domingo, setembro 17, 2023

Locus de controlo no interior ao vivo e a cores

"TALK TO GERMAN bosses these davs and sooner or later one will bring up "Buddenbrooks. Thomas Mann's epic tale of the eponymous clan of grain merchants and their demise is required reading in Germany's business circles, as well as its schools. Today it serves as a convenient metaphor for the country's perceived economic decline.
...
Viewed through a tragic Buddenbrookian lens, German decline can seem inevitable. Not to Nicola Leibinger-Kammüller, chief executive of Trumpf, a 100-year-old family company based in Ditzingen, near Stuttgart, which makes industrial tools such as laser cutters and punching machines. In Mrs Leibinger-Kammüller's reading, the Buddenbrooks' downfall was not caused by others. They brought it on themselves, by turning their backs on the virtues of thrift and hard work. [Moi ici: Isto é tudo o que falta na nossa sociedade, este locus de controlo no interior] That leaves a path to redemption. And this, she believes, runs through the Mittelstand, the German economy's enterprising backbone.
The Mittelstand is home to some 3.5m small and medium-sized businesses. They are as diverse as their wares, which range from chainsaws to industrial software. ... Despite this diversity, they share two important things in common. They are relentlessly innovative. And, not unrelatedly, their leaders are, like Mrs Leibinger-Kammüller, less gloomy about Germany's prospects than many of their blue-chip counterparts.
...
If there is a Buddenbrook in the latest chapter of the Mittelstand story, it is the German government. Policy makers and bureaucrats have become too set in their ways, sighs Mr Steil. They seem wedded to red tape and high taxes, and uninterested in supporting innovation. This is leading some Mittelstand firms to sell up or try their luck elsewhere."

Trechos retirados de "Deutschland AG's bright light bulb

sábado, setembro 16, 2023

E na sua empresa, como está a ser aproveitada a AI? (parte III)

Parte II.

"Our case studies, based on our growing global community of over 3,000 GenAI practitioners, point to a new category of work, more precise and actionable than “knowledge work.” We call it WINS Work: the places where tasks, functions, possibly your entire company or industry are dependent on the manipulation and interpretation of Words, Images, Numbers, and Sounds (WINS). Heart surgeons and chefs are knowledge workers but not WINS workers. Software programmers, accountants, and marketing professionals are WINS workers.

GenAI has the potential to be power tools for WINS work. It can generate new prose, computer code, images, narration, music, and videos as well as ingest and summarize, critique, improve, and reformat almost any manner of document or analysis. Every WINS task, subprocess, and end-to-end process within your enterprise (and in many cases the entire enterprise) should be evaluated for potential leverage with GenAI."

Na semana passada estava numa reunião com alguém de uma empresa metalomecânica e discutiam-se objectivos para o sistema de gestão ambiental. 

 - Como se pode reduzir o consumo de óleo por peça produzida? 

Eu, um nabo em metalomecânica, perante o plissar da reunião, fui ao chatGPT e fiz uma pergunta sobre que variáveis influenciam o consumo de óleo numa "stamping operation". E logo recebi uma lista de 10 variáveis que faziam mesmo sentido. E não sou um WINS worker.

Recomendo a leitura de "Where Should Your Company Start with GenAl?" Segundo os autores, as empresas fortemente dependentes do trabalho do WINS devem agir agora para evitar uma concorrência mais acirrada e concorrentes disruptivos dentro de 36 a 60 meses, evitando custos elevados, processos desactualizados, desvantagem de dados, perda de talentos e capital mais caro.

Julgo que os autores não deviam limitar o conselho ao mundo WINS. Ainda na passada segunda-feira o meu parceiro das conversas oxigenadoras contou-me um caso da sua empresa. A empresa tinha uma dificuldade, contactou o fornecedor de há várias anos, e obteve uma resposta da treta. Alguém pesquisou o tema com o chatGPT, obteve uma solução para o problema e arranjou a morada de dois fornecedores alternativos. A empresa do meu parceiro chamou o fornecedor tradicional e explicou-lhe a situação, e disse-lhe qualquer coisa como:

- Se vocês não evoluem, põem-nos a nós clientes em desvantagem.

Acham que um vendedor de componentes assemblados para máquinas industriais é um trabalhador WINS?

O velho engº Matsumoto tinha horror ao que ele chamava "catalog engineers", os vendedores que só sabem recitar o que vem nos catálogos da empresa.


sexta-feira, setembro 15, 2023

Blitzkrieg e relações humanas

Convidaram-me para uma reflexão sobre relações humanas, qualidade e produtividade.

Ao pensar num ângulo de abordagem ao tema lembrei-me da ... blitzkrieg.

A blitzkrieg, ou "guerra relâmpago" em alemão, foi uma estratégia militar desenvolvida e empregue pelas forças armadas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Caracterizava-se por uma abordagem altamente coordenada, rápida e surpreendente, que procurava romper as linhas inimigas e desorganizar as suas defesas de maneira decisiva e eficiente. 

A blitzkrieg foi tão eficaz que, em pouco mais de um mês, em Junho de 1940, as forças francesas pediram um armistício. 

Embora o conceito de blitzkrieg, uma forma de guerra altamente coordenada e rápida utilizada pelos militares alemães durante a Segunda Guerra Mundial, possa parecer não relacionado com o tema das relações humanas numa PME, há uma maneira de estabelecer um paralelo  a partir da relação de confiança e colaboração em ambos os contextos.

No contexto da blitzkrieg, a confiança desempenhou um papel crucial no sucesso das operações militares alemãs. O Alto Comando Alemão teve de depositar uma imensa confiança nos seus comandantes de campo e tropas. Esta confiança foi construída com base em factores como a formação, a comunicação e uma compreensão partilhada dos objetivos. O paralelo aqui é que a confiança dentro de uma PME, embora de natureza diferente, também depende destes factores:

  • Formação e Competência: Em ambas as situações, a confiança é construída com base na competência. O Alto Comando Alemão confiava nos seus comandantes porque acreditava na sua formação e capacidades. Da mesma forma, numa empresa, a confiança é construída quando os funcionários são bem treinados e competentes nas suas funções.
  • Comunicação Eficaz: A comunicação eficaz foi vital para o sucesso da blitzkrieg. O mesmo princípio aplica-se ao ambiente de uma empresa. A comunicação aberta e clara entre os membros da equipa, departamentos e liderança é essencial para construir confiança e garantir que todos estão alinhados com os objectivos da empresa.
  • Objectivos Compartilhados: Na blitzkrieg, todos compreenderam o objectivo geral: vitórias militares rápidas e coordenadas. Da mesma forma, numa PME, todos os funcionários precisam compreender a missão, os valores e as metas de qualidade da empresa para trabalharem de forma colaborativa em direção a um objectivo comum.
  • Empoderamento: Os comandantes de campo alemães na blitzkrieg muitas vezes recebiam autonomia para tomar decisões no calor da batalha. Numa PME, capacitar os funcionários para tomarem decisões dentro das suas áreas de responsabilidade pode levar a um aumento da confiança e da propriedade do processo de produção.
  • Responsabilidade: A confiança em ambos os contextos é reforçada quando indivíduos e equipas são responsabilizados pelas suas ações e desempenho. Seja no campo de batalha ou numa PME, a responsabilização garante que todos trabalhem em prol dos mesmos objectivos.
  • Orientação para resultados: Em última análise, a confiança é reforçada pela realização consistente dos objectivos. Na blitzkrieg, tratava-se de vencer batalhas e, numa PME, trata-se de produzir produtos de alta qualidade com eficiência.

quinta-feira, setembro 14, 2023

Relacionar pessoas e desempenho nas organizações

Um artigo interessante na MIT Sloan Management Review deste Outono, "Identify Critical Roles to Improve Performance" de Boris Groysberg, Eric Lin, Abhijit Naik, e Sascha L. Schmidt. Em linha com o que aprendemos e desenvolvemos há quase 20 anos na perspectiva dos recursos e infraestruturas do mapa da estratégia de um balanced scorecard.

"Talent can be a source of competitive advantage only if great people are in the most critical roles. Having stars in jobs that aren't critical is just a waste of talent. [Moi ici: Este trecho não sublinhado fez-me recordar o valor da morte, do qual saltei para a monotonia dos Brothers Dawn, Day e Dusk da série Foundation]

It's accepted wisdom in strategy execution that focused application of concentrated strength - identifying, developing, and leveraging critical capabilities - is required for success. Yet until these capabilities are translated into specific roles, with systems in place to ensure that high-quality employees occupy such positions, a strategy is just an intention

...

Every organization or function is similarly likely to have its own underappreciated roles. While the sales team may land the account, it could be the service department that keeps that account renewing each year.

Talent scarcity matters, too.

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In critical roles where exceptional talent is scarce, having performers in such roles is doubly important.

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Moving people through different settings not only gives them a chance to develop and grow, it also enhances the data, allowing more precise measurements of the impact of roles and the people performing them.

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The hallmark of a good strategy is one where the sources of competitive advantage are interlocked with other strategic commitments, making it difficult to copy. Finding key roles and building an organization around those roles may be more defensible than finding hidden stars, since the strategic advantage is tied to how organizations support these roles and develop pipelines to fill them.[Moi ici: O que é isto senão o que faz o empreendedor. Recordar a effectuation. Trabalhar com o que se tem à mão (Bird in Hand Principle)]

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Strategy is about defining how to win - it requires committing to capabilities that are unambiguously the best in class. But no company can be the best at everything; a winning strategy requires focus and a keen awareness of what roles are disproportionately critical - and investing appropriately. Failing to acknowledge this puts the entire strategy at risk. By translating abstract capabilities into concrete jobs, organizations are much better positioned to make their strategies a reality.

Leaders can take a page from the soccer playbook and consider the following lessons for their own organizations: Know your critical roles and where you need to invest. Despite being a less visible role, defenders matter more than other positions for winning soccer games. Insight into where difference-making roles exist should guide attention and investment when it comes to recruiting, developing, and retaining talent. While it is important to know your key contributors, it is just as important to know where you have deficits in critical roles.

Additionally, critical roles may change over time. As the competitive landscape evolves, difference-making positions can also change. Winning consistently requires monitoring not only what the critical roles are but how they might be shifting. [Moi ici: E voltamos ao papel da morte]

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Having insight on critical roles may not only inform your strategy - it may be a source of competitive advantage in itself."

quarta-feira, setembro 13, 2023

"Want to Solve a Big Problem? Start Small"

"If you want to solve a big problem, it's often best to start out thinking small.
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found a way to make progress toward that goal by solving smaller problems first.
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The key is to identify a problem that is big enough to matter but small enough to be solved.
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Our initial problem phrasing is open-ended enough to permit many possible answers. A common mistake is to embed a single answer in the question. For example, 'How do I create a mobile application to reduce food waste?' This assumes that the answer is a mobile app. We rephrase that to say, 'How do I reduce food waste?'
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Always remember: closed questions reduce your chances of being creative by suggesting there is a single 'correct' solution to your problem. Open questions give you more choices for creative solutions. This is true even as you narrow down your question.
Once vou've decided on vour open-ended 'how' question, you can test whether it's too broad or narrow. To do this, think of an upside-down pyramid. Up top, at the widest level, you have the huge problem. At the bottom, the narrowest level, you have a tiny problem, and in between are different gradations. You move up or down the pyramid, making your problem wider or narrower, until you find the right level. I call this Step Analysis: 'Step up' to widen your problem. 'Step down' to narrow it. Step up and your solution makes a bigger impact, but it's harder to solve; step down and your solution makes a smaller impact, but it's easier to solve."

Trecho retirado de "Want to Solve a Big Problem? Start Small" publicado na Rotman Magazine deste Outono

Relacionar com "How You Define the Problem Determines Whether You Solve It

terça-feira, setembro 12, 2023

About wild problems

"A lot of wild problems can give us butterflies and make our hearts ache. Knowing which path is the best one can’t be answered until we arrive in that distant land known as the future, a land we know fully only when we arrive. That tends to unnerve us. Lacking nerve, we procrastinate.

...

But the big decisions we face in life, the wild problems—... —these big decisions can’t be made with data, or science, or the usual rational approaches.

I was trained as an economist at the University of Chicago. We were taught that economics is the guide to making rational choices in life. We were taught the importance of trade-offs and what is called opportunity cost—what we give up when we choose one thing over another. We were taught that everything has a price—everything involves giving up something to have something else. Nothing is of infinite value. I have come to believe that when it comes to the big decisions of life, those principles can lead us astray."

Trechos retirados de "Wild Problems" de Russ Roberts.

segunda-feira, setembro 11, 2023

E as exportações?

No JN de Sábado passado pude ler "Exportações caem mais de 10% em julho".

10%?! É muito!!!

Ah! Comparam o mês de Julho de 2022 com o mês de Julho de 2023.

E o acumulado? Cai cerca de 1,2%.

O JN escreve:

"As exportações portuguesas registaram em julho uma quebra de 10,6% face ao mesmo mês do ano passado, recuando de 7,16 mil milhões de euros para 6,4 mil milhões. A venda de bens para Espanha e para o Reino Unido foram as mais penalizadas, com menos cerca de 300 milhões de euros. Os combustiveis, os químicos e os têxteis foram os bens com maior quebra. As estatísticas do comércio internacional divulgadas ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que são os países da União Europeia que estão a afundar as exportações portuguesas. As vendas para o espaço comunitário caíram 424 milhões de euros, o que traduz uma descida de 8,8% face a julho de 2022.

A maior quebra foi registada no mercado espanhol, com menos 181 milhões de euros (10%) vendidos. A estagnação das economias europeias também se repercutiu nas exportações para Itália (menos 20%), Países Baixos (menos 17%) e Alemanha (menos 9%).

No comércio extracomunitário, a maior redução ocorreu com o Reino Unido"

De seguida a nossa habitual tabela que compara evolução dos valores acumulados homólogos: 

Interessante a heterogeneidade sectorial da evolução. Se retirarmos os combustíveis e lubrificantes as exportações globais estão a crescer quase 4%.

Nos próximos meses vai-se juntar o impacte dos números da Autoeuropa.

BTW:

  • as exportações do calçado estão quase iguais às do ano passado
  • o desemprego no calçado foi o que mais subiu em Portugal (mais de 15%)
  • vejo muita, mas mesmo muita heterogeneidade no sector (empresas que fecham e empresas cheias de trabalho)
  • o que se passa: impacte da inflação no volume de vendas? crescimento da subcontratação no Brasil e Marrocos?

domingo, setembro 10, 2023

Futurizemos

O Portugal que conhecemos com as suas tradições e cultura vai mudar muito, mesmo muito:



Estão a imaginar os activos, portugueses ou imigrantes, a suportar os inactivos nesta quantidade?


Gráficos retirados de Boletim Económico do Banco de Portugal (Junho de 2023)

sábado, setembro 09, 2023

Um mindset diferente

Há anos escrevi sobre o caso da VW e a Deutsche Post, Mongo a bater à porta. Tão bom!!! 

Recordei logo ao ler "Six Mindsets to Help You Change the World" de John Mullins e publico no número de Outono da Rotman Magazine:

"MINDSET 1: Yes, We Can!

When a customer asks an entrepreneur to do something that they are not currently doing for them, the answer isn't, Sorry, we don't offer that'; instead they say, "'Yes, we can!' Then they figure out how to deliver on the promise.

Big companies almost never do this. Broadly speaking, leaders are advised to 'stick to their knitting': They are supposed to know what their organization's core competencies are, nurture them and do what they can to make them more robust. If a customer asks for something outside the box, they say, 'No, I'm sorry, we don't offer that.'

...

MINDSET 2: Problem-First, Not Product-First Logic 

Big companies are obsessed with their products, to a fault in some cases. Take for example, the laundry detergent category. My family and I have I used Tide detergent for many years, and every time a new brand manager comes along, they tweak the product: They might add green speckles to the powder, change the scent slightly or add more water so the liquid soap pours easier. Does any of this count as innovation? I don't think so. Entrepreneurs like Jonathan Thorne, in contrast, start with a customer problem. Thorne, the founder of Silverglide Surgical Technologies, had developed a technology that stopped the surgical instruments used in medical procedures from sticking to human tissue. He asked himself, 'What are the most common sticky-tissue problems?'

...

MINDSET 3: Think Narrowly, Not Broadly, About Your Markets 

Big-company wisdom is straightforward: 'If we're going to trydoing something new, it has to be for a big market.' Any new product or service has to be big enough to 'move the needle' for the company. Otherwise, why bother? The best entrepreneurs, on the other hand, don't worry about how big the target market is at the outset. They realize that if they build a foundation in a narrow market from which they can learn, good things will happen. They start out thinking narrowly, not broadly. After all, it's far easier to solve the problems of a narrowly defined target market than to make one product that attempts to serve all."

sexta-feira, setembro 08, 2023

E na sua empresa, como está a ser aproveitada a AI? (parte II)


Consultei o 2023 Tech Trends Report Executive Summary e fiquei fascinado com esta tabela e as previsões sobre a relevância da AI já no curto-prazo:


"More and more leaders see AI as necessary for growth in the current macroeconomic environment, even as new developments make some job categories obsolete. In nearly every industry, AI will serve as a force multiplier for growth, bringing efficiencies, better tracking, business intelligence and assistance with decision-making. As training costs decline, more applications will be built. Spending on AI systems and hardware is likely to explode this decade, creating significant enterprise value.
...
HOW TO PREPARE: We recommend that chief strategy officers in every field develop a solid understanding of AI to engage more closely with the C-suite to develop a cohesive point of view on digitalization, augmentation and automation-and develop strategic plans. Importantly, businesses should keep abreast of emerging regulations that could restrict the use of consumer data, algorithms or generative AI systems. Risk models should be developed to determine plausible near-futures, so that leaders can adjust their strategies accordingly."
Trechos retirados de "The Tech Trends Every Leader Needs to Understand" de Amy Webb na revista Rotman deste Outono.

quinta-feira, setembro 07, 2023

Vamos ver qual é o passo seguinte

Recordo muitas vezes uma série de documentários semanais que passaram na RTP nos anos oitenta e que divulgavam o conteúdo do livro "A Terceira Vaga" de Heidi e Alvin Toffler.



Por exemplo, foi nesse livro que li pela primeira vez a referência à "cottage industry" (aquilo a que chamamos hoje de teletrabalho). Dos documentários recordo um episódio em que os autores, de certa forma, "gozavam" com as instituições que herdámos do século XX e que não acompanham o ritmo da vida no século XXI. Por que o trago aqui? 

"Em contraste, houve um conjunto de profissões nas quais o decréscimo das ofertas de emprego superou a fasquia dos 90% trabalhadores manuais de artigos têxteis, couro e materiais similares, trabalhadores de vidro de ótica, salineiros, fogueteiros, revestidores manuais e escolhedores, trabalhadores qualificados da floresta e similares, técnicos e assistentes de veterinários, operadores de máquinas para o fabrico de produtos têxteis, de pele com pelo e couro.
O setor do couro, vestuário e têxtil tem sido dos mais afetados pelo desemprego, o que é explicado pela quebra das encomendas motivada pela conjuntura internacional."

Ontem, no mesmo ECO li "Novo contrato coletivo no setor do calçado aumenta salários em 4,2%".

Acrescento os dados sobre o crescimento homólogo do desemprego em Julho, publicados pelo IEFP, e que referem um crescimento superior a 15% no sector "Indústria do couro e dos produtos do couro".

Num momento de retracção da procura, de encerramento de empresas, aumenta-se o salário. Se é para desbastar o sector e matar as empresas menos produtivas, é uma opção política. Se é para depois aplicar a ajuda do Chapeleiro Louco... mal!!!

Recordar Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!

quarta-feira, setembro 06, 2023

E na sua empresa, como está a ser aproveitada a AI?

Na semana passada, talvez na quinta-feira, já não tenho a certeza, o chatGPT esteve inoperacional. Por curiosidade fui ver se aparecia nas tendências do Twitter em português... e nada.

Sintomático...

Sempre que penso em AI penso nas palavras de Kasparov:

"Algures li uma afirmação de Kasparov que dizia que um grande mestre perdia sempre contra um supercomputador, mas que um jogador mediano com um computador mediano, juntos batiam sempre o supercomputador."

Na revista Rotman deste Outono em "ChatGPT: What Leaders Need to Know" encontro: 

"Curt Nickisch: In late 2022, people started talking about how ChatGPT was poised to change work as we know it. What is so special about this technology?

Ethan Mollick: ChatGPT-3, which is the base generation of this technology, was around for about a year, and it was okay. It worked at or near the level of a D-minus student. But we have since crossed a threshold of ability that has made ChatGPT incredibly useful. It can now achieve the output of a B-minus student. And if you use a more advanced model like the one on Microsoft's Bing search engine, you can achieve the level of an A-minus student. This represents radical progress in a very short period of time.

...

CN: What kind of opportunities does this open up for companies?

EM: There is no rulebook or manual to work from, so you have to explore for opportunities yourself. As indicated, this AI is really good at writing computer code and common documents like memos or reports. If you need to write a letter of recommendation or a performance review, it will do an amazing job. But when you start to incorporate the Bing version or some of the other new AIs coming our way, you'll be able to get it to do complex, multi-layered tasks. For example, you'll be able to say, 'Look up everything about the precision agriculture industry and give me a table showing the growth rates for each company along with their strengths and weaknesses, using the perspective of Michael Porter's Five Forces Model.' This type of request could save someone up to 12 hours of work and provide a document that they can build on - because as good as it is, you do still have to check Al's work."

A verdade é que entre Maio e Agosto últimos estive envolvido num projecto usando AI e foi impressionante o ganho em produtividade.

E na sua empresa, como está a ser aproveitada a AI?

Ainda na mesma Rotman deste Outono em "ChatGPT: What Leaders Need to Know":

"SP: Gillian, Do you think this technological moment is different from previous ones?
GH: I do. What is critical here is the speed with which AI transforms entire markets. For example, in the legal domain, I've seen how, in just a few minutes, tools like ChatGPT can do what it would usually take a week for a lawyer to do. That is going to be very disruptive, and the potential scale is massive. Because it's a general purpose technology, it can and will show up everywhere."

Ainda na mesma Rotman deste Outono em "ChatGPT: What Leaders Need to Know":

"You can't call up a consulting company and ask them how to implement ChatGPT across your company, like you would with Salesforce or some other system application. Over time, there will be more organizational applications, but so far, the main story is at the individual level. And people are using it. I guarantee you, there are secret users of ChatGPT in every organization who have cut their workload by two thirds and don't want to tell anyone about it. I'm hearing examples all the time. It's easy to get started; you just need to spend an hour or two learning how it works and what it's good and bad at.

I've talked to tons of people who are big fans. First of all, virtually everyone in programming is using it to help with coding. They've switched over from Stack Exchange to ChatGPT. But increasingly I'm talking to managers who have just automated tasks like performance reviews, grant applications or regulatory compliance. This is a general-purpose technology, as its name suggests."

Uma pena

 "The only thing that makes life possible is permanent, intolerable uncertainty: not knowing what comes next.

-Ursula K. Le Guin, The Left Hand of Darkness

Human beings are not born once and for all on the day their mothers give birth to them, but that life obliges them over and over again to give birth to themselves. 

- Gabriel García Márquez, Love in the Time of Cholera

The need for certainty is the greatest disease the mind faces.

-Robert Greene, Mastery"

 Pena que cada vez mais menos empresários saibam lidar com a incerteza. Julgo que Schumpeter terá escrito que sem incerteza, sem o risco a ela associado não há razão para haver lucro. 




terça-feira, setembro 05, 2023

Por que não compram um cão?

Em "CIP quer soluções para proteger economia face à paragem de produção na Autoeuropa" pode ler-se:
"A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) apelou esta segunda-feira ao Governo para que acompanhe a paragem de produção de nove semanas da Autoeuropa e adote as soluções necessárias para proteger a empresa e a economia da região de Setúbal.
"A CIP apela ao Governo para que acompanhe esta situação [na Autoeuropa] de perto, procurando as soluções que melhor protejam a empresa e toda a atividade económica na região de Setúbal", refere um comunicado divulgado esta segunda-feira pela confederação empresarial."

País de bebés, incapazes de sobreviver numa economia moderna sem o apoio pedo-mafioso do governo de turno.

Triste país condenado a ter uma classe empresarial medrosa e sempre dependente do poder para a proteger da vida real.  

Reflexões sobre o balanced scorecard (parte I)

O amigo @pauloperes chamou-me a atenção para um artigo recente de Roger Martin que me tinha escapado, "Balanced Scorecard & Playing to Win". 

O artigo faz-me pensar em vários temas. Vamos ao primeiro:

"On this front, Balanced Scorecard has features that I like. It drives away from employing a singular metric, which protects against surrogation. And it is reflective of the reality that no organization can be usefully guided by a singular measure.

My advice is to make the measures at least partially conflictual because that will drive you to be cleverer in your choices."

 Procuro que esta abordagem seja seguida quando se definem os indicadores de desempenho de um processo. Por exemplo, um processo chamado "Desenvolver Amostra".

Qual a finalidade do processo?

  • Desenvolver amostras que os clientes aprovam e se convertem em encomendas.
Mas é fácil ganhar encomendas, basta apresentar um preço a perder dinheiro. 

Então, qual a finalidade do processo?

  • Desenvolver amostras que os clientes aprovam e se convertem em encomendas com margens atraentes.
Claro que falta definir o mínimo a partir do qual a margem é considerada atraente. 
Mas pode acontecer que os clientes só aprovem a partir da quarta ou quinta iteração de amostras e isso reduz a produtividade do sector de amostras.

Então, qual a finalidade do processo?

    • Desenvolver amostras rapidamente, que os clientes aprovam e se convertem em encomendas com margens atraentes.
    Esta finalidade obriga a um equilíbrio, a um balancear de prioridades que evita, ou minimiza batotas.

    Continua.

    domingo, setembro 03, 2023

    Volume é Vaidade, Lucro é Sanidade - sempre

    Não conheço a marca, escrevo só com base na minha experiência.

    "Madison Reed has just announced its expansion into WalmartWMT stores nationwide. "My belief is that great quality prestige salon products should be made available to everyone, and certainly, given the magnitude of the shopper traffic that Walmart receives, they are a key U.S. retailer," said Amy Errett, CEO and founder of Madison Reed. In an interview, she further explained how the partnership with Walmart will allow greater access to high-quality hair care products with Smart 8-Free and Leaping Bunny Certified formulas for customers wherever and whenever they need it."

    Trecho retirado de "Madison Reed, America's Best Loved Hair Color Brand, Expands Into Walmart

    Como conciliar "America's Best Loved" e "great quality prestige" com prateleiras "everyday low-price"?

    Recordar a Raporal em A prova do tempo... tudo por causa de um Pingo Doce.

    sábado, setembro 02, 2023

    Portugal vs Finlândia

    O parceiro das conversas oxigenadoras anda a publicar uns postais sobre a Finlândia. Fiquei curioso.

    • Qual a evolução do PIB per capita?
    • Que tipo de exportações?
    • Que complexidade económica?
    Comparemos Portugal e Finlândia.
    Em 1970 o PIB/capita português era cerca de 36% do finlandês.
    Em 1987 o PIB/capita português era cerca de 25% do finlandês.
    A partir deste século o PIB/capita português passou a ser cerca de 47% do finlandês.

    Finlândia - Perfil de exportações em 2021:
    Portugal - Perfil de exportações em 2021:
    Finlândia - Complexidade das exportações
    Portugal - Complexidade das exportações

    sexta-feira, setembro 01, 2023

    Falta a parte dolorosa da transição (Parte V)

    Parte I, parte II e parte III e parte IV. 

    "The door to new ways of thinking does not open easily, and it is the tension in the room that actually becomes the key. The tension points to where the resistance or doubt resides. Discussing the tension makes insight and resolution possible. If we can see the tension as energy and go toward it, big insights will follow. If we manage around it, we risk losing the day"

     Como não recordar Nassim Taleb e o seu "stressors are information" sem stress ... não se muda.

    Trecho retirado de  "Flawless consulting".

    "Faith comes from what is heard"

    ""Faith comes from what is heard". 

    ...

    In other words, in faith the word takes precedence over the thought, a precedence that differentiates it structurally from the architecture of philosophy. In philosophy the thought precedes the word; it is after all a product of the reflection that one then tries to put into words; the words always remain secondary to the thought and thus in the last resort can always be replaced by other words. Faith, on the other hand, comes to man from outside, and this very fact is fundamental to it. It is-let me repeat-not something thought up by myself; it is something said to me, which hits me as something that has not been thought out and could not be thought out and lays an obligation on me.

    ...

    Faith cannot and should not be a mere product of reflection. The idea that faith really ought to arise through our thinking it up for ourselves and finding it in the process of a purely private search for truth is basically the expression of a definite ideal, an attitude of mind that fails to recognize the intrinsic quality of belief, which consists precisely in being the reception of what cannot be thought out-responsible reception, it is true, in which what is heard never becomes entirely my own property, and the lead held by what is received can never be completely wiped out, but in which the goal must be to make what is received more and more my own, by handing myself over to it as the greater.

    ...

    Philosophy is by its nature the work of the solitary individual, who ponders as an individual on truth. A thought, what has been thought out, is something that at any rate seems to belong to me myself, since it comes from me, although no one's thinking is self-supporting; consciously or unconsciously it is intertwined with many other strands. The place where a thought is perfected is the interior of the mind; thus at first it remains confined to me and has an individualistic structure. It only becomes communicable later, when it is put into words, which usually make it only approximately comprehensible to others. In contrast to this the primary factor for belief is, as we have seen, the proclaimed word. While a thought is interior, purely intellectual, the word represents the element that unites us with others. It is the way in which intellectual communication takes place, the form in which the mind is, as it were, human, that is, corporeal and social."

    Joseph Ratzinger, 1969