sexta-feira, junho 04, 2010

O choque chinês num país de moeda forte (parte IV)

Continuado daqui: Parte I, Parte II e Parte III.
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Há dias no Facebook, a propósito deste texto sobre as ideias de Edward Hugh "El economista Edward Hugh apunta que España necesita rebajar salarios un 20%" escrevi:
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"I prefer "creative destruction". I prefer to reduce costs to whoever wants to join the market, and let low productivity plants being displaced by high productivity plants". "
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Pois bem, ontem lembrei-me de consultar o pai da "Destruição Criativa", Joseph A. Schumpeter himself. Assim, mergulhei no capítulo "The Process of Creative Destruction" do livro "Capitalism, Socialism and Democracy" e ... que refrescante:
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"The essential point to grasp is that in dealing with capitalism we are dealing with an evolutionary process."
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"Capitalism, then, is by nature a form or method of economic change and not only never is but never can be stationary." (Moi ici: Lá se vai a treta do equílibrio)
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"The fundamental impulse that sets and keeps the capitalism engine in motion comes from the new consumers' goods, the new methods of production or transportation, the new markets, the new forms of industrial organization that capitalist enterprise creates."
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"This process of Creative Destruction is the essential fact about capitalism. It is what capitalism consists in and what every capitalist concern has got to live in."
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E agora a pièce de résistance:
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"The first thing to go is the traditional conception of the modus operandi of competition. Economists are at long last emerging from the stage in which price competition was all they saw. (Moi ici: Estão a ver isto!!! Parece que desde 1942 o progresso não foi tão rápido como Schumpeter previu, malheureusement...) As soon as quality competition and sales effort are admitted into the sacred precincts of theory, the price variable is ousted from its dominant position. However, it is still competition within a rigid pattern of invariant conditions, methods of production and forms of industrial organization in particular, that practically monopolizes attention. But in capitalist reality as distinguished from its textbook picture, it is not that kind of competition which counts but the competition from the new commodity, the new technology, the new source of supply, the new type of organization (the largest-scale unit of control for instance)–competition which commands a decisive cost or quality advantage and which strikes not at the margins of the profits and the outputs of the existing firms but at their foundations and their very lives." (Moi ici: Porque é que fico com a sensação que pouca gente percebe a distinção entre estes dois tipos de competição? A competição pela eficiência, pelos custos, versus a competição pela eficácia? Como é que a Alemanha consegue prosperar com uma moeda forte senão com base na competição pela eficácia? E agora que somos todos alemães bem que era preciso perceber isso.)
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"This kind of competition is as much more effective than the other as a bombardment is in comparison with forcing a door, and so much more important that it becomes a matter of comparative indifference whether competition in the ordinary sense functions more or less promptly; the powerful lever that in the long run expands output and brings down prices is in any case made of other stuff.
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It is hardly necessary to point out that competition of the kind we now have in mind acts not only when in being but also when it is merely an ever-present threat. It disciplines before it attacks."
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Há por aí alguma exegése sobre este capítulo e sobre estes dois tipos de competição?

quinta-feira, junho 03, 2010

O corte de cabelo que aí vem...

No final de 2007, repito, no final de 2007, comentei em casa dos meus sogros que isto ia ser preciso (pôr dinheiro no exterior).
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Reparem como Camilo Lourenço aborda o tema "É óbvio que há motivo para preocupação"
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É óbvio que vem aí um corte de cabelo "Introducing the Not So Stylish Portuguese Haircut Analysis"

Alguém não leu o CREDO?

Acredito que vamos a caminho de uma sociedade em que o número de empresas grandes vai ser menor, porque a competição vai privilegiar a diversidade de estratégias e de respostas.
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Receio que as grandes empresas, quando falham no seguimento dos valores que as tornaram fortes, passem só a empresas grandes... e...
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A 1 de Maio escrevi estupefacto "Dá que pensar..."
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"The House Committee on Oversight and Government Reform asked Blacksmith Brands on Tuesday for further information about its recall last week of PediaCare cough and cold medicines. Those products were made by J&J at the same Fort Washington, Pa., plant that produced children's Tylenol and other recalled kids drugs.

J&J's McNeil Consumer Healthcare unit had recalled certain Benadryl, Motrin, Tylenol and Zyrtec pain and cold medicines for children on April 30 because of manufacturing problems including the potential for metal particles in the products. J&J has temporarily shut the plant"
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"In 2008, J&J's McNeil unit discovered that some of the pills weren't dissolving correctly. It hired a contractor to purchase the product from store shelves, according to documents released at the Congressional committee hearing last week.

The contractor advised its workers to buy up the Motrin packages, and to act like customers, making no reference to this being a recall, according to a memo released at the hearing." (Ver esta instrução "Behind the 'phantom recall' of Motrin")


O choque chinês num país de moeda forte (parte III)

Continuado daqui: Parte I e Parte II.
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Voltando ao artigo de Daniella Magionni, e às suas conclusões
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“…we turn on firm level and we show that behind the negative relationship between dispersion and import penetration from LMCs there are asymmetrical firm responses according to their initial efficiency level.
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We find that more productive firms support more deleterious effects from the increased exposure to foreign competition. We suggest that the surge in imports from emergent countries may have reduced the incentives to innovate and invest, but it may have also stimulated efforts of less productive firms facing with the risk of exit. (Moi ici: Esta é a explicação de que discordo) We put forward also the hypothesis of a process of product-switching.”
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Como já afirmamos na parte I desta série a explicação de Magionni não me parece feliz, e tenho uma interpretação alternativa. Como é que a autora começa o artigo?
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“The increased import exposure has concerned all sectors, and a restructuring process may have been at work.
For these reasons, it's important to show the link between openness to trade and industry dynamics, in terms of sectoral productivity dispersion and differences of firms' performance.”
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Ou seja, a autora começa o artigo a falar de produtividade.
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Depois, começa a falar de eficiência e a misturar, como se fossem equivalentes, os dois conceitos:
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“The process of firm entry and exit contributes to explain the evolution in productivity dispersion, but also heterogeneous responses of firms to changes in the external environment may play an important role: firms with different efficiency levels may display different behaviour coping with the increased competitive pressure from foreign countries.”

“In a more contendible market it is likely that less productive firms couldn't survive a long time, firms make efforts in order to improve their efficiency and stay in the market and competitive pressures lead to the flattening of any difference.”
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Esta última afirmação só faz sentido se houver uma única estratégia!!! Só faz sentido se as empresas competirem todas segundo as mesmas regras no mesmo tabuleiro numa guerra sem quartel.
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Contudo, “"there is no single best strategy" não há obrigatoriedade de seguir uma estratégia única, como nos ensinam os protozoários.
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Na verdade N empresas podem competir em simultâneo recorrendo a Y estratégias, umas concorrendo entre si e outros actuando lado-a-lado sem se beliscarem.
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“the foreign competition from LMCs is a threat that domestic firms have to cope with, but it's a particular difficult task because their rivals can benefit from lower labour and material costs. Domestic firms may be unable to successfully react to the growing flow of foreign goods. The foreign competitive pressure reduce the market shares and the expected profits for domestic firms, and this reduction may lower the opportunity and the gain from innovation and investments. Thus firms may decide to stop innovating and investing and this would reduce their productivity. Especially if the high efficiency of firms at the frontier is linked to their innovation efforts we may expect that competitive pressure impacts more on productivity of these firms.”
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A autora confunde produtividade com eficiência, porque, arrisco dizer, só concebe uma estratégia de competição, a estratégia do preço, a estratégia de aumento da eficiência.
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A produtividade é um rácio:

A eficiência é um rácio:
O que a autora não prevê é que uma empresa pode aumentar a sua produtividade e a sua competitividade, abandonando a competição pelo preço que favorece os LMCs, e concentrando-se na criação de valor via aumento de benefícios e desinteressando-se da competição pelo aumento exclusivo da eficiência.
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As empresas de calçado que eram um expoente, um paradigma de eficiência (quadrante C) em Portugal, as multinacionais, não tentaram sequer fazer face aos LMCs, deixaram o país rapidamente. Basta ler Sun-Tzu ou Kasparov, não competir com a China no custo ou com a Wal-Mart no preço.

Esta definição de produtividade que se segue é arcaica, pertence ao tempo em que a oferta era menor que a procura, tempo em que melhorar a produtividade passava necessariamente pela melhoria da eficiência.

““Produtividade é minimizar cientificamente o uso de recursos materiais, mão-de-obra, máquinas, equipamentos etc., para reduzir custos de produção, expandir mercados, aumentar o número de empregados, lutar por aumentos reais de salários e pela melhoria do padrão de vida, no interesse comum do capital, do trabalho e dos consumidores”. (Japan Productivity Center for Social – Economics Development ).”
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A espiral de deflação dos salários até ao nível chinês?

Eu gosto de ler os textos de Edward Hugh, aprecio a sua prudência e o seu recurso aos números.
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Contudo, não creio que visite muitas empresas, e que mergulhe a sério nos sucessos e insucessos de empresas individuais.
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Por isso, como macro-economista, vê cada sector económico como uma realidade, um bloco homogéneo. Assim, a sua receita é a redução de salários nas empresas de bens transaccionáveis para favorecer as exportações. Ver:
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Basta recordar este postal recente "Clientes-alvo e Valor (parte III)" para perceber porque não vejo futuro nessa saída.
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Este postal "The Economic Consequences of Mr. Hugh" ajuda a reforçar o que penso sobre o assunto:
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"To be more rigorous about this intellectually, think of it as follows; Spaniards suffer the 20% wage cut, and all else remains equal. We have no reason to think all else does not remain equal. No doubt this reduces the Spanish trade deficit by some number. This implies that the eurozone exporters - Exportland - see their trade diminish by the same value. The Spanish trade account is balanced, but we are all, on balance, poorer. And it is possible that the eurozone exporters will redouble their efforts to cut prices and hold onto market share - they have no reason not to, and in fact it is their core national economic strategy to export at all costs.
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The only way this approach might not actually be deflationary at the eurozone level would be if it caused prices to fall sufficiently that they undercut Chinese prices; this is unlikely, and anyway would represent the export of European deflation to the poor." (Como já em 2006 equacionei, BTW é perigoso recuar no tempo neste blogue, encontramos muitas afirmações feitas no ano passado e que agora podem ser avaliadas, por exemplo:
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“É preciso aumentar os salários para que não haja um colapso do comércio”, defendeu hoje Manuel Alegre na curta intervenção com que abriu a sessão de lançamento do terceiro número da revista online “OPS!”, da Corrente de Opinião Socialista, uma tendência do PS.")
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"Surely, though, we need to cut, cut, and cut again to stay competitive with China? Well, this statement would be interesting if it wasn’t wildly counterfactual. At the current relative wage rates, it’s blindingly obvious that eurozone exporters are not succeeding in beating Chinese producers on price. They are doing so on their products. And, soon enough, the question will be absurd because the Chinese will themselves be looking over their shoulders - apparently, GDP per capita in Shanghai is comparable to that in Lisbon.
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The only future strategy is to have good products; after the bubble world of the 90s and 2000s, we’re back to the late 80s view that the future belonged to whoever had the best products and supply chains." (É recordar os factos de ontem "O choque chinês num país de moeda forte (parte II)")
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Alguns dos comentários são sintomáticos, por exemplo:
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"But what the South must do, if on the internal European market there is place only for one, in order to keep economies of scale competitive globally? (Moi ici: a teoria de que "there is no single best strategy" não faz parte do mainstream. O mainstream só vê a competição pelo preço/custo) And this one is usually some German Mittelstand, popped up with German protectionism - wage dumping, massive gifts of intellectual property to businesses, far beyound de minimis, low interest rates due to shear size of German economy."

quarta-feira, junho 02, 2010

Vai ser bem feito

Sobretudo para aqueles que emprestam dinheiro de ânimo leve:
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"Guest Post: Default, Please"
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"When debt exceeds a certain level it becomes a cancer on society. Easy credit fuels speculation which triggers bubbles. These bubbles lead to a temporary lift in apparent wealth, which increases economic activity beyond its sustainable level. But eventually more and more debt triggers economic decline with the inevitable glut of goods produced by an overheated economy."
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"In the ancient days the Christian nations would have a debt Jubilee every 30 years. It sounds like a party because it was. Debts were forgiven en-masse when societies became constipated with debt.
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The economy will continue to stagnate, and unemployment will increase. Asset values will continue to decrease until the defaults begin. When the rot is finally purged from our system, the great American wealth machine will start anew. It is time to party like its 1454. Start your own personal debt jubilee."

Para reflexão

"This is the age of war between the generations":
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"the overwhelming size of the baby boom generation, in comparison with the generations just before and after, allowed people born in the two decades after VE-Day not only to dominate culture, fashion and morality, but also to accumulate wealth, monopolise employment and housing and reduce social mobility for the next generation.
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But strangely, however, nobody — least of all an active politician like Mr Willetts — seems to make the connection between long-term intergenerational tensions and the present controversies over public spending and taxes."
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"Why, for example, are governments everywhere running out of money, not just in Britain and Greece, but also in America, Germany, Japan and France? Why are taxes relentlessly rising in all advanced capitalist countries? And why is public spending being cut on schools, universities, science, defence, culture, environment and transport, while spending on health and pensions continues to rise?
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The populist answer to these questions is that we are all about to pay for the greed of the bankers. But this is not true. According to IMF calculations, the credit crunch, bank bailouts and recession only account for 14 per cent of the expected increase in Britain’s public debt burden. The remaining 86 per cent of the long-term fiscal pressure is caused by the growth of public spending on health, pensions and long-term care. The credit crunch and recession did not create the present pressures on public borrowing and spending. They merely brought forward an age-related fiscal crisis that would have become inevitable, as by 2020 the majority of the baby-boomers will be retired.
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The rational solution to this fiscal crisis would be for governments to reduce their spending on pensions, health and longterm care. Yet these are precisely the “entitlements” protected and ring-fenced by politicians, not just in Britain but also in America and many European countries, even as other government programmes are ruthlessly cut.
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The politics of the next decade will be dominated by a battle over public spending and taxes between the generations. Young people will realise that different categories of public spending are in direct conflict — if they want more spending on schools, universities and environmental improvements they must vote for cuts in health and pensions.
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Schools and universities are more important for a society’s future than pensions" (Sem comentários, além dos já feitos e repetidos no blogue sobre a conspiração da geração do Maio de 68 para colocar toda a sociedade a servi-los, os TuTuTu)
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Estranho, era uma forma eufemística de relacionar "zona daquelas" com este sentimento "As Cajas de surpresas"
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Pedro Guerreiro a corroborar o meu sentimento de que o puppet-maker-and-master em Portugal é Ricardo Salgado do BES "Esta PT acabou, venha a próxima":
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"O negócio não foi decidido nem em São Bento nem no Fórum Picoas. Foi na Avenida da Liberdade, 195. É essa a morada dos centros de decisão nacionais. Foi o BES que aceitou negociar a oferta."
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"Quando se afirma algo, pode estar a afirmar-se exactamente o contrário" a propósito de "Top Central Banks Not Planning Shift Out of Euro"
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O choque chinês num país de moeda forte (parte II)

Continuado daqui.
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Consideremos, mais uma vez, este esquema da figura que se segue, para simplificar e ajudar a interpretar os acontecimentos:

Consideremos, também, o universo dos fabricantes de calçado localizados em Portugal no final do século passado, à altura do arranque do euro, da adesão da China à OMC e dos países da Europa de Leste à EU. Vamos dividir esse universo em quatro tipos de empresas:

As empresas do tipo A são as mais comuns no país, à altura do início desta narrativa, são empresas que trabalham sobretudo em regime de subcontratadas e basicamente vendem minutos de trabalho.
As empresas do tipo B são pouco comuns, são as que dominam alguns truques do negócio, ou sejam, são capazes de produzir algo que as outras não conseguem, ou dominam canais de comercialização, ou têm marcas próprias pouco desenvolvidas que operam no mercado nacional.
As empresas do tipo C são sobretudo multinacionais ou fábricas subcontratadas, com milhares de trabalhadores. O seu negócio é preço baixo e escala, lidam com encomendas grandes, prazos dilatados e pouca variedade, pelos padrões actuais.
As empresas do tipo D são uma minoria, empresas com marca própria bem desenvolvida e que vendem sobretudo para o mercado externo a preços bem acima da média.
Agora vamos aos factos, primeiro os dados, retirados de uma publicação da APICCAPS de Dezembro de 2009.

Os macro-acontecimentos que influenciam estes números podem ser resumidos desta forma:
  • Invasão do mercado mundial pelo calçado asiático a preços de arrasar;
  • Aumento dos custos da mão-de-obra portuguesa, pela via do aumentos salários e pela via da adopção de uma moeda forte;
  • Explosão da variedade e do factor moda no consumo de calçado, o que determinou a necessidade de encomendas mais pequenas, de prazos de entrega mais curtos, de maior variedade de modelos, de maior variedade de matérias-primas e cores.
O que aconteceu ao calçado português?

O primeiro gráfico mostra como o número de empresas de calçado tem diminuído desde 2005.
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As correntes macro-económicas levaram ao encerramento das empresas do tipo C, as multinacionais rapidamente perceberam que se arriscavam a perder mercado se continuassem a operar em Portugal. Muitas empresas do tipo A fecharam porque perderam as subcontratações que as sustentavam. Muitas empresas do tipo B fecharam porque as suas marcas pouco desenvolvidas não aguentaram o embate da concorrência do preço e, porque a mudança da distribuição, com o desaparecimento ou definhamento de muitas sapatarias tradicionais, bloquearam o escoamento do qual dependiam. As empresas do tipo D continuaram na sua vida bem sucedida porque estavam noutro campeonato, um campeonato que as torna imunes ao preço-baixo asiático e à valorização da moeda, enquanto continuarem a criar valor reconhecido pelos seus clientes.
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O segundo gráfico está em linha com o anterior, como as empresas fecham, e como as encomendas encolhem em tamanho, há cada vez menos gente a trabalhar no sector.
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O terceiro gráfico está em linha com os anteriores. Menos empresas, logo, menos trabalhadores, logo, menos pares produzidos.
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O quarto gráfico já não é conciliável com os anteriores de uma forma directa. Especulo que depois da pancada sofrida inicialmente, as empresas que resistiram a esse primeiro embate tentaram responder optando pelo combate no mesmo campo dos concorrentes asiáticos, apostando no aumento da eficiência física, produzindo mais sapatos por trabalhador. Depois, numa segunda reacção triunfou um modelo que não assenta na eficiência mas na eficácia. Mas é só uma especulação.
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BTW, uma forma de uma marca forte se defender das cópias por concorrentes sem escrúpulos, é conceber modelos pouco eficientes, modelos com muitos componentes.
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Se voltarmos à nossa referência para interpretarmos o mundo:
Podemos dizer:
  • Não tentem competir pelo preço, não têm hipótese! Como podem ser únicos? Como podem fazer a diferença?
  • Assim, mais e mais empresas vão abandonar a produção pelo preço (reduzir a quantidade de empresas do tipo A) e, concentrar-se na criação de uma marca própria forte e com projecção internacional (aumentar a quantidade de empresas do tipo D) e, concentrar-se na prestação de serviços subcontratados onde a vertente rapidez, flexibilidade e know-how se sobreponham ao preço (aumentar a quantidade de empresas do tipo C) e, concentrar-se na prestação de serviços fora de comum que poucas empresas dominam (aumentar a quantidade de empresas do tipo B)
  • Ou seja, em teoria, estas mudanças deverão levar a um aumento da produtividade, porque mais valor vai ser criado por menos empresas menos trabalhadores e menos pares.
O primeiro gráfico mostra como, apesar da redução do número de empresas, apesar da redução do número de trabalhadores e de pares produzidos a facturação em euros cresce desde 2005!!!
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O segundo gráfico mostra como o aumento do Valor Potencial criado se traduziu num aumento da facturação por trabalhador.
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O terceiro gráfico mostra como o aumento do Valor Potencial criado se traduziu num aumento da facturação por par produzido.
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Que melhor ilustração para o que defendo neste blogue?
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Em vez de correr desalmadamente a produzir cada vez mais artigos que valem cada vez menos, que enfrentam cada vez mais concorrentes anónimos... concentrar a organização na produção de valor. O artigo de Rosiello e as ideias de Baker postas na prática.
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Convém recordar que mais de 90% da produção de calçado português é para exportação.
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Agora só nos falta voltar ao artigo de Daniella Magionni para usar o caso português para arranjar uma explicação alternativa à apresentada nas suas conclusões.
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Continua.

Mourinho no WSJ

"The Way Mourinho Manages"
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"Mr. Mourinho may come to be seen as a rare example of a model manager: Someone from the world of sports whose methods could profitably be emulated by business managers and executives everywhere."

terça-feira, junho 01, 2010

Para reflexão

"Irrelevâncias..." o comentário de Nogueira Leite é certeiro!!!
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Clientes-alvo e Valor (parte III)

Continuado daqui (parte I) e daqui (parte II).
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Vimos que podemos classificar o universo competitivo, em termos de criação de Valor nos seguintes quadrantes:
A partir daqui, vejamos como é que os clientes vêem os fornecedores, em função de onde os colocam no universo da criação de valor:
Uma empresa que compra um produto no quadrante do Baixo Valor Potencial tolera os vendedores, por enquanto, antes de migrar para as compras na internet.
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Uma empresa que compra um produto barato, mas como uma importância estratégica, quadrante do Elevado Valor Potencial, procura quem lhe forneça soluções completas.
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Uma empresa que compra um produto difícil de substituir mas ao qual não atribui importância estratégica, quadrante de Médio Valor Potencial, procura especialistas que a ajudem a escolher.
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Uma empresa que compra um produto difícil de substituir e de importância estratégica, quadrante do Muito Elevado Valor Potencial, procura craques que a ajudem a virar o jogo em seu favor.
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E quais são as expectativas que os clientes têm relativamente aos fornecedores?
Desta figura acentua-se o poder das questões levantadas neste postal:
  • Em que é que essa medida (a redução dos salários) contribui para que as PMEs saiam do quadrante do Baixo Valor Potencial?
  • Em que é que essa medida contribui para que os gestores das PMEs alterem os seus modelos mentais?
  • Em que é que essa medida contribui para que as PMEs alterem os seus obsoletos modelos de negócio?
  • Em que é que essa medida contribui para que as PMEs evoluam para o quadrante do Muito Elevado Valor Potencial? O único compatível com uma economia saudável num país com moeda forte.
E quem é que compra?
E qual a estratégia de compra dos clientes relativamente a cada quadrante?
Quem compra a empresas no quadrante do Baixo Valor Potencial está a comprar produtos básicos, produtos que se compram da prateleira, sem grande investimento emocional.
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Como é que as empresas que operam neste quadrante como fornecedoras, podem evoluir para os outros quadrantes? Não basta comprar máquinas... esse não é o problema. É a cultura, é o conhecimento, é a paciência estratégica.
Já falamos aqui sobre a diferença entre compra transaccional, o toca e foge, e a compra consultiva, a compra assente na co-criação.
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Gráficos elaborados com base nas ideias de Neil Rackham e John De Vincentis no livro "Rethinking the Sales Force - Redefining Selling to Create and Capture Customer value"
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Continua.

Total sintonia

Sintonia entre o que afirma Pedro Pita Barros ao JdN: "A principal falha foi dar tantos apoios à economia" e o que escrevemos e defendemos neste blogue, por exemplo aqui, e aqui.
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O choque chinês num país de moeda forte (parte I)

Portugal é um país com uma moeda forte!
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Ter uma moeda forte e, em simultâneo, ter a maioria da sua indústria de bens transaccionáveis situada no quadrante do Baixo Valor Potencial é uma situação muito perigosa, por que é a zona mais vulnerável à competição, sobretudo a que vem dos países LMC (low manufacturing cost).
O quadrante do Baixo Valor Potencial quer dizer que se fabricam produtos ou serviços que são fáceis de substituir e que não são estratégicos na cadeia de valor dos clientes, por isso, os fornecedores que operam nessa zona são os que mais facilmente, por causa de um cêntimo no preço, por exemplo, podem ser substituídos.
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Na última década, a par da adesão ao euro (acontecimento que nos devia ter motivado a evoluir para o quadrante do Muito Elevado Valor Potencial, o único compatível com uma moeda forte conjugada com uma economia competitiva e bem sucedida, basta recordar o meu "Somos todos alemães" a começar pela parte I), com a adesão da China à OMC e com a adesão da Europa de Leste à UE, assistimos a um choque entre os nossos sectores de bens transaccionáveis e os dos LMC, que se traduziu no rápido crescimento das importações desses países.
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Daí o meu interesse pelo artigo "Productivity Dispersion and its determinants: the role of import competition" de Daniela Maggioni, atentemos nas conclusões:
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"During the last decade, Italy experienced a rapid growth of import penetration, especially from low and medium income countries. (Moi ici: Same as here in Portugal) This phenomenon has been common to all developed countries, and it is in great part due to the implementation of liberalization strategies by emerging and developing countries and their industrial development, and not linked to specific domestic factors in Italy. Aware of this evidence, we analyse if this foreign competition contributes to shape the sectoral productivity distribution and firm dynamics.
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First, we verify that, in a comprehensive framework, the exposure to LMCs is negatively related with the high productivity dispersion at sector level. The within-sector disparity in firm productivity presents also signficant linkages with the concentration of the domestic market and more in general with the domestic competitive context. No role is instead detected for the ICT adoption and other trade variables." (Moi ici: ou seja, simplificando, podemos desenhar este gráfico
No texto do artigo encontramos o relato de casos concretos que ajudam a ilustrar o gráfico:
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"we can see some differences across industries, the more heterogeneous sector is (Manufacture of wearing apparel) (NACE 18), while the (Manufacture of fabricated metal products)
sector (NACE 28) presents the lower dispersion."
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"The import share from low and medium income countries (henceforth, LMCs) differs across industries: not surprising, the largest share of more than 27% is recorded by the sector NACE 18 (Manufacture of wearing apparel)"
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Voltando ao texto das conclusões:)
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"Second, we turn on firm level and we show that behind the negative relationship between dispersion and import penetration from LMCs there are asymmetrical firm responses according to their initial efficiency level.
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We find that more productive firms support more deleterious effects from the increased exposure to foreign competition.
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(Moi ici: A explicação que se segue é estranha, não me soa a mim como razoável)
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We suggest that the surge in imports from emergent countries may have reduced the incentives to innovate and invest, but it may have also stimulated efforts of less productive firms facing with the risk of exit. We put forward also the hypothesis of a process of product-switching."
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Ou seja, a entrada das importações chineses levou a um aumento da dispersão das produtividades dentro de cada sector porque as empresas mais produtivas reduzirem o seu investimento e as menos produtivas aumentaram o seu investimento... não faz sentido.
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Como é que a autora mede a produtividade?
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"We use the value of operating revenues as a proxy for output; the value of firm level tangible
fixed assets as a proxy for fixed capital; and the number of employees and material costs, as proxies for inputs."
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OK, mede o que realmente interessa "operating revenues".
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Antes de avançar com uma explicação alternativa à da autora, vou usar um caso concreto de um sector português, para desenvolver e ilustrar uma narrativa alternativa à da autora.
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Continua.

segunda-feira, maio 31, 2010

Soluções homogéneas para sectores heterogéneos

Já repararam no peso dos salários em Portugal no PIB do país?
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Várias fontes revelam vários números, mas a conclusão é a mesma:
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Os portugueses, em valor absoluto, ganham pouco. Mas quando comparamos aquilo que os portugueses ganham com aquilo que os portugueses produzem... a conclusão é: os portugueses ganham muito.
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O peso dos salários portugueses no PIB do país é alto porque as empresas portuguesas, no agregado, produzem produtos e serviços com um baixo valor acrescentado.
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Ou seja, no agregado, as PMEs (que representam mais de 92% do emprego em Portugal) estão no quadrante onde há menos potencial para se originar valor:
Quando se propõe uma redução dos salários nas PMEs, para aumentar a sua competitividade, pergunto:
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  • Em que é que essa medida contribui para que as PMEs saiam do quadrante do Baixo Valor Potencial?
  • Em que é que essa medida contribui para que os gestores das PMEs alterem os seus modelos mentais?
  • Em que é que essa medida contribui para que as PMEs alterem os seus obsoletos modelos de negócio?
A minha alma de não-economista fica parva quando descobre as patranhas que os economistas teóricos ensinam nas universidades. Neste artigo de Agosto de 2009 "Productivity Dispersion and its determinants: the role of import competition" encontro esta Introdução:
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"Recent firm and plant-level works have found large and persistent diff erences in productivity levels across firms even within a narrowly defi ned sector (Bartelsman and Doms, 2000, Haller, 2008 for Ireland, and Escribano and Stucchi, 2008 for Spain). This evidence is confi rmed both for labour productivity and total factor productivity, thus the factor intensity is not the unique determinant behind the great disparity in fi rm productivity. A growing theoretical literature has started dealing with fi rm heterogeneity, especially in international economics a new strand has developed on heterogeneous fi rm hypothesis (the pioneering work is Melitz, 2003). The availability of rm and plant level datasets has allowed the proliferation of the empirical works in this field, and most research has focused on manufacturing industries. The finding of the co-existence of heterogeneous firms in the same sector also arises the question about the factors behind the sectoral productivity dispersion, with both a cross-sectional and longitudinal perspective."
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Ou seja, parece que até há pouco tempo se olhava para um sector económico como uma realidade homogénea. Ou seja, se uma empresa num sector tem problemas é porque é mal gerida, porque se fosse bem gerida teria um desempenho igual ao desempenho do sector... daqui, saltar para soluções homogéneas para todo um sector visto como um bloco homogéneo é um tiro... daí o reduzir salários surgir como a solução milagrosa, porque o que está mal não são as soluções, as opções individuais de cada empresa, já que não há alternativas de gestão.
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Quando um país com a maioria das suas empresas a operar no quadrante do Baixo Valor Potencial abre as suas fronteiras ao comércio com países de mão-de-obra barata... its doomed, ver "The Better You Are the Stronger It Makes You":
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"We started from a stylized fact showing an increase in the industrial inequality after NAFTA was implemented, despite a substantial exit of less productive plants. In order to rationalize such result we developed a neo-Schumpeterian growth model predicting that the impact of liberalization is asymmetric across different types of firms, with “good firms” benefitting more from the increase in competitive pressures than “bad ones”. In this model, the liberalization tends to generate two competing effects: on one side it spurs more innovative efforts, because of the increased entry threat by foreign competitors. On the other side, enhanced competition curtails expected profits and reduces the resources available to enhance innovative activities. The “pro-competitive effect” is weaker for less advanced firms as for them it is harder to catch-up with the “technology frontier”.
We tested the predictions from our theoretical model and confirm that indeed liberalization affected asymmetrical different types of firms. In particular, a 10 percent reduction in tariffs spurred average productivity growth between 4 and 8 percent. However, while for backward firms this effect is much weaker if not close to zero, otherwise for more advanced ones this effect is stronger with productivity growing between 11 and 13 percent. Furthermore we showed that, as a confirmation of the technology-channel, these results appear to be stronger in those sectors where the scope for the innovative activities is more pronounced."
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Não precisamos, porque não resultam, de soluções únicas, de soluções homogéneas para fazer face a problemas que entidades heterogéneas vivem e sentem.
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O que têm feito as empresas portuguesas no sector do calçado?

Clientes-alvo e Valor (parte II)

Continuado daqui.
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Aqui ao lado, em Espanha, a guerra de preços:
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"la leche ha aumentado tres puntos en volumen y ha bajado nueve en valor; el aceite ha subido tres puntos en volumen y ha caído 13 en valor, y el champú ha crecido cuatro puntos en volumen y tres en valor."
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Esta deflação resulta de uma migração de valor, consequência da alteração da percepção dos clientes sobre o que é valor, uma evolução no eixo da figura em direcção à base:
"la distribución debe salir de la 'guerra de precios' y centrarse en los servicios a los clientes. Los fabricantes, de quienes dijo que también están en esta 'guerra de precios', deben liderar la innovación y colaborar con los distribuidores.
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El objetivo, explicó, no es dar el mismo producto al menor precio, sino dar un producto mejor que sea más caro para cobrarlo más".
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Não basta querer, é preciso ter capacidade, ter competências internas, ter paciência, ter financiamento, é preciso que o mercado esteja disposto a querer e que se consiga ser único.
Até que ponto uma organização é capaz de oferecer algo de único? O que é único é diferente dos demais, o que é diferente não pode ser trocado por uma outra opção semelhante.
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Já agora, empresas que oferecem produtos e serviços únicos que o mercado prefere, são empresas que criam mais valor e que podem, por isso, ter produtividades superiores, não porque gastem menos ou porque produzam mais unidades mas porque podem vender cada unidade a um preço superior.
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O gráfico que se segue ilustra, de forma simplificada, as conclusões do artigo "Product Substitutability and Productivity Dispersion" de Chad Syverson:
"Tremendous differences in producer productivity levels exist, even within narrowly defined industries. ... When consumers can easily switch between producers, relatively inefficient (high-cost) producers cannot profitably operate (Moi ici: a quem aposta na eficácia com sucesso a maior ou menor eficiência é assunto secundário. Preocupa-me nestes artigos a concentração no tema da eficiência.). Thus high-substitutability industries should exhibit less productivity dispersion"
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Voltando ao tema inicial, agora com dois eixos podemos dividir o espaço em quadrantes:
E podemos começar a caracterizar o que se passa em cada um dos quadrantes:
Uma empresa que lida com clientes que não dão grande importância a uma compra e que tenham várias opções onde comprar, não tem grande possibilidade de criar valor. O valor potencial a criar será sempre baixo (e não adianta procurar coordenar preços).
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Uma empresa que lida com clientes que dão grande importância a uma compra, por exemplo, porque representa uma fatia importante do custo de uma produção, e que tenham várias opções onde comprar, pode jogar com essa possibilidade para extrair valor aos fornecedores e, assim, o valor potencial a criar será elevado.
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Uma empresa que lida com clientes que não dão grande importância a uma compra e que não tenham várias opções onde comprar, só tem uma possibilidade média de criar valor. O valor potencial a criar será sempre médio.
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Uma empresa que lida com clientes que dão grande importância a uma compra, e que não tenham várias alternativas sobre onde comprar, pode jogar com essa conjugação para argumentar que realmente cria valor para o mercado. Nesse caso o valor potencial a criar será muito elevado.
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Continua, pois muitas leituras podem ser extraídas da análise do conjunto dos quadrantes, até para ver como é leviano argumentar que as empresas do sul da Europa têm de baixar salários para serem mais competitivas.
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domingo, maio 30, 2010

A realidade e a teoria

Não sou economista, não estudei economia numa universidade.
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Contudo, no dia-a-dia, à medida com que vou deparando com desafios e curiosidades procuro estudar economia para melhor perceber como posso ajudar as empresas com quem lido.
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Depois de trabalhar oito anos na indústria, trabalho como consultor, formador e auditor desde 1994. Nessas categorias, tenho tido oportunidade de interagir com várias dezenas de empresas.
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E posso assegurar que dentro de um mesmo sector de actividade encontro diferenças impressionantes. Encontro:
  • mais ou menos organização;
  • mais ou menos estratégia explícita;
  • mais ou menos conhecimentos sobre como produzir;
  • mais ou menos conhecimentos sobre como gerir o dinheiro;
  • mais ou menos disponibilidade para testar o novo;
  • mais ou menos coragem para dizer não a clientes;
  • mais ou menos capacidade de servir;
  • mais ou menos preocupação em ser diferente;
  • mais ou menos investimento na inovação;
  • mais ou menos investimento na relação com os clientes;
  • mais ou menos atenção ao entorno e ao que pode vir daí para afectar o futuro do negócio.
Daí que no meu modelo mental, diferentes empresas, no mesmo sector de actividade, no mesmo país, exibam diferentes rentabilidades, mesmo produzindo os mesmos produtos. E então, quando diferentes empresas, optam por diferentes clientes-alvo e começam a fazer "batota", e começam a concentrar a organização no serviço a esses clientes-alvo, e começam a especializar-se na disciplina de valor adequada à sua proposta de valor, ou seja, começam a trabalhar no numerador da equação da produtividade, em vez de continuar a cortar nos custos que vão para o denominador, o que será de esperar é encontrar uma distribuição, uma dispersão da produtividade das empresas do mesmo sector, em função das escolhas que fizeram.
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Muitas, a maioria dessas escolhas podem ser atribuídas a preferências pessoais, experiência anterior, risco ou cagaço que se está disposto a correr, locus de controlo de quem manda na empresa, paciência para esperar pelo retorno de apostas, crença no conhecimento, disponibilidade financeira, juízo, ...
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Assim, encontro num mesmo sector de actividade, diferentes produtividades, e ás vezes mesmo mesmo muito diferentes.
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Pois bem, ontem tive uma surpresa ao perceber como a Teoria Económica lida com este fenómeno da distribuição de produtividades...
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Não lida!
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Para a Teoria Económica não há dispersão de produtividades, se existe é um fenómeno transiente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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"The standard economic analysis postulates that the marginal products of a production factor such as labor are all equal across firms, industries, and sectors in equilibrium. (Moi ici: Nonsense absoluto. Como se os clientes fossem todos iguais... como se valorizassem todos da mesma forma custos e benefícios) Otherwise, there remains a profit opportunity, and this contradicts to the notion of equilibrium. Factor endowment, together with preferences and technology, determines equilibrium in such a way that the marginal products are equal across sectors and firms.
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There are, in fact, several empirical findings which strongly suggest that productivity dispersion exists in the economy.
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"Relative demand and productive efficiency of individual firms are continually shocked by events. The shocks are the consequence of changes in tastes, changes in regulations, and changes induced by globalization among others. Another important source of persistent productivity differences across firms is the process of adopting technical innovation"
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We study productivity distributions at three aggregate levels, namely, across workers, fi rms, and industrial sectors.
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The standard economic analysis takes it for granted that all the production factors enjoy the highest marginal productivity in equilibrium. However, this is a wrong characterization of the economy. The fact is that production factors cannot be reallocated instantaneously in such a way that their marginal products are equal in all economic activities. Rather, at each moment in time, there exists a dispersion or distribution of productivity as shown in the preceding section.
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In summary, under the reasonable assumption that the probability of a unit change in productivity is an increasing function of its current level, c, we obtain power-law distribution as we actually observe. Now, economists are prone to take changes in productivity as “technical progress." That is why the focus of attention is so often on R & D investment. However, if productivity growth is always technical progress, its decrease must be “technical regression," the very existence of which one might question. At the firm level, an important source of productivity change is actually a sectoral shift of demand.
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In growth theory, an increase in productivity is mostly identi ed with pure technological progress so that it is directly linked to R & D investment. However, to obtain the power distribution of productivity across firms, we must assume the signi cant probability of decrease in productivity. This suggests strongly that productivity changes facing firms are caused not only by technical progress, but also by the allocative disturbances to demand. Incidentally, Davis, Haltiwanger, and Schuh (Moi ici: Uma leitura já encomendada "Job Creation and Destruction" 1996) report that unlike job creation, job destruction for an industry is not systematically related to total factor productivity (TFP) growth; Namely, job destruction occurs in high TFP growth industries as frequently as in low TFP growth industries. This fact also suggests the presence of the signi cant demand reallocation."
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É também por isto que o salário mínimo é um truncador da distribuição de produtividades, à medida que o salário mínimo cresce mais, empresas, incapazes de subirem a sua produtividade, são obrigadas a fechar.
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É também por isto que políticas laborais centrais vão sempre causar impactes assimétricos no universo empresarial.
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Há menos de um ano, antes das eleições, de forma leviana, de forma despreocupada, de ânimo leve discutia-se isto e isto, agora propõe a redução de salários com o mesmo ânimo leve e leviandade.
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Trechos retirados de "Productivity Dispersion: Facts, Theory, and Implications" de Hideaki Aoyama , Hiroshi Yoshikawa, Hiroshi Iyetomi, e Yoshi Fujiwara

Acredito, não gosto, preferia, não creio.

Eu acredito acima de tudo na liberdade.
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Eu acredito que o tudo a monte e fé em Deus é, no agregado, melhor que o Grande Planeador, esteja ele localizado em Lisboa, no Porto ou em Viseu.
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Não gosto de ser violado!!!
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E não é o facto de ser violado por gente do Norte, em vez de gente de Lisboa, que ameniza o inconveniente de ser violado.
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Preferia um partido que apostasse na tradição do Norte, que apostasse na libertação da sociedade, que reduzisse o peso do Estado na sociedade.
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Preferia um partido que em vez de lutar pela melhor distribuição dos apoios, lutasse pela redução do saque aos impostados. Um governo, seja ele central ou regional, nunca cria riqueza, apenas facilita ou dificulta que outros criem riqueza. Por isso, preferia um partido que apostasse na criação no Norte de uma espécie de zona económica especial, com regras diferentes, com mais liberdade, menos impostos e menos despesa.
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Vamos a caminho de um ponto de singularidade. Algures o Estado, tal como o conhecemos, vai começar a falir, não de um dia para o outro, mas primeiro nuns serviços, depois noutros. Para lá do ponto de singularidade há um novo mundo, com uma nova física, as leis que se aplicavam antes deixaram de fazer sentido. Preferia um partido que se preparasse e preparasse a sociedade para o pós ponto de singularidade e, não um partido dedicado a exigir a melhor partilha do que resta dos despojosdno mundo antes do ponto de singularidade. O problema não é a distribuição, o problema é o saque.
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Não creio que seja isto que esteja em jogo... mas sinto-me tentado a contribuir, talvez consiga acelerar o aumento da entropia e a chegada do ponto de singularidade.

Memória

Disseram que a Expo 98 se pagava a ela própria!
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Disseram o mesmo do Euro 2004!
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sábado, maio 29, 2010

Cinismo (parte II)

Serei injusto, relativamente à parte I, se não acrescentar esta outra.
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"Para o país sair da situação dramática em que se encontra, Cavaco Silva pede aos empresários portugueses uma aposta mais forte na inovação e menos dependência do Estado e do poder político.
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O Chefe de Estado pediu às empresas um «compromisso maior, apesar dos progressos feitos nos últimos tempos, para apostar mais fortemente na investigação, desenvolvimento e inovação»."
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Só que cada vez mais me convenço que é marginal o número de empresas que consegue mudar de vida.
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Os modelos mentais que as fizeram nascer, crescer e desenvolver-se são os mesmos que as impedem de mudar de vida quando o habitat onde operam muda.
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Os clientes que compram inovação são diferentes dos clientes que compram preço-baixo, a abordagem é diferente. Basta seguir os episódios da série em curso "Clientes-alvo e valor (parte I)"
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Ora, se o Estado protege, subsidia, apoia os incumbentes e aumenta s custos de entrada...

Cinismo

O Presidente "Cavaco Silva apela à iniciativa do sector privado".
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Não consigo deixar de ligar o apelo a esta imagem e...
ao milhão e duzentos mil euros que a Administração Pública esbanja em cabazes de Natal ...

Sempre a correr atrás do puck, em vez de antecipar para onde vai o puck

Lembro-me... como se fosse ontem:
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Quanto do vertiginoso crescimento brasileiro assenta em poupança brasileira?
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O ritmo de poupança brasileira pode sustentar o ritmo de crescimento da economia brasileira?
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Sempre a correr atrás do puck, em vez de antecipar para onde vai o puck... Wayne Gretzky a primeiro-ministro.

Rapidez estratégica (parte II)

Continuado daqui.
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"At the time she made a mistake that cost Google several million dollars. (“Bad decision, moved too quickly, no controls in place, wasted some money,” as she reportedly described it.) When she realized the extent of the mistake, she says she informed Google’s cofounder, Larry Page, and told him how badly she felt. Page accepted the apology, Sandberg recalls, and went on to tell her the following: “I’m so glad you made this mistake…. I want to run a company where we are moving too quickly and doing too much, not being too cautious and doing too little. If we don’t have any of these mistakes, we’re just not taking enough risk.”"
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Tenho idade suficiente para recordar um antigo corredor da F1, Clay Regazzoni, a quem, a par de Mario Andretti, é atribuída citação “If you are in control, you are not going fast enough...” (BTW, tenho idade suficiente para recordar brincar com carrinhos de corrida, deitado no chão da casa, e chamar-me Pedro Rodríguez)
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Trecho retirado de "Is Your Company As Customer-Focused As You Think?" de Patrick Barwise e Seán Meehan, publicado na MIT Sloan Management Review em Março deste ano.

sexta-feira, maio 28, 2010

Sol na eira e chuva no nabal!!!

"“É evidente que não são medidas imediatas, mas o país tem de tomar medidas sérias, concretas, que, sendo dolorosas, têm de o ser para todos sem excepção."
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Que o país tem de tomar medidas sérias, concretas e dolorosas, não há dúvida, basta pesquisar cucos e normandos no blogue.
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E as empresas não têm de se recriar?
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"“Gostaríamos que tivessem sido tomadas outras medidas e que as empresas, principalmente as micro e as pequenas, pudessem continuar a ser ajudadas durante mais algum tempo”"
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Em que é que as ajudas contribuem para a mudança necessária?
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Não serão as ajudas uma forma de evitar, adiar, minimizar a pressão, a motivação, a urgência da mudança necessária?
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BTW, a CIP, ainda na última segunda-feira, não estava a protestar contra o aumento dos impostos?
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Pois, sol na eira e chuva no nabal!!!
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Clientes-alvo e Valor (parte I)

O valor, a criação de valor é, cada vez mais, um bichinho que desperta o meu interesse e curiosidade. A criação de valor é a chave para o sucesso de uma organização necessariamente virada para o exterior.
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O que é o valor?
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Valor é ... talvez seja mais simples e ainda adequado, para já, descrever o VALOR como o resultado de duas variáveis:
Numa compra, os clientes fazem uma troca, trocam dinheiro por VALOR. Ou seja, avaliam o que ganham com a troca e realizam-na ou não.
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O VALOR não tem uma conotação objectiva, o VALOR não é calculável, o que para mim tem um VALOR, para outro pode ter um VALOR completamente diferente, mais VALOR ou menos VALOR.
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Assim, diferentes clientes calculam o VALOR de diferentes maneiras e chegam a diferentes resultados.
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Alguns clientes, no cálculo do VALOR, privilegiam os BENEFÍCIOS que julgam vir a conseguir obter, outros concentram-se sobretudo na redução dos CUSTOS na transacção.
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Posições extremadas, do género só valorizar os BENEFÍCIOS ou só valorizar os CUSTOS parecem-me apenas extremos matemáticos. Aliás, se numa transacção só se valorizassem os CUSTOS ... a transacção não se realizaria porque não haveria lugar a troca. Assim, podemos, simplificando a realidade, considerar um eixo para a variável VALOR, como o resultado dos BENEFÍCIOS menos os CUSTOS:
Admitamos, que só não existem transacções quando o peso subjectivo dos BENEFÍCIOS é inferior ao peso subjectivo dos CUSTOS, assim esta escala é de uso geral, mas a mesma transacção, para diferentes clientes é colocada em diferentes pontos na escala.
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Um mesmo fornecedor, ao transaccionar o mesmo produto, encontra potenciais clientes que valorizam a mesma oferta de diferentes formas:
O potencial Cliente A atribui muito mais VALOR à transacção porque valoriza muito mais os BENEFÍCIOS face aos CUSTOS do que, por exemplo o Cliente C. Esta última figura se calhar, um dia vou considerá-la errada, porque o que me apetece é dizer que para o Cliente A a escala dos BENEFÍCIOS, em valor absoluto (não sei como medir) vai de zero a 500 unidades e, para o Cliente C a escala dos BENEFÍCIOS, em valor absoluto (continuo sem saber como medir) vai de zero a 200 unidades. E o mesmo para a escala dos CUSTOS.
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Penso que podemos concluir da última figura que:
  • se o VALOR que um cliente sabe, ou descobre, ou desconfia, que pode criar a partir de uma transacção é elevado, ele vai concentrar-se na maximização dos BENEFÍCIOS;
  • se o VALOR que um cliente sabe, ou descobre, ou desconfia, que pode criar a partir de uma transacção é reduzido, ele vai concentrar-se na minimização dos CUSTOS;
  • se um fornecedor não se conhecer, se não conhecer o mercado, se não conhecer os clientes e se não conhecer os concorrentes... pode ser espremido por um cliente que queira o melhor dos mundos - colher BENEFÍCIOS sem pagar os CUSTOS equivalentes.
Então, temos de considerar um outro eixo, um eixo que meça até que ponto sou diferente dos outros fornecedores existentes no mercado.
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Continua

Quem são os clientes-alvo?

VALUE = BENEFITS minus COSTS

“It suggests that there are two distinct ways for a Sales function to create value. Either you can create additional benefits, or you can reduce the cost of the benefits you already provide.

We’ve said that there are two distinct ways for a sales force to create value – to increase benefits or to reduce cost.

Strategically, which way is better?

Whether it’s better to create new benefits or to provide cheaper and easier acquisition depends entirely on the customer.

In terms of value creation strategy, it’s clear that one size will not fit all. The model that works best for one type of customer may not work at all well for another.”

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É fundamental decidir quem são os clientes-alvo. Essa decisão, essa escolha vai determinar às nossas apostas. E servir um grupo de clientes-alvo não tem nada a ver com servir outro grupo de clientes-alvo, com outras prioridades.

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Os políticos e economistas que aconselham a redução de salários para tornar a economia de bens transaccionáveis mais competitiva... só olham para os CUSTOS, só conhecem os clientes que valorizam o PREÇO...

Trecho retirado de “Rethinking the SALES FORCE – Redefining Selling to Create and Capture Customer Value” de Neil Rackham e John De Vincentis.

quinta-feira, maio 27, 2010

Neil Rackham acerca da proposta de valor

"A value proposition is the most useful selling tool marketing has ever created, although – up until now – there’s been very little practical advice to help salespeople. Value propositions help you prioritise and deploy your sales resource to maximum effect."
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A proposta de valor ajuda-nos a seleccionar as oportunidades que devemos perseguir.