposta do sistema é monitorizada. O teste é considerado bem-sucedido se o sistema detectar o defeito como pretendido. Se o sistema não conseguir detectar o defeito, isso indica uma potencial fraqueza no processo de detecção que tem de ser resolvida.

Nunca tinha ouvido falar no termo Red Rabbit. No entanto, agora percebo que já o tinha sugerido na parte I.

"Entrega-se uma nota de 5 euros a quem a vier reclamar com base nesta ficha técnica!"

sábado, agosto 31, 2024

Curiosidade do dia

Enquanto o leilão eleitoral, utilizado por governo e oposição para competir pelo eleitorado, prossegue e se intensifica, a criação de riqueza decorre desta forma (títulos do ECO na última semana):

  • Dispensados 14 fornecedores de leite da marca Pingo Doce. (27.08)
  • Empresas insolventes sobem mais de 9% no primeiro semestre (26.08)
  • Aceleração da economia da Zona Euro adiada para o quarto trimestre (26.08)
  • Empresas portuguesas não deviam tanto à banca desde novembro de 2016 (23.08)
  • Endividamento da economia sobe 15,6 mil milhões de euros no primeiro semestre (23.08)
  • Mais de seis mil trabalhadores foram despedidos em julho em Portugal (23.08)
  • Número de trabalhadores em lay-off mais do que triplica em julho (20.08)
  • Atividade económica desacelera em junho e clima económico diminuiu em julho (20.08)
  • Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte IV)

    No final da parte III volto a insistir num conjunto de teclas que rotulo de  importantes e que costumo referir aqui no blogue sempre que falo em aumentar a produtividade do país:

    Entretanto, encontrei essas mesmas teclas no FT de 29.08.2024 no artigo "Japan must slay its start-up zombies".

    Sempre que penseo em empresas zombies penso num velho esquema que desenhei em 2008:
    Quando se baixa o peço do dinheiro (juros baixos, apoios e subsídios) reduz-se a exigência de rentabilidade, reduz-se o risco, reduz-se a taxa de mortalidade das empresas, mesmo quando não ganham dinheiro, ou seja ficam zombies.

    Se as empresas zombies não morrem, recursos escassos ficam agarrados a projectos condenados a rentabilidades medíocres. No agregado, é o país que não vê crescimento da produtividade. O crescimento da produtividade de um país precisa de "turbulência". Ou seja empresas morrem e libertam recursos para novas empresas.

    "In a courageous bit of cross-platform marketing, the chief executive of Japanese investment bank Nomura has begun appearing in adverts for the country's most aggressive online job-seeking platform, Bizreach.

    ...

    But the message underlying the adverts is unmistakable: corporate metabolism has resumed in Japan after a long dormancy. A system that once inefficiently hoarded human resources is now watching those self-deploy elsewhere. ...

    After decades of resource misallocation, risk-aversion and stagnancy, Japan's job market looks more liquid. Critically, it feels like an environment where start-ups can aspire to recruiting the nation's best people, say managers at venture capital funds.

    All this provides a strong tailwind for the Japanese government, which has invested a great deal of hope and funding into transforming the country's once anaemic start-up scene. It is, on one viewing, a grasp for panacea.

    The ambitions are charged with the faith that start-ups can drive GDP growth and productivity, rescue the country from a long-term innovative tailspin and channel its talent in the right — or at least less wrong - direction. It has a belated, even desperate feel to it, but start-ups now seem to be Japan's core industrial policy.

    ...

    Under heavy government pressure, Japan's three biggest banks have begun offering start-ups loans backed against current and future cash flow, breaking their entrepreneurialism crushing habit of only lending against hard collateral such as the property of a would-be start-up founder.

    ...

    Looming over this success is a coming moment when, if it wants the private sector to come in as a big investor in its start-up market, Japan must confront what it means to have a working capitalist metabolism. [Moi ici: E Portugal também, sabem o que é que isto significa? Deixem as empresas morrer!!!] After decades of holding the cost of money as low as it can go, the country has shown a high tolerance for zombies and a low tolerance for carnage. If private money is to flow, that won't work this time.

    A start-up-driven economy, [Moi ici: O Japão precisa de fazer a transição dolorosa para abandonar 40 anos de estagnação e aposta em start-ups. É o mesmo que Portugal precisa de fazer, mas como a Irlanda, como se ilustra na parte II, acredito que será mais rápido com investimento directo estrangeiro. Mas o ponto principal é que o Japão já percebeu que não é com as empresas actuais que dará o salto. Algo que é bem ilustrado pela figura dos "Flying Geese"] with lots of private investment, only works if participants and overseers accept that failure is as necessary a function of this metabolism as success. Investment in start-ups is driven by a promise of extraordinary returns, but that promise can only be kept if everyone is tested against a pressing threat of demise. For too long, Japan's deflationary economy and ultra-low interest rates meant that low profitability survival was a valid corporate option: that would never - and did neverbring in the VCs and risk capital.

    But Japan is now normalising, and there is a real sense that things are going to break.[Moi ici: Conseguem imaginar como seria ver isto em Portugal? Conseguem imaginar como o discurso do "Ajudem-me, sou um coitadinho, sou uma vítima de uns maus" começava a acabar em prol de um pouco português "keep a stiff upper lip" mas pragmático equacionar se a situação é estrutural ou conjuntural]  The problem with an industrial policy, for all the good intentions, is that it draws legitimacy from the pledge of long-term nurture. Japan will soon see if it has a taste for state-backed destruction."

    Imaginem uma conversa destas em Portugal... imaginem dizer ao filho de cinco anos:

    "- A actuação do vosso ano na Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!"

    Parte I, Parte II, Parte III e Parte IV.

    sexta-feira, agosto 30, 2024

    Curiosidade do dia

     Ontem, enquanto esperava na fila da bilheteira da CP na estação de Valadares, reparava nas paredes a descascar por causa da humidade e da falta de manutenção, falta de restauração, falta de cuidado.

    Recordar a Suíça e a praia da Madalena

    No país das contas certas, com 90% do orçamento dedicado a salários e pensões não dá para mais, mas ao menos podia haver alguém que se importasse, que não ficasse só por picar o cartão, que levantasse a cabeça e pensasse.

    É pedir muito...

    Um anónimo da província acha estranho

    No Jornal de Negócios do passado dia 20 de Agosto li o artigo "Calçado português vai dar "show" na Polónia e faz mira ao Médio Oriente":
    "Depois da Hungria e da Coreia do Sul, lança mais uma ofensiva em busca de novas oportunidades de negócio em mercados pouco tradicionais, tendo marcado para outubro um "Portuguese Shoes Showcase" na cidade polaca de Cracóvia. Seguir-se-ão os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.
    ...
    Para a APICCAPS, a procura de novos mercados é uma prioridade num período conjunturalmente muito complexo, que exige das nossas empresas uma atitude comercial mais agressiva."

    De acordo com "O Calçado no Mundo - Panorama Estatístico 2023" o preço médio de um par de sapatos:

    • Exportado por Portugal - 27,99 USD
    • Importado pela Hungria - 11,50 USD
    • Importado pela Coreia do Sul - 15,62 USD
    • Importado pela Polónia - 15,60 USD
    • Importado pelos Emirados Árabes Unidos - 6,91 USD
    • Importado pela Arábia Saudita - 5,04 USD
    Vamos ao histórico:
    • Junho de 2024 - Sem palavras ... (comparar os preços de importação acima com o poster do postal)
    "Já a Universidade Católica do Porto através do seu Centro de Estudos, no âmbito do Plano Estratégico Cluster do Calçado 2030 alerta que "o esforço de promoção internacional, seja ao nível da indústria, seja ao nível individual, carece de foco geográfico"."

    "Para não concorrer pelo preço baixo, as fábricas portuguesas terão de assegurar encomendas de gama alta, moda e luxo, ou gamas específicas como o calçado técnico. Para isso, é fundamental ter capacidade de resposta a grandes encomendas. [Moi ici: Aqui o anónimo ignorante tem uma perspectiva oposta - Mais pequenas, preços muito mais altos, ligação directa aos consumidores.] O que, por sua vez, obriga a repensar a forma como se trabalha.

    Luís Onofre, presidente da Apicapps, já o disse, na recente entrevista ao PÚBLICO: muita gente vai ter de se mentalizar de que é preciso fazer menos coisas, mas melhores. O que se pode traduzir em menos segmento médio em que o preço baixo é o factor crítico, e apostar em fazer mais para os segmentos mais exigentes."

    Um anónimo da província acha estranho. 

    quinta-feira, agosto 29, 2024

    Curiosidade do dia


    "Common Knowledge is what everyone knows that everyone knows.

    Common knowledge is why coronations and executions are held in public – not so a crowd can see the new king or the hanged man, but so a crowd can see a crowd seeing the new king or the hanged man.
    ...
    Common knowledge is ... why the Romanian government fell in 1989 after a televised protest in Palace Square, ... Common knowledge is also why the 2024 Biden/Harris campaign has collapsed.
    ...
    The dynamics of common knowledge formation are called the common knowledge game. Like all games it has rules. Like all games it has an equilibrium, which is a ten-dollar word that means it has a stopping point. 
    ...
    it didn’t matter that everyone in Hollywood knew that Harvey Weinstein was a rapist. No one’s behavior changed. No one shunned the guy. No actor turned down a role. No politician turned down a donation. His wife didn’t leave him, and his business partners just upped the D&O insurance and paid out settlements. They all knew, and I’m sure they cared a little and shook their heads in a tsk-tsk sort of way, but they didn’t care enough to change their transactional relationships with Harvey Weinstein. Because that’s the thing about private information, no matter how widespread. Even if everyone in the world believes a certain piece of private information, no one will alter their behavior. Behavior changes ONLY when we believe that everyone else believes the information. THAT’S what changes behavior.

    Just like with the Emperor’s New Clothes. Everyone in the crowd possesses the same private information — the Emperor is walking around as naked as a jaybird. But no one’s behavior changes just because the private information is so widespread and so public. Nor does behavior change just because a couple of people whisper their doubts to each other. No, the only thing that changes behavior is when the little girl (what game theory would call a Missionary) [Moi ici: Na minha ingenuidade ainda espero que a Iniciativa Liberal um dia desista de ser o maior partido português e se foque na mudança do país] announces the Emperor’s nakedness SO loudly that the entire crowd believes that everyone else in the crowd heard the news. That’s when behavior changes."

    Na sua essência, common knowledge não é apenas informação partilhada; é informação que toda a gente sabe, toda a gente sabe que toda a gente sabe, e esta cadeia de conhecimento é infinita. Este nível profundo de consciência mútua é crucial na coordenação de acções e expectativas nos grupos sociais. 

    Este balde de água fria agora está a começar a abrir os olhos a mais alguns.

    Trechos retirados de "Joe Biden and the Common Knowledge Game"

    Azeite e bacalhau - sonhos de produtividade

    Weird stuff.

    Já ouviram falar de águas ruças?

    As águas que sobram depois de prensadas as azeitonas durante o processo de produção de azeite são chamadas de águas ruças. Essas águas contêm resíduos da polpa de azeitona, polifenóis, e outros subprodutos do processo de extracção do azeite.

    Quando penso em águas ruças penso em poluição dos cursos de água (excesso de matéria orgânica e de temperatura). As águas ruças são um resíduo (BTW, estranho como é que os resíduos sólidos da produção de azeite são um problema para tratar e os líquidos não dão origem a problemas nos media).

    As águas ruças podem-se beber? Sempre li que não, que são perigosas.

    Muito estranho que o jornal Guardian trouxesse recentemente este artigo "'Nonna Caterina was right': olive oil wastewater heralded as new superfood":
    "Scientists are now turning their attention, however, to the murky, brown and previously discarded by-product of its production – olive mill wastewater (OMW) – and have discovered it may be an even more powerful superfood.

    OMW is left over after olives have been ground and their oil separated – a watery residue squeezed out from the remaining mulch.

    It was previously considered a bit of a nuisance as, if not properly managed, it can contaminate surrounding soil and water, but now it is being commended for its protective and anti-inflammatory potential.

    After hearing reports of olive farmers who had taken to drinking it for health reasons, researchers became intrigued and started investigating the waste product.
    ...
    Fattoria La Vialla, a family-run farm in Tuscany, sells OMW to customers in the UK. It comes in tiny “shot” jars and you can select sweetened or unsweetened."

     Weird!

    Faria mais sentido dar-lhes o mesmo destino que as escamas do bacalhau islandês. Imaginem o salto de produtividade.

    quarta-feira, agosto 28, 2024

    Curiosidade do dia

    Schadenfreude 

    "Sindicato diz que polícias estão "escandalizados" depois de terem visto os seus recibos de vencimento já com os aumentos no suplemento de risco. Descontos levam 50%, garante.

    ...

    “De um recibo de vencimento total de cerca de 400 euros, em média, os polícias estão a receber entre 200 e 250 euros, mediante a sua antiguidade e posição hierárquica. Ou seja, sensivelmente cerca de 50% do que está a ser pago está a ser novamente devolvido ao Governo por via de impostos“, critica o dirigente sindical, mencionando também casos de polícias que deveriam receber um suplemento de 200 euros e o valor final acaba por rondar os 100 euros. Além destes descontos, assegura, os recibos indicam que há outros por processar, incluindo os 3,5% para os subsistemas de Saúde das forças de segurança."

    E depois, quem é que pagava os salários aos polícias, aos professores, aos militares, aos ...? 

    ""Descontentamento" e "revolta" entre os polícias: metade do suplemento de risco vai para impostos, denuncia sindicato"