segunda-feira, fevereiro 10, 2014

Como eu gostava ...

Como eu gostava de ver o modelo de negócio da cultura do tomate em Portugal.
"Produtores de tomate dizem que exportações estão em risco"
Produzem-se 1,2 milhões de toneladas de tomate.
95% da produção é para exportação.
A exportação vale 250 milhões de euros.
O país europeu com a mais elevada produtividade por hectare.
.
.
.
Qual será o preço médio de venda à indústria?
Qual será o custo médio de produção?
.
.
.
Faz-me recordar que os subsídios aos inquilinos, para ajudar a pagar a renda, são usados pelos proprietários para pedir alugueres mais altos.
.
.
E vai tomate português para Espanha só para melhorar a qualidade da mistura na indústria espanhola? E sem subsídios o tomate não tem saída?

Acerca das exportações, um esforço de contextualização

O que nos diz o Jornal de Negócios?
"No conjunto do ano as exportações de bens cresceram 4,6% face a 2012, o que corresponde a um abrandamento, ainda que na recta final do ano, em Dezembro, o aumento tenha sido de 8%."
Reparem no título seleccionado pelo Negócios "Crescimento das exportações abranda em 2013 para 4,6%".
"2013 representa assim o quarto ano consecutivo de aumento das exportações. Nos últimos 10 anos apenas um ano foi verificada uma queda da venda para o exterior de bens nacionais, tendo sido em 2009, período em que as exportações diminuíram 18,4%.
...
Já em Dezembro, verificou-se um aumento de 8%, em termos homólogos, o que corresponde a uma aceleração. Este é mesmo o ritmo mais acentuado de crescimento desde Setembro, adiantam os dados do INE." (Moi ici: Terá sido por causa do aumento da actividade da indústria automóvel?)
Ao ver estes números fiquei curioso, como terá sido o desempenho nos outros países da zona euro?
.
Encontrei estas previsões para 2013 (feitas em Dezembro de 2013) para bens e serviços (Se as exportações de serviços mantiverem o desempenho conseguido entre Janeiro e Outubro de 2013 o crescimento das exportações de bens e serviços poderá rondar os 4,9%)

Nada mau, para uma zona euro em que o PIB caiu 0,5% em 2013, sabendo que mais de 70% das exportações portuguesas são para a a UE.

Um adepto e promotor incondicional da concorrência imperfeita

Lembram-se de "1 O exemplo do calçado"?
.
Por que é que o calçado português consegue ter o desempenho ilustrado no texto acima referido?
.
Então não ouvimos e lemos que é preciso sair do euro para sermos mais competitivos nas exportações?
Então não ouvimos e lemos que é preciso reduzir salários para sermos mais competitivos nas exportações?
Então não ouvimos e lemos que temos de trabalhar mais horas para sermos mais competitivos nas exportações?
Então não ouvimos e lemos que temos de mexer na TSU para sermos mais competitivos nas exportações?
Então não ouvimos os dirigentes do sector do calçado dizer que o objectivo é continuar a aumentar os preços de venda?
O que é que não bate certo entre a realidade dos números e a narrativa sobre o aumento da competitividade?
.
Por que é que a narrativa que tem acesso aos media tradicionais não consegue enquadrar o desempenho do sector do calçado?
.
Por que razão as soluções encontradas pelas PMEs portuguesas para terem sucesso no mercado internacional, não passam pelas medidas previstas na narrativa que tem acesso aos media tradicionais?
.
Por que é que pessoas como Daniel Bessa foram incapazes de adivinhar o sucesso do calçado português?
.
Os seguidores da narrativa oficial, sejam eles de direita, defendendo a redução de salários, ou de esquerda, defendendo o retorno ao escudo, foram educados numa escola de pensamento económico que entende que os mercados de concorrência perfeita, porque permitem uma eficiência superior das empresas, são o modelo a seguir, são o modelo mais adequado. Esta ideia da concorrência perfeita tornou-se no modelo mental da gestão anglo-saxónica que permeia e molda o pensamento dos autores da narrativa oficial, aqui e no resto do mundo.
.
Qualquer livro de Economia não só descreve a concorrência perfeita como o modelo económico a seguir, como associa a concorrência imperfeita a situações extremas, associadas a práticas monopolistas formais, que devem ser evitadas num mercado que se quer livre.
.
Na pátria do capitalismo, havia mesmo um académico americano, nos anos sessenta, que era contra a existência de marcas porque, dizia ele, as marcas introduzem fricção na concorrência que se quer perfeita. E, havia mesmo leis que impediam que um mesmo produto pudesse ser vendido a diferentes preços a diferentes clientes, porque isso não seguia o modelo da concorrência perfeita.
.
Adiante.
.
Por que é que o calçado português consegue ter o desempenho ilustrado no texto acima referido?
.
Porque abandonou a concorrência perfeita. Se estivesse a competir na grande arena onde estão os fabricantes asiáticos o negócio seria decidido pelo preço e, aí não têm hipóteses.
.
Fabricantes portugueses e chineses podem estar no mesmo sector, podem partilhar a mesma classificação estatística mas pertencem a mercados distintos.
.
Os analistas "oficiais" não têm tempo para descer ao terreno e perceber o quanta heterogeneidade existe dentro de um mesmo sector, por isso, recorrem a modelos cegos que fazem sorrir quem está no mercado, como este exemplo da Reuters ilustra:
"as mudanças na estrutura da economia portuguesa sob o acordo de resgate estão a ajudar as exportações, embora os trabalhadores estejam a pagar um preço elevado, pelo menos a curto prazo.
.
As reformas dolorosas exigidas pela UE e pelo FMI melhoraram a competitividade sobretudo através da redução dos custos laborais. Os patrões podem agora contratar e despedir pessoas de forma mais simples e pagam menos pelas horas extraordinárias. Os portugueses têm também de trabalhar mais dias por ano.
.
Os salários são baixos e estão a descer."
Como se os salários portugueses baixassem o suficiente para competir com a Ásia. Não é a fazer mais do mesmo cada vez mais depressa, é com sexo, muito sexo.
.
Prefiro outra narrativa, mais cheia de diversidade, mais heterogénea, mais pessoal, mais carregada de imperfeição nos mercados, mais carregada de Davids e as suas fundas. Este texto "McLaren, Guarda Real de Omã e mineiros mongóis usam calçado português da Lavoro" exemplifica o que penso ser a resposta à pergunta inicial:
"Segundo o empresário, o segredo do sucesso da marca passa pelo desenvolvimento, quase personalizado, (Moi ici: Recordar o poder da interacção...
referido aqui e, recordar os fundamentos da Service-Dominat Logic) do calçado mais adequado a cada tipologia de ambiente de trabalho, recorrendo, para isso, a um Centro de Estudos de Biomecânica (SPODOS) que é "a única no sector" a possuir.
 .
"Por exemplo, no Médio Oriente o segmento em explosão é o petróleo e o gás, pelo que tivemos que nos adaptar desenvolvendo uma gama de calçado profissional adequado a esse segmento", explicou.
 .
Já para os engenheiros e técnicos de mecânica automóvel do Grupo McLaren, sediado no Reino Unido, a Lavoro desenvolveu para "um sapato leve, flexível e desportivo", que se adaptasse ao espírito da empresa, mas cujas biqueira em compósito, para proteger do impacto, e palmilha resistente à perfuração asseguram a necessária segurança.
 .
No caso da empresa mineira que a Lavoro fornece na Mongólia, os rigores da actividade e do clima extremamente frio são contornados com "uma gama de calçado com forro em pelo de carneiro verdadeiro, que resiste a temperaturas de -20 ou, mesmo, -30 graus", precisou José Freitas."
Personalização, customização, domínio técnico, tudo coisas que encarecem os custos de produção e desenvolvimento e, paradoxalmente, para os adeptos da concorrência perfeita, deviam tornar o produto menos competitivo.
.
Faz-me lembrar o empresário que exporta portões e gradeamentos para Malta. Como é que o conseguiu, como é que ultrapassou os italianos? Porque fez algo que os italianos nunca tinham feito, meteu-se no avião e foi visitar o primeiro potencial cliente.
.
É por isto que sou um adepto incondicional da concorrência imperfeita, gente que consegue vender areia com marca. Os que vendem areia como comodity, concentram-se na areia. Os que vendem areia com marca, concentram-se no cliente, concentram-se no serviço que o cliente vai fazer com a areia, concentram-se na razão que leva o cliente a comprar areia e, descobrem que ele pode precisar de muito mais do que areia.
.
Não se esqueçam que se podem comprar botas de segurança na net por 30 euros ou menos, a cumprir as normas e com marcação CE.

Já repensou ...

Isto "Quinta de Alcube, vinho da Arrábida sem intermediários" é artigo ou publicidade paga?
.
O que me interessa é:
"Imagine um produtor de vinhos com uma propriedade de 200 hectares em pleno coração do Parque Natural da Arrábida, dos quais 50 são de vinha, com uma produção anual da ordem das 250 mil garrafas e que vende tudo à porta da adega. Acha impossível? Pois não é. É isso que faz a Quinta de Alcube, que além de vinhos também produz artesanalmente queijo de Azeitão, tem um dos últimos pomares de laranjas de Setúbal e possui um enoturismo muito activo."
A partir deste exemplo, e a sua empresa?
.
Já repensou os seus canais de distribuição?
Já repensou as prateleiras onde expõe os seus serviços/produtos?

domingo, fevereiro 09, 2014

Curiosidade do dia

Um tema que volta e meia é abordado aqui no blogue, a obsolescência dos indicadores.
.
Indicadores definidos numa e para uma época, são incapazes de captar as subtilezas da mudança do mundo, por exemplo o caso do comércio online e as vendas no retalho físico.
.
Ainda ontem se escrevia aqui "Acerca dos números do emprego". Por isso, recomendo a leitura de "Time to say goodbye to the unemployment rate":
"The unemployment rate is a recent invention designed for limited purposes, yet it has come to assume totemic status in a way that makes it almost impossible to have a cogent discussion of labor in the United States (or anywhere else in the world that keeps similar numbers) and design meaningful public and private responses to our challenges.
...
the grand illusion of the unemployment rate and indeed of all of our leading statistics and indicators. We treat them as absolute markers, and reliable guides to our world. They are not. They are numbers that we invented remarkably recently and that then assumed a place of importance in shaping our sense of the world out of proportion to what they can and do measure.
...
There is, therefore, no unemployment rate, at least not as currently understood. There are multiple rates, by race, by gender, by geography and above all by educational attainment. When people talk of an unemployment crisis, it would be more accurate to speak of an education crisis or a crisis of men whose skills are mismatched to the jobs of today. It would be more accurate to speak of a jobs crisis in specific regions of the country, or for specific industries such as heavy industry. Yet, we maintain the collective fiction that one simple average accurately captures a multiplicity of realities."

O que é que a sua empresa faz?

Há dias, durante um jantar de francesinhas, o Aranha, mostrou-me esta fotografia:
Pedi-lhe logo uma cópia anónima.
.
O que é que a sua empresa faz, que pequenos gestos, que pequenas experiências, para criar estes momentos de cumplicidade não solicitada, estas surpresas?
.
De certa forma fez-me lembrar o "Crédito fácil e barato". Porque ninguém está à espera é que é mais valioso para quem recebe.

Sexo, jardineiros, intervencionistas, Taleb e Cavaco Silva (parte III)

Mantenho o título por voltar à parte do sexo.
.
Ontem, ao ler o artigo "Designing Business Models for Value Co-Creation", citado em "Acerca do ecossistema da procura", encontrei a referência a "Escaping the Red Queen Effect in Competitive Strategy: Sense-testing Business Models".
.
À noite, ao lê-la, fiquei logo apanhado pela relação com o sexo...
"The ‘red queen effect’ refers to the red queen’s advice in Lewis Carroll’s Through the Looking Glass in which she says, in order to stay in a (competitive) place you have to run very hard, whereas to get anywhere you have to run even harder. In today’s knowledge and mobile environments we know that businesses cannot survive by just running harder, but rather by running differently and ‘smarter’ than competitors."
Primeiro, recordar o comportamento dos afídeos da parte II quando as condições ambientais mudam.
"To counter direct competitive challenges, organizations often continuously learn new ways of improving their efficiency and performance. (Moi ici: Uma paisagem competitiva conhecida, um mercado conhecido, concorrentes conhecidos. Nada de extraordinário, a eficiência é suficiente para continuar a jogar. Reprodução assexuada) Having familiarized themselves over a number of years with such ways of doing business, their first reaction to discontinuous (fast-changing, disruptive) competition is to ‘‘work harder’’, (Moi ici: Esta é a parte em que os membros da tríade, de Vítor Bento e Ferraz da Costa, até João Ferreira do Amaral, acham que se reduzirmos salários, aumentarmos horários de trabalho ou voltarmos ao escudo, conseguimos ultrapassar esta diferença:Reparem, a economia portuguesa, no tempo do escudo, nunca teve de competir com diferenças desta ordem de grandeza) when what they need to do is to ‘‘unlearn’’ what they know and ‘‘work differently’’"
Na biologia, o sexo é uma espécie de ‘‘unlearn’’ what they know and ‘‘work differently’’, voltar a baralhar as cartas, os genes, para testar novas abordagens, para barrar o acesso a abordagens anteriores pelos vírus.
.
Sem sexo, ou seja, sem sair fora da caixa, sem a possibilidade de falir, com acesso a bail-outs:
"Several observers have commented that even though many companies work harder to improve themselves in increasingly fierce competitive environments, results improve slowly or not at all. This is a characteristic situation that could be described as the ‘‘Red Queen effect’’. It is a competency trap where ‘‘running harder’’ becomes customary: it is of an analytic-benchmark nature, it shows short-term success and is less risky in the near horizon, but ultimately holds long-term downfall.
.
Working ‘‘differently’’ seems to be an intuitively suitable approach for survival or even prosperity in the present era’s increasingly competitive business landscape. Companies need to change industry rules (the accepted way of doing business in the industry) by fundamentally questioning their tendency to conform to useful but ‘‘unoriginal’’ (copied, imitated, improved) practices, lessons, and experiences." (Moi ici: Como os afídeos, em tempo de mudança, saltar para o sexo)

"the Internet on crystal meth" e Mongo (parte VII)

O futuro é meter código no que já existe...
.
Por exemplo, no que vestimos e usamos como adorno, "Fashion Designers Are Finally Getting Serious About Wearable Devices"
.
Por que será que Angela Ahrendts  vai para a Apple?

sábado, fevereiro 08, 2014

Curiosidade do dia

"Yet even more importantly, as small businesses increase their access to powerful technology, they are overturning Coase’s key insight about the benefits of large firms.  As information advantages diminish, the key competitive assets are passion and purpose, rather than scale and access."



Trecho retirado de "How Technology Is Helping Small Businesses Compete"

Acerca dos números do emprego

Acerca destes números "Admirados".
.
Uma explicação possível pode estar no ilusionismo estatístico.
.
Os agricultores foram obrigados a burocracias como declarar o início da actividade. Será que ao declarar o início da actividade, como passam a trabalhadores por conta própria, passam à categoria de trabalhadores não remunerados e tornam-se invisíveis? Será que os que não declararam o início da actividade, quando questionados pelo INE, respondem que deixaram a actividade, com medo de cruzamento de informação?
.
Recordar "Estou sempre a aprender" e relacionar com "Where Are All the Self-Employed Workers?"
“I don’t think they’re missing people who are working; they’re just categorizing them using methods they developed in 1950. Changing that survey takes an act of God, because it messes up all the time series.”

Acerca do ecossistema da procura

Recordei esta história "Arquitecto de paisagens competitivas (parte II)" depois de ler:
"The transition from linear value chain thinking towards collaborative value network thinking renders firm boundaries increasingly permeable, fuzzy and fleeting. All market actors can be viewed as open systems, ‘effectively depending on the resources of others to survive’. This interdependence creates a need for specific exchange and interaction processes  aimed at integrating an actor’s own resources with the resources of other actors,
...
The idea of value co-creation in a network includes the idea of reciprocity, that is not only should one be freed from a dyadic perspective, (Moi ici: Deixar de pensar só nos clientes, naqueles que pagam as facturas e alargar o alcance do radar e, perceber que outros, na sua busca e sem ser preciso corrompê-los, podem influenciar os cientes) but also from the provider–customer notion. We take an actor-to-actor perspective and mainly use the term ‘actor’ as a generic construct of all resource integrators, and focal actor’ for the actor that is designing a business model for value co-creation. (Moi ici: Estes são os meus clientes-alvo ideais, actores (empresas) que já perceberam que não chega a relação "1 para 1" e é preciso trabalhar ao nível sistémico, ao nível de um modelo de negócio)
.
The relevant actors to include in the analysis vary based on the specific co-creation type the focal actor is aiming for. ... identify a spectrum of co-creation, involving co-conception, co-design, co-production, co-promotion, co-pricing, co-distribution, co-consumption, co-maintenance, co-disposal and co-outsourcing. All of these forms of value co-creation will require different resource configurations amongst various actors.
.
The evolution from value created and distributed by the manufacturing firm to value co-created in a network poses focal managerial challenges: How can the focal firm engage customers and other actors in purposeful co-creation?"
Há dias, no Twitter, discutia-se: de que vale um produto excepcional sem o acesso à prateleira, sem a capacidade de comunicar com os utilizadores:
"the evolution of customers from ‘passive audiences’ to ‘active players’. Firms do not exist in order to distribute value along a value chain, but rather to support customers in their value-creating processes. Thus, customers are not to be viewed as extensions of firms’ production processes. Rather, firms need to be viewed as extensions of customers’ value-creating processes."
Trechos retirados de "Designing Business Models for Value Co-Creation" de Kaj Storbacka, Pennie Frow, Suvi Nenonen and Adrian Payne.

Admirados

O texto desta notícia "Agricultura perdeu 53 mil trabalhadores em 2013" tem um trecho delicioso:
"Os dados divulgados causaram admiração nos representantes do sector contactados pelo DN."
Ilustra como os ditos representantes estão divorciados da realidade, estão longe das bases.
.
Como conjugar esta fotografia da realidade tirada pelo INE com a fotografia da realidade tirada pelo governo no passado mês de Dezembro:
"Nos últimos anos tem-se registado a criação de emprego no mundo agrícola, hoje são 280 os novos empresário agrícolas que se instalam mensalmente em Portugal,"

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

Curiosidade do dia

"Português cria segundo maior site do mundo de venda online de artigos de luxo"

"É português o fundador do segundo maior site do mundo dedicado às vendas online de artigos de luxo. No ano passado faturou 140 milhões de euros, e este ano deverá ter um aumento de 70 por cento."

Sexo, jardineiros, intervencionistas, Taleb e Cavaco Silva (parte II)

Parte I.
.
Esta manhã, durante os meus 16 km de jogging debaixo de chuva, ouvi o capítulo 3 de "The Red Quenn - Sex and the Evolution of Human Nature" de Matt Ridley.
.
A certa altura oiço:
"sex and dispersal often seem to be linked. Thus, grass grows asexual runners to propagate locally but commits its sexually produced seeds to the wind to travel farther. Sexual aphids grow wings; asexual ones do not: The suggestion that immediately follows is that if your young are going to have to travel abroad, then it is better that they vary because abroad may not be like home.'
...
Aphids multiply during the summer on a rosebush, and monogonont rotifers multiply in a street puddle. But when the summer comes to an end, the last generation of aphids or of monogonont rotifers is entirely sexual: It produces males and females that seek each other out, mate, and produce tough little young that spend the winter or the drought as hardened cysts awaiting the return of better conditions. To Williams this looked like the operation of his lottery. While conditions were favorable and predictable, it paid to reproduce as fast as possible—asexually. When the little world came to an end and the next generation of aphid or rotifer faced the uncertainty of finding a new home or waited for the old one to reappear, then it paid to produce a variety of different young in the hope that one would prove ideal."
E a minha mente voou para o paralelismo com a economia... e recordei por um lado a poesia de Hamel e Valikangas sobre a resiliência da vida na Terra e, por outro, os crentes no Grande Planeador.
.
Depois, Nassim Taleb veio juntar-se à festa, foi ao sexto km, com a humildade por detrás da "via negativa"... os intervencionistas, quase sempre cheios de boa vontade, querem intervir para "ajudar" as empresas a fazerem face a uma qualquer evolução desfavorável.
.
.
.
Interessante como os afídeos perante a alteração das condições, deixam de confiar na replicação dos seus genes e apostam no sexo, para criar novas combinações de genes que talvez possam enfrentar melhor o futuro.
.
Os intervencionistas que intervêm, os que decidem o que salvar e o que condenar são os mesmos que não sabem fazer as contas para um simples concurso público.
.
Depois dos jardineiros, lembrei-me logo da intervenção de Cavaco... outro intervencionista.

Sexo, jardineiros, intervencionistas, Taleb e Cavaco Silva (parte I)

A propósito desta história "Manutenção dos espaços verdes do Parque das Nações vai ser feita por 16 jardineiros, antes eram 70".
.
Impressionou-me, por um lado a incapacidade de gente, que lida com tantos milhões de euros impostados aos contribuintes, para fazer contas básicas e, sobretudo a dúvida. Por que é que o cliente se preocupa a impor requisitos acerca do número de jardineiros que vão manter o espaço? Não era mais adequado e mais próximo do que se deseja, impor requisitos acerca do resultado do trabalho dos jardineiros?
.
Voltei a recordar esta história ontem, ao ler num jornal o desejo do presidente:
"Cavado Silva afirmou ainda que «Portugal deve continuar a apostar na educação, no conhecimento e na inovação para que deixemos de ser um país que exporta acima de tudo produtos de baixa ou média tecnologia e passemos a exportar produtos de média e alta tecnologia e isso exige a continuação dos investimentos na área da I&D»."
O presidente coloca mal o desafio, a Qimonda cumpria o desejo do presidente e, no entanto, era um buraco financeiro insustentável. O desafio não deve ser exportar produtos de médio e alta tecnologia, mais uma vez concentramos-nos no processo e não nos resultados. O desafio, em minha opinião, deve ser apostar em produtos e serviços de mais alto valor acrescentado, sejam eles de baixa ou alta tecnologia, só o alto valor acrescentado permite a melhoria de vida das pessoas.
.
O presidente coloca o desafio desta maneira porque, como muitos, acha que existem sectores económicos condenados.
.
Continua.

Não deixe a sua empresa ser apanhada na curva

"What business are you in?  It seems like a straightforward question, and one that should take no time to answer.  But the truth is that most company leaders are too narrow in defining their competitive landscape or market space.  They fail to see the potential for “non-traditional” competitors, and therefore often misperceive their basic business definition and future market space."
O mesmo tema do artigo que Theodore Levitt escreveu em 1960, "Marketing Myopia"?
"Getting your business definition and competitor set right requires two things: first, an understanding of who your customer is, and second, an honest view of both the high level and detailed use-case problem you are solving for them.
...
Today, that kind of world-changing innovation seems to be happening faster and faster.  New megatrends are fundamentally altering market dynamics and business definitions.  These trends include the share economy, crowdsourcing, the mobile and tablet revolution, Big Data, and what I sense will be perhaps the most disruptive of all to business definitions — the Internet of things."
Daí ser fundamental pensar:
"So the critical question for businesses to ask — more now than ever — is not what business you are in today, but what business you should be in tomorrow." 
 Tanto fabricante de coisas que vai ser apanhado na curva por Mongo, por causa da redução de consumo promovida pela economia do aluguer e artilha, por causa da entrada do código nas coisas mais comezinhas, por causa do retorno do semi-industrial. (Ainda ontem à noite, no canal História, fiquei a pensar, ao ver o programa "Restauradores", no valor sentimental que as pessoas atribuem a algo que fez parte da sua vida, ou dos seus familiares, no passado. Em Mongo, porque não o mesmo tipo de envolvimento com algo que vai fazer parte da sua vida no futuro?)

Trechos retirados de "The First Strategic Question Every Business Must Ask"

"a means to solving a problem"

Actualmente, durante o jogging, ando a ouvir "The Red Queen: Sex and the Evolution of Human Nature" de Matt Ridley. Este trecho fixou a minha atenção:
"It seems to treat evolution as some kind of imperative, as if evolving were what species exist to do - as if evolving were a goal imposed on existence.'
This is, of course, nonsense. Evolution is something that happens to organisms. It is a directionless process that sometimes makes an animal's descendants more complicated, sometimes simpler, and sometimes changes them not at all: We are so steeped in notions of progress and self-improvement that we find it strangely hard to accept this. But nobody has told the coelacanth, a fish that lives off Madagascar and looks exactly like its ancestors of 300 million years ago, that it has broken some law by not " evolving.
...
Indeed, the coelacanth, far from being a flop, is rather a success: It has stayed the same—a design that persists without innovation, like a Volkswagen beetle. Evolving is not a goal but a means to solving a problem."
Aplicando esta pensamento à economia temos aquela frase de Nassim Taleb:
"Stress is information
 Se a cada recessão temos a intervenção keynesiana do Estado, para torrar uns milhões de euros a apoiar provisoriamente umas empresas, ou sectores escolhidos, os problemas para essas empresas são abafados, escondidos, temporariamente ... corta-se a motivação para a evolução.
.
Fazendo o paralelismo com Kotter, a mudança não ocorre por causa de relatórios e razões muito racionais, a mudança ocorre por causa de se estar com uma espada contra a parede, ocorre por causa de uma "burning platfform", por causa do barco de madeira estar a arder em pleno oceano:



quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Curiosidade do dia

Mongo is everywhere!!!
"The company, founded in September 2012, offers people the opportunity to memorialize their loved ones with a custom design that highlights both that person's unique interests and personality. The creations (as you can see in gallery above) are what those in the real estate industry might delicately call "taste specific."
...
each marker is created specifically according to the vision of the purchaser. While there's a catalog from which bereaved families can choose certain broad templates, customization is an important part of the idea, and Pineau makes it clear that that's a point of pride for the company. "We made about 100 monuments in the first year, and all of them are installed in .... We do not sell our products to be displayed in showrooms. We create unique works tailor-made for our customers."

Em que sector será? Um doce para quem adivinhar!!!
.
Trecho retirado daqui.

O Eu.Criança

Durante os meus tempos ingénuos de fundação da Quercus, o Falco tinnunculus (peneireiro de dorso malhado ou francelho) era, para mim, uma espécie de pardal das aves de rapina, dado que era muito comum e fácil de identificar através da conjugação da cor e do peneirar.
.
Com o tempo, deixei de os ver. Já não faço birdwatching como fazia, mas mesmo em sítios onde os costumava ver, deixei de os ver.

Hoje, 8 e pico da manhã, a entrar na A29 em Salreu, sou surpreendido por um exemplar, com aquele perfil inconfundível, a voar contra o vento forte.

Acerca da estratégia

Interessante, não sabia que esta constatação empírica "A biologia é um manancial de lições sobre a economia" e aqui repetida "É preciso estar sempre alerta", era conhecida e citada:
"David Packard once famously quipped, “More companies die from overeating than starvation.”"
Cuidado com tudo ser prioridade.

Trecho retirado daqui.