No Twitter volta e meia aparece um tweet sobre o tema "não era o verdadeiro socialismo".
Por exemplo:
Por cá, a erosão mais ou menos rápida que nos coloca a caminho de ser a Sildávia do Ocidente continua:
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Por que não se muda?
Por que é que apesar de resultados trágicos as pessoas não mudam?
Há dias comecei a ler um livro de poesia que já
aqui citei, "Making Sense of the Organization, Volume 2 - The Impermanent Organization" de Karl E. Weick. Poesia porque tem textos de uma beleza impressionante. Ontem li um capítulo muito interessante: "Drop Your Tools: An Allegory for Organizational Studies"
Weick há anos escreveu sobre dois acidentes com bombeiros, aliás foi assim que o conheci no início deste século. Em 1949, e em 1994, um total de 27 bombeiros morreram ao fugir de dois fogos (14 num e 13 no outro). Muitos desses bombeiros morreram a correr a fugir do fogo. No entanto, apesar da fuga desesperada e da sua vida depender da velocidade alcançada, esses bombeiros não largavam as ferramentas, corriam com kg de material, alguns morreram com as pesadas motoserras agarradas às mãos. Por que é que apesar dos chefes e colegas gritarem:
- Drop your tools!!!
Eles foram incapazes de as largar?
Julgo que é a mesma incapacidade de largar "o socialismo" apesar das tragédias e pobreza que gera.
"dropping one’s tools to gain speed in life - threatening conditions is tougher than it looks.
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Suffering occurs when people become attached to impermanent things that disappear in a changing world. In a world of ceaseless change, no tool, including the tool of an organized form, is indispensable. To take impermanence seriously is to recognize that, ‘In pursuit of knowledge, every day something is acquired; In pursuit of wisdom, every day something is dropped.’ (Lao Tzu). Wisdom is the acceptance that things of the world go away.
If we do drop our tools, then what are we left with? Why is wisdom a possible byproduct of dropping? Consider the tools of traditional rationality as expressed in the rational actor model. Those tools presume that the world is stable, knowable, and predictable. To set aside some of those tools is not to give up complete reliance on the tools that are ill-suited to the impermanent, the unknowable, and the unpredictable. To drop some tools of rationality is to gain access to lightness and wisdom in the form of intuitions, feelings, stories, improvisation, experience, imagination, active listening, awareness in the moment, and empathy.
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tools preclude ways of acting. If you preclude ways of acting, then you preclude ways of seeing. If you drop tools, then ideas have more free play.
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The reluctance to drop one’s tools when threat intensifies is not just a problem for firefighters.
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Dropping one’s tools is a proxy for unlearning, for adaptation, for flexibility, in short, for many of the dramas that engage organizational scholars. It is the very unwillingness of people to drop their tools that turns some of these dramas into tragedies.
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Explanations for the Failure to Drop Tools
There are at least ten reasons why firefighters in both incidents may have failed to drop their tools:
1. Listening. There is some evidence that the sheer roar of the fire precluded people from hearing the order to drop their tools and run.
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2. Justification. People persist when they are given no clear reasons to change.
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3. Trust. People persist when they don’t trust the person who tells them to change.
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4. Control. ... knowledge of cause-effect relations
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5. Skill at dropping. People may keep their tools because they don’t know how to drop them. I know how absurd that sounds. But think again.
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6. Skill with replacement activity. People may keep their familiar tools in a frightening situation because an unfamiliar alternative, such as deploying a fire shelter, is even more frightening.
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7. Failure. To drop one’s tools may be to admit failure. To retain one’s tools is to postpone this admission and to feel that one is still in it and still winning.
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8. Social dynamics. People in a line may hold onto their tools as a result of social dynamics such as pluralistic ignorance.
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9. Consequences. People will not drop their tools if they believe that doing so won’t make much difference.
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10. Identity. Finally, implicit in the idea that people can drop their tools is the assumption that tools and people are distinct, separable, and dissimilar. But fires are not fought with bodies and bare hands, they are fought with tools that are often distinctive trademarks of firefighters and central to their identity. Firefighting tools define the firefighter’s group membership, they are the firefighter’s reason for being deployed in the first place, they create capability, they are given the same care that the firefighters themselves get (e.g., tools are collected and sharpened after every shift), and they are meaningful artifacts that define the culture. Given the central role of tools in defining the essence of a firefighter, it is not surprising that dropping one’s tools creates an existential crisis. Without my tools, who am I? A coward? A fool? The fusion of tools with identities means that under conditions of threat, it makes no more sense to drop one’s tools than to drop one’s pride. Tools and identities form a unity without seams or separable elements."
Daí que seja mais fácil interpretar os factos como:
- não era verdadeiro socialismo;
- é por causa do embargo americano;
- a causa da terceira vinda do FMI foi externa;
- a culpa foi do Passos
Joaquim Aguiar costuma escrever que não se pode seguir em frente sem primeiro reconhecer os erros do passado. Por isso, ele usa a metáfora das rotundas. O país está numa rotunda há mais de 20 anos, focado na distribuição de riqueza que é gerada por outros povos e que se transforma em dívida para as gerações de escravos no futuro.
E eu, que ferramentas tenho largado?
Ao longo da minha vida acredito ter feito uma transição pessoal importante, embora ainda não completa, para apreciar e até abraçar a impermanência e a incerteza. Daí que alguns no Twitter me vejam como negacionista, quando na verdade o que tento ser é não crente em verdades absolutas. Por exemplo, duvido da validade real, na prevenção de infecções, de algo como um certificado de vacinação. Duvido, até que fique convencido, que realmente um vacinado transmite menos que um não vacinado.
Outra transição em curso na minha vida? Cada vez me convenço mais que a União Europeia é mais perniciosa para Portugal do que benéfica, os políticos deste país montaram um "modelo de negócio" em que o país vive à custa de esmola, atrás de esmola. É como se a União Europeia fosse o novo ouro do Brasil, gerando toda uma mentalidade e comportamentos doentios.
Outra transição em curso na minha vida? Esta é mais recente e ainda está a dar
os primeiros passos. A leitura de "The Visionary Realism of German Economics: From the Thirty Years' War to the Cold War" realmente abriu uma brecha na minha crença na bondade das economias abertas. Não falo a nível do país, mas do bloco económico em que se insere. Perceber porque é que Ricardo defendeu as ideias que defendeu, quando a Inglaterra era o único país industrializado. Perceber como é que os americanos passaram de um estado agrícola para um estado industrial... sim, o senhor Reinert pôs cá uma semente.