domingo, novembro 24, 2024

Curiosidade do dia


 


Leio isto e a minha mente dá um salto ao passado e ao desafio de reduzir a violência doméstica. Recuo a Junho de 2007 e a "Mais um monumento à treta - parte Il".

Entretanto no WSJ do passado dia 21 li, "The DOGE Plan to Reform Government," que avança com uma tentativa de proposta de Elon Musk e Vivek Ramaswamy. (BTW, o que tenho lido de Phil Mullan em  "Creative Destruction" faz-me pensar no impacte que Milei poderá ter no Ocidente. Interessante que Peter Zeihan sempre achou a Argentina um país de futuro apesar da loucura socialista, por causa da agricultura, do potencial industrial e da demografia).

Os autores defendem que o actual sistema de burocratas não eleitos e entrincheirados que promulgam regras e regulamentos é ineficiente, dispendioso e prejudica a responsabilização democrática. O seu plano depende da criação de um novo Department of Government Efficiency (DOGE) que visa reduzir a burocracia federal, revogar regulamentos desnecessários e implementar reformas que se alinhem com os precedentes do Supremo Tribunal.

Mais informação sobre o artigo aqui.

Lições para PMEs


No passado dia 13 o FT publicou um artigo intitulado, "Family-run Astonish's cut-price goods clean up in supermarkets".

Um potencial ponto forte das PMEs é a sua rapidez e flexibilidade.

A Astonish é uma empresa familiar em Bradford, Inglaterra, que produz produtos de limpeza e de higiene pessoal a um custo competitivo. As suas origens remontam a um único produto criado em 1969, e agora expandiu-se significativamente. A empresa opera uma fábrica moderna e automatizada e produz 90 produtos.

A estratégia da Astonish é oferecer produtos que reproduzam o desempenho das marcas líderes a um preço significativamente mais baixo, competindo mesmo com as marcas próprias do retalho (marcas brancas). 

A marca prioriza a qualidade e a inovação, produzindo produtos eficazes e ecológicos sem testes em animais, o que está alinhado com os modernos valores éticos e ambientais do seu consumidor-alvo.

A Astonish passou de expositora em feiras de limpeza de nicho para se tornar um fornecedor convencional presente nos principais supermercados e nas cadeias de desconto. A empresa investe em I&D, o que lhe permite colocar produtos no mercado mais rapidamente do que as grandes multinacionais.

Algumas lições para PMEs:
  • Tirar partido da inovação. As PME podem competir com marcas de maior dimensão, fornecendo alternativas de elevada qualidade a preços mais baixos, concentrando-se na relação qualidade/preço sem sacrificar o desempenho.
  • Concentrar a atenção num nicho. Ao identificarem-se e distinguirem-se num nicho específico (como os produtos de limpeza ecológicos), as PME podem diferenciar-se e atrair clientes fiéis.
  • Flexibilidade e rapidez. A diversificação das linhas de produtos e a adaptação às exigências do mercado (como a higiene durante a pandemia) são fundamentais para a resiliência e o crescimento.
  • Operação eficiente: Investir em automação e instalações modernas pode ajudar as PME a crescer de forma eficiente, mantendo a qualidade e reduzindo os custos.
  • Consistência e confiança da marca. Estabelecer uma reputação de produtos fiáveis ​​constrói a confiança do consumidor e a lealdade a longo prazo.
  • Resiliência para os períodos de incerteza económica. A capacidade da Astonish para prosperar durante as crises económicas demonstra a importância de estar preparado para responder às exigências em constante mudança com uma produção adaptável e um planeamento estratégico.

sábado, novembro 23, 2024

Curiosidade do dia

Julgo que Confúcio disse algo parecido com:

"O homem sábio aprende com os erros dos outros, o homem comum aprende com os próprios erros, e o tolo não aprende nem com os próprios erros."

Este artigo, "5 Notorious ERP Implementation Failures (& Why They Flopped)" é muito interessante. 




Teoria versus estatística (realidade)

Quem lê os jornais e vai a conferências sobre o que é preciso fazer para aumentar a produtividade das empresas portuguesas inexoravelmente acaba por ouvir que as empresas precisam de ser maiores, que as empresas portuguesas são demasiado pequenas.

Por exemplo, recordo de Maio de 2013, "Mas claro, eu só sou um anónimo engenheiro da província", e de Outubro de 2020, "Tamanho e produtividade".

Penso que esta receita é demasiado simplista. Considerem um sector económico onde actuam as nossas PMEs. O mercado servido por uma empresa de 40 trabalhadores é muito diferente do mercado servido por uma empresa com 200 trabalhadores. O modelo de negócio, os clientes-alvo e a proposta de valor são diferentes. Recordo o que tenho escrito sobre o papel da experiência anterior para limitar o campo de possibilidades do futuro, por exemplo de "Não é impunemente ...".

Entretanto, encontrei uma revista incluída no jornal Labor do passado dia 14 de Novembro. Muitos artigos sobre o calçado. Destaco este, "45 Novas empresas de calçado desde o início do ano", e esta citação:

"A nota divulgada pela APICCAPS refere ainda que, segundo o Eurostat, até ao final de 2022 (altura em que foram disponibilizados os últimos dados), Portugal tinha 2.428 empresas de calçado, responsáveis por 41.170 postos de trabalho, menos 380 (2.808) do que as registadas em Espanha (26.622 trabalhadores) e 3.953 a menos do que em Itália (73.218 trabalhadores).

"Feitas as contas, uma das particularidades da indústria portuguesa de calçado prende-se com a dimensão média das suas empresas, consideravelmente maior do que a dos concorrentes externos. Cada empresa portuguesa emprega, em média, 30 trabalhadores, enquanto as italianas apenas nove e as espanholas seis", conclui a nota da APICCAPS."

O que tenho escrito aqui ao longo dos anos sobre o futuro do calçado?

"O sector do calçado vai encolher, e vai ter de subir ainda mais na escala de valor, ou seja, vai ter de anichar e trabalhar para segmentos de muito maior valor acrescentado, luxo mesmo talvez." 

Retirado de "De liana em liana" de Outubro de 2024 e de "e sinto que algo não bate certo" de Fevereiro de 2024.

Ei, mas eu só sou um anónimo da província.

sexta-feira, novembro 22, 2024

Curiosidade do dia

"Ana Lehmann, antiga secretária de Estado da Indústria no primeiro governo de António Costa, não poupa críticas à "falta de estratégia" na alocação dos fundos comunitários em Portugal, "muitos deles focados em temas não transacionáveis", diz. Para a ex-governante, o acesso a fundos "viciou o mindset de alguns agentes" e os investimentos ocorrem "em função de haver apoios para eles ou não", o que conduz a uma "certa paralisia" numa economia em que as empresas estão "descapitalizadas".

...

Considerando que a indústria portuguesa poderia ter um “papel de liderança” em alguns nichos, como os têxteis técnicos, e outros, porque, apesar de ser um país pequeno, tem uma “tradição industrial notável”, esta responsável lamenta que os responsáveis políticos tenham optado, em geral, por “iniciativas políticas de pequeno fôlego”, atribuindo vales e vouchers."

Trechos retirados de "Ana Lehmann: "Fundos europeus promoveram uma certa paralisia em Portugal"".



Fugir da "rat race"

Nassim Taleb em "The Bed of Procrustes":

"True success is exiting some rat race to modulate one's activities for peace of mind."

Quantas PMEs precisam de reflectir profundamente nesta frase. 

E recordo a 1ª lei da Teoria dos Jogos: "Do not play a strictly dominated strategy"

Em vez de ser definido pelo esforço incansável, pela competição ou pela validação externa (a “corrida desenfreada”), o sucesso implica recuar, recuperar o controlo e encontrar um equilíbrio na vida que priorize a tranquilidade interior e a autonomia em vez da luta perpétua .

O verdadeiro sucesso não consiste em vencer os outros num frenesim competitivo, mas em alcançar um estado de independência onde se possa decidir o ritmo e a natureza das suas actividades. É um apelo para redefinir o sucesso em termos de valores pessoais, em vez de parâmetros sociais como a riqueza, o estatuto ou o reconhecimento. De certa forma também relacionado com o "Volume is vanity. Profit is sanity."

A ideia é fugir dos oceanos de tinta vermelha. As PMEs apanhadas num mercado altamente competitivo ("rate race" ou "race to the bottom") esgotam frequentemente os seus recursos tentando superar os rivais num campeonato onde não têm, nunca terão hipóteses (formigas num piquenique), levando a rendimentos decrescentes. A perspectiva de Taleb incentiva a concentração em nichos ou “oceanos azuis”, onde a concorrência é menos intensa e as empresas podem prosperar através da criação de propostas de valor únicas.

Uma estratégia empresarial bem-sucedida pode visar a autonomia operacional, evitando a dependência excessiva de factores externos voláteis (por exemplo, flutuações do mercado ou pressões competitivas). Isto poderá passar pela construção de processos internos sólidos, pela diversificação dos fluxos de receitas ou pela promoção da inovação.

quinta-feira, novembro 21, 2024

Curiosidade do dia

Primeiro, no JdN de 18 de Novembro passado, "Fusion Fuel com fábrica parada e sem dinheiro para salários":

"Perante a falha de um investimento de 33,5 milhões de dólares, que devia ter sido concretizado até ao final de outubro, a tecnológica que fabrica eletrolisadores para projetos de hidrogénio verde abriu falência em Portugal. Estão em risco 100 postos de trabalho."

Segundo, recordar alguns postais:

Terceiro, recordar alguns tweets:

Criar zombies e estagnar a economia


Esta semana umas viagens de comboio permitiram avançar na leitura dos capítulos sete "Contained Depression" e oito "The Zombie Economy" do livro de Phil Mullan, "Creative Destruction".

Nada de verdadeiramente novo nas conclusões face ao que se defende aqui no blogue há anos e anos. O que é verdadeiramente interessante são os gráficos a suportar as afirmações. Por exemplo, só relativamente aos Estados Unidos. O gráfico 7.1 ilustra a redução progressiva, recessão após recessão, da quebra do PIB (A volatilidade dos ciclos económicos tem-se vindo a reduzir desde os anos 1980, devido ao crescente controlo estatal e às políticas de estabilização. Isso diminuiu os efeitos disruptivos das crises, mas também retarda as transformações económicas necessárias para o crescimento), e o gráfico 7.5 que ilustra como, em cada ciclo económico, cada vez se perdem menos empregos mas também se criam menos novos empregos. 

A "estabilização" resulta num status quo de estagnação, no qual a capacidade produtiva e os empregos bem remunerados se deterioram lentamente. Esse modelo troca a possibilidade de disrupção económica por uma estagnação prolongada. Esta depressão contida, daí o título do capítulo, facilita a aceitação política e social de um "novo normal", onde crises contínuas são toleradas em troca de estabilidade imediata. Isso torna mais difícil superar o estado actual de estagnação económica

Estabilidade é obtida à custa de dinamismo económico. Uma das secções do capítulo é "The atrophy of economic dynamism": Taxas mais baixas de rotatividade de empresas, menos startups e um foco na estabilização em vez do crescimento levaram a uma estrutura económica ossificada que carece de vitalidade e inovação.

No capítulo 8 descreve-se a economia zombie. Uma economia onde empresas improdutivas continuam a operar devido a apoio estatal, como taxas de juros extremamente baixas e políticas que evitam falências. Isso impede o processo de destruição criativa necessário para revitalizar a economia. Como consequência as empresas mais produtivas enfrentam dificuldades para crescer, enquanto os novos negócios encontram barreiras à entrada devido à concorrência artificialmente mantida por empresas zombies.

A estagnação na criação de empregos e na adopção de tecnologias avançadas é exacerbada por esta dinâmica.

As políticas estatais contemporâneas dão prioridade à estabilização económica ao invés do crescimento, perpetuando uma economia estagnada. Essas intervenções, muitas vezes bem-intencionadas, inadvertidamente bloqueiam a renovação económica. E novidades aqui neste blogue? Esta abordagem sacrifica o crescimento e o progresso económico futuros por uma estabilidade superficial no presente. A zombificação económica, além de reduzir a produtividade, dificulta a criação de empregos de alta qualidade e bem remunerados.

A excessiva intervenção estatal, destinada a estabilizar as economias, levou à proliferação de “empresas zombie” – empresas improdutivas sustentadas por taxas de juro artificialmente baixas e políticas de tolerância. Estas empresas afastam concorrentes mais eficientes, retardando a inovação e a renovação económica. Embora estas políticas possam proteger os empregos a curto prazo, trocam o crescimento e a produtividade a longo prazo pela estagnação. Uma "economia zombie" suprime a reestruturação dinâmica, levando a um investimento mais fraco e à não criação de emprego.


Zombies

dolorosa

morrer empresas

apoios comunitários

quarta-feira, novembro 20, 2024

Curiosidade do dia

O calçado e a cartilha do luxo

Há muitos anos que aqui no blogue celebrei um ditado que considero fundamental para as PMEs:

Volume is vanity.

Profit is sanity.

Ontem recordei-o por causa de quem o esquece, ou desconhece.

Hoje, recordo-o por causa de quem o aplica. No WSJ do passado dia 12 de Novembro li  "Shoe Brands' Secret to Success: Going Slow."

O artigo refere como marcas como Hoka, On, Ugg e Birkenstock estão a alcançar o sucesso seguindo uma página da cartilha do luxo – dar prioridade ao crescimento controlado e deliberado em vez da expansão rápida. Estas marcas limitam a distribuição a determinados retalhistas que trabalham como parceiros, vendendo principalmente em lojas próprias e seleccionando canais de alta qualidade para manter o prestígio da marca [Moi ici: Recordo de Maio passado "criarem uma marca sem pressas, à la Purdue]. 

"Birkenstock is another example: The brand typically ships retailers about 75% of what they would like to order, according to a research note from Evercore.

At a September industry conference, Birkenstock Americas President David Kahan said the scarcity model drives consumers' "urgency to buy.""

Ao limitar a disponibilidade e ao concentrarem-se na qualidade do produto, estas marcas alcançam margens brutas elevadas (por exemplo, margens de 60%, próximas de marcas de luxo como a LVMH) e criam uma forte procura. A escassez ajuda a manter a imagem e a atractividade da marca.

O artigo refere que marcas como a Under Armour sofreram ao tentar despachar stock de forma demasiado agressiva para os canais de desconto, o que prejudicou a imagem da marca. Em contraste, a Hoka, a On e a Birkenstock evitam inundar o mercado ou fazer descontos, preservando assim uma imagem premium.

"Retail is littered with examples in which brands' desire for rapid growth backfired. Under Armour was the subject of an accounting probe a few years back, after it was accused of trying to inflate quarterly sales numbers by urging retailers to take products early and redirecting goods to off-price chains like T.J. Maxx in the final days of a quarter. The company settled those claims without admitting or denying wrongdoing. Whether or not those claims were true, Under Armour's overexposure to discount sellers cheapened the brand's image, which it is still trying to recover."

O artigo sugere que estas empresas privilegiam o valor da marca a longo prazo em detrimento do crescimento das vendas a curto prazo, aprendendo com outras marcas que cresceram demasiado rápido e acabaram a diluir o apelo da sua marca.

terça-feira, novembro 19, 2024

Curiosidade do dia


Destruir o futuro dos pensionistas de amanhã para atender a interesses eleitorais de curto prazo é um acto de irresponsabilidade geracional. Essa miopia compromete a sustentabilidade do sistema e penaliza aqueles que, mesmo contribuindo por décadas, receberão apenas uma fracção do que deveriam. Governar (e fazer oposição à séria) exige visão de longo prazo, não medidas populistas que sacrifiquem a segurança financeira das próximas gerações.

A incapacidade de calçar os sapatos do outro


Li no DN do passado Domingo, "Indústria conserveira quer faturar mil milhões até 2030". Entretanto, ontem no JdN li "Conservas querem dobrar o cabo dos mil milhões, mas temem "gigante" Tailândia".

Lembram-se do karma e o leite? 
Não?! 

Lembrei-me do karma do leite ao ler a conversa do presidente da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), José Maria Freitas. 

Qual o maior mercado de exportação para as conservas de peixe? Espanha!
O que quer a ANICP fazer? Reduzir as importações de conserva de Espanha!

Pena que em vez de crescimento canceroso, a ANICP não faça o trabalho de missionar o sector para: Em vez de tentar limitar as importações, a indústria conserveira portuguesa deve continuar a apostar em diferenciação da qualidade, sustentabilidade e inovação, que são as suas vantagens competitivas.
Essa estratégia já está em andamento, como exemplificado pela certificação "PT" e pela aposta em mercados premium como os Estados Unidos.

Fujam do objectivo de aumentar vendas e foquem-se no objetivo de subir vendas ao mesmo tempo que se aumenta a margem, o valor acrescentado integrado no produto. Não percam tempo com produtos baratos e comoditizados, façam como o alvarinho diferenciem-se.

A ideia de crescer em valor, em vez de volume, permite um desenvolvimento mais sustentável da indústria:
  • Menos pressão sobre os recursos naturais e humanos.
  • Incentivo a práticas produtivas mais sustentáveis.
  • Maior atractividade para consumidores que valorizam produtos de alta qualidade, mesmo que mais caros.
Produtos comoditizados, que competem apenas no preço, colocam a indústria em concorrência directa com países onde os custos de produção são muito mais baixos. Isso perpetua uma dinâmica de baixos lucros e dependência do volume.
O foco em produtos diferenciados, como conservas gourmet, orgânicas, com sabores únicos ou combinações inovadoras, ajuda a posicionar o sector num patamar superior.

Volume is vanity.

Profit is sanity.

segunda-feira, novembro 18, 2024

Curiosidade do dia

Há dias recebi um e-mail com esta mensagem que subscrevo:

"Como é que se consegue que um curso destes seja financiado pelo PRR?

Há coisas que não dá para entender..."

Acompanhada deste conteúdo:

"Car@ Alumnus / Alumna U.Porto

A pedido do Núcleo de Educação Contínua da Faculdade de Ciências da U.Porto, divulgamos a formação Vinhos de Categorias Especiais de Portugal e do Mundo, que poderá ser de interesse para a comunidade alumni da U.Porto.

Com esta formação vai poder conhecer e diferenciar uma diversidade de vinhos produzidos em diferentes regiões Portuguesas e do Mundo!

Vamos compreender as diferenças e semelhanças entre os vinhos do Porto, Xerez, Madeira, Champagne, Espumantes Portugueses, Proseco, Sauternes, Tokay, Portugal.

Viaje nesta aventura cultural e tecnológica.


Até dia 17 de dezembro encontram-se abertas candidaturas para a nova formação “Vinhos de Categorias Especiais de Portugal e do Mundo”.

Existem 20 bolsas de incentivo no valor total ao da propina do curso."

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) foi concebido para impulsionar a recuperação económica e a resiliência de Portugal através de investimentos estratégicos em áreas cruciais para o desenvolvimento do país. No entanto, a alocação de fundos para um curso sobre vinhos especiais parece-me desalinhada com esses objectivos primordiais.

O PRR visa principalmente apoiar iniciativas que aumentem a formação superior em áreas STEAM (Ciências, Tecnologias, Engenharias, Artes e Matemáticas) e a conversão e actualização de competências de adultos activos em sectores considerados estratégicos para a economia. Um curso sobre vinhos, embora possa ter algum valor cultural, dificilmente se enquadra nessas prioridades.

Esta situação levanta questões sobre a eficácia na alocação dos recursos do PRR. Quando fundos destinados a impulsionar a produtividade e competitividade do país são direccionados para formações que não parecem contribuir directamente para esses objectivos, é natural que surjam dúvidas sobre o impacte real desses investimentos no crescimento económico de longo prazo.

"O que existe é falta mão-de-obra barata"

Primeiro: 

Segundo:

Terceiro:

Sublinho "They don’t want wages to rise."

Ou seja: Não existe falta de mão-de-obra. O que existe é falta mão-de-obra barata. Não percebo como a esquerda não percebe isto.

"To get an idea of expert opinion on this topic, consider the 1990 testimony of Dr. Michael S. Teitelbaum, later to become Vice-Chairman of the U.S. Commission on Immigration Reform and considered by many, the foremost expert on the migration of the highly skilled:

"...the very phrase itself, "labor shortage" provokes puzzlement or amazement among most informed analysts of U.S. labor markets. "

"[To attract] workers, the employer may have to increase his wage offer. ... So when you hear an employer saying he needs immigrants to fill a "labor shortage", remember what you are hearing: a cry for a labor subsidy to allow the employer to avoid the normal functioning of the labor market." (fonte)

-1990 Congressional Testimony of Dr. Michael S. Teitelbaum"

Recordo:

domingo, novembro 17, 2024

Curiosidade do dia

Que seja um sinal. 

Estratégia em Mongo

Há dias Roger Martin publicou mais um texto, "Strategy on Rugged Landscapes". Há anos que aprecio o uso da metáfora das paisagens enrugadas para ilustrar o desafio da estratégia em Mongo versus aquele que era o desafio no século XX.

No texto, a Tanzânia (um planicie com um único pico, o Kilimanjaro) representa o século XX. Há uma estratégia simples. Já o Tibete (um país com muitos picos) representa Mongo. Não há uma estratégia única e fórmula-la não é fácil. 

"That is the difference between a smooth and a rugged landscape. In a smooth landscape, there is a singular peak and a simple rule for getting there. The more rugged, the more peaks - and no simple rule.

The central determinant of the ruggedness of a landscape is interdependence of variables in the system that produces the landscape. A landscape gets complex very quickly as variables interact. A landscape can have one million possible peaks (i.e. distinct outcomes) when there are only twenty interdependent variables. Such highly interdependent landscapes are what complexity theorists and evolutionary biologists call complex adaptive systems"

"There is even a more elusive form of problem — an undecidable one. These are problems that algorithms can never solve because they feature characteristics such as subjective variables, circumstances that vary faster than any algorithm can run, and/or the necessary data is simply unavailable.

Even though theorists place intractable and undecidable in different categories, I am simplifying them by referring to both as intractable, by which I mean that humans do not have access to an algorithmic approach — a formula — for reaching a solution in which they can be confident is optimal in the circumstance.

The stakes can be very high for humans with respect to such problems, as emphasized by evolutionary biologists who study landscapes and the fitness of species for the nature of the landscape on which they exist. To survive, a species needs to find the proverbial high ground of a safe peak on the ‘fitness landscape.’ It doesn’t have to be the tallest peak — i.e. a set of characteristics and behaviors that makes the species perfect for the landscape. But the fitness has to be pretty strong."

Quais as implicações para a formulação de estratégias para as empresas?

"The context for strategy is a rugged landscape. There are clearly many interdependent variables in strategy. 

...

The fundamental strategy question is what is the strongest competitive position — metaphorically, the tallest peak — you can occupy? As with most highly rugged landscapes, that is an intractable question — if you insist on an algorithmic solution (that is, you can reason algorithmically to a correct and verifiable solution). Managers in modern business are overwhelmingly from the educational fields of business, engineering and/or economics, and there they are taught that to be a noble, effective manager, you must calculate your way to any decision you make. Anything else is unbecoming.

This puts modern managers in a bind with respect to strategy. They have been taught a methodology — even a way of being — that is only good for smooth terrains, but they need to make the most important decisions for their companies on rugged terrains. The bind is pretty much as straightforward as that.

...

The key to avoiding these unproductive modes is to focus on human tractability in strategy. That is, one must take the algorithmically intractable task of setting strategy on a rugged landscape and make the task tractable for human managers."

Martin identifica três características heurísticas principais para tornar a estratégia mais tratável:

  • Imagine um futuro desejado feliz: Prever um resultado positivo ajuda a motivar e orientar as equipas estratégicas, concentrando-se num futuro desejável, em vez de ficarem sobrecarregadas pela complexidade dos desafios actuais. Ajuda a manter o moral e a clarificar os objectivos.
  • Manter uma competição de possibilidades: Em vez de procurar uma única “melhor” estratégia, Martin sugere avaliar múltiplas estratégias “plausivelmente elevadas” numa comparação competitiva. Esta abordagem reduz a pressão para encontrar a solução singularmente perfeita e incentiva a geração de opções diversas e criativas. Como aprendi aqui, julgo que o essencial é ter um mapa inicial no qual se acredita e, depois, meter os pés ao caminho e estar atento ao contexto e aos seus sinais para ir afinando a caminhada. O que liga perfeitamente com a seguinte:
  • Concentre-se na lógica das possibilidades, não nos dados: como não existem dados sobre o futuro, confiar fortemente nos dados pode enganar os estrategas em paisagens enrugadas. Em vez disso, concentrar-se na lógica subjacente de cada estratégia (por exemplo, considerar o que precisaria de ser verdade para uma estratégia ter sucesso) permite uma tomada de decisão mais clara e adaptável.

Esta abordagem centrada no ser humano e orientada pela heurística não só aborda os desafios únicos da estratégia complexa, como também garante que os estrategas mantêm-se relevantes e insubstituíveis numa era cada vez mais dominada pela inteligência artificial.

Agora surge-me a ligação a este postal bem recente, "Quando os clientes mudam".

  • Onde alocar recursos escassos? Como as PME têm recursos limitados, necessitam de identificar e focar-se nos principais pontos fortes e nas áreas onde se podem diferenciar de forma realista dos concorrentes.
  • Dado o ritmo acelerado das mudanças em paisagens enrugadas, as PME devem incluir flexibilidade nas suas estratégias. Rever e ajustar regularmente a abordagem estratégica permite-lhes responder mais rapidamente do que os concorrentes de maior dimensão, que podem demorar mais tempo a dinamizar.
  • As PME podem compensar a sua menor escala construindo parcerias com outras empresas, organizações locais ou grupos industriais. Isto ajuda as PME a obter acesso a recursos, conhecimentos e oportunidades de mercado que talvez não tivessem sozinhas.

Para as PME, o sucesso em paisagens enrugadas (aka Mongo) depende muitas vezes da capacidade de combinar a heurística de Martin com uma mentalidade prática e ágil que enfatiza a experimentação, a flexibilidade e a interacção próxima com o cliente. Esta abordagem diferenciada e adaptativa pode permitir às PME competir de forma eficaz sem exigir um planeamento estratégico de grande escala e com utilização intensiva de recursos.

sábado, novembro 16, 2024

Curiosidade do dia

"Criticando que "o país viva focado numa realidade descrita com números enganadores", o governador do Banco de Portugal (BdP) afirmou que Portugal tem recebido mais imigrantes com ensino superior, que entram no mercado de trabalho, do que perdido." 

Os reformados franceses de 70 anos em São João da Madeira e os reformados neerlandeses do Pinhal Interior também contam para as estatísticas.

Trecho retirado de "Centeno: "Portugal tem sido um recetor líquido de diplomados"" publicado pelo JdN. 

Exportações - primeiros 9 meses de 2024

 



O número de setas para cima aumentou bastante. Sinal de esperança?

Melhoria interessante (inversão de tendência) no calçado e nos automóveis. O vestuário continua a cair, ainda não bateu no fundo.

A variabilidade das exportações trimestrais a notarem-se nos produtos farmacêuticos.

Exportações de fruta a atingirem o valor mais alto dos últimos mais de 20 meses.


sexta-feira, novembro 15, 2024

Curiosidade do dia




"the ethos upon which society has founded is the prime natural resource, and so there was a reason it was the Americans that got to the moon, and part of the reason for that was the nature of the American social contract. Then the question is, what's that social contract predicated on? It's like, well, we hold these truths to be self-evident right, and what constitutes the self-evidence and what's underneath that, well, the entire judeo-christian."

Na semana da proposta do imposto "Elon Musk"... os descendentes de Caim não aprendem. 

"The End of Growth"

Esta semana o trabalho não tem deixado muito tempo para caminhadas e, por isso, a leitura do capítulo seis, "The End of Growth," do livro de Phil Mullan, "Creative Destruction" tem-se arrastado.

Do que li até agora destaco duas secções super-interessantes, "How the crisis of profitability curtails business investment" e "Investment languishes despite rising individual company profits".

Na primeira secção descreve-se como a economia atinge por vezes um estado em que as empresas têm mais dificuldade em obter bons lucros em comparação com a quantidade de dinheiro já investida na economia. Esta situação é como ter muitos investimentos antigos ou desactualizados que já não trazem retorno suficiente. Por causa disto, as empresas hesitam em investir em grandes novos projectos porque temem que não recebam o retorno suficiente dos mesmos. O autor dá o exemplo de uma empresa que possui máquinas que ainda funcionam, mas não são tão eficientes como as novas. Para comprar máquinas novas, a empresa pode ter de se livrar das antigas ou reduzir o seu valor, o que parece uma perda. Isto pode desencorajá-los de actualizar. Além disso, toda a economia pode ficar presa neste padrão: com menos investimento, há um crescimento mais lento e, com um crescimento mais lento, as empresas sentem-se ainda menos confiantes em investir em novos projectos. É como um ciclo que mantém a economia a andar a um ritmo mais lento.

Na segunda secção o autor refere que, embora algumas empresas ainda obtenham bons lucros, não estão a investir esse dinheiro de volta na economia. As empresas podem ter muito dinheiro, mas em vez de construírem novas fábricas, mantêm-no, compram activos financeiros ou devolvem-no aos accionistas. Isto é surpreendente para algumas pessoas porque lucros fortes significariam normalmente que as empresas deveriam estar mais dispostas a investir.

Por exemplo, uma empresa como a Apple pode ganhar muito dinheiro, mas em vez de usar tudo para fabricar mais produtos, pode recomprar ações ou pagar aos accionistas. Esta abordagem cautelosa é um sinal de que as empresas estão a agir de forma segura devido às incertezas económicas mais amplas. Assim, embora exista dinheiro disponível, as empresas hesitam em utilizá-lo para crescimento ou novos projectos, o que abranda ainda mais o desenvolvimento económico.

Uma empresa continua a comprar máquinas novas e caras para fabricar mais produtos mais rapidamente. Mas de cada vez que isso acontece, o aumento do lucro obtido com estas máquinas torna-se menor do que anteriormente. Com o tempo, esta empresa e outras semelhantes chegam a um ponto em que não conseguem obter lucro suficiente para justificar a compra de ainda mais máquinas ou tecnologias novas. Este processo abranda toda a economia porque menos empresas estão dispostas a assumir os custos e os riscos de grandes investimentos, com um impacte muito grande na evolução da produtividade. Para uma mudança significativa, é necessária uma reestruturação extensa, como durante o pós-Segunda Guerra Mundial, quando a destruição e a reconstrução levaram à recuperação económica. Sem alterações comparáveis ​​em grande escala, a baixa rentabilidade persiste.