quinta-feira, setembro 30, 2021

Um cockpit de um avião com uma avaria versus uma empresa num novo normal


Ontem, durante a caminhada matinal, iniciei a leitura do sexto capítulo, "Principle 4: Commitment to Resilience", em "Managing the Unexpected - Sustained Performance in a Complex World" de Karl E. Weick e Kathleen M. Sutcliffe. 
"The signature of a high reliability organization (HRO) is not that it is error-free, but that errors don’t disable it. [Moi ici: Como não recordar Alicia Juarrero e o safe-fail em vez de fail-safe
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If you take a close look at the phrase managing the unexpected, [Moi ici: Desde o início que quando leio unexpected no livro, traduzo para "risco"] you will notice that the word unexpected refers to something that has already happened. When you manage the unexpected, you’re always playing catch-up. You face something that has happened that you did not anticipate.
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[Moi ici: Esta frase que se segue deixou-me calafrios... tantas empresas que torcem o nariz à minha sugestão de começar a medir isto ou aquilo. Juro que quase desliguei o iPad de tão desanimado com o que a citação me fez recordar] “A system’s willingness to become aware of problems is associated with its ability to act on them.
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[Moi ici: Depois, o livro apresenta o relato de um acidente com um avião, mas o que é que um acidente de avião interessa a quem trabalha com empresas? A meio do relato, juro, dei comigo a achar que o que se passava no cockpit do avião com um problema grave era o mesmo tipo de fenómeno que vivi numa empresa esta semana. É impressionante como percebi que é a mesma coisa. A diferença é que no avião é um caso de vida ou morte e a pressão do tempo é muito curta. Numa empresa muita gente não percebe que  o normal a que estavam habituados mudou e não volta. Ninguém sente a vida da empresa em perigo. Há um mal-estar no ar, mas ninguém sente a urgência, pouca comunicação existe sobre o tema] We learn first that ongoing resilient action can be portrayed as reconstituting the evolving present. [Moi ici: A tal realidade "normal" que não é estática, está em permanente reconstrução. Sim a estabilidade é uma ilusão, um clássico deste blogue] That’s what we see in UA 232. The present evolves as the aircraft becomes more and less stable, as information changes, as altitude changes, and as it continues to move in the general direction of their scheduled destination, Chicago. The phrase “evolving present” sounds a little tame, considering the intermittent chaos of the incident. [Moi ici: A situação do avião perante uma avaria é um alarme que obriga as pessoas a agir, já numa empresa... qual é a pressa? Numa empresa esta semana diziam-me: "Não me arranje mais encomendas!!!" e depois, com a conversa percebe-se que o perfil das encomendas que recebem é diferente das que recebiam. Têm uma estrutura produtiva adpatada ao passado, não ao presente, não ao novo normal, mas não há um alarme que obrigue a agir. Entretanto, semeia-se insatisfação entre os clientes por causa dos atrasos nas entregas. Sim, uma estrutura de bolas azuis a actuar como as bolas vermelhas] The evolving on board UA 232 is discontinuous, sporadic, and permeated with swift trial and error. Portrayed in this way, we can see that the crew’s actions are anything but a straightforward sequence of normal-interruption-normal. And this may be true of many more instances of resilience that we experience. There is almost no reference in the cockpit to the resumption of normal flying after the hydraulics are lost. Instead, the crew of UA 232 define themselves as being in a new, distinct situation that requires a very different mode of operating. [Moi ici: No cockpit fica claro que há que virar a página!!! Imediatamente!] Their resilience is embodied in making do with the few resources they have left.
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The crew of UA 232 kept revising their explanation of what is happening and what is next." [Moi ici: Como a tripulação no cockpit sabe que está perante um novo "normal", está alerta e aberta a perguntar-se sobre o que está a acontecer e como pode actuar. Numa empresa é difícil sentir esta pressão e esta urgência]

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