terça-feira, julho 11, 2017

Curiosidade do dia

Os normandos a quererem re-instituir o direito de pernada: "Vai casar? Fisco vai reter 10% das prendas em dinheiro"

Pobres saxões perante um monstro insaciável.

É um perigo para os burocratas e urbanos meterem-se com idealistas meio-anarcas

Ontem de manhã na rádio ouvi a estória da aldeia de Casal São Simão que num momento raro em Portugal, tresandando a locus de controlo interno, não ficou à espera de nenhum papá e decidiu avançar para a erradicação do eucalipto na sua proximidade.

A pessoa entrevistada referiu que já tinham recebido um telefonema de uma associação ambientalista galega a oferecer ajuda e a informar que estariam presentes na reunião onde a decisão dos habitantes será formalizada.

Interessante ter sido uma associação ambientalista galega. Ainda não ouvi nada das portuguesas.

Quando eu era criança, nos anos 80, juntamente com meia-dúzia de pessoas, uma delas o Serafim que faz anos hoje, criámos uma associação ambientalista: a Quercus.

Hoje não posso com a maioria das associações ambientalistas, pois não passam de urbanos especializados em sacar subsídios e apoios. Basta recordar a opinião que a Quercus tinha sobre o aeroporto da OTA.

Isto faz-me recordar este tweet de Nassim Taleb ontem:



As organizações bottom-up são mal vistas pelos profissionais dos subsídios pois as suas actividades movem-se a uma velocidade que não pactua com o tempo e a burocracia necessários para obter "subsidiação". É um perigo para os burocratas e urbanos meterem-se com idealistas meio-anarcas e plenos de locus de controlo interno.

Do tempo em que ainda frequentava as reuniões da Quercus recordo algumas conversas com estudantes de Biologia da FCUP que assumiam que ser sócio fazia parte do CV. Por isso, diziam:
"- Por favor, não me convidem para ir para o terreno ver águias ou lontras.

Precisamente por isto é que me faz espécie

"Só posso dizer uma coisa: no mundo de startups, falhanço é uma norma e não uma excecão.
...
Empreendedores, e as empresas empreendedoras, especialmente as mais inovadoras, não têm medo do risco. Isto também quer dizer que elas têm uma grande possibilidade de falhar."
Precisamente por isto é que me faz espécie que o Estado ande a fazer de VC e a apostar dinheiro público nesta roleta.

Trechos retirados de "Opinião. “Sim, os falhanços acontecem”"



As oportunidades e ameaças que se revelam com o ranger das placas tectónicas


Ao ler, só nos últimos dias:
Basta usar a ferramenta do Business Model Canvas para visualizar as alterações em curso com o ranger das placas tectónicas:
  • alteram-se canais de distribuição (prateleiras);
  • altera-se a forma como se desenvolve a relação com os clientes;
  • altera-se a proposta de valor (de eficiência para rapidez, para flexibilidade, para customização, para design, ...);
  • alteram-se os clientes-alvo;
  • alteram-se as actividades-chave;
  • alteram-se os recursos-chave;
  • alteram-se os parceiros-chave.
O mundo que uma empresa conhece a mudar.

Que oportunidades e ameaças se vão revelar?


"o mundo para as EDP deste mundo está à beira de mudar de forma dramática" (parte II)

Recordando "o mundo para as EDP deste mundo está à beira de mudar de forma dramática" ler "Millennials and Their iPhones Are Killing Your Old Power Company":
"‘The conventional utility model is dying,’ Innogy chief says
.
More than half of industry executives fear a ‘death spiral’"

segunda-feira, julho 10, 2017

Curiosidade do dia

"Os tempos actuais são de interrogação sobre o que veio pôr em causa a ordem do mundo que conhecíamos desde meados do século XX, mas também são de interrogação sobre o que somos, porque tudo o que está a acontecer resulta de decisões livres tomadas nas sociedades modernas desenvolvidas e enquadradas em sistemas políticos que, com maior ou menor rigor, respeitam os procedimentos democráticos. E, em última análise, são os mesmos que produzem a crise que terão de ter a arte para resolverem a crise que produziram. Antes de se poder praticar a arte de resolver a crise é preciso ensaiar a arte de interpretar o que está a produzir a crise."
Trecho retirado de "A crise como arte"

Estórias e narrativas

Na semana passada em duas empresas distintas, sem planear, na sequência da conversa lembrei-me de um exemplo que era contado numa empresa onde trabalhei como funcionário.

A empresa lidava com uma matéria-prima cancerígena e altamente explosiva. Havia uma tradição de preocupação com a segurança. Por exemplo, todos os dias por volta das 14h30 havia um sorteio para medir o álcool através do teste do balão.

Uma estória que se contava dizia respeito a um meu colega de turno muito mais velho. Num Domingo em que tinha de entrar ao serviço no turno das 16h até à meia-noite, telefonou para a fábrica a dizer que ia faltar porque se tinha excedido no almoço-festa da comunhão do afilhado e sentia que tinha bebido demais.

A empresa aproveitou o acontecimento para louvar o gesto do meu colega e não lhe cortou o salário desse dia.

Esta estória tinha ocorrido anos antes de eu entrar ao serviço da empresa e circulava nas conversas da caserna e, informalmente formatava a cultura dos novatos acerca da importância da segurança.

Por que recordo isto? Por causa deste texto "What’s Your Narrative?"
"But a community, no matter how purpose built, is not enough to create change. To create a community of action, you need urgency, purpose and the belief in what’s possible. Without those ingredients, it’s just a community of interest. To get people to act is a whole different story. This is where narratives come in."

"the degree to which their needs and expectations have been fulfilled"

A propósito de "Alterações na ISO 9001, para reflexão" e de:
"The organization shall monitor customers’ perceptions of the degree to which their needs and expectations have been fulfilled. ..."
Este texto de Seth Godin "Does it help?":
"Does it help?.
.
Isn't this the essence of design thinking?

...
How about that meeting you're going to, that website you're updating, that question you're about to ask?
.
What's it for?
.
Does it help?
.
If it doesn't help, or you don't know what it's for, perhaps it's time to revisit your choice
."
Na sexta-feira passada tive dificuldade em vender esta abordagem durante uma acção de formação. Só depois encontrei uma razão aparente, para além da minha incompetência: os formandos trabalham numa empresa que tem um daqueles produtos que, por causa da regulamentação, da autenticidade e da tradição não pode ser modificado, como as colchas de linho da artesã de Bragança.

A pergunta continua a fazer sentido, o que se faz com as respostas é que é diferente uma vez que não se pode mexer na oferta.

Sente-se o ranger das placas tectónicas...


"If you follow the state of retail at all, you know things aren't looking good for brick and mortar. At a glance, all signs point to an ongoing retailpocalypse..
Estimates suggest that 15-30 percent of shopping malls will close in the coming years. This isn't a surprise, since foot traffic dropped 50 percent from 2010 to 2013. CNN Money reports that a record 8,600-plus stores are estimated to close in the U.S. this year.
...
The retailpocalypse isn't necessarily a clear indicator of the state of retail at-large. What's happening isn't gloom and doom, but rather, a powerful change in this space. It's a real opportunity for smart retail leaders who can recognize and capitalize on one of the single most important shifts in the market in years."
"Sears Holdings continued its steady drip of store closures Friday with the announcement that it would close 35 more Kmart locations and eight Sears stores.
...
J.C. Penney has said it will shutter 138 locations, roughly 14% of its stores, and give buyouts to 6,000 employees. Macy’s plans to shut 68 stores. Radio Shack, which has sought bankruptcy protection twice in two years, has closed more than 1,000 locations since Memorial Day weekend. And one-time mall favorites Bebe, The Limited, and Wet Seal have closed or are in the process of shuttering all of their storefronts."
"So the key to survival has less to do with mindless debates about “digital vs. brick and mortar” than it does about putting customers at the center and building out operations that can service them effectively.
...
That’s how you get disrupted. You become a square-peg business in a round-hole world. Clearly, this is what most retailers are facing today. They act as if they are still operating in an environment where the function of a physical store is to drive transactions, rather than to provide an immersive physical experience, build personal relationships and upsell.
.
The good news is that the opportunities are endless. Apparel retailers can become style guides. Toy stores can become playrooms. Electronic retailers can demo the newest gadgets and help even the most tech averse customers adopt technology that will enrich their lives. The best part is that these strategies can also reduce inventory and rental costs while at the same time expand reach to smaller urban locations and pop up shops."
"They are sharp retailers operating in a tough, competitive environment. They have used customer service as a strategy to build customer loyalty, as their competitors have. But in addition, they have gracefully moved into the digital age, exploiting data and technology to create a better customer experience.
...
Create killer experiences that resonate with customers, especially customers who like to take advantage of technology"

O mundo económico a mudar, sente-se o ranger das placas tectónicas...
.
O reshoring a mudar o ponto de produção por um lado, a evolução do retalho a mudar as prateleiras do outro e a evolução dos consumidores a entrar também na dança "Klaus Huneke (Euratex): “La relocalización será una realidad con la personalización masiva y los plazos cortos”"

Mais sintomas do reshoring em curso


Mais um sintoma do reshoring em curso, "Buxum bike boxes brings production home to Devon":
"Currently produced in Hong Kong, the aluminium flight boxes are soon to be produced in a new unit on Okehampton’s Exeter Road industrial estate. Initially the facility will house the firm’s European distribution, but will grow to house assembly operations.
...
A final driver in Buxum’s move is the macro-economic environment which has seen the cost of Asian manufacturing steadily increasing, to the point where assembly and a proportion of component-sourcing is increasingly viable in the UK and Europe.
China, where most of the Buxum components are currently sourced from, is no longer considered a low cost destination, says Morris, nor does it want to be as China’s government transitions the economy from one of export-driven manufacturing to one of domestic service and consumption."
E mais outro sintoma em "Aprire begins reshoring process with new bespoke carbon manufacturing facility":
"Aprire Bicycles is in the process of kitting out a new manufacturing facility in Cheam, Surrey, where it will offer bespoke carbon manufacturing."
Já pensaram a sério no impacte que este regresso pode ter na paisagem económica a que nos habituámos nos últimos 15 anos?

domingo, julho 09, 2017

Curiosidade do dia

"How can Trump’s supporters stick with him when his proposals hurt them the most?
.
What they fail to grasp is that Trump’s supporters, by and large, are more dedicated to the principle of freedom from government mandates than they are worried about the loss of government subsidies or programs that social activists in Washington think they need.
.
Until Democrats can figure that out, their efforts to pry Trump’s supporters away from him — on health care or any other subject — will continue to be an endless source of frustration."
Trecho retirado de "The media fundamentally misunderstands conservatives on health care"

"in two years, it has lost 14.79 per cent of its exports"

"China is the number one textile and clothing exporter to the world, producing more than 43.1per cent of global demand. As per the 13th five-year plan of Chinese Government for the year 2016 to 2020 period, China strategically is moving towards more value adding tech intensive products. The plan is to maintain traditional market share and to grow more on the high value adding product range. But real market data shows that the country is losing its export market drastically from 2015 in almost all product sectors in the textiles and clothing arena.
...
In 2014, Chinese global apparel export was the highest ever and afterwards in two years, it has lost 14.79 per cent of its exports."
Trecho retirado de "IS CHINA LOSING ITS TEXTILE TOUCH?"

Conjugar com "Klaus Huneke (Euratex): “La relocalización será una realidad con la personalización masiva y los plazos cortos”"

Optar pela concorrência imperfeita

Outro exemplo, apesar de norte-americano, que ilustra a evolução do nosso têxtil, calçado, mobiliário, ...
"Emi-G made sports socks. Color: white. Styles: crew and athletic. "Knit them, put a toe in them, and out the door in 300-pound cases," [Moi ici: Quantidade, eficiência, margens apertadas] says Terry. For 12 years, Russell Athletic was the company's only customer.
.
But by the mid-2000s, Fort Payne's hosiery industry--once booming, according to Gina, with more than 120 mills employing roughly half the area's population--had been decimated by a mass exodus to Central America. [Moi ici: Por cá foi por causa da China. No entanto, se falássemos com um Ferreira do Amaral, ou um Vítor Bento, ou um Paes Mamede diriam que foi por causa da adesão ao euro] More than 100 mills had closed, and in 2007, Russell decided to terminate its business with Emi-G. Over the next seven months, the Locklears let go of their entire staff,"
Um dos meus relatos preferidos no mundo do calçado é o da empresa portuguesa que deixou de ser competitiva a produzir sapatos que se vendem a 20€ e agora tem sucesso a produzir sapatos que se vendem a 230€.
"In 2008, Gina, then 28, was living in Birmingham, working as a real estate agent. Years before, when she was employed at a ski shop, she had observed that specialty ski socks sold for $20 a pair. She'd also recently begun to buy organic--food, cleaning products, personal care--but had trouble finding apparel made from organic cotton.
.
Gina pitched her parents what to them seemed like a radical idea: an organic cotton sock brand for the eco-chic set.
.
"I didn't understand about organic anything, let alone socks," says Terry. "And I knew it would be very expensive to start a brand." Terry's main sticking point was that organic cotton costs several times as much as standard cotton. Gina spent a year making the business case, pointing to the higher price tag and margin on a premium fashion product. She finally persuaded her parents--who were also out of options--to fund the venture with $100,000 from Emi-G's coffers.
...
worked with her parents' plant manager to reconfigure Emi-G's machines to produce small batches of patterned, multicolored socks.
...
In 2010, Whole Foods picked up Zkano; then, five years later, Martha Stewart selected Little River Sock Mill--Gina's second line, specifically for specialty boutiques--for an American Made award. Today, Zkano sells primarily online, while Little River has accounts with some 200 retailers.
.
With new revenue coming in, Gina's parents were able to slowly rebuild Emi-G by doing smaller, limited runs for clients such as a medical company that sells socks to hospitals. Zkano and Little River now account for roughly half of Emi-G's revenue, which is approaching $3 million."
Quando não se pode ser competitivo pelo custo, as empresas têm de fugir desse terreno e procurar fazer como David face a Golias e optar pela concorrência imperfeita.

Trechos retirados de "This Sock Company Is Making 'Made in Alabama' Cool--Thanks to Martha Stewart and Whole Foods"

Acerca da credibilidade do JdN

Como o Jornal de Negócios é propriedade de um grupo ligado à celulose, e a esse negócio predador dos solos que é o eucalipto, desconfio de tudo o que escrevam sobre a floresta.

Hoje encontrei esta hiperligação "A economia da floresta portuguesa" e logo na primeira imagem cliquei em "Superfície florestal":

Hmmm! Estranho. Dados do INE para 2010?!?! E não há nada mais recente?

Que dados é que o INE usa em 2017?

O documento "Estatísticas do Ambiente 2015" publicado em Dezembro de 2016 pelo INE, na página 85 informa:
O INE que é o INE usa os dados mais recentes, dados deste inventário de 2010 e apresentado em 2013 em "6º Inventário Florestal Nacional"

É nestas coisas que se mede a credibilidade de um jornal.


O século XX continua por cá (parte III)

Parte I e parte II.

Há anos que refiro aqui o beco sem saída a que as corporações gigantes estão a chegar ao depararem com Mongo e a explosão de tribos que traz. Por exemplo:

A P&G a encolher, a Mondelez a encolher, ...

"For over a century, brands such as Kellogg’s cereal, Campbell’s soup and Aunt Jemima pancake mix filled pantries of American households that wanted safe, affordable and convenient food. They provided companies with reliable revenue growth from grocery shelves, and there was little reason to mess with that formula.
.
Today, these giants are struggling with competition that is corroding business from both ends. High-end consumers are shifting toward fresher items with fewer processed ingredients while cost-conscious shoppers are buying inexpensive store brands. [Moi ici: Polarização dos mercados] The makers of staples including Chef Boyardee canned pasta and Hamburger Helper meal kits failed to spot the threat and didn’t innovate in time.
.
Anyone searching for macaroni and cheese, a childhood staple, can opt for fancy pasta with organic ingredients or inexpensive store brands such as Kroger Co.’s. Squeezed in the middle are Kraft Heinz Co.’s venerable blue-and-yellow boxes.
...
“A lot of what’s crept into big companies is internal focus, bureaucracy, PowerPoint presentations—the antithesis of agility,”
...
Many big brands didn’t move fast enough to remove artificial ingredients and haven’t been able to shed the negative perception of processed food, said several food executives and others close to the industry.
.
At the same time, they faced low-cost store brands—or “private label” products—from retailers such as Costco Wholesale Corp., Wal-Mart Stores Inc. and regional grocers that sell copycat products. National brands, which have huge marketing costs, generally can’t afford to compete on price with the in-house brands of stores, which need little marketing beyond displaying products prominently on their own shelves.
...
Big food sellers still dominate in America. The 25 largest food and beverage companies commanded a 63% share of $495 billion in U.S. food and beverage sales in 2016, according to consultancy A.T. Kearney.
.
That is down from 66% in 2012, and even seemingly small market-share losses hurt sales and profits. The top 25 companies averaged 2% annual sales growth from 2012 through 2016, compared with 6% for their smaller rivals, according to A.T. Kearney."




sábado, julho 08, 2017

Curiosidade do dia

"A propósito de Espanha, é revelador que, apesar dos divertidos esforços dos “jornalistas” de cá para os calar, sejam sobretudo os jornais de lá a contar-nos o que o “estrangeiro” vê quando olha para aqui. Vê uma anedota perigosa, um manicómio em auto-gestão, uma experiência do Terceiro Mundo às portas da Europa. E, naturalmente, assusta-se."
Trecho retirado de "Uma experiência do Terceiro Mundo"

O século XX continua por cá (parte II)

Parte I.

Na parte I criticamos esta visão que consideramos ultrapassada ou simplista, "Porque somos pouco produtivos? Ter empresas pequenas não ajuda".

Do texto "Dissertação de Mestrado em Gestão de Serviços, Indústria Portuguesa de Calçado: Alteração do Modelo de Negócio para as PME’s" de David João da Silva Catanho, de Setembro 2014 retirei os seguintes elementos:
Do texto "A Entrada da China na OMC- Ameaça ou Oportunidade: O caso da Indústria Têxtil e de Vestuário no Norte de Portugal" de Eva Patrícia Fernandes Soares, de Outubro de 2012 retirei esta tabela:
Recomendo a observação atenta da última linha da tabela, qual a evolução das empresas grandes do sector ITV depois da entrada da China no mercado mundial.

Os académicos continuam a enquadrar o mundo sem considerar o impacte da entrada da China no tabuleiro... impressionante.

Recordar "3 momentos na evolução do sector do calçado":




Reconfiguração

Lembrei-me logo de um projecto do Victor que agora está de férias:
"Some technologies are truly revolutionary. ... But they take time to reshape the economic systems around us — much more time than you might expect. No discovery fits that description more aptly than electricity, barely comprehended at the beginning of the 19th century but harnessed and commodified by its end.
.
Usable light bulbs had appeared in the late 1870s, courtesy of Thomas Edison and Joseph Swan. In 1881, Edison built electricity-generating stations in New York and London and he began selling electricity as a commodity within a year. The first electric motors were used to drive manufacturing machinery a year after that.
.
Yet the history of electricity in manufacturing poses a puzzle. Poised to take off in the late 1800s, electricity flopped as a source of mechanical power with almost no impact at all on 19th-century manufacturing. By 1900, electric motors were providing less than 5 per cent of mechanical drive power in American factories. Despite the best efforts of Edison, Nikola Tesla and George Westinghouse, manufacturing was still in the age of steam.
.
Productivity finally surged in US manufacturing only in the 1920s. The reason for the 30-year delay? The new electric motors only worked well when everything else changed too. Steam-powered factories had delivered power through awe-inspiring driveshafts, secondary shafts, belts, belt towers, and thousands of drip-oilers. The early efforts to introduce electricity merely replaced the single huge engine with a similarly large electric motor. Results were disappointing.
...
As the economic historian Paul David has argued, electricity triumphed only when factories themselves were reconfigured. The driveshafts were replaced by wires, the huge steam engine by dozens of small motors. Factories spread out, there was natural light. Stripped of the driveshafts, the ceilings could be used to support pulleys and cranes. Workers had responsibility for their own machines; they needed better training and better pay. The electric motor was a wonderful invention, once we changed all the everyday details that surrounded it.
.
David suggested in 1990 that what was true of electric motors might also prove true of computers: that we had yet to see the full economic benefits because we had yet to work out how to reshape our economy to take advantage of them."

Números ilustram a obsolescência dos que influenciam o mainstream

Ainda ontem usei aqui esta frase de Napoleão:
Também posso recordar Max Planck:
"Uma nova verdade científica não triunfa convencendo seus oponentes e fazendo-os ver a luz, mas porque seus oponentes finalmente morrem e uma nova geração  que está familiarizada com ela cresce" (Moi ici: Mas Max Planck esqueceu-se da linha de montagem que os oponentes comandam nas escolas).
Isto a propósito de Paes Mamede e do seu modelo mental em "um atestado de desconhecimento da realidade":
"Como é que se resolve o desafio das exportações?
Baixam-se os preços e os salários"
Consultemos agora este texto "Dissertação de Mestrado em Gestão de Serviços, Indústria Portuguesa de Calçado: Alteração do Modelo de Negócio para as PME’s" de David João da Silva Catanho, de Setembro 2014.
"entre 1974 e 1994
...
O PUM (Preço unitário médio de par de calçado) do par de calçado produzido passa, a preços correntes, de €0,82 para €14,88
...
Ao comparar o PUM exportado, €14,36, com o PUM importado, €15,95, verifica- se que Portugal importava calçado a um preço mais elevado ao que exportava, diferença essa que se traduz num diferencial de, sensivelmente, 11%."
Foi neste mundo que Paes Mamede e os professores que o formataram foi criado, o mundo do século XX, o mundo de onde muitos ainda não sairam. Era neste mundo que a afirmação de Paes Mamede em Outubro de 2015 fazia sentido.
"entre 1994 e 2012
...
O PUM do par de calçado produzido passa de €14,88 para €24,23, o que em termos reais, face à variação do IPC no período, corresponde a uma apreciação de 2%;
.
O PUM do par de calçado importado passa de €15,96 para €8,54 apresentando, assim, uma redução real, com base na variação do IPC neste período, de 66%;"
E é isto por todo o lado, gente em lugar de poder e influência continua a olhar o mundo e a influenciar os seus receptores, quase todos acríticos e encarando os académicos como inquestionáveis, com base em formatos obsoletos

Para reflexão



Tudo é passageiro, nada é eterno.

A menos que protegidas pelos governos com leis e regulamentos.