sexta-feira, março 11, 2022

A cristalização

Há semanas escrevemos uns postais sobre a falta de pessoas para trabalhar em Portugal:

"More than half of Americans surveyed who quit their jobs amid the “Great Resignation” of 2021 are now earning more money and have a better work life balance"

O regime de arrendamento faz do sector da habitação um motor para a cristalização das pessoas em Portugal.

Covid, empresas, estratégias e paisagens enrugadas

Há anos que uso e abuso da metáfora das paisagens enrugadas para falar de Mongo:

Quando falamos de paisagens enrugadas também faz sentido falar da entropia, e dos constrangimentos do passado sobre as possibilidades do futuro, o espaço de Minkowsky. Por exemplo, O paradoxo da estratégia (parte II: As posições anteriores limitam as posições futuras).


"Scientists have been able to make these discoveries by revisiting a concept proposed almost a century ago — fitness (or adaptive) landscapes — with modern technologies. They can use fitness landscapes to quantify the relationship between changes to the viral genome and its ability to replicate and infect a new host. The topographic maps representing that relationship can help to reconstruct the virus’s history, and they could also at least potentially predict its future.

...

fitness landscapes are an invaluable way to connect genotype [Moi ici: O material "genético" das empresas] to phenotype [Moi ici: O meio ambiente]. 

...

What results is a landscape with a unique topography, explains Adam Lauring, an evolutionary biologist at the University of Michigan Medical School. If the mapped variants don’t differ much in their impact on fitness, then the landscape looks fairly flat, much like Nebraska. Variants with large effects on fitness create a landscape that more closely resembles the towering hoodoos of Bryce Canyon in Utah. Natural selection favors the variants on peaks: The average genotype or phenotype of a species should evolve by moving from one peak to the next, ideally along a ridge between them rather than through the valleys. (Isolated subpopulations with different genotypes can also help a species find its way over a gap.)

“If you move a few feet, you’re going to fall off, and getting up again is getting very hard,” Lauring said. “There are fewer pathways to move around.”[Moi ici: O espaço de Minkowsky]

“The theory is very straightforward. You just need to know your genotype, and then you measure the fitness and you can basically predict anything that might happen,”

...

“We’re the environment for the virus,” Lauring said. “If we change, the landscape changes.”"

Fazer o paralelismo com as empresas.

quinta-feira, março 10, 2022

Uma provocação

Ontem em País de funcionários, de kits, de monumentos à treta, de diletantismo abordei a conversa da treta sobre a produtividade. Chamei a atenção para o "The "flying geese" model", que pressupõe a morte de umas empresas para dar lugar a outras. 

Imaginem que o país conseguia subir na escala de valor ... reduziam-se os fundos comunitários... e como é que a malta das fumarolas iria sobreviver?:

"Mancur Olson conceptualized state as a gang. In its early stages, it's a roving bandit: a criminal group that kills burns and pillages not caring of negative externals. But when it settles down, it becomes a less destructive stationary bandit. That paves a way for civilization.

Many consider Olson's theory as merely an analytical tool. I disagree. It seems that many empires, like Romans or Ottomans in their very beginnings, were quite literally bandit gangs. That's why we have so few records from their beginnings. They didn't care about records back them

Well, in this context it seems that a cartel like Jalisco [Moi ici: Um cartel que controla a produção de abacates no México] is a proto-state. In fact, it has many state attributes and might not be so different from medieval "states" which we retrospectively glorify. That's understandable. But why avocados? Why not chairs, not smartphone apps?

Mafia is quite simple. It can't administer something complicated without either destroying the production completely or evolving to something that wouldn't be a mafia anymore. If they entered machinery production, for example, they would either go bankrupt or stop being a mafia.

Imagine if they entered some complicated business and had to directly engage an into a Schumpeterian Creative Destruction. Soon they would have to recruit nerds. Then promote them. And eventually, the balance of power *within* the mafia gang would irreversibly change in favor of nerds

I'd argue that processes critically important for an organization's existence define its evolution. If something is existentially important, those providing it will have more leverage. And former strongmen become irrelevant. That's how many mafias of old evolved into something different.

Ergo. Economic processes aren't neutral power-wise. That's a major factor in the evolution of power structures. That would also explain why many in power would sabotage economic development. If it's too complex for them to administer, it will change the power balance, not in their favor.

That's why cartels choose avocado. It's resource extraction providing tradable goods for export. Perfect forage base for a mafia. They get them through violence & threats. So they must project violent, unpredictable image. 

That's why cartels do so much seemingly needless violence. It's not "irrational" as some idiots who never ran a proper cartel would presume. It's perfectly rational. Violent image is a means of production for these guys. If they don't look scary, who's gonna give them avocados?"

Trechos retirados dos twitts de @kamilkazani a 08.03.2022

quarta-feira, março 09, 2022

País de funcionários, de kits, de monumentos à treta, de diletantismo

"“Para termos dinamismo demográfico, eventualmente teremos de ter mais imigração. Mas é preciso também mais eficiência”, disse o ex-ministro Augusto Mateus, um dos oradores do certame, levantando a questão da fraca produtividade em Portugal. O nosso país é um dos que apresenta menores níveis de produtividade real por hora trabalhada, integrando os seis Estados-membros com menor capacidade de gerar riqueza, situando-se em cerca de 65% da média europeia. “Precisamos de trabalhar melhor”, resumiu Augusto Mateus.

O escritor e cronista Henrique Raposo, outro dos convidados do debate, insiste na questão da produtividade: “Não conheço nenhum país em que seja tão difícil articular o trabalho com a família. Na Alemanha começava a trabalhar às 8 da manhã e saía às 4. Mas acabava sempre por sair mais tarde, até que me disseram: ‘Tens de sair às 4, para tratares da tua vida. Se não trabalhaste como deve ser até às 4 é porque não foste produtivo.’”"

Aumentar a produtividade à custa da eficiência?


Come on ... ainda não saímos do modelo mental dos engenheiros?

Eheheheh pedir a opinião a Henrique Raposo sobre produtividade.

Lamento que Augusto Mateus use uma linguagem que induza em erro. O foco não deve ser o aumento da eficiência, mas sim o aumento da eficácia. O foco não deve ser trabalhar melhor para produzir o que já se faz, mas trabalhar para produzir coisas diferentes.

O aumento da produtividade que precisamos só pode ser obtido à custa de produzir coisas diferentes que podem ser vendidas com preços unitários bem superiores. Basta olhar para o exemplo do Japão, Taiwan ou de Hong Kong e o flying geese (The "flying geese" model, ou deixem as empresas morrer!!!:

BTW, alguém mediu o impacte dos kits produtividade

Um país de planos e de relatórios, em que o objectivo é cumprir o plano, indepedentemente de conseguir algum resultado. Aliás, nem há desafios, metas, resultados a atingir: só monumentos à treta!

Pôr o pescoço no cepo não faz parte da matriz mental portuguesa, país de funcionários.

Trechos retirados de "Abrir as portas aos imigrantes pode ser uma solução para Portugal"

terça-feira, março 08, 2022

Curiosidade do dia

Às segundas, quartas e sextas a elite é anti-natalidade, por amor ao ambiente.

 Às terças, quintas e Sábados preocupa-se com a falta de escravos para pagar as pensões e reformas:

"A imigração é apontada como uma das formas de compensar a crise demográfica portuguesa. Os números são um alerta: nos próximos 50 anos vamos perder população — dos atuais 10,3 milhões para 8,2 milhões; os jovens vão ser cada vez menos — de 1,4 milhões para cerca de 1 milhão; e o número de idosos com mais de 65 anos passará de 2,2 milhões para 3 milhões. O índice de envelhecimento em Portugal quase duplicará, passando de 159 para 300 idosos por cada 100 jovens. Este foi um dos temas abordados no webtalk do Expresso — “Trabalhar Mais, Poupar Mais ou Abrir as Portas” —, que se realizou esta semana."

Trecho retirado de "Abrir as portas aos imigrantes pode ser uma solução para Portugal"

Big data e experiência dos clientes

A propósito de "Customer Experience in the Age of AI":

"brands can win by tapping a deep store of customer information to transform and personalize user experiences. From the pre-internet dawn of segment-of-one marketing to the customer journey of the digital era, personalized customer experiences have unequivocally become the basis for competitive advantage. Personalization now goes far beyond getting customers’ names right in advertising pitches, having complete data at the ready when someone calls customer service, or tailoring a web landing page with customer-relevant offers. It is the design target for every physical and virtual touch-point, and it is increasingly powered by AI.

...

We are now at the point where competitive advantage will derive from the ability to capture, analyze, and utilize personalized customer data at scale and from the use of AI to understand, shape, customize, and optimize the customer journey."

Recordei o que li em "The Data Detective" de Tim Harford:

"The algorithms that analyze big data are trained using found data that can be subtly biased.

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One thing is certain. If algorithms are shown a skewed sample of the world, they will reach a skewed conclusion.

...

There are some overtly racist and sexist people out there—look around—but in general what we count and what we fail to count is often the result of an unexamined choice, of subtle biases and hidden assumptions that we haven’t realized are leading us astray.

...

Big found datasets can seem comprehensive, and may be enormously useful, but “N = All” is often a seductive illusion: it’s easy to make unwarranted assumptions that we have everything that matters. We must always ask who and what is missing. And this is only one reason to approach big data with caution. Big data represents a huge and underscrutinized change in the way statistics are being collected, and that is where our journey to make the world add up will take us next."

segunda-feira, março 07, 2022

O caos cria a possibilidade

 

"Industrial systems thrive on predictability. [Moi ici: Recordo o que aprendi em Julho de 2017 sobre o Sistema Toyota de Produção, mas que ninguém refere "These practices are combined with the tradition within Toyota Production System of freezing the production schedule eight weeks before production begins, which substantially reduces responsiveness."] It smooths out the supply chain, improves efficiency and makes many of the participants more comfortable. [Moi ici: Por isso, sublinhei em Para reflexão a importância do Slack]

Tomorrow is like yesterday, but perhaps a little faster or cheaper.

But breakthroughs, creativity, and human connection don’t come from predictability. They come from unpredictable interactions with unknown ideas and voices. [Moi ici: Li há tempos, não fixei a fonte, que testar novidades implica tolerar ineficiências]

Just about all bestsellers are surprise bestsellers. All big ideas come out of left field. But if you spend your time looking at left field, they’ll come out of right field instead.

Chaos is uncomfortable, particularly if you’ve been indoctrinated in the industrial mindset. But if the right people and the right conditions are present, chaos creates possibility. [Moi ici: O que implica mentes livres de modelos mentais castradores... impressionante, 13 anos depois ainda recordo o suiço que produzia azeite]

Do it with intent."


Trechos retirados de "Chaos, connection and industrial systems"

domingo, março 06, 2022

Medo de falhar?

Há tempos encontrei numa empresa esta metodologia para definir indicadores.

Ao estabelecer como objectivo para o ano seguinte o desempenho médio do ano anterior:
  • a prática pode levar a uma evolução lenta, ou até mesmo a uma estagnação no desempenho;
  • não há necessidade de um plano de melhoria;
Se escolhermos indicadores relevantes, faz sentido estabelecer objectivos de melhoria real e desenvolver planos deliberados para alterar a realidade. Não há que ter medo de desenvolver indicadores exigentes e ficar a metade do caminho.







sábado, março 05, 2022

Vulturismo?

Hoje vi isto na capa do Diário de Notícias:


Já ontem tinha escrito isto no Twitter:
Hoje surgiu-me a metáfora dos abutres a debaterem-se para ficarem com os despojos da guerra.

Posso não saber expressar-me bem, mas sinto que há aqui algo censurável... sinto que este não é o tempo para estas manifestações.



"sort by price"

"sort by price.

It turns out that a lot of freight shipping is done through an intermediary. Software automatically scans all available options and picks the cheapest one.

Which means that brands don’t matter, customer feedback doesn’t matter and reviews don’t matter. Neither does corporate responsibility or employee satisfaction.

All that matters is the price the shipper pays and ultimately the price of the stock.

Sort by price insulates the producer from the customer. When we resort to a single metric, we get what we measure, and the side effects pile up.

More and more, the choices are, “You’ll get a discount and you will get less than you paid for” and /or “you’ll pay a bit more and you’ll get more than you paid for.”"

Há que escolher outros clientes (reparar que eu não me enganei, é o meu velho "os clientes têm a última palavra, mas o fornecedor tem a primeira). Há que escolher outras prateleiras, as frequentadas pelos clientes-alvo. Há que vender de outra maneira.

Trecho retirado de "“We don’t care” (you won’t let us)

sexta-feira, março 04, 2022

"an obsession with creating value and outcomes for customers and users"

Parece retirado deste blogue: 

"The new management innovation is very different. Instead of an industrial-era focus on internal efficiency and outputs, the primary preoccupation in the new age is external: an obsession with creating value and outcomes for customers and users. Instead of starting from what the firm can produce that might be sold to customers, digital firms work backwards from what customers need and then figure out how that might be delivered in a sustainable way. Instead of limiting themselves to what the firm itself can provide, the firm often mobilizes other firms to help meet user needs."

Trechos retirados de "Why Management Innovation Is Hiding In Plain Sight

quinta-feira, março 03, 2022

Marcado

Tenho encadernadas em casa as revistas TIME de 1988 a 2008 (?).

Já por várias vezes procurei uma foto que me continua a marcar. Uma foto de um menino vestido de preto que chorava desalmadamente junto ao caixão do pai que estava pronto a ser descido à terra do cemitério. Alguns familiares, todos vestidos de preto compunham a foto. O pai era uma das primeiras vítimas da guerra na antiga Jugoslávia.

Hoje no Twitter vi esta foto e fiquei marcado.


O risco de voltar a trabalhar com a China (parte II)

Parte I

"In the long term, the economic effects will follow geopolitics. If the outcome is a deep and prolonged division between the west and a bloc centred on China and Russia, economic divisions will follow. Everybody would try to reduce their dependence on contentious and unreliable partners. Politics trumps economics in such a world. At a global level, the economy would be reconfigured. But in times of war, politics always trumps economics. We do not yet know how.

...

In this new world, the position of China will be a central concern. Its leadership needs to understand that supporting Russia is now incompatible with friendly relations with western countries. On the contrary, the latter will have to make strategic security an overriding imperative of their economic policy. If China decides to rely on a new axis of irredentist authoritarians against the west, global economic division must follow. Businesses have to take note of this."

Quais as consequências económicas para a reindustrialização da Europa? 

Trechos retirados de "Putin has reignited the conflict between tyranny and liberal democracy

quarta-feira, março 02, 2022

O risco de voltar a trabalhar com a China

Mesmo depois do Covid acabar e acabarem as intermináveis quarentenas para quem se desloca à China, quem pensar em voltar à China para encomendar produção terá de equacionar a possibilidade da China invadir Taiwan, e seguirem-se sanções como aconteceu agora com a Rússia.




terça-feira, março 01, 2022

Empresas e ambiente

Uma boa reflexão, "How Corporate Purpose Can ‘Signal Virtue’ But Distract The Management", sobre as empresas que gastam a atenção da administração em "signaling virtue" e, depois, não há atenção para os desafios da gestão. Ou será que o "signal virtue" é uma desculpa para esconder a falta de soluções para os desafios da gestão?

Interessante, se em vez de empresas pensarmos em governos ... sim, Políticos e ambiente.

"“Public display of climate and social credentials comes at cost to the business,” says fund manager, Terry Smith of Fundsmith Equity Fund. “The maker of Dove soap, Hellmann’s mayonnaise and Magnum ice cream has set out ambitious climate and social targets and is trying to prove that sustainable business does drive superior financial performance.” However, in the absence of that superior financial performance, broader social goals themselves inevitably come into question.

“Unilever seems to be laboring,” Smith wrote, “under the weight of a management which is obsessed with publicly displaying sustainability credentials at the expense of focusing on the fundamentals of the business.”

It is not that life-purpose training programs for staff and gig workers are not worthwhile. But their priority within Unilever needs to be viewed in the context of all the other issues facing the firm. When overall performance falls short, broad social goals can become suspects in causing the shortfalls.

...

Training gig workers and helping them find their own purpose in life isn’t wrong. It could be part of the solution at Unilever. It’s just that Unilever has to commit itself first and foremost to adding value to customers’ lives, not just waving a public-virtue flag and declaring victory."

 

segunda-feira, fevereiro 28, 2022

Live and let live

No sector de bens transaccionáveis as PMEs portuguesas exportadoras praticam preços mais elevados para o mercado interno ou para o mercado externo?

Os consumidores do mercado interno são iguais aos do mercado externo? Não! Têm poder de compra diferente.

ME - mercado externo
MI - Mercado interno

Muitas PMEs exportadoras ou não trabalham para o mercado interno, ou produzem produtos diferentes, mais baratos para ele. 
Muitas PMEs exportadoras nunca sobreviveriam a trabalhar só para o mercado interno. O mercado interno é pequeno e não aguenta margens elevadas.
Muitas PMEs exportadoras nem perdem tempo a trabalhar para o mercado interno. 

O que defendo aqui neste espaço desde o início deste blogue em 2004?
  • As empresas devem ter uma estratégia! 
  • Ter uma estratégia passa por escolher os clientes-alvo, os clientes que podem ser servidos com vantagem competitiva.
  • O objectivo das empresas é o lucro, não a quota de mercado.

Alguns exemplos:
Por isto, o que penso sobre a ideia de focar as PMEs exportadoras na redução das importações, em vez de continuarem a fazer o trabalhar de ganhar mercado no exterior, está bem descrito em Produtividade e tretas académicas.

Tudo isto por causa de mais uma exibição de falta de pensamento estratégico em "Madeira e mobiliário com vendas recorde ao exterior de 2587 milhões" no DN de ontem:
"Apesar da pandemia, 2021 foi um bom ano para as exportações da fileira nacional da madeira e mobiliário, que atingiram os 2587 milhões de euros, ultrapassando em 1,6 milhões o máximo histórico que havia sido alcançado em 2019. O presidente da Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) mostra-se "muito satisfeito" com esta performance, mas alerta para o crescimento de 21% nas importações, que levaram a uma "queda abrupta" do saldo da balança comercial, para 440 milhões de euros. [Moi ici: O artigo começa com uma descrição positiva]
...
Mas nem tudo são boas notícias, já que as importações da fileira de madeira e mobiliário, que haviam abrandado em 2018 e 2019 e caído em 2020, cresceram 21% em 2021, ou seja, a uma taxa superior à das exportações, arrastando o superávite do setor para 440 milhões de euros, valor que equivale aos níveis de 2011. "Um absoluto desastre", diz o presidente da AIMMP. "O país precisa de aumentar as exportações, sem agravar as importações, caso contrário não teremos crescimento económico, mas apenas um empobrecimento gradual e coletivo", defende, sublinhando que "na situação económica e empresarial em que nos encontramos, os incentivos ao consumo não constituem fonte de crescimento, mas de agravamento do endividamento externo"."

Querem aumentar a produtividade e os salários ao mesmo tempo que se dedicam a produzir baratos, com margens baixas e em pequenas quantidades? 

Live and let live.

domingo, fevereiro 27, 2022

"Gell-Mann Amnesia" effect

Recordo muitas vezes a lição de vida que aprendi há muitos anos quando um grupo de advogados, juristas e políticos debatia na RTP acerca de Camarate com argumentos que suportavam a transmutação da alquimia (201720162009).

Sexta-feira passada em "Unsettled - What Climate Science Tells Us. What it Doesn't, and Why it Matters" de Steven E. Koonin" encontro:
You open the newspaper to an article on some subject you know well.
In Murray's case, physics. In mine, show business . . .
In any case, you read with exasperation or amusement the multiple errors in a story, and then turn the page to national or international affairs, and read as if the rest of the newspaper was somehow more accurate about Palestine than the baloney you just read. You turn the page, and forget what you know."

sábado, fevereiro 26, 2022

Quantas vezes somos vítimas deliberadas das especulações em torno destas "mudanças"?

Neste postal de 2012, Conversa de humano, escrevo sobre análise estatística e depois aplico-a à taxa de mortalidade infantil.

Isto fez-me recordar uma das estórias mais interessantes no livro de Tim Harford, "The Data Detective":
"It was a vital question. Across the UK, mortality rates for newborn babies varied substantially for no obvious reason. Could doctors and nurses be doing anything different to save these children?
...
The explanation for the disparity in mortality rates was quite different.
When a pregnancy ends at, say, twelve or thirteen weeks, everyone would call that a miscarriage. When a baby is born prematurely at twenty-four weeks or later, UK law requires this to be recorded as a birth. But when a pregnancy ends just before this cutoff point—say, at twenty-two or twenty-three weeks—how it should be described is more ambiguous. A fetus born at this stage is tiny, about the size of an adult’s hand. It is unlikely to survive. Many doctors call this heartbreaking situation a “late miscarriage” or a “late fetal loss,” even if the tiny child briefly had a heartbeat or took a few breaths. Dr. Smith tells me that parents who have been through this experience often feel strongly that the word “miscarriage” is inadequate. Perhaps in the hope of helping these parents to process their grief, the community of neonatal doctors in the Midlands had developed the custom of describing the same tragedy in a different way: the baby was born alive, but died shortly after.
Mercifully few pregnancies end at twenty-two or twenty-three weeks. But after doing some simple arithmetic, Lucy Smith realized that the difference in how these births were treated statistically was enough to explain the overall gap in newborn mortality between the two hospital groups. Newborns were no more likely to survive in London after all. It wasn’t a difference in reality, but a difference in how that reality was being recorded.
The same difference affects comparisons between countries. The United States has a notoriously high infant mortality rate for a rich country— 6.1 deaths per thousand live births in 2010. In Finland, by comparison, it is just 2.3. But it turns out that physicians in America, like those in the UK’s Midlands, seem to be far more likely to record a pregnancy that ends at twenty-two weeks as a live birth, followed by an early death, than as a late miscarriage."

Quantas vezes somos vítimas deliberadas das especulações em torno destas "mudanças"? 

Políticos e ambiente

Em Novembro passado aqui no blogue escrevi:
"Há muito que penso que os políticos começaram a falar cada vez mais do ambiente porque era algo que não lhes vinha cobrar. Por exemplo, um político pode propor políticas para reduzir défice, para reduzir filas de espera na Saúde, para aumentar salários, ... e todas essas políticas têm o inconveniente de, mais tarde ou mais cedo, virem cobrar através da comparação entre os resultados propostos versus os resultados obtidos. Já com o ambiente era diferente. Os políticos podiam falar do ambiente à boca cheia sem recear que ainda durante a mesma legislatura alguém lhes viesse pedir contas."

Agora, em "Unsettled - What Climate Science Tells Us. What it Doesn't, and Why it Matters" de Steven E. Koonin" encontro:

"The threat of climate catastrophe-whether storms, droughts, rising seas, failed crops, or economic collapse-resonates with everyone. And this threat can be portrayed as both urgent (by invoking a recent deadly weather event, for instance) and yet distant enough so that a politician's dire predictions will be tested only decades after they've left office."

sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Coisas que dificultam a subida na escala de valor

Ontem em "The Real Secret to Retaining Talent" sublinhei:

"Over the past several decades managers have had to adapt to a stark reality: Individuals with unique talent can profoundly affect the value—and even the nature—of the work their organizations produce. A film studio can make a movie with or without Julia Roberts, but it won’t be the same movie. The Green Bay Packers can play football without quarterback Aaron Rodgers—but they will have to run a different offense. If a pharmaceutical company loses its star scientist, it will have to change its research program. If a hedge fund loses its investment guru, it will need to alter its approach to investing."

No dia anterior em "The Handbook of Competency Mapping" tinha sublinhado:

"the management of a boat-building firm specializing in high-quality craftsmanship decided to expand into mass production of low-cost speedboats. It proved impossible to adapt worker attitudes away from their historical commitment to quality and craftsmanship. Management was obliged to relocate the speedboat production and recruit a separate workforce. The new venture failed because the history and culture of the organization did not match with the new task. Thus a distinctive competence in one area-quality craftsmanship-may amount to a distinctive incompetence in another sector which adequately has low-cost production. Strategy formulation and opportunity surveillance are useless exercises unless the company has the internal abilities to execute its decision, or at least possesses the chance of developing the required capabilities. Competence, both generic and specific, plays an important role in the success of an organization."

São estas coisas que dificultam a transição entre modelos de negócio. São estas coisas que dificultam a subida na escala de valor.

O que nos trouxe até aqui, dificilmente será o que nos pode levar mais acima.