sábado, março 04, 2023

Inflação e desemprego industrial (parte II)

Ainda a propósito de Inflação e desemprego industrial estes trechos do JdN de 28.02 passado no artigo "Empresas portuguesas mais optimistas, na UE não":

Sinais mistos sobre andamento da economia 

O resultado dos inquéritos de conjuntura da Comissão Europeia não era o antecipado pelos analistas.

"A estabilização do indicador de sentimento económico em fevereiro contrasta com as subidas expressivas do PMI e confirma que a economia europeia vai ter sérias dificuldades este ano", comenta Andrew Kenningham, da Capital Economics. Recorde-se que a atividade empresarial da Zona Euro, medida pelo índice PMI (divulgado na semana passada) acelerou em fevereiro para um pico de nove meses, sugerindo um crescimento económico do início do ano."

E de ontem, "Eurozone economy expands at strongest pace since June 2022". 

sexta-feira, março 03, 2023

Um PRR, uma ideia de aeroporto e um grupo de políticos entram num bar

"The construction of the Sydney Opera House was an outright fiasco. Setbacks piled up. Costs exploded. Scheduled to take five years to build, it took fourteen.

The final bill was 1,400 percent over the estimate, one of the largest cost overruns for a building in history.

...

The key force behind the opera house project was Joe Cahill, the premier of the state of New South Wales. Cahill had held office for many years and was ill with cancer. Like so many politicians before and since, his thoughts turned to his legacy. And like other politicians before and since, he decided that the public policies he had ushered in were not enough, that his legacy must take the tangible form of a grand building. But Cahill's Australian Labor Party colleagues did not share his dream. New South Wales faced a severe shortage of housing and schools, and pouring public money into an expensive opera house struck them as folly.

Facing a classic political dilemma, Cahill chose a classic political strategy: He lowballed the cost, helped in part by an estimate prepared for the contest judges that simply filled the large blanks in the plan with optimistic assumptions and concluded that Utzon's design was the cheapest of the leading contenders.

And Cahill rushed the process. He decreed that construction would start in February 1959, whatever the state of planning. Not coincidentally, an election was due in March 1959. He even instructed his officials to start building and "make such progress that no one who succeeds me can stop this. It was the "start digging a hole" strategy discussed in chapter 2. And it worked for Cahill. By October 1959, he was dead, but the opera house was alive and under construction -although no one knew precisely what they were building because the final design had not been decided and drawn."

Trechos retirados de "How Big Things Get Done" de Bent Flyvbjerg.

quinta-feira, março 02, 2023

Inflação e desemprego industrial

Inflação e desemprego industrial.

Primeiro, a inflação. Nos últimos meses tenho pensado num título que recordava ter ouvido citar há vários anos. Ontem pesquisei-o e cheguei a "Give Sam Walton the Nobel Prize" e encontrei o que procurava:

"The world's largest retailer, Walmart shrugs off the controversy for a simple reason: The stuff it sells is cheap. Beyond its immense buying power (which sucks profit margins from suppliers), its incredibly efficient logistics systems and sourcing from low-wage foreign labor allow Walmart to drive down the cost of making and shipping many of its products. And Walmart is only the most visible example of a far bigger phenomenon: Globally, even in places thousands of miles from the nearest blue-shirted greeter, more efficient production and transportation are reducing the prices of many of the basic goods purchased by the world's poorest people. If that's rapacious, Walmart-style capitalism, let's have more!

...

Walmart’s low prices come in part from relying on efficient production in developing countries. Of course it isn’t just Walmart’s procurement agents who are buying cheap stuff from Asia; pretty much the whole world is, including retailers from Bangalore to Bangui. That’s because manufacturers in China, India, and elsewhere have become particularly adept at producing low-cost versions of goods demanded by "bottom of the pyramid" consumers — otherwise known as the world’s poorest people."

Agora pensem no que acontecerá se a globalização der lugar à desglobalização, der lugar ao nearshoring e ao reshoring como temos referido ao longo dos anos aqui no blogue. O regresso da inflação provocado pelo aumento dos custos de produção (mão de obra mais cara e sistemas de produção menos eficientes).

Agora pensem no que acontecerá se a globalização der lugar à desglobalização, der lugar ao nearshoring e ao reshoring como temos referido ao longo dos anos aqui no blogue. Uma certa reindustrialização do Ocidente:

Uma das Consequências da reindustrialização em curso (Fevereiro de 2023) será o aumento da procura por operários, por colarinhos azuis. Por isto, e por causa da política de imigração de Trump/Biden os salários dos colarinhos azuis nos Estados Unidos têm aumentado muito acima do resto do mercado de trabalho.

"Typically, the working class and blue-collar workers are the most impacted in challenging economic climates. However, this time, it's different. The wealthy and high-paid, whitecollar professionals are facing what is being called a "richcession," according to the Wall Street Journal."

quarta-feira, março 01, 2023

"Just do it!"

 Na segunda-feira publiquei aqui no blogue, "a hypothesis waiting to be tested":

"There's a failure to understand that you can run an organization thinking like a scientist. By that I mean, just recognizing that every opinion you hold at work is a hypothesis waiting to be tested. And every decision you make is an experiment waiting to be run.

So many leaders just implement decisions. It's like life is an A/B test, but they just ran with the A, and didn't even realize that there was a possible B, C, D and E. Too many leaders feel like their decisions are permanent."

 Entretanto, li mais uns trechos retirados de "How Big Things Get Done" de Bent Flyvbjerg e que julgo que encaixam bem com os sublinhados acima:

"A preference for doing over talking -sometimes distilled into the phrase "bias for action" - is an idea as common in business as it is necessary. Wasted time can be dangerous. "Speed matters in business," notes one of Amazon's famous leadership principles,

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however, that Bezos carefully limited the bias for action to decisions that are "reversible." Don't spend lots of time ruminating on those sorts of decisions, he advises. Try something. If it doesn't work, reverse it, and try something else. That's perfectly reasonable.

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When this bias for action is generalized into the culture of an organization, the reversibility caveat is usually lost. What's left is a slogan - "Just do it!"

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we found that managers feel more productive executing tasks than planning them," ... "Especially when under time pressure, they perceive planning to be wasted effort." To put that in more general behavioral terms, people in power, which includes executives deciding about big projects, prefer to go with the quick flow of availability bias, as opposed to the slow effort of planning."

terça-feira, fevereiro 28, 2023

Nunca deixaram de ser crianças

A parábola do filho pródigo é uma das passagens dos Evangelhos (Lc 15, 11-32) que mais me toca.

O filho mais novo pede a sua parte da herança ao pai e viaja para longe onde acaba por dissipar toda a riqueza. A fome leva-o a trabalhar como guardador de porcos. Inveja as alfarrobas que dão aos porcos, mas que ele está impedido de comer. Então, dá consigo a pensar que os criados em casa do seu pai são muito melhor tratados. Reconhece que já não pode ser tratado como filho, mas decide regressar a casa do pai para lhe pedir trabalho como criado. Ainda ele vinha longe e já o pai, que estava num ponto alto a ver se ele regressava, começou a correr ao seu encontro. E quando o filho começou a enunciar o discurso de arrependimento, tantas vezes ensaiado ao longo da viagem de regresso, o pai sufocou-o com um forte abraço e ordenou aos criados que se fizesse uma grande festa porque o seu filho que estava morto regressou à vida. O amor incondional deste pai sempre me fascinou. E ainda para mais um pai que não cobra vantagem.

Há dias terminei a leitura de um livro muito bom, "Paciência com Deus - Oportunidade para um encontro" de Tomás Halík.

Halík acrescenta-me uma outra dimensão a esta parábola.

O pai tinha um outro filho, o mais velho. Quando esse filho ao final do dia chegou a casa cansado do trabalho e ouviu a música e os risos da festa, foi informado por um criado acerca sua origem. E zangado, recusou-se a ir a essa festa. Então, o pai vem ter com ele e insta-o a participar na festa porque o irmão dele estava morto e regressou à vida. O filho mais velho responde-lhe que sempre trabalhou para o pai e ele nunca matou um vitelo para que ele fizesse uma festa com os amigos. O pai responde-lhe dizendo-lhe que o que ele tem também pertence ao filho.

Halík associa o filho mais novo aos que procuram a liberdade, fazem asneiras, mas crescem, tornam-se adultos, e o mais velho aos que obedientemente prezam a ordem, mas continuam com mentalidade infantil, superficial.

Halík que escreve um livro de teologia acredita que a Igreja precisa dos dois filhos que se complementam.

E dei comigo a pensar em algumas empresas familiares que não passam da segunda geração porque os filhos sempre foram obedientes executantes, bons paus mandados, e nunca conheceram outra realidade, nunca cresceram, nunca desenvolveram a liberdade, nunca deixaram de ser crianças.

E dei comigo a relacionar a falta de liberdade com o tema de ontem no blogue, a falta de plasticidade mental para testar e pôr em causa o que funciona antes que o contexto o torne obsoleto.

Agora anda na moda salientar o alto teor de importações nas exportações para justificar a necessidade de substituir essas importações. Eu penso de forma diferente. Esse alto teor é um sintoma do baixo valor acrescentado do que fazemos. Focar na origem das importações é a mesma doença do foco na distribuição da pouca riqueza gerada em vez do foco na criação de riqueza. Focar nas importações é a mesma fixação de querer aumentar a produtividade à custa da redução dos custos em vez do aumento do preço através do aumento do valor acrescentado. E nós como comunidade precisamos tanto disso… sintoma dessa doença é ler um jornal supostamente económico e perceber que é escrito na óptica do consumidor. 

Falta-nos a plasticidade para transformar as escamas do bacalhau ou as folhas de videira em activos valiosos, falta-nos a liberdade mental para experimentar. Claro que é fácil para mim escrever estas coisas… solidarizo-me com os empresários que têm sempre o sócio parasita, o estado, que colhe sem semear, haja safra ou não. Também eu já fui assim, medroso por causa do estado. É mais vantajoso no curto prazo ter dívida do que capital, mas no longo prazo não se têm graus de liberdade.

segunda-feira, fevereiro 27, 2023

"a hypothesis waiting to be tested"

"There's a failure to understand that you can run an organization thinking like a scientist. By that I mean, just recognizing that every opinion you hold at work is a hypothesis waiting to be tested. And every decision you make is an experiment waiting to be run.
So many leaders just implement decisions. It's like life is an A/B test, but they just ran with the A, and didn't even realize that there was a possible B, C, D and E. Too many leaders feel like their decisions are permanent. [Moi ici: E ignoram aquela lição de vida - O que é verdade hoje, amanhã é mentira - as alterações do contexto tornam obsoletas as boas decisões do passado] As opposed to saying, "We're going to test and learn."
...
If you have a skeptical or resistant audience, it's not effective to go into prosecutor mode. It just invites the other person to bring their best defense attorney to court, and then we're just butting heads and nobody learns or opens their mind or changes anything. I think there are some good alternatives, including motivational interviewing, which is to just say, hey, I'm excited about this change. I'm anticipating some resistance. And I'd love to know what would motivate you to try this? Is there anything that would make it worth considering for you? And then you actually learn what motivates people by interviewing them as opposed to trying to shove your idea down their throats."

Trechos retirados de "Why CEOs Should Think Differently- and Experiment" publicado no WSJ do de 23 de Fevereiro último.

domingo, fevereiro 26, 2023

O efeito "Costa"

Tradução para português de ...



"Ciência" e certezas

Para quem confunde ciência com certezas absolutas: 

"Taking a model literally is not taking a model seriously.

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Models can be both right, in the sense of expressing a way of thinking about a situation that can generate insight, and at the same time wrong - factually incorrect. Atoms do not consist of little balls orbiting a nucleus, and yet it can be helpful to imagine that they do.

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Nobel Prize-winning economist Peter Diamond said in his Nobel lecture that to me, taking a model literally is not taking a model seriously'. There are different ways to avoid taking models literally. We do not take either wave or particle theories of light literally, but we do take them both seriously. In economics, some use is made of what are called stylised facts: general principles that are known not to be true in detail but that describe some underlying observed or expected regularity. Examples of stylised fact are 'per-capita economic output (generally) grows over time', or people who go to university (generally) earn more', or in the UK it is (generally) warmer in May than in November'. These stylised facts do not purport to be explanations or to suggest causation, only correlation.

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We might think of models as being caricatures in the same sense. Inevitably, they emphasise the importance of certain kinds of feature - perhaps those that are the most superficially recognisable - and ignore others entirely.

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Thinking of models as caricatures helps us to understand how they both generate and help to illustrate, communicate and share insights. Thinking of models as stereotypes hints at the more negative aspects of this dynamic: in constructing this stereotype, what implicit value judgements are being made?

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Since each model represents only one perspective, there are infinitely many different models for any given situation.

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When the models fail, you will say that it was a special situation that couldn't have been predicted, but force equals mass times acceleration itself is only correct in a very special set of circumstances. Nancy Cartwright, an American philosopher of science, says that the laws of physics, when they apply, apply only ceteris paribus - with all other things remaining equal. In Model Land, we can make sure that happens. In the real world, though, the ceteris very rarely stay paribus."

Trechos retirados de "Escape from Model Land" de Erica Thompson.

sábado, fevereiro 25, 2023

A janela da desgraça (parte II)

Parte I.

"To understand the right way to get a project done quickly, it's useful to think of a project as being divided into two phases. This is a simplification, but it works: first, planning; second, delivery. The terminology varies by industry-in movies, it's "development and production"; in architecture, "design and construction" - but the basic idea is the same everywhere: Think first, then do.

A project begins with a vision that is, at best, a vague image of the glorious thing the project will become. Planning is pushing the vision to the point where it is sufficiently researched, analyzed, tested, and detailed that we can be confident we have a reliable road map of the way forward.

Most planning is done with computers, paper, and physical models, meaning that planning is relatively cheap and safe. Barring other time pressures, it's fine for planning to be slow. Delivery is another matter. Delivery is when serious money is spent and the project becomes vulnerable as a consequence.

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Planning is a safe harbor. Delivery is venturing across the storm-tossed seas.

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Put enormous care and effort into planning to ensure that delivery is smooth and swift. Think slow, act fast: That’s the secret of success.

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But "Think slow, act fast" is not how big projects are typically done. "Think fast, act slow" is. The track record of big projects unequivocally shows that."

Isto faz sentido. Contudo, penso logo no perigo da volubilidade de alterações ao âmbito do projecto. Talvez seguir melhor o conselho de Frank Gehri, começar pelo "Why" e nem chegar a abraçar o projecto se o cliente não aceitar as regras do jogo logo à partida.

Trechos retirados de "How Big Things Get Done" de Bent Flyvbjerg

sexta-feira, fevereiro 24, 2023

Podem limpar as mãos à parede


 

quinta-feira, fevereiro 23, 2023

Incerteza e riscos, ou oportunidades

No JdN de ontem apanhei em "Os pisos escorregadios para o "cluster" do calçado":
"Apesar do recorde de exportações alcançado em 2022, os empresários do calçado e das peles já esperam tempos mais desafiantes para este ano. O piso ainda é escorregadio em várias frentes.
1 "Receio de encomendas a longo prazo"
Primeiro a pandemia, depois a guerra e, pelo caminho, peças da economia global desalinhadas. Os últimos anos têm sido duros para muitas empresas, mas não impediram o "cluster" do calçado de recuperar rapidamente, com resultados animadores. Só que, no inicio de 2023, o medo ameaça entranhar-se. "As pessoas estão com receio de fazer encomendas a longo prazo", reconhece José Afonso Pontes, fundador da empresa familiar Cruz de Pedra"

Ontem, durante uma viagem de comboio, apanhei em "Strategic Leadership: The Essential Skills":

"THE STORIED BRITISH BANKER and financier Nathan Rothschild noted that great fortunes are made when cannonballs fall in the harbor, not when violins play in the ballroom. Rothschild understood that the more unpredictable the environment, the greater the opportunity if you have the leadership skills to capitalize on it. Through research at the Wharton School and at our consulting firm involving more than 20,000 executives to date, we have identified six skills that, when mastered and used in concert, allow leaders to think strategically and navigate the unknown effectively: the abilities to anticipate, challenge, interpret, decide, align, and learn."

Ainda ontem, numa empresa, repetia que os factores externos do contexto não são intrinsecamente positivos ou negativos. Cada vez me vou convencendo mais e mais de que tudo depende da postura da empresa perante o que acontece.

quarta-feira, fevereiro 22, 2023

O momento anti-Midas


Interessante, o desemprego medido pelo IEFP cresce há 6 meses seguidos.

Entre Abril e Maio deste ano teremos o momento anti-Midas, em vez de Setembro de 2013 … teremos Maio de 2023?

O momento em que o número de desempregados num mês é maior que o número de desempregados registados no mesmo mês do ano anterior.

Imobiliário e construção tem um contributo importante para esta inversão.


terça-feira, fevereiro 21, 2023

Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte VI),

"IT's been a tough year for manufacturers, with supply-chain snags, inflation and fears of a recession. Yet a shocking 95% of manufacturing executives said they were optimistic about the future, according to a recent poll by Forbes, Xometry and Zogby.
The nationwide survey of 150 manufacturing executives in late December found that three-fifths (60%) of executives said "the future looks bright," while another one-third (35%) said they "see the light at the end of the tunnel?"



 

segunda-feira, fevereiro 20, 2023

A janela da desgraça

Acerca da duração dos projectos - THE WINDOW OF DOOM.

"Most big projects are not merely at risk of not delivering as promised. Nor are they only at risk of going seriously wrong. They are at risk of going disastrously wrong because their risk is fat-tailed. Against that background, it is interesting to note that the project management literature almost completely ignores systematic study of the fat-tailedness of project risk.
...
smaller projects are susceptible to fat tails, too.
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major corporations on the hook for runaway projects may be able to keep things going by borrowing more and more money. Governments can also pile up debt. Or raise taxes. But most ordinary folks and small businesses cannot draw on a big stockpile of wealth, run up debt, or raise taxes. If they start a project that hurtles toward the fat tail of the distribution, they will simply be wiped out, giving them even more reason than a corporate executive or government official to take the danger seriously. And that starts by understanding what causes project failure.
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Projects that fail tend to drag on, while those that succeed zip along and finish. Why is that? Think of the duration of a project as an open window. The longer the duration, the more open the window. The more open the window, the more opportunity for something to crash through and cause trouble, including a big, bad black swan.
...
From the dramatic to the mundane to the trivial, change can rattle or ruin a project—if it occurs during the window of time when the project is ongoing.  Solution? Close the window. Of course, a project can’t be completed instantly, so we can’t close the window entirely. But we can make the opening radically smaller by speeding up the project and bringing it to a conclusion faster. That is a main means of reducing risk on any project.
In sum, keep it short!"

Como reduzir a janela de oportunidade para a desgraça? 

Resposta rápida, simples, mas errada: Começar já, começar depressa. 

Continua. 

Trechos retirados de "How Big Things Get Done" de Bent Flyvbjerg

domingo, fevereiro 19, 2023

Um número infinito de nichos

Ao longo dos anos tenho escrito aqui sobre as plataformas e o "não é winner-take-all". Por exemplo:

Sorri ontem ao ler no Twitter:

Um número infinto de nichos ... afinal o que é Mongo? Pois, E porque não somos plankton (parte VII)

sábado, fevereiro 18, 2023

Acerca da produtividade

"Our research found striking variations in productivity among leading and lagging firms within each sector. Manufacturing provides a particularly stark example, where leading firms operate at 5.4 times the productivity of laggards. Academic researchers have documented similar trends in services, particularly information and communications, which show wide disparities between leading firms and the rest.

Not only are productivity disparities within sectors quite wide — they’re also getting wider. Our research shows that in manufacturing, the gap was 25% wider in 2019 than it was in 1989.

...

These productivity gaps also suggest that firms can raise their own ambitions. Doing more with less, or doing more with the same, shows up in corporate income statements as higher margins and stronger revenue growth. And in aggregate, those performance improvements lead to economy-wide changes in productivity.

...

From 1989 to 2019, our research finds a strong correlation between sectors’ productivity growth and their level of digitization.

...

Frontier firms go beyond technology investments and also place bets on complementary intangibles such as R&D, intellectual property, and the capabilities of their workforce. 

...

Frontier firms also disproportionately secure the skilled talent they need to get the most out of technology, either by attracting top talent or by an in-house investment in employee skills.

...

Frontier companies are typically system thinkers, looking for opportunities to access new markets or collaborate creatively with stakeholders.

High-performing firms tend to be more connected to global value chains, giving them access to global markets, ideas, and talent. They collaborate with suppliers and customers to form new ecosystems that benefit from agglomeration effects and create shared pools of value."

Trechos retirados de "What the Most Productive Companies Do Differently


sexta-feira, fevereiro 17, 2023

"Tudo depende do valor (relativo) por que se vendem"

"Não querendo ser redutor, a produtividade - especialmente ao nível empresarial - não está no quanto se produz, mas antes no valor do que se produz. Servir cafés à mesa não tem necessariamente menor produtividade que fabricar BMW. Tudo depende do valor (relativo) por que se vendem [Moi ici: Tão raro encontrar este apelo à aposta no numerador da equação da produtividade] cafés à mesa. Simplisticamente, é uma questão de modelo de negócio! Talvez seja porque em Portugal se dá pouca atenção ao modelo de negócio - i.e. o valor do que se produz - que a mão de obra mais qualificada procura oportunidades na emigração. A nossa sina parece ser a falta de um tecido empresarial que valorize as competências da nova geração, tida como a mais bem formada. [Moi ici: Não sei se será a melhor maneira de colocar o tema. As empresas não existem para dar trabalho, as empresas dão trabalho como instrumento para ganhar dinheiro. O ponto é mais a dificuldade, ou a não necessidade de subir na escala de valor (satisficing) para sobreviver. Só a aposta na subida na escala de valor traz como consequência o recurso a gente com mais competência. Não para fazer caridade, mas por puro interesse próprio] Se a maior realização é encontrada no estrangeiro, o sistema educativo fez um bom serviço. Não há como o negar A questão central talvez seja outra, relacionada com avarias noutros "elevadores sociais" de origem nacional."

Trecho retirado do artigo "Elevadores nacionais" de Álvaro Nascimento e publicado ontem no JdN.

quinta-feira, fevereiro 16, 2023

Fugir do lero-lero

Que questões externas podem afectar a sua empresa em 2023?

Como auditor vejo, como diz um conhecido, "muita conversa para boi dormir", ou como se diz no Twitter, "muito lero-lero". Por isso, achei interessante este artigo, "The 10 Biggest Risks And Threats For Businesses In 2023".

Claro que o que o artigo relata não são riscos, são elementos do contexto externo que se podem concatenar com elementos do contexto interno e fazer emergir alguns riscos. Quando há uma tragédia há os que choram e há os que vendem lenços. O facto das taxas de juro subirem pode ser um risco para um certo tipo de empresas, mas também pode ser uma oportunidade para quem não tenha dívida e trabalhe para um certo tipo de clientes.

"“The raised interest rates will continue to burn working capital for businesses across the economy,” Salvatore Stile, chairman of Alba Wheels Up International, an international shipping and customs clearance company, said via email.

“Because retailers are concerned with consumer demand, they will likely be more cautious in purchasing inventory to prevent over-supply in the retail market,” he predicted.

This will burden small and medium-sized companies, who will have to be de facto warehouses for the retailers, as they hold products for more extended periods. We expect freight rates to reduce in 2023 when compared to 2022, as demand for overseas goods has reduced across the board,” Stile observed."

Que questões externas determinou? São do mesmo calibre que as relatadas no artigo? Ou são a treta do costume? Louvar o chefe, louvar a equipa, ao estilo miss mundo, dizer que a concorrência é maldosa, dizer que os fornecedores são malandros, e que o governo é a fonte de todos os males.

Como as traduziu em riscos ou oportunidades?

 

quarta-feira, fevereiro 15, 2023

Cuidado com as burrices!

Lembram-se dos políticos, como Paulo Portas, muito preocupados com as importações e a exortarem as empresas exportadoras a trabalharem para substituir as importações?

- Burrice!

Recordo de 2017 - "Dedicado ao bicicletas" onde escrevi:

"Quando eu era estudante o paradigma era outro. A exportação era para ocupar capacidade residual e, por isso, bastava que pagasse os custos variáveis como recordo aqui."

Frequentemente leio a mesma tolice de Paulo Portas ou do bicicletas, aqui e acolá. 

Somos um país pobre com fraco poder de compra, exportamos artigos a um preço mais alto do que o mercado interno pode suportar, e importamos artigos baratos que as empresas nacionais não conseguiriam produzir com lucro. Recordo:

Ontem, no JdN no artigo "Exportações dão mais 2,7% de margem de lucro às empresas" pode ler-se:

"Empresas que exportam têm mais capacidade para aumentar lucros do que as que não o fazem. BdP estima que, com exportações, margens preço-custo aumentam entre 1,2% e 2,7%, com destaque para o setor não transformador. Maiores ganhos estão nas atividades científicas, comunicação e construção.
...

As empresas portuguesas que exportam para o exterior conseguem mardens de lucro superiores até 2.7% face às empresas que vendem apenas no mercado nacional. A conclusão é de um estudo do Banco de Portugal (BdP), que indica que as margens de lucro aumentam assim que as empresas iniciam a atividade exportadora"


terça-feira, fevereiro 14, 2023

"but some are useful"

"Distinguishing between Model Land and real world would reduce the sensationalism of some headlines and would also encourage scientific results to clarify more clearly where or whether they are expected to apply to the real world as well.

...

As statistician George Box famously said, 'All models are wrong.' In other words, we will always be able to find ways in which models differ from reality, precisely because they are not reality. We can invalidate, disconfirm or falsify any model by looking for these differences. Because of this, models cannot act as simple hypotheses about the way in which the true system works, to be accepted or rejected.

...

Box's aphorism has a second part: "All models are wrong, but some are useful.' Even if we take away any philosophical or mathematical justification, we can of course still observe that many models make useful predictions, which can be used to inform actions in the real world with positive outcomes. Rather than claiming, however, that this gives them some truth value, it may be more appropriate to make the lesser claim that a model has been consistent with observation or adequate for a given purpose. Within the range of the available data, we can assess the substance of this claim and estimate the likelihood of further data points also being consistent. 

...

The extrapolatory question, of the extent to which it will continue to be consistent with observation outside the range of the available data, is entirely reliant on the subjective judgement of the modeller."

Trechos retirados de "Escape from Model Land" de Erica Thompson.