Mostrar mensagens com a etiqueta demografia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta demografia. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, dezembro 17, 2019

"one-size-fits-all minimum wages"

Interessante:
"one-size-fits-all minimum wages cause some small businesses, industries, and areas frictions in absorbing the increased cost of labor. As a result, affected businesses experience financial stress or defaulting.
.
Not all affected firms would have the flexibility to immediately adjust their capital–to–labor ratio or pass on the increased minimum wage costs to their customers. Small, young, labor-intensive, minimum-wage sensitive establishments and businesses located in competitive and low-income areas experience higher financial stress. This eventually leads to a higher exit rate and a lower entry rate.
...
the study finds that increases in the federal minimum wage worsen the financial health of small businesses in the affected states.
.
The study evaluates the likelihood that a business will make payments to suppliers or vendors on time, suggesting that the minimum wage can affect the availability of credit and interest rates for small businesses. The authors find that a dollar increase in the federal minimum wage corresponds to an almost 1.0 percentage point reduction in an establishment’s credit in affected states.
...
Small and young establishments, which are more likely to have financial constraints, experience a more significant decrease in their credit scores. Establishments that are labor-intensive such as restaurants and retail, find it more difficult to absorb minimum wage increases and hence experience a more significant decline in their credit scores.
.
The study also finds that increases in the minimum wage lead to lower bank credit, higher loan defaults, lower employment, a lower entry and a higher exit rate for small businesses. The results are robust to using nearest-neighbor matching and geographic regression discontinuity design. These results document some potential costs of a one-size-fits-all nationwide minimum wage on small businesses."
Conjugar isto com a actual situação demográfica. Ainda na semana passada assisti numa empresa a uma conversa sobre a qualidade de trabalhadores: venezuelanos versus brasileiros versus colombianos.

Trecho retirado de "Does a One-Size Fits All Minimum Wage Cause Financial Stress for Small Businesses?"

sexta-feira, dezembro 06, 2019

Falta de trabalhadores (parte II)

Na sequência de "Falta de trabalhadores" um pouco por todo o lado a mesma coisa, falta de pessoal:
"Here’s the good news: There are now more reasons to make furniture in the U.S. than at any point since the financial crisis.
...
Here’s the bad news: There aren’t enough skilled workers available to support the renaissance.
.
Manufacturers across the country are struggling to fill open slots in a tight U.S. labor market. Furniture companies, which for decades have been hit by competition from China, face special challenges after years of shrinking.
...
The turnabout for a once-beleaguered sector has been spurred in part by the internet, which has reshaped shoppers’ behavior and expectations. Consumers demand their choice of fabrics and features but don’t have the patience to wait two months for an item to arrive from Asia. At the same time, tariffs are stepping up pressure on American manufacturers to move production home."
Acho particularmente interessante este trecho que se segue:
"“Parents would say, ‘Stay away. You will lose your job,’ ” said Bill McBrayer, director of human resources for Lexington Home Brands, a furniture maker in Thomasville, N.C. “How do we get the young and old to come back to the industry?”
...
Furniture makers are also, for the first time, creating internal training programs and adding benefits.[Moi ici: Impressionante a quantidade de cursos até 8 semanas criados pelas empresas e suas associações para formar os trabalhadores. Costura, soldadura, ...]
...
“The toughest question,” the 61-year-old executive said, “is the one that haunts us forever: What makes me think that if my child goes into this industry it will be there in two years?”"
 Por cá as empresas ainda têm de fazer o caminho de se afastarem da ideia de que o IEFP as vai ajudar. Recordo a Escola Oliveira Martins, uma escola criada pelas empresas de comércio da cidade do Porto para formar os seus futuros funcionários.

Trechos retirados de "Labor Shortage Curbs U.S. Furniture Revival"

terça-feira, dezembro 03, 2019

Falta de trabalhadores

No ECO apanho, "Têxtil e calçado vão precisar de 400 mil novos trabalhadores até 2030":
"A Comissão Europeia lançou esta quinta-feira no Porto, uma campanha de atração de jovens para os setores têxtil, vestuário, calçado e curtumes destinada a colmatar a previsível necessidade de 400 mil novos trabalhadores nestes setores até 2030.
...
“É necessário não só criar condições para que na próxima década o setor possa contratar 400 mil novos profissionais, como simultaneamente, à medida que a indústria está a mudar de forma significativa, são necessários profissionais não só para a produção, mas também para outras áreas consideradas mais nobres, [Moi ici: Que erro de palmatória o uso desta linguagem. Recomendo a leitura de I Cor 12:12-26. Depois, admiram-se de não seduzirem gente para a área produtiva] como o ‘design’, ‘marketing’, informática, engenharia do produto e logística
...
Referindo que cerca de 20% dos 2,2 milhões de trabalhadores das indústrias têxtil, vestuário, calçado e curtumes na Europa “já têm mais de 55 anos”, este responsável destaca que a crescente contratação de “novos talentos” é essencial se “a Europa quer continuar a estar na liderança destes setores, nomeadamente nos domínios do ‘design’ e da inovação”."
Como não recordar 2011 e "Não é impunemente que se diz mal".

Pelos vistos este é um mal europeu. No passado dia 20 de Novembro no Financial Times apanhei:
 "Germany A desperate shortage of labour forces the conservative Mittelstand to look beyond white men"
BTW, e hoje de manhã ainda apanhei "Why 'Made in France' Is Back in Force":
"The strategy is also helping to future-proof artisanal expertise for the next generation, particularly as the luxury industry faces challenges to recruit and train artisans to be able to produce items that meet the required standards (a process that can take upwards of 18 months for certain products).
.
Luxury brands are struggling to replace highly-skilled clothing, leather and jewellery workers who are reaching retirement age, particularly after decades of deindustrialisation in France, which has diminished the pool of available specialists.
...
According to a joint study between Institut Français de la Mode and French market research firm Quadrat Études, the fashion industry generated 617,000 direct jobs in 2016.
...
And in November, the committee kicked off a recruitment campaign called “Savoir Pour Faire,” in a bid to attract some of the 10,000 additional workers per year needed by the luxury industry."

domingo, outubro 20, 2019

Demografia, emigração e instituções extractivas

No jornal Público, "Portugal será o país mais envelhecido da União Europeia em 2050":
"O Eurostat publicou ontem um relatório que faz soar o alarme. Por este andar, em 2050 nenhum outro país da União Europeia (UE) terá uma população tão envelhecida como Portugal. Um dos maiores desafios é segurá-la no mercado de trabalho.
.
De acordo com o Ageing Europe 2019, do serviço de estatística da UE, o envelhecimento da população vai acelerar. Tudo por causa das taxas de fertilidade historicamente baixas, do aumento da esperança média de vida e, nalguns casos, dos padrões migratórios."
Há dias relacionei a busca pessoal pelo aumento da produtividade com a emigração portuguesa:
"Ao pensar nisto dou comigo a considerar a emigração como outro fenómeno em busca de produtividades superiores, para alimentarem níveis de vida muito superiores de forma sustentável.
.
Num país socialista com estruturas extractivas tradicionalmente instaladas, é natural que parte importante do VAB seja canalizada não para investimento, mas para servir a dívida das empresas e pagar rendas. Assim, vamos condenando-nos a uma sociedade distributiva com cada vez menos riqueza criada para alimentar níveis de rentismo cada vez maiores."
Entretanto, nos últimos dias tenho apanhado:
"Ou isto muda, ou um dia havemos de ver o João, engenheiro mecânico do ISEP, num semáforo na Roménia a lavar vidros de carros por uma moedinha."[Moi ici: Interessante que tenham escolhido como exemplo a Roménia como comecei por o fazer aqui]
Ontem no semanário Expresso li:
"Mas a falta de médicos não é só cronológica, é ideológica. O salário-base para um especialista é de 2746,24 euros brutos e para os mais novos não paga a falta de vida pessoal. “Esta geração prefere ficar com a família do que ganhar 300 ou 400 euros numa Urgência que depois são consumidos pelas Finanças."





domingo, julho 28, 2019

Partilhar informação

Esta semana ouvi uma apresentação de um colega sobre o inbound marketing. Um slide, 5 minutos, um público difícil, mas saiu-se muito bem.

Já por várias vezes chamei a atenção para a desconexão entre as mensagens de uma organização e a sua estratégia. Por exemplo, em "A Natureza tem horror ao desperdício" escrevi:
"Quando um ginásio coloca pósteres de moças e moços a caminho de algum concurso de culturismo ou de beleza, está a apostar e a dizer ao mercado quem são os seus alvos e, ao mesmo tempo está a dizer aos seniores: nós não somos para vocês."
E qual é a demografia portuguesa? A de um país envelhecido:
E como é que os ginásios lidam com este envelhecimento?

Mal!

Daqui, "E quando o mundo muda", retirei esta figura:
Será que não há mercado para ginásios dedicados a uma fatia mais velha do mercado? Ou será que não há oferta dedicada a esses clientes-alvo?

Voltando ao inbound marketing, eis um exemplo do tipo de textos que podem ser desenvolvidos para começar a criar a aura de especialista no sector e, começar a atrair potenciais clientes e prescritores, "Physical Function and Aging"

Como escreve Paul Jarvis em "Company of One: Why Staying Small is the Next Big Thing for Business":
"Sharing content and information is an effective way to begin a sales process because it helps a potential customer see what they need, why they need it, and then how your products can help solve their problem.
...
The first is that creating a relationship with an audience that sees you as a teacher sets you up to be perceived as the domain expert on the subject matter. If you’re teaching an audience about legal issues on the internet each week in a newsletter, they’ll begin to trust your insights, and then, as happened with Brian, you’ll probably be the first person they think of when they need to hire someone to help them with legal issues.
The second benefit of out-teaching your competition is the chance to show an audience the benefits of what you’re selling."


quarta-feira, julho 17, 2019

Two-tier labour market

Esta manhã durante uma caminhada matinal tive oportunidade de ler dois artigos de certa forma relacionados. O primeiro foi "Young people struggle in eurozone’s two-tier labour market":
"Although the eurozone has been experiencing an uninterrupted economic expansion for the past six years, youth unemployment is proving persistent.
.
The proportion of workers aged between 15 and 24 who are unemployed is around 16 per cent, double that of the general population. This means about 2.3m under-25s across the continent are unable to find a job.
.
Joblessness is particularly concentrated in the eurozone’s peripheral economies, where the crisis hit hardest. More than 30 per cent of young workers are unemployed in weaker labour markets such as Italy, Spain and Greece."
O segundo foi "Older Employees Breathe New Life Into Europe’s Labor Market":
"When entrepreneur Kim Diaz opened a bar-restaurant in this buzzing Mediterranean city four years ago, he adopted a strict hiring policy: only workers aged 50 and above.
.
The bet has paid off. Older staff are punctual, polite and hardworking, the 51-year-old said, and their professionalism has proven a hit with younger customers.
...
Workers aged 55-74 accounted for 85% of employment growth in the eurozone between 2012 and 2018, according to the Organization for Economic Cooperation and Development, a think tank for mostly rich countries. Around 10 million jobs were created during that period.
.
The trend upends the usual thinking on labor markets. Normally, it is cheaper and more-flexible younger workers that are coveted. But the large and highly educated baby-boomer generation has accumulated skills that are tough to replace, employers and economists say.
.
The shift toward older workers comes as Europe approaches a demographic cliff. Sixteen percent of the working-age population of the region’s currency union, aged 15-64, will be lost by 2050 relative to the region’s total population, according to a paper published in June by the European Central Bank. That is double the share of the U.S. working-age population that will be lost over the period.
...
The influx of older workers means that the eurozone’s labor force is now 2% larger than before the crisis, defying predictions it would shrink.
...
To capitalize on this trend, Caroline Young founded a recruitment agency in Paris in 2005 that places retired workers with industrial companies in France, Germany and Belgium. French companies had been laying people off in their late 50s to cut costs. Now, many companies want them back.
.
“Employers have realized you’re not that old at retirement,” says Ms. Young, who says she has more than 1,000 retirees working every year. Her oldest placement was 80 years old.
.
“Younger people are not very flexible anymore in terms of traveling,” said Steffen Haas, who runs a similar agency in Germany for aging automotive experts. “Our guys are 65-70, they will jump in a plane and fly to Mexico next week.”"

sexta-feira, junho 21, 2019

E a demografia?

Li o artigo na íntegra, "O que se passa com a Alemanha?". Depois, fiz uma pesquisa da palavra. E não encontrei qualquer referência ao seu uso.

Nem uma vez a palavra "demografia" é usada.

Será que o perfil de necessidades de compra de uma sociedade com uma idade mediana acima dos 47 anos não tem nada a ver com o assunto?



Optimista? Realista? Pessimista?

Há pessoas que quando escrevem sobre determinados assuntos ... recorrem acriticamente às estatísticas e nem se interrogam sobre o que elas querem dizer, ou o que está por detrás desses números. Por exemplo:
"Apesar da procura nos mercados internacionais não ser muito dinâmica, as exportações de bens e serviços apresentaram um crescimento homólogo de 3,4%, e continuam a demonstrar a capacidade das empresas portuguesas ganharem quotas de mercado nos principais destinos das exportações portuguesas: Espanha, Alemanha, França e Reino Unido" 
Alguém foi aos números do INE e sacou aquele 3,4% para poder escorar a afirmação seguinte "demonstrar a capacidade das empresas portuguesas".

Se estudassem os números por detrás do número, podiam perceber o que venho relatando há cerca de um ano, a mudança de panorama das exportações portuguesas e a sua crescente fragilização: "What a difference a year makes! (parte II)"

Outro exemplo:
"Hoje, o made in Portugal é um importante ativo concorrencial."
Todos os dias vejo exemplos do que está a ser feito para dar cabo desse activo. Ainda ontem li esta aberração louca "Empresa espanhola arrasou ponte e villa romanas em Beja para plantar amendoeiras" e recordei o que se está a esvair ao copiar o modelo canceroso espanhol: "Todos vão perder".

Outro exemplo:
"A transformação digital da economia, que motivou o lançamento do Programa Indústria 4.0, cada vez mais presente na economia mundial, irá ser decisiva para alinhar as tendências do mercado com a oferta de produtos, ajustando os mecanismos de produção (aumentando a automatização dos processos, substituindo tarefas com valor reduzido, exigindo novas competências e mais qualificações aos trabalhadores) e estimulando novos modelos de negócio."
Relacionar o impacte da Indústria 4.0 na economia portuguesa é ainda mais caricato que esperar que os migrantes resolvam o problema de falta de mão-de-obra em Portugal. BTW, recordar que os macacos não voam.

Outro exemplo:
"Hoje, com taxas de desemprego baixas e uma perspetiva de evolução demográfica difícil, a sustentabilidade do crescimento tem na produtividade um eixo central."
Não sei se estou a ser pessimista, realista ... ou optimista, ao acreditar cinicamente nas palavras de Maliranta e Taleb. Nas últimas semanas tive oportunidade de contactar várias empresas pressionadas por um importante cliente para mudar de paradigma de trabalho, e esta reflexão não me sai da cabeça: Quanto tempo?

Trechos retirados de "Produtividade – o desafio essencial para sustentar o crescimento numa economia virada para o futuro"

domingo, junho 16, 2019

Nope!


Nope!

Quando vi esta fotografia pensei logo nos muitos empresários que ainda não perceberam o filme em que estão metidos.

Muitas pessoas e organizações são capazes de se alhear em relação às mudanças do contexto e não perceber o seu potencial impacte. Assim, são capazes de adiar a mudança que permitirá fazer face ao que só daí a alguns anos se materializará na parede contra a qual vão bater. Basta recordar o caso das escolas privadas, como ainda esta semana referi.

Há anos que escrevo aqui sobre a evolução demográfica. Por exemplo:
Uma das consequências da agudização da evolução demográfica será o desligamento da evolução salarial da evolução da produtividade. Recordo o que escrevi sobre a crescente irrelevância do SMN:
Sabem o que acontece às empresas que aumentam os salários para lá do aumento da produtividade? Não têm futuro, fecham!

Recordo algumas reflexões:

Assim como muitas empresas têxteis francesas e alemãs se deslocalizaram para Portugal nos anos 60 e 70, porque o aumento de produtividade no sector na França e na Alemanha era incompatível com o aumento dos salários na França e na Alemanha, também por cá começaremos a sentir cada vez mais relatos deste tipo. Empresas com encomendas a terem de fechar porque não conseguem captar trabalhadores, ou não conseguem ganhar o dinheiro suficiente para pagar as dívidas.

Recordar a velhinha citação de Maliranta acerca da Finlândia acrescida da frase de Nassim Taleb:

Depois, algo que aprendi em 2007 com Maliranta e a experiência finlandesa:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
Por fim, Maliranta confirmado por Nassim Taleb:
"Systems don’t learn because people learn individually – that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game"
Recordar esta "Especulação perigosa" de Novembro último.

sábado, maio 25, 2019

Uma revolução que vai ter de acontecer

A propósito disto "Tight job market squeezing smallest businesses":
"Low unemployment and rising wages are creating hiring challenges for companies of all sizes. There were 7.5 million unfilled jobs on the last business day of March, according to the Labor Department.
.
Smaller businesses often experience lower job growth, but they seem to be having a particularly tough time adding workers in today’s job market."
Recordar o impacte sobre o aumento dos salários desligado do aumento da produtividade e da inevitável destruição de empresas incapazes de subirem na escala de valor a uma velocidade adequada:
Nos próximos anos vai haver muito pranto e ranger de dentes da parte dos empresários com o locus de controlo no exterior.

quarta-feira, maio 08, 2019

A onda demográfica

A propósito de "Why marketing to seniors is so terrible", um texto sobre o qual muitos marketeiros deviam ler e reflectir:
"If you took your entire view of the human race from primetime advertising alone, you’d see a society without old people. They don’t work, they don’t drink beer, they don’t drive cars."
E recuo a Dezembro de 2006... e recordo este mapa:

quinta-feira, março 07, 2019

E quando Mongo "rouba" os trabalhadores?

Na parte V desta série "Como aumentar a facturação quando não se pode aumentar a produção por falta de pessoas? (parte V)" começo a abordar um tema que será cada vez mais relevante à medida que Mongo e a demografia avançarem:

Mongo vai dar poder aos makers, que poderão fazer uso de plataformas como a Crafted Society para chegarem ao consumidor. A tecnologia vai avançar para máquinas pequenas, boas para pequenas séries e trabalho customizado, que podem ser propriedade de um maker ou de uma cooperativa de makers. Ou seja, aquilo que refiro na parte IV e V sobre os carpinteiros, electricistas e outras profissões que preferem trabalhar por conta própria em vez de por conta de outrem, vai ter tendência a alargar-se a outras profissões tradicionais.

Mesmo sem Mongo, com uma demografia a gerar falta de trabalhadores, isto será cada vez mais frequente "Ohio Sonic drive-in staff quit after wages were reportedly reduced to $4/hour":
"The entire staff at three different Sonic fast-food drive-in restaurants in Ohio reportedly walked out to protest poor working conditions this past week."
Qual a alternativa? Talvez passe por coisas como esta "KitchenAid’s Key Ingredient: Investing in Workers. ‘It’s Not a Dead-End Job Anymore.’":
"Companies discover investment in workers as a way to keep churn low:
...
As the U.S. labor market continues to tighten, companies are reaping decades of underinvestment in their workers. Blame it on a wave of skilled baby boomers retiring or colleges teaching the wrong things or a lack of loyalty among younger workers. The harder it gets to find the next generation of Jenni Hannas, the bigger the headaches get in the human-resources department.
“If you’re the person who is in charge of finding staff, they want you to go out and find the unicorn,” Andrew Angyal, founder of NexGen Recruiting in Youngstown, Ohio, said. “They want all these people with 10, 20 years of experience and, if you do happen to find them, it’s a big question of whether you can pay them enough.”"
Ao escrever estas linhas não consigo deixar de pensar no aumento do lobby das empresas junto dos reguladores e governos de turno para dificultar a vida aos freelancers do futuro.

segunda-feira, janeiro 07, 2019

"The demographic trap is going to snap shut"

Aqui no blogue já tenho falado várias vezes sobre o emprego e a demografia:

"For Germany’s Mittelstand of small and medium sized companies, skill shortages have increased to the point that some managers are discreetly hoping for an economic slowdown to relieve the strains.
...
Small and medium sized companies across the country, commonly referred to as the Mittelstand, have therefore started to look for creative solutions to deal with skill shortages as it is increasingly threatening the economic performance of these groups.
...
Indeed, 60 per cent of German companies regard skill shortages as a threat to their economic performance, compared with just 16 per cent eight years ago, according to a survey of the Association of German Chambers of Commerce and Industry.
.
The demographic trap is going to snap shut,” said Markus Dörle, the head of human resources at Stihl Group, the world’s leading maker of chainsaws."



quinta-feira, outubro 04, 2018

Nem uma palavra sobre subsídios

Há anos que o @paulojsvaz prevê uma injecção de 2 milhões de portugueses na economia nacional com os retornados da Venezuela e da África do Sul.

Lembrei-me logo disso ao ler "A tragédia da Venezuela está a tornar-se a riqueza de Estarreja". Entre 1993 e 2017 vivi em Estarreja. Por isso, desde cedo me habituei a ouvir o sotaque castelhano nas ruas e lojas. Por isso, durante anos os cachitos eram uma compra para levar para casa para os miúdos.

Algo interessante no texto, nem uma vez se fala de subsídios ou de apoios. Gente que chega pronta para trabalhar e não para esmolar.

Outra tendência que noto há cerca de dois anos, mas que no último mês se tem agudizado é a presença de brasileiros no Grande Porto. Viajar no metro ou nos STCP é sinónimo de ouvir brasileiros. Ontem fui a uma lavandaria e atendeu-me uma jovem brasileira, hoje no local onde tomo café quando fico no escritório fui atendido por uma cara nova ... brasileira.

A coisa fica mais interessante no El Corte Inglês de Gaia, atrás dos balcões vozes de jovens brasileiras. Do lado de cá do balcão, dezenas de turistas endinheirados brasileiros.

BTW, Estarreja era terra de venezuelanos. Murtosa terra de amaricanos. Era comum estar na fila para comprar frango de churrasco no Intermarché e ouvir os velhotes reformados a discutir entre si qual a offshore que dava melhores condições para receberem as suas pensões. Foi interessante ouvir emigrantes no café Miranda, nas eleições Bush-Gore, entre si preferirem Gore porque não esqueciam que o pai dele tinha prometido não aumentar impostos e depois aumentou-os.

domingo, setembro 16, 2018

O Espírito Santo providenciará uma resposta!

Tenho um tio com mais de 90 anos que é padre.

Há anos perguntei-lhe como é que a ICAR iria resolver o problema da falta de vocações sacerdotais. Eu a pensar que o tinha entalado recebi uma resposta que me desconsertou:

- O Espírito Santo providenciará uma resposta!

E quantos mais anos passam mais eu acho a resposta cheia de sabedoria.

Reconheço que em certa medida é o que eu escrevo aqui quando falo da tolice que é acreditar que os modelos de funcionamento da economia, que hoje nos são familiares, têm centenas de anos, mas parecem ser eternos. Mentira!

Talvez por isso, em inglês se diga que:

- Trends are for suckers!

Muita gente faz previsões assumindo que uma variável muda e que todas as outras se mantêm constantes. Por exemplo, assumir que vão faltar empregos por causa da ascensão das máquinas e considerar como constantes aquilo que é variável:

  • demografia; e
  • Mongo com a sua exigência de mais diversidade, de mais customização.
E esquecer que o emprego, algo que nos parece tão natural como a chuva ou a noite e o dia, é uma criação recente. E como sublinha Nassim Taleb com o efeito Lindy, é mais fácil que o livro em papel ainda exista daqui a 100 anos do que um iPad. Se a humanidade prosperou durante milhares de anos sem empregos e sem escola pública poderá prosperar outros tantos depois dessas realidades serem abandonadas.

Escrevo isto depois da leitura de "A World With Fewer Babies Spells Economic Trouble". Sigo aqui no blogue há muitos anos uma postura do contra. Não creio que seja uma catástrofe, um futuro onde os humanos têm menos filhos, se calhar investem mais nesses filhos, se calhar esses filhos serão vistos pela sociedade em geral como algo escasso e, por isso, de maior valor. Escrevi aqui algures que um dia seríamos (os nossos descendentes) todos tratados como Figos.

Catástrofe será caminhar para um mundo com uma população mais envelhecida, com menos gente nova, e não fazer nenhuma alteração no funcionamento das sociedades por causa de direitos adquiridos.

Este trecho:
"4. What happens when a country’s population stops growing?
Its economy can still expand, but the pace over the long run would be limited to the speed at which productivity -- output per hour worked -- is rising. Since the 2007-2009 recession, productivity gains have been relatively meager, making low fertility rates an added problem. If fewer people work, there’s less income to go around. Fewer workers also mean less tax revenue for retirement and health-care programs. And that means governments might have to cut benefits, raise taxes or borrow more, pitting the old and young against each other."
Faz-me lembrar uma reunião de condomínio recente. Um casal de idade, ambos reformados, protestavam contra o valor mensal a pagar pelo condomínio. A empresa que gere o condomínio explicou cada um dos items do orçamento, chamou a atenção para as obras que iriam ser feitas e as propostas que tinham recebido. Então, o casal propôs uma medida para reduzir os custos do condomínio, cortar a luz na garagem do prédio.

O que fará o Espírito Santo neste mundo secular?

Há uma citação que aprendi a valorizar: "nature evolves away from constraints, not toward goals"

Uns hão-de querer manter direitos adquiridos, outros acharão abominável fazer como fizeram este mês os japoneses e marcar a idade da reforma para os 70 anos, no fim algo há-de levar-nos para um equilíbrio.

Lembro-me de um comentador na oposição no tempo da troika dizer que querer ter défice zero, cortar cerca de 4,5 mil milhões de euros, era impossível. Agora, apoiante da geringonça, acha normal apontar a défice zero. Se antes achava o investimento público intocável, agora nem fala dele.

Como indivíduos, somos um resultado fantástico de milhares de milhões de anos de evolução, adaptamos-nos a tudo, com maior ou menor dor. Quando a necessidade se impuser acabaremos por chegar a uma alternativa sustentável.

terça-feira, setembro 11, 2018

Tendências

Quando andava na 1ª classe já tínhamos aquela indefinição de saber se éramos 9 ou 10 milhões de portugueses a viver neste rectângulo. Agora, temos a previsão de lá para 2050 poderemos rondar os 7,5 milhões. Ou seja, um mercado doméstico a encolher.

Ou seja, as empresas que trabalham para o mercado interno vão ter de trabalhar cada vez mais só para não encolherem, ou para encolherem menos que o mercado.

Não é só o número de potenciais clientes que mudam, são também as suas expectativas, os seus sonhos, as suas necessidades. Por exemplo:
"The American population – the number of consumers – is growing less than 1% per annually. No product manager, no business manager, no CEO is going to be satisfied with revenue growth of less than 1% per year.
...
“Less population will require fewer stores and less expansion, meaning that existing stores must become more productive,” Sway advises. “This sets up a perfect storm considering the increase in competition from online shopping.”
...
the number of adult Americans in the middle-class, defined as people living in households that have incomes from two-thirds to double the national median, has fallen from 61% in 1971 to 50% in 2015. And their share of the nation’s aggregate income has declined precipitously, from 62% in 1970 to 43% in 2014.
.
These middle-class households simply have less money to spend on necessities, let alone discretionary purchases.
...
While the middle-class sinks lower, the fortunes of those at the top of the income pyramid are rising. They are taking an inordinate amount of the nation’s income, rising from 29% in 1970 to 49% in 2014, and accumulating a greater share of wealth, more than seven-times that of middle-class households in 2013,
...
One in five Americans live in a household with more than one generation – a record 60.6 million people, according to Sway, including about 40% of Millennials (18-to-34) who live with their parents or other family members, the largest percentage since 1940.
...
“ There are now more households with dogs than there are with children, 43 million vs. 33 million .”
...
“When Millennials do start having children, the numbers aren’t expected to surge as much as with prior generations,” Sway says. “Businesses depending on kids would be well advised to keep an eye on this birth population slowdown.”
...
By 2020 the Labor Department predicts that women’s labor force participation will be lower than in 1990.
...
“Since women account for about 80% of all consumer-purchasing decisions, reducing their presence and power in the economy may not bode well for retailers,” Sway says.
...
Further Asians are going to be the biggest in-bound ethnic group. “Asians are now on target to surpass Hispanics as the largest foreign-born group in American by 2055.” Today they make up less than 6% of the U.S. population."
Trechos retirados de "9 Demographic Trends Shaping Retail's Future"

sábado, julho 28, 2018

O que aí vem! (parte II)

Parte I.
"As dificuldades de encontrar mão-de-obra e de contratar técnicos qualificados são o obstáculo à actividade das empresas que mais cresceu entre 2014 e 2017."
Recordar "O que são os custos de oportunidade"

Trecho retirado de "Falta de mão-de-obra afeta mais empresas"

quarta-feira, junho 06, 2018

Do contra (parte II)

A propósito de "Portugal entre os países que mais vão perder população" recordo que este é um tema abordado aqui quase desde o início do blogue:
No entanto, gostaria de chamar a atenção que divirjo do mainstream na avaliação desta tendência: Do contra (Julho de 2017)

quinta-feira, maio 17, 2018

Pensar o futuro

Sem conotações partidárias, recordar:
Muitas vezes penso na evolução divergente entre o estado, cada vez mais volumoso, cada vez com mais funcionários, e as empresas privadas, cada vez mais lean.

Depois, recordar que Portugal é um dos países mais idosos da Europa, neste postal de 2015:
Comparar Suécia e Portugal.

"Sweden’s got a major supply and demand problem.
.
By 2025, its entire workforce is expected to grow by 207,000 people—yet it needs more than that number just to staff its fabled welfare state. The worker shortfall could crimp services and raise labor costs, especially in a political environment less hospitable to immigration.
.
The mismatch is one of the biggest headaches facing Sweden’s next government."
Faz-me impressão que com tanto computador, tanto simplex, não seja possível fazer reengenharia em tantos e tantos sectores do estado.


segunda-feira, abril 02, 2018

O que aí vem (parte II)


Ontem, enquanto circulava por estradas do concelho de Penafiel, recordei-me que ainda há alguns anos Braga era a cidade mais jovem da União Europeia.

Convinha que os empresários portugueses começassem a perceber o que significa o envelhecimento da população e o seu impacte na forma como lidam com os seus trabalhadores. Não estamos muito longe da Alemanha em termos demográficos, e por lá já temos isto "Germany Courts Workers With Sausages and Cheap Housing":
"The scramble for qualified workers has become an existential issue for companies across Germany, which are offering enticements ranging from overseas sojourns and ski outings to subsidized housing and sausage platters. After years of robust growth, unemployment has dropped to a record low of 5.4 percent, and the country has 1.2 million unfilled jobs—nearly equivalent to the population of Munich.
...
Recruiting is “a huge challenge—that’s something we have in common with companies across Germany,” says Maren Kroll, head of human resources at Kratsch’s factory in Eisfeld, three hours east of Frankfurt by car. Harry’s, which employs about 550 people at the plant (and lists almost 40 open positions on its website), seeks to keep workers happy with extras such as subsidized lunches, English classes, and a share-distribution program.
.
Talented professionals are hard to find,” says Kroll, “so we have to create conditions that are attractive.
...
Personnel is our bottleneck,” says Silke Burger, one of four family members who own and run the company. “We’re producing at the limit.”
...
For Germany, immigrants have long been a cushion in times of tight labor markets, but that’s changing. The Bundesbank has warned it will become increasingly difficult for businesses to lure workers from neighboring countries as wages in Eastern Europe catch up. Net migration from those places has eased since 2015, and when more Poles such as Foerster decide to stay home, locals like Kratsch will be able to be even choosier."
E as pessoas?