segunda-feira, agosto 26, 2024

Curiosidade do dia


Como não recordar:

Onde começa a inovação?

Recentemente recebi via e-mail da Strategyzer um artigo intitulado "Does innovation always start with customer needs?" de Tendayi Viki e com o seguinte começo:

"This is the age old push versus pull question. Should innovation be driven by advances in technology (e.g. AI) or by market insights (e.g. aging population)? A lot of innovation models tend to describe innovation as a linear process that starts with understanding customer needs. 

In the early days of my career, I was quite rigid in my thinking about this question. I used to get into endless debates with innovation teams as I tried to push them towards focusing on customer needs first.  

But over time, I learned that innovation is not a paint by numbers process. Inspiration does not come in a neat linear package. Sometimes, technological advancements that are not driven by a clear customer need can spur innovation. My experience has taught me that innovation can start anywhere."

Como Alexander Osterwalder, fundador da Strategyzer, é suíço lembrei-me logo de Feyrabend e o seu "anything goes", o que me levou a este postal de 2015 "Para reflexão, sobre a criação de mercados". 

Como explico nesse postal, para uma PME sem capital e em dificuldades o ponto de partida é o da effectuation, Começar de onde se está, começar com o que se tem à mão. Não perder a ligação à terra, como o mitológico Anteu.

Tendayi Viki escreve:

"If you have identified the problem, find the solution.

If you have a solution in mind, identify your customer's problem."

"If you have identified the problem, find the solution" - Eu PME, posso não ter capital para desenvolver a solução que nunca experimentei, posso estar a subestimar a complexidade da coisa. No entanto, estou a focar-me na inovação que interessa, estou a criar valor e diferenciação, posso atrair investidores(?).

"If you have a solution in mind, identify your customer's problem," - Eu PME fico desalinhado do mercado actual que conheço (pode passar por mudar de clientes, de mercados, de modelo de negócio), posso mesmo assim não conseguir taxas de adopção interessantes. No entanto, estou a diversificar e expandir o mercado, a aproveitar activos existentes e a tornar a empresa mais resiliente.

domingo, agosto 25, 2024

Curiosidade do dia

 Fascinou-me desde as primeiras versões que vi no Twitter

Imigrantes: efeitos positivos e negativos

Esta foto foi publicada no Twitter com o seguinte texto a acompanhá-la:
"Multiplicai isto por praticamente todos os setores da economia portuguesa, qual é a vossa solução racistas e xenófobos do c*?"

Ou seja, quem considerar que isto é pernicioso para a economia tem logo garantido um rótulo.

Quando um sector económico mantém os custos laborais baixos ao empregar imigrantes, podem ocorrer vários efeitos positivos e vários efeitos negativos. Vamos a eles:

Efeitos positivos

Maior competitividade: A redução dos custos laborais pode tornar o sector mais competitivo, tanto a nível nacional como internacional, ao permitir que as empresas ofereçam preços mais baixos ou margens de lucro mais elevadas. Este é o tema do Uganda. No entanto, como os trabalhadores são estrangeiros e estão dispostos a dormir num apartamento com outros 19, não há manifestações.

Crescimento económico: O sector pode crescer mais rapidamente devido à redução de custos, levando ao aumento da produção, à expansão e, possivelmente, à criação de empregos adicionais.

Estabilidade de preços: Os consumidores poderão beneficiar de preços estáveis ​​ou mais baixos para os bens e serviços produzidos pelo sector, devido à redução dos custos de produção.

Flexibilidade na oferta de mão-de-obra: Os trabalhadores imigrantes podem fornecer a oferta de mão-de-obra necessária, especialmente nos sectores onde os trabalhadores locais não estão dispostos a trabalhar por um baixo salário, garantindo que o sector se mantém operacional e produtivo. BTW, aposto que isto, com o tempo, gera um crowding-out dos trabalhadores locais porque o custo de vida continua a subir, mas os empregadores não têm pressão para aumentar os salários.

Agora vamos aos negativos:

Efeitos negativos

Supressão salarial: A dependência da mão-de-obra imigrante de baixo custo pode suprimir os salários não só dos imigrantes, mas também dos trabalhadores locais, conduzindo potencialmente à desigualdade de rendimentos e à tensão social.

Dependência do trabalho imigrante: O sector pode tornar-se excessivamente dependente dos trabalhadores imigrantes, tornando-o vulnerável a alterações na política de imigração ou nas condições económicas que possam perturbar a oferta de trabalho.

Lacuna de competências: Se o sector depender demasiado de mão-de-obra de baixo custo, poderá haver menos incentivo para investir na automatização, na inovação ou na melhoria das competências da mão-de-obra, limitando potencialmente os ganhos de produtividade a longo prazo.

Tensões sociais e culturais: Um grande afluxo de trabalhadores imigrantes pode, por vezes, levar a tensões sociais e culturais nas comunidades locais, especialmente se a integração não for bem gerida.

Pessoalmente, como considero o desafio do aumento da produtividade fundamental para o futuro do país preocupam-me estas "bofetadas" que reduzem a pressão evolutiva para subir na escala de valor:
Sou do tempo em que a esquerda queria uma sociedade com salários altos e que quem não os pudesse pagar deviar fechar... Se Belmiro fosse vivo seria um grande defensor da mão de obra das paletes de imigrantes.

BTW, assim como os poluidores têm de pagar também os empregadores deveriam internalizar certos custos.



sábado, agosto 24, 2024

Curiosidade do dia


Um título extraordinário... qual o mindset de quem o escreveu?  

Como se definem objectivos (parte IV)

Há muitos anos fui a uma entrevista de emprego numa fábrica de pneus. A caminho da sala onde teria a reunião passei pela produção. Não sei a que propósito alguém me contou que se os pneus tivessem defeitos reparáveis à saída do molde os operários teriam de fazer horas extra para os reparar. Eu, jovem inexperiente, achei a coisa absurda por poder ser um incentivo para produzir defeitos, ou para os evitar.

Entretanto, descobri esta página cheia de exemplos deliciosos, "Perverse incentive". O primeiro é o Cobra Effect:
"The term cobra effect was coined by economist Horst Siebert based on an anecdotal occurrence in India during British rule. The British government, concerned about the number of venomous cobras in Delhi, offered a bounty for every dead cobra. Initially, this was a successful strategy; large numbers of snakes were killed for the reward. Eventually, however, people began to breed cobras for the income. When the government became aware of this, the reward program was scrapped. When cobra breeders set their snakes free, the wild cobra population further increased."

E o último:

"In his autobiography, Mark Twain says that his wife, Olivia Langdon Clemens, had a similar experience:

Once in Hartford the flies were so numerous for a time, and so troublesome, that Mrs. Clemens conceived the idea of paying George a bounty on all the flies he might kill. The children saw an opportunity here for the acquisition of sudden wealth. ... Any Government could have told her that the best way to increase wolves in America, rabbits in Australia, and snakes in India, is to pay a bounty on their scalps. Then every patriot goes to raising them." 

sexta-feira, agosto 23, 2024

Curiosidade do dia


"Whatever happened to polar bears? They used to be all climate campaigners could talk about, but now they’re essentially absent from headlines. Over the past 20 years, climate activists have elevated various stories of climate catastrophe, then quietly dropped them without apology when the opposing evidence becomes overwhelming. The only constant is the scare tactics.

Protesters used to dress up as polar bears. Al Gore’s 2006 film, “An Inconvenient Truth,” depicted a sad cartoon polar bear floating away to its death.

...

Then in the 2010s, campaigners stopped talking about them. After years of misrepresentation, it finally became impossible to ignore the mountain of evidence showing that the global polar-bear population has increased substantially. Whatever negative effect climate change had was swamped by the reduction in hunting of polar bears. The population has risen from around 12,000 in the 1960s to about 26,000.

...

The same thing has happened with activists’ outcry about Australia’s Great Barrier Reef. For years, they shouted that the reef was being killed off by rising sea temperatures. 

...

The latest official statistics show a completely different picture. For the past three years the Great Barrier Reef has had more coral cover than at any point since records began in 1986, with 2024 setting a new record. This good news gets a fraction of the coverage that the panicked predictions did.

More recently, green campaigners were warning that small Pacific islands would drown as sea levels rose. In 2019 United Nations Secretary-General António Guterres flew all the way to Tuvalu, in the South Pacific, for a Time magazine cover shot. Wearing a suit, he stood up to his thighs in the water behind the headline “Our Sinking Planet.” The accompanying article warned the island—and others like it—would be struck “off the map entirely” by rising sea levels.

About a month ago, the New York Times finally shared what it called “surprising” climate news: Almost all atoll islands are stable or increasing in size. [Moi ici: BTW,  vi isto hoje no Twitter]

...

Today, killer heat waves are the new climate horror story. [Moi ici: Esta esteve há dias na moda em Portugal] In July President Biden claimed “extreme heat is the No. 1 weather-related killer in the United States.”

He is wrong by a factor of 25. While extreme heat kills nearly 6,000 Americans each year, cold kills 152,000, of which 12,000 die from extreme cold. Even including deaths from moderate heat, the toll comes to less than 10,000. Despite rising temperatures, age-standardized extreme-heat deaths have actually declined in the U.S. by almost 10% a decade and globally by even more, largely because the world is growing more prosperous." 

Entretanto, hoje no Twitter apanhei um artigo do Observador, "Encontros entre ursos polares e humanos são cada vez mais frequentes". O artigo começa com uma certeza:

"As alterações climáticas estão a levar a encontros mais frequentes entre ursos polares e humanos."

Se a população triplica tem de aumentar os seus territórios de caça, com ou sem alterações climáticas. 

Recordar Políticos e o ambiente.

Trechos retirados do artigo de Bjorn Lomborg, "Polar Bears, Dead Coral and Other Climate Fictions" publicado no WSJ no dia 31.07.


Wokismo e produtividade

Sempre que desconfiarem dos escritos de um académico nos jornais, lembrem-se da "Raygun":


E se isso não chegar lembrem-se deste video:
Quem é Alejandro Inurrieta? Um doutorado em Economia.

Aproveito para recordar Helena Garrido acerca da pós-verdade em "Vivemos no tempo da pós-verdade"
"Não importam os factos, pouco interessa o que é verdade, acredita-se, quase por fé, naquilo que se deseja que seja verdade. É o sentimento que conta, tal como nos mercados. Não é mentira, mas também não é verdade mas é aquilo que queremos que seja a realidade,
...
Na era dos factos, basta verificar com estatísticas, frases ou relatos para se fazer ou desfazer uma declaração. Nesta nova era é mais importante quem diz, a que “tribo” pertence e especialmente, num mundo de imagem, a forma como se afirma."

No passado dia 19 o jornal Público trazia o artigo "Semana de quatro dias: lições sobre produtividade" assinado por um dos coordenadores do estudo sobre a semana de quatro dias.

Comecemos pela foto usada para ilustrar o artigo: uma operária a costurar uns panos numa fábrica. Interessante! Será propositado? Se lerem o postal "Vivemos no tempo da pós-verdade" pensem em:

"Algumas das empresas que participaram no estudo só aplicaram a semana dos 4 dias a parte dos trabalhadores (presumo que os deltas e epsilones ficaram de fora)"

Se forem ler o estudo encontram:

"and four companies with more than 80 employees are taking part. Of these four companies, two opted for partial implementation with around 30 employees." [Moi ici: Presumo que só a aplicaram ao pessoal fora do chão de fábrica]

...

"In some companies, like a physiotherapy clinic and a social centre, shortening the working week was more difficult in some roles and would require an initial financial investment in hiring more workers, so they decided to start with roles that would allow the work to be reorganised without the need to hire additional staff. [Moi ici: Nunca aparece nestes artigos de jornal]"

Voltemos ao artigo publicado no passado dia 19 de Agosto:

"A maioria das empresas traduz as melhorias organizacionais e tecnológicas em aumentos de produtividade baseados na redução das horas trabalhadas conseguida através de um corte no número de trabalhadores, mantendo o serviço prestado. Frequentemente, a consequência é um plano de consolidação acompanhado de rescisões com os trabalhadores. Neste contexto, compreende-se que eles possam transformar-se numa força de bloqueio. [Moi ici: Isto cheira-me a conversa dos "patrões". Malandros não querem trabalhar para não perder o posto de trabalho]

No caso da semana de quatro dias, o aumento da produtividade também não decorre diretamente de um aumento do valor de vendas, mas da diminuição das horas trabalhadas. [Moi ici: Chegamos ao tema, quem diria, do uso pouco edificante dos objectivos]. Aumenta-se o indicador da produtividade (euro por horas trabalhadas) mas não se cria mais riqueza. Weird!!! Conseguem imaginar onde isto nos leva? Qual é a minha equação para a produtividade? Valor criado sobre o custo necessário para criar o valor, se as vendas se mantêm, se não há mais output e se os salários se mantêm os custos mantêm-se, então a produtividade continua na mesma.] No entanto, essa diminuição é feita, não despedindo trabalhadores, mas reduzindo as horas por trabalhador, o que explica o seu empenho na melhoria da produtividade."

...

A elite empresarial portuguesa - as grandes empresas e as associações empresariais - não se deve esconder atrás deste facto para continuar a ignorar o tema, como fez nos últimos dois anos [Moi ici: É procurar no estudo o tipo de empresas que participaram, a sua dimensão e o universo de trabalhadores incluído em cada uma delas]. A semana de quatro dias é uma prática de gestão legitima capaz de aumentar a produtividade, [Moi ici: falso] e cuja generalização já está em curso em todo o mundo [Moi ici: falso]. 

...

[Moi ici: Interessante esta ameaçazinha caviar] Resta saber se vão pôr de lado o seu preconceito, manifestar maior abertura e tomar a iniciativa de a estudar, discutir e experimentar. Se não o quiserem fazer, mantendo a sua posição intransigente, estarão a demonstrar que não podemos contar com eles para conduzir este movimento e, então sim, estarão a dar um argumento válido para os que querem impor a semana de quatro dias por legislação."

Quando vos falarem de estudos de semanas de 4 dias pensem sempre em:

  • Âmbito: Qual o tipo de organizações incluídas no estudo? Qual a representatividade da amostra, particularmente em relação aos sectores e aos cargos dos funcionários envolvidos? Isto levanta questões sobre a generalização dos resultados, especialmente para indústrias como a manufatura ou os serviços, que têm exigências operacionais constantes.
  • Impacte na qualidade dos serviços: A redução de 5 horas no SNS não foi lição suficiente? Qual a viabilidade de uma semana de trabalho de quatro dias em sectores como a fabricação de calçado, serviços de transporte ou retalho, onde a redução das horas operacionais poderia levar a uma diminuição da produção, a horários comerciais mais curtos e, em última análise, à insatisfação dos clientes. 
  • Aumento dos custos operacionais: Aumento dos custos operacionais para as empresas que precisariam de contratar pessoal adicional ou pagar mais por horas extraordinárias para manter os níveis actuais de produção ou de serviço. 

quinta-feira, agosto 22, 2024

Curiosidade do dia

Mão amiga mandou-me esta folha retirada da revista Popular Mechanics:

Como o mundo económico pode mudar em 60 anos.


Fixado na guerra anterior

No WSJ de ontem li "U.S. Companies Shift From China to Avoid Tariffs":
"Until a few years ago, Chinese factories supplied the world with Sharpie retractable pens and Oster blenders.
No more.
Consumer giant Newell Brands now makes those products, and more, at its own plants in the U.S. and Mexico. Many of its other products are made in factories in Vietnam, Indonesia and Thailand.
Chris Peterson, Newell's chief executive, said the company's shift reduces its dependence on China at a time when both the Democratic and Republican parties "are getting more protectionist in terms of trade policy."
Tariffs are becoming an entrenched tool tying together geopolitics and trade, and they are playing a bigger role in long-term manufacturing and sourcing decisions. Nowhere are they hitting harder than in China, where importers and exporters are navigating an increasingly complicated regime of levies on goods ranging from semiconductors to mattresses.
...
Retail-industry trade groups and some executives warn some items can't be produced anywhere else in the world and that escalating tariffs will simply raise consumer prices and fuel inflation. Analysts at Goldman Sachs estimate that every percentage-point increase in the overall U.S. tariff rate would increase core consumer prices by just over 0.1%.
"The problem is the best place to make shoes is China," said Ronnie Robinson, chief supply chain officer at Designer Brands, parent company of footwear retailer DSW.
Robinson said for every dollar the government adds in tariffs, consumers pay an extra $2 to $4 at the checkout. "The reality is that you and 1 are paying for the tariffs as part of the ticket price when you go into the store and buy," he said.
Robinson said Designer Brands sources about 70% of its footwear from China, down from 90% several years ago. He said the company aims to reduce its reliance further to about 50%, but China will remain the company's largest single source of shoes.
Peterson said just 15% of Newell's goods rely on products made in China today, down from more than 30% several years ago. He expects that by the end of next year the share will fall below 10%."

 E fiquei a pensar em certas desculpas que se dão.

Por exemplo, no JN do passado dia 19 de Agosto, "Concorrência chinesa ameaça indústria nacional". Senti-me a recuar 20 anos atrás:

"As indústrias do têxtil e do calçado atravessam um mau momento. Nos primeiros seis meses do ano houve um aumento das insolvências, com estes dois setores a destacarem-se pela negativa. Taxas de juro em alta, inflação, dificuldade de adquirir matérias-primas e a concorrência que classificam como "desleal" das empresas chinesas estão entre as causas apontadas pelos empresários para o mau momento. Mas, pela primeira vez, algumas das empresas que trabalham mais para o mercado nacional do que para exportação estão a resistir melhor à crise."

So weird!

Números sobre o calçado e o ITV:

  • A percentagem de insolvências decretadas aumentou 9,3%, para 1054, relativamente ao período homólogo;
  • O têxtil e moda com mais 110 falências decretadas (mais 178%), 
  • A confecção de vestuário exterior com mais 31 (um aumento de 78%); e
  •  O fabrico de calçado com mais 587 (um crescimento de 414%).
"“O têxtil até cresceu em número de clientes, o problema é que eles fazem encomendas mais pequenas”, refere Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal e da Euratex - Confederação Têxtil Europeia." 
Reparem na caldeirada de desculpas:
  • Encomendas mais pequenas (lembram-se deste discurso aqui classificado como estranho, acerca do calçado?).
  • Estamos a viver um período com duas guerras, uma na Europa e outra às portas.
  • Taxas de juro em alta e a inflação.
  • “A União Europeia (UE) baixou as suas importações em 17% e Portugal teve uma diminuição de vendas de 5%. Ou seja, nós até aumentamos a nossa quota de mercado” - Atentem neste ponto, aumentamos a quota de mercado.
  • 4 anos depois, ainda a tentar a carta da pandemia "as empresas de vestuário e moda “durante a pandemia tiveram de se endividar para evitar despedimentos e manter a paz social”."
  • "a “concorrência desleal” das empresas chinesas é outro problema que a UE tem de atacar, “sob pena de acabar com todo o setor industrial europeu”" - mas então não estão a ganhar quota de mercado?
Como mostrar que isto não passa de desculpas? Tratando-se do sector económico nacional com produtividade mediana mais baixa, não consegue ter produtividade para o nível de custos que agora tem. Como é que a França e a Alemanha perderam as suas empresas têxteis? O fenómeno dos Flying Geese

quarta-feira, agosto 21, 2024

Curiosidade do dia

Despedir trabalhadores antigos para contratar trabalhadores mais baratos oriundos das paletes de imigrantes?


 Gráfico retirado daqui.

Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte III)

A pergunta do final da parte I foi: "Como se altera a composição relativa dos sectores económicos?" 

A esta pergunta alguns vão responder com outra pergunta: Por que é preciso alterar a composição relativa dos sectores económicos?

Neste blogue ninguém deseja o mal de ninguém, todos fazem falta até que o mercado diga que chegou a hora de morrerem porque não mudaram, ou porque chegaram ao limite da mudança permitida. Recordo que há muitos anos que olho para a economia como uma continuação da biologia. Se os crocodilos encontraram um nicho também algumas empresas em sectores tradicionais o conseguirão fazer. No entanto, um nicho é um nicho.

Vamos considerar um cenário onde não se altera a composição relativa dos sectores económicos. 
Como pode aumentar a produtividade do país? Este é o campo dos "Carlos consultor":


Os consultores podem ajudar a conseguir melhorias intrasectoriais. É o mundo da melhoria da eficiência, melhoria da inovação e consequente melhoria de preços.

Os consultores podem também ajudar a conseguir melhorias por mudança de sector. Por exemplo:
Por exemplo, uma empresa do sector têxtil conseguir migrar para o fabrico de têxteis técnicos para a indústria aeronáutica ou automóvel. Só que isto tem de ser feito em larga escala para o agregado se mexer.

Esta melhoria da produtividade nunca será capaz de trazer o salto para nos tirar dos 66% da média europeia.

E quando se considera um cenário onde se altera a composição relativa dos sectores económicos? Ou seja, quando se mexe a sério no agregado?

Aqui entra o ponto de vista do Carlos cidadão. Os empresários portugueses fazem o melhor que podem e sabem, mas para alterarem a composição relativa dos sectores económicos teriam de ter muito mais capital e, sobretudo mais know-how (reparem como todos os investimentos industriais da Sonae na Europa deram para o torto, por exemplo). Algumas vozes recomendam a fusão e concentração das empresas porque as empresas maiores têm produtividades superior às empresas pequenas no mesmo sector de actividade. Só que estas vozes não sabem é que o mercado que uma empresa de calçado com 200 trabalhadores tem de servir não é o mesmo mercado, com a mesma proposta de valor que quatro empresas de calçado com 65 trabalhadores servem. Se as juntarem elas não vão conseguir servir nem os antigos nem os novos, por falta de know-how e, muitas vezes, por hardware inadequado.

OK. Onde se arranja know-how e capital em quantidade? Com investimento directo estrangeiro.

Por que é que investimento directo estrangeiro escolheria Portugal? Ver a coluna "Corporate Tax Rank" no "2023 International Tax Competitiveness Index Rankings". Por isso, escrevi: Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas. Por isso, acho incrível que os números da parte II e esta necessidade de alterar a composição relativa dos sectores económicos não entre nesta conversa Descida do IRC é injusta (tanto o PS como o PSD são desesperantes, um porque está contra e o outro porque não sabe defender a necessidade da descida, refugiando-se na necessidade das empresas existente acumularem capital. Sim, isso é verdade, mas a verdadeira razão é muito mais importante, copiar a atractividade irlandesa). Por isso, escrevo há anos sobre os mastins dos Baskerville. Na estória de Sherlock Holmes os mastins não ladraram e isso era significativo. Neste tema, o significativo são as empresas que não estão presentes na economia portuguesa, as presentes fazem o melhor que sabem com os resultados que temos.

Quando foi o último grande salto da produtividade portuguesa? Quando milhares de alentejanos abandonaram a agricultura e foram trabalhar na cintura industrial de Lisboa. Recordar Reinert:
"As was so obvious to American economists around 1820, a nation - just as a person - still cannot break such vicious circles without changing professions."
Este tipo de salto pode ser conseguido com investimento directo estrangeiro. Mas não é com apoios para suportar negócios que vivem de apoios. Não, é criar as condições e deixar quem sabe criar riqueza vir.

Acerca da produtividade um dos primeiros choques que tive, porque ia contra o mainstream, foi-me dado por um finlandês, Maliranta, que escreveu sobre a experiência finlandesa. Com ele aprendi algo deste género: "É amplamente aceite que a reestruturação das empresas aumentou a produtividade ao deslocar trabalhadores pouco qualificados e criar empregos para os altamente qualificados. Contudo, isso é falso. Na sua essência, a destruição criativa significa que as fábricas de baixa produtividade são substituídas por fábricas de elevada produtividade ." Por favor, volte a trás e releia esta última afirmação. O salto de produtividade não é dado por trabalhadores com mais formação (recordar a caridadezinha ou a azelhice ao estilo de AOC de um presidente da câmara de Guimarães), mas por outro tipo de empresas.

Outra afirmação que guardo há anos sobre o tema:
"Systems don’t learn because people learn individually –that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game."
Por isso, escrevo aqui há anos sobre a necessidade de deixar as empresas morrerem e ter cuidado com os apoios que se dão:
"By and large, the inability to distinguish the A and B groups rendered these grants socially counter-productive. The funds flowed selectively into the least viable part of the industry, preventing change, and subsidized competition with the A-group, so slowing its growth."
Às vezes penso que se não fossem os apoios da UE a economia portuguesa estaria mais desenvolvida, porque muitos desses apoios são para apoiar as empresas que passam mal. O apoio funciona como uma botija de oxigénio para um zombie.

Por fim recordo os Flying Geese uma ilustração clara do que é preciso para conseguir a tal alteração da composição relativa dos sectores económicos:
BTW, para conseguir a tal alteração da composição relativa dos sectores económicos tem de haver uma transição mais ou menos dolorosa

Como não há esta injecção de capital e know-how, os incumbentes vão recorrendo a truques para se manterem.

terça-feira, agosto 20, 2024

Curiosidade do dia

No jornal The Times de ontem:
"Senior executives who hired the three big strategic consulting firms of McKinsey, Boston Consulting Group and Bain often say they are no help, according to a study commissioned by a rival firm.
A survey of 702 executive staff and project managers found that of those who worked with the three biggest consultancies in corporate transformation projects, 84 per cent felt they "were no help at all". Only 13 per cent said they were more help than hindrance. Three per cent said they had a negative effect.
...
"What you have is big consultancy armies with briefcases. They walk into organisations and confidently try to get them to fit into a predesigned transformation strategy mould. But what organisations need is a solution that works in their context.""

Faz-me lembrar a estória do Big Data. 

Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte II)

Pergunte-se, por que é que nunca lhe mostraram estes números?

Quando escrevi a parte I a minha ideia era escrever uma parte II que respondesse à pergunta "Como se altera a composição relativa dos sectores económicos?" e numa parte III mergulhar nos números. Agora, mudei de ideias. Responderei à pergunta numa parte III e vou dedicar esta parte II aos números.

Pense na quantidade de pessoas que falam e escrevem sobre produtividade. Pense nas dezenas de anos e milhares de conversas em que o tema da produtividade é discutido. Recorde as teorias mais estapafúrdias que aparecem nos media, um exemplo cómico, outro exemplo cómico de 2007 é o da saudade. E recorde os professores de Economia a pedirem estudos, "Formação e salários: não podemos nivelar por baixo", quando basta procurar os números. Não resisti...

Vamos lá aos números a frio sem mais demoras.

Na parte I apresentamos esta comparação:

Alguma vez foram procurar números ao sítio da instituição irlandesa que trata das estatísticas, Central Statistics Office (CSO)? Vamos a esta publicação em particular, "Productivity in Ireland Quarter 3 2023". Nela vão encontrar algo que referimos inicialmente aqui no blogue em 2020, no dia em que nasceu o primeiro campeonato do Amorim, no dia em que chamei a atenção para a falta de informação e conhecimento de Alexandre Relvas sobre este tema em particular. 

No referido site encontramos que a produtividade na Irlanda, por hora trabalhada, no terceiro trimestre de 2023 foi de 103,9 €/h. Reparem neste gráfico:
Três linhas?!!!

Reparem como a prática do CSO é a de apresentar três números em simultâneo:
  • para a economia no seu total - 103,9 €/h
  • para o sector doméstico - 54,4 €/h
  • para o sector estrangeiro, agarrem-se à cadeira - 405,9 €/h
Perguntam vocês: o que é isto de sector doméstico e de sector estrangeiro?

Sector Doméstico: Inclui empresas que são de propriedade maioritariamente irlandesa e que operam principalmente para o mercado interno. Essas empresas têm menos vínculos com as supply-chain globais e são mais representativas da economia local.

Sector Estrangeiro: Compreende as empresas que são de propriedade estrangeira, muitas vezes multinacionais, que operam na Irlanda. Estas empresas estão fortemente integradas nas supply-chain globais e utilizam a Irlanda como uma base para produção e exportação para outros mercados.

No final do artigo abram a "Table 1.1: Labour Productivity by Sector (Euro per Hour)", vejam a produtividade de "Manufacturing sectors dominated by foreign-owned multinational enterprises" (503,6 €/h) e comparem com "Manufacturing sectors dominated by domestic and other enterprises" (88,4 €/h) há aqui um efeito de spillover (recordo que a produtividade por hora trabalhada na Alemanha em 2022 foi de 63 €/h).

Pergunte-se, por que é que nunca lhe mostraram estes números?

Vou repetir-me na parte III, mas conseguem agora relacionar: 
  • a lição irlandesa;
  • os mastins dos Baskerville, os que "não ladram" porque não estão presentes;
  • "a descida do IRC é injusta" - tão dolorosa é a posição do PS como a do PSD. Um porque não a quer, o outro porque não a sabe explicar;
  • Portugal precisa mais delas do que elas de Portugal;
  • Flying Geese;
  • deixem as empresas morrer;
  • Maliranta e Taleb; e
  • falta a parte dolorosa da transição.

segunda-feira, agosto 19, 2024

Curiosidade do dia

Recordo de Junho passado a propósito das palavras da ministra da Saúde:

Agora leio "Cinco auditorias expõem falhas na gestão da escala de férias dos médicos em 2022. O que está a falhar agora nas urgências?":

"Muitas unidades aceitam que médicos concentrem férias no verão, receando que deixem o SNS. Urgências ressentem-se e Ordem revê mínimos das equipas. 

...

Em Almada, o Hospital Garcia de Orta foi acusado pela IGAS de “total passividade” por não ter resolvido o problema que surgiu em junho de 2022, quando um elevado número de especialistas estavam de férias em simultâneo, gozando férias que constavam de um mapa que ainda nem sequer tinha sido formalmente aprovado.

...

e, pior do que isso: pelo menos oito profissionais foram colocados em turnos em dias em que se encontravam de férias já aprovadas.

Todo este caldo levou a uma semana de caos nas urgências. A IGAS argumentou ainda (tal como fez noutros hospitais) que o hospital podia ter recorrido a mecanismos do Código de Trabalho para, unilateralmente, mudar as férias dos profissionais e impedir que a urgência tivesse de fechar. Mas o hospital considerou que tinha de ser “sensível ao ambiente de desmotivação e descontentamento verificado naquele serviço (…) procurando amenizar esse ambiente e evitar a saída de mais profissionais”. Recorrer a esses mecanismos legais iria gerar mais descontentamento, concluiu o hospital." 

Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte I)

Em Portugal, a conversa de café é a norma. Discute-se, discute-se mas recorrer a números, quase ninguém o faz.

Vamos por partes, por que é que a produtividade de um país é importante?

A produtividade mede a riqueza criada. Quanto maior a produtividade mais rico é um país. Ou seja, quanto maior a produtividade mais os recursos utilizados, sempre escassos, geram mais riqueza. Esta riqueza pode ser canalizada para:
  • Suportar o investimento, fundamental para a inovação e crescimento económico, os custos do futuro, como escreveu Schumpeter.
  • Melhorar salários. Quando as empresas se queixam de falta de trabalhadores, o problema pode residir na incapacidade de gerar riqueza suficiente para oferecer salários atraentes. A solução passa por aumentar a produtividade, o que permitirá pagar melhor e atrair mão-de-obra qualificada.
  • Pagar mais impostos. Não necessariamente através de taxas mais elevadas, mas sim pela maior quantidade de riqueza gerada.  Este ponto é importante: os governos são como os vizinhos invejosos, querem dar aos seus cidadãos serviços e benesses que os outros governos já dão apesar da riqueza criada ser menor. Por isso, têm de aplicar taxas muito progressivas que acabam a inibir o crescimento económico.
É chocante olhar para os números da produtividade por hora trabalhada de Portugal e da Irlanda:
Quando comparamos a evolução da produtividade entre Portugal, a Irlanda e outros países temos:


Quando falamos de produtividade, referimo-nos à capacidade de maximizar a criação de valor com uma quantidade limitada de recursos, sejam eles tempo, dinheiro, mão-de-obra ou materiais. Assim, uma empresa produtiva não é apenas aquela que produz mais, mas sim aquela que consegue gerar mais valor a partir dos recursos disponíveis.
Como é que a produtividade de um país pode aumentar?

Tratando-se de um rácio, a produtividade pode ser aumentada de duas maneiras:
  • Aumentando o numerador - Aumentando o preço do que se produz.
  • Reduzindo o denominador - Aumentando a eficiência, reduzindo os custos.
Agora chega o ponto crítico: O Carlos consultor versus o Carlos cidadão.

A melhoria da produtividade das empresas existentes nunca será suficiente para que o país dê o salto, é preciso que outro tipo de empresas apareça, é preciso que a composição relativa dos sectores económicos se altere. Por exemplo:

As empresas mais produtivas nos sectores "Ind. têxteis, vestuário e calçado" não conseguem competir com uma empresa mediana no sector "Produtos farmacêuticos".

Como se altera a composição relativa dos sectores económicos? Vamos responder na parte II.




domingo, agosto 18, 2024

Curiosidade do dia

Fiquei tentado a simplesmente citar:

"One danger of trying to outlaw ‘fake news’ is that mistaken views have a habit of turning out to be true"

No entanto, acabei por acrescentar mais un pozinhos:

"Foster Wallace's point is that even the most intelligent among us are immersed in delusions we struggle to perceive and which future generations will regard as primitive or downright false. This is baked into the human condition and articulates why free speech is so precious. For while there will always be a lot of nonsense spouted when the spigots are opened up, it is the only way for us to perceive the blinkers that afflict us all. To use a metaphor of which Foster Wallace might have approved: free speech helps to grow the tree of knowledge. And while censorship can prune the rotten branches, it condemns the overall structure to non-growth, which is the greatest poison of all.

This is also why heretics and mavericks are so crucial to progress. I don't just mean people like Galileo but more everyday examples. Sometimes, you see, a rogue doctor will be right about the dangerous side effects of a vaccine. Sometimes, a journalist will be right that a drug is causing birth defects.

Sometimes, a whistleblower will be right when claiming a pandemic was unleashed by a lab leak. And sometimes an outsider will be right when saying that progressives - who often wish to censor others — are themselves enmeshed in a gigantic delusion. Indeed, a good contemporary example is the pseudoscience of critical race theory, which has ensnared so much of the radical left, including the Sussexes."

Trechos retirados de "Censors enforce orthodoxy the problem is we need heretics too

"Um empresário investe lucros, não empréstimos"

"P - Isso leva-nos a outra questão: as empresas têm uma fiscalidade justa? 
 R - Se comparar a tributação efetiva em média - não a nominal -, com as empresas europeias com quem nos devemos comparar, como Áustria, Bélgica, Holanda e Espanha, pagamos mais 6 pontos percentuais de IRC. É colossal a diferença, e destrói a capacidade de acumular parte dos lucros para investir. Um empresário investe lucros, não empréstimos. Temos as empresas insuficientemente capitalizadas porque temos ideias feitas sobre o lucro. Na Europa a tributação das empresas é 19%, em Portugal 25%."

Sem investimento não há inovação, não há subida na escala de valor. Por isso, a oferta vai-se comodificando, a margem vai-se corroendo e entra-se numa corrida para o fundo, inexorável.

Recordar o que a Mariana não sabe acerca dos custos do futuro. No entanto, se lerem este último link, olhem para o exemplo da Toyota. A Toyota não fala dos lucros passados, fala dos lucros futuros. Sim, é preciso acumular capital porque os lucros de um ano não chegam para fazer todos os investimentos necessários. Como o futuro é incerto, é preciso acumular uma parte antes de começar, para evitar surpresas. reservas. Esse montante é parte do lucro líquido que não é distribuído aos accionistas na forma de dividendos, mas sim retido pela empresa para financiar futuros investimentos, expansão, ou para cobrir possíveis contingências. Em Portugal, as reservas constituídas a partir dos lucros não são directamente taxadas de forma diferente dos próprios lucros. A tributação ocorre sobre o lucro líquido da empresa antes de qualquer alocação para reservas.

Trecho retirado do caderno de Economia do semanário Expresso do passado dia 15 de Agosto, "A sociedade desconfia do lucro, e por isso quer taxá-lo", uma entrevista com Augusto Mateus.

sábado, agosto 17, 2024

Curiosidade do dia

Primeiro o porco, depois o vinho, depois ...

Ontem: "Cette boulangerie près de Lyon arrête de vendre du porc : "Sinon, ils brûlent tout""

Recordar de 2015 "Mongo e escolhas assimétricas"

"Strategic pricers do not ask ..."

"Most companies still make pricing decisions in reaction to change rather than in anticipation of it. 

...

So how do marketing and financial managers at exceptional companies achieve sustainable exceptional profitability? It is not the result of slashing overhead more ruthlessly than their competitors. In fact, Deloitte's data indicates that exceptional performers tend to spend a bit more than competitors (as a percent of sales) on R&D and SG&A. Their exceptional profitability and, eventually, exceptional stock valuations are built on higher margins per sale that fund initiatives to grow future revenues.

Unfortunately, many companies fail to understand that making sales profitably should be the first priority, not an afterthought, to a growth strategy.

...

The difference between successful and unsuccessful pricers lies in how they approach the process. To achieve superior, sustainable profitability, pricing must become an integral part of strategy. Strategic pricers do not ask, "What price is needed to cover our costs and earn a profit?" Rather, they ask, "What costs can we afford to incur, given the prices achievable in the market, and still earn a profit?" Strategic pricers do not ask, "What price is this customer willing to pay?" but "What is our product worth to this customer and how can we better communicate that value, thus justifying the price?" When value doesn't justify price to some customers, strategic pricers do not surreptitiously discount. Instead, they consider how they can segment the market with different products or distribution channels to serve the more price-sensitive customers without undermining the perceived value to other customers. And strategic pricers never ask, "What prices do we need to meet our sales or market share objectives?" Instead, they ask,

"What level of sales or market share can we most profitably achieve?""

Trechos retirados de "The Strategy and Tactics of Pricing" de Thomas T. Nagle, Georg Müller and Evert Gruyaert"