domingo, março 01, 2015

Curiosidade do dia

"The best way to make Brazil’s [Portugal's] underperforming firms more competitive would be to make them compete more. Coddling by the state can be more a curse than a blessing. Ronald Reagan’s dictum that the nine most terrifying words in the English language are, “I’m from the government and I’m here to help,” translates well into Flemish, Hindi and Brazilian Portuguese."
Trecho retirado de "Brazil’s business Belindia" e dedicado ao emplastro.

Design e bestsellers em Mongo

 Lembrei-me dos "Tão novos e já tão velhos..." ao ler "Most design brands "will disappear" within five years says Stefano Giovannoni":
"Designers need to start acting more like entrepreneurs, Giovannoni said, moving away from the current model whereby they jump from brand to brand, producing products that are barely distinguishable from each other.
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"If we consider the last 20 years, the most interesting experience has been made by designers who created their own brand,"
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Also the future of design – I think the usual system where a designer works with different companies is at the end. Today it is a little bit ridiculous. If you look at the design fairs, every company – I am out of this kind of system because I never wished to design furniture. I cut furniture out of my work from the beginning.
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But it's ridiculous to see all the companies today work with the same designers."
Desapontador, é falar sobre isto:
"What is really interesting, and I think this is something to analyse deeply, is what do we mean today by a bestselling product. In the past, 10 to 15 years ago, a bestselling product was a product which could play at the best quality and price, so was a product to sell in huge quantities – a real industrial design product.
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Today, the bestselling products for companies are products with a very high price, which do sell not in huge quantities – a few thousand pieces – but the price is ten times higher than in the past.[Moi ici: Como é mesmo o truque em Mongo?]
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So this nature of the bestseller has changed completely in the last 10 years. The problem today is that the companies don't produce any more real products. [Moi ici: Falha de análise completa!!!] It would be very interesting to investigate what happened inside the companies. But according to my experience, 10 years ago good products, which could sell two to three million euros a year, were many. Today there are less and less. It means the market has reached saturation, that the company has no more the energy to produce and that the investment is lower. This is a fact."
Sem nunca se referir ou intuir o efeito de Mongo, o advento do Estranhistão onde "we are all weird and proud of it", e cada um pertence a uma tribo. O fim do mass market é uma inevetibalidade independente do maior ou menor esforço das empresas.
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BTW, importante também a previsão de que no futuro todos os produtores quererão eliminar o intermediário e vender directamente ao consumidor.

E pensar nas implicações do fim do império do Dono Disto Tudo?

Um interessante tema em "When the commodity rents stop flowing…":
"Ever wonder what the collapse of a commodity means for the hegemonic order that controls access to it?
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Think of it, perhaps, as a reverse resource curse effect? That is to say, when commodity prices fall, it’s sometimes the ordinary every day folk who live in commodity producing countries that benefit most, because the coercive powers that dominate are disbanded."
Será que podemos fazer a analogia para a tentativa da troika em aumentar a concorrência em alguns sectores da economia portuguesa?
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Será que podemos fazer a analogia e pensar nas implicações do fim do império do Dono Disto Tudo?

O emplastro iluminado

Li ontem, com alguma estupefacção:
"Mira Amaral garante que os sectores tradicionais são hoje "felizmente, casos de sucesso". Mas diz que, quando chegou a ministro da Indústria em 1987, teve, precisamente, que "combater a ideia profundamente errada" de que estas eram indústrias condenadas a desaparecer. "Sempre defendi a ideia de que o nome tradicional significava fazer parte da nossa tradição industrial, não havendo sectores condenados, mas sim empresas que se modernizavam e outras que não o faziam e essas é que estavam condenadas. O que era preciso fazer era acrescentar valor àquilo que sabíamos fazer bem, combinado tradição com inovação", frisa.
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Mira Amaral cita o exemplo do calçado e garante que foi o "trabalho conjunto" do seu ministério e da APICCAPS, a associação do sector, que permitiu lançar "as bases do sucesso hoje por todos conhecido". Através do PEDIP, "financiámos o magnífico Centro Tecnológico do Calçado, o qual mostrou que indústria nos tempos modernos é injetar conhecimento nas empresas com gente qualificada". O têxtil e vestuário, diz o ex-ministro, "não teve no início associações que comigo assim colaborassem" e, por isso, atrasou-se."
Isto não é sério.
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Mira Amaral foi ministro da Indústria e Energia de 1987 a 1995, como estava o calçado em 1995?
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Basta recuar a este postal "3 momentos na evolução do sector do calçado" de Junho último e a esta figura:

O que é que escrevi então?
"O momento 1, que abrange o pós 1974 e inclui a adesão à CEE, representa o triunfo do modelo "China", em que Portugal era uma espécie de "China" antes do tempo.Quando os "básicos" perguntam para onde foi o dinheiro da adesão à CEE é porque não percebem a transitoriedade das estratégias... este foi o tempo em que a taxa de desemprego em Portugal chegou a baixar dos 4%. [Moi ici: Todo o consulado de Mira Amaral foi feito no momento 1, se em vez de Mira Amaral fosse Maria Albertina tinha havido o mesmo desenvolvimento. E o modelo era o low-cost, por isso, inside information, sei que Mira Amaral não via grande futuro no sector].O momento 2, que abrange quase toda a primeira década do século XXI, representa o impacte da chegada ao mercado mundial da "verdadeira" China..No início da década, a China representava cerca de 17% da produção mundial de calçado.No final da década, a China representava cerca de 62% da produção mundial de calçado..Durante essa década, segundo as estatísticas, o sector perdeu cerca de 25% das suas empresas. 25% pode parecer uma enormidade; contudo, a mudança foi muito maior do que as estatísticas revelam..Perder 25% não é o mesmo que chegar à população inicial e retirar 25%..
Estatisticamente, a quebra de 25% pode esconder, na prática, um desaparecimento superior a 50% da população inicial, parcialmente substituído pela natalidade desses anos. E isto é impressionante e faz pensar nos iluminados lesboetas... [Moi ici: Depois de 2000, 5 a 6 anos de travessia do deserto em que o sector estava longe dos radares do poder, não era sexy, não era cool e, deixado à sua sorte reconverteu-se].O momento 3 representa a situação actual em que o novo modelo de negócio, saído do momento 2, está a viver o seu momento de triunfo. Por outro lado, o sucesso do modelo "China" na China, está a fazer voltar uma parte do modelo de negócio do momento 1. Sim, o efeito do banhista gordo também chega cá."

Como é que Mira Amaral pode dizer o que aparece no texto?
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A estratégia que resulta no momento 3 não podia resultar no momento 1 e vice-versa. Como é que ele pode dizer o que diz?
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Muitos dos empresários do momento 3 eram encarregados e operários no momento 1. A maioria dos empresários do momento 1 desapareceu ou mudou de vida.
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Reparem naquele "O têxtil e vestuário, diz o ex-ministro, "não teve no início associações que comigo assim colaborassem" e, por isso, atrasou-se.". Qual foi o desempenho do vestuário no tempo do consulado e, logo imediatamente a seguir?
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Aqui obtém-se:
Vêem algum efeito de Mira Amaral na evolução do têxtil e vestuário?
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Crescimento contínuo até ao ano 2000 e, depois, começam os problemas com a entrada da China no jogo.
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sábado, fevereiro 28, 2015

Curiosidade do dia

Ainda esta semana fomos interpelados pelo "Estado disto tudo".


Percebemos que tudo pode, facilmente, ir por água abaixo, basta voltar ao tempo de comprar emprego e PIB com impostos a contribuintes futuros. Com títulos destes "Sindicato diz que só depende do Governo criação de empregos" compreende-se que o caminho feito pode ser facilmente revertido.

Uma espécie de newspeak

A propósito de "Nasce uma nova incubadora rodeada de estendais na Mouraria" onde se lê:
"A inauguração está prevista para 25 de maio - data em que a Câmara Municipal de Lisboa espera que já estejam a trabalhar no espaço 50 criativos das áreas da música, da moda, do design, dos media, da gastronomia e de ofícios tradicionais como a azulejaria, a olaria ou a joalharia."
Será que a designação "incubadora" é a mais adequada?
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Por que se usa o termo incubadora?
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Penso que o termo incubadora, na sua génese, está relacionado com a fase de uma startup antes de ter um modelo de negócio escalável. Enquanto uma startup não tem um modelo de negócio validado pelo choque com o mercado, tem de testar e pivotar, como Steven Blank tão bem explica. Nessa fase, a startup até pode estar inscrita como empresa, mas não passa de um projecto de empresa à procura do seu lugar no mercado: que oferta; que proposta de valor, para que clientes, com que parceiros, através de que canais...
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Sem querer diminuir nenhum daqueles ofícios tradicionais (e este blogue é um espelho de como os valorizo e, de como os defendo de quem pensa que só a tecnologia nos salva) e os outros, faz sentido usar o termo "incubadora"?
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Estão à procura de um modelo de negócio?
Estão à procura de uma proposta de valor?
Estão à procura de encontrar a oferta que devem colocar no mercado?
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Será que eu, empresário em nome individual há 20 anos sou elegível para beneficiar do espaço e serviços de uma incubadora?
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Julgo que uma incubadora não deveria albergar "life-style businesses", uma incubadora devia ser exigente e interesseira, quer lançar "rapidamente" projectos de empresas que a breve trecho possam andar por elas próprias e abandonar o espaço para dar lugar a outras. Um "life-style business" como o meu não cabe nessa categoria.
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Não estou a criticar os futuros ocupantes desse espaço, até tenho uma inveja sã de não poder fazer parte desse ambiente, estou a criticar é o nome dado ao espaço.

"When is a company too big to manage?"

Incrível!!!
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Como a realidade consegue ser mais interessante que a ficção. Ou melhor, isto é bom demais para ser real, tem de ser inventado!
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Sabem o que penso sobre as consequências do eficientismo, que levam à concentração bem-intencionada de escolas, de hospitais, de empresas, em monstros burocráticos que se abatem sob o peso do seu próprio peso:
"Os partidários de Golias, da escala, da massa, do volume, acreditam no eficientismo, acreditam nas lojas digitais acima de tudo, acreditam nos hospitais-cidade, nas escolas-cidade, na concentração, no grande, no mega, no hiper, no tera..."
Agora imaginem ler um artigo no FT com o título "When is a company too big to manage?", sobre o recente escândalo com o HSBC e descobrir que o CEO se chama Stuart Gulliver!

A lembrar Caim o artigo começa com:
“Can I know what every one of 257,000 people is doing? Clearly I can’t.”
Um artigo interessante e que vale a pena ler.

Acerca da importância do empreendedorismo

"As start-ups, empresas no primeiro ano de vida, representam em média 18% do emprego criado em Portugal anualmente; e, se olharmos para o grupo das empresas jovens, (menos de 5 anos de actividade) elas representam 46% do emprego criado em cada ano.
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Em relação à totalidade do tecido empresarial, as empresas jovens representam 34% das empresas, concentram 15% dos empregados e 9,6% do volume de negócios."
Trecho retirado de "O empreendedorismo em Portugal entre 2007 e 2014"

Humanidade, falência e produtividade

Há tempos no Twitter, numa troca de tweets em que estava incluído, alguém escreveu:
"a maior parte dos empresários com humanidade acabam na falência"
A frase não me tem saído da cabeça. 
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Ontem, ao ler ""Start-ups" exportam mais e empregam menos" voltei a matutar sobre ela, com o auxílio do gráfico:

Não, não acredito que a frase "a maior parte dos empresários com humanidade acabam na falência" seja verdadeira. Acredito é que também ajuda a explicar a nossa produtividade.

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Penso já ter referido o fenómeno aqui no blogue no ano passado. Todos os anos ainda me surpreendo com o número de empresários que encontro e que optam por não despedir, apesar de terem gente a mais, apesar de terem gente incompetente, apesar de terem deficientes, e não é adjectivo, a executarem tarefas críticas que executam mal e geram reclamações e devoluções caras.
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Há um sentimento de comunidade, de grupo, do tipo "quando a empresa esteve mal não me abandonaram, agora não sou eu que os vou abandonar".
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Interessante, como as ideias se ligam... ontem, alguém falava-me de uma empresa onde trabalhei há muitos anos. A empresa onde trabalhei (fornecedor), nem sempre tem os melhores preços. No entanto, o cliente não troca porque... em tempos imemoriais, quando o cliente passou mal, este fornecedor não o abandonou.
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Quantos pontos percentuais esta "humanidade" come em relação à nossa produtividade potencial actual, ou seja, à nossa produtividade com o mesmo perfil de produção que o actual?
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O meu papel, como consultor, não é o de tomar decisões, é o de apontar as situações e deixar aos empresários o peso e as consequências da decisão. Porque faço parte desta cultura, porque não sou um "OVNI", muitas das vezes se calhar tomava a mesma decisão que eles.
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Afinal, uma das mensagens deste blogue é que há muitas oportunidades para lá da folha de excel, para lá da competitividade baseada no custo... muitas vezes os empresários não estão é preparados ou dispostos a seguir essa via.

sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Curiosidade do dia


Qual é a história? Uma dúvida genuína.

Ontem li "Vasques de Carvalho investe 4,8 milhões para lançar vinhos do Porto ‘premium’" e uma dúvida não me saiu da cabeça:
- Qual é a história?
Ao ler:
"Vasques de Carvalho é a mais recentemente marca de vinhos ‘premium' do Porto e Douro e surge num âmbito de um projecto de investimento de 4,8 milhões de euros. A empresa duriense está desde 2012 a produzir vinhos, mas só hoje os vai apresentar ao mercado. São vinhos para nichos de mercado, com produções muito limitadas, e que são envolvidos em garrafas personalizadas e num ´packing' onde prima o cuidado com a imagem."
Questionei-me, será assim tão não-difícil criar uma marca de vinhos do Porto premium?
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Qual é a história que vão contar ao mercado para criar a magia que suporta o preço superior? É premium só por causa da embalagem personalizada e packing especial? Qual é a relação que vão desenvolver com os clientes? Como é que uma marca de vinhos premium vende, através de feiras?
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BTW, alguém conhece a Kurtpace mencionada na notícia? A única que aparece na internet é uma empresa de construções, será a mesma? Como é que uma empresa comercial não está na internet?

Vou apenas especular

Deixem um ignorante, ignorante porque vou apenas especular. Vou, com base em alguns dedos imaginar um braço até ao ombro.
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Não se iludam, é mesmo uma especulação.
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A propósito deste resultado "Sonae Indústria melhorou margens mas agravou prejuízos em 2014" chamou-me a atenção este pormenor:
"O volume de negócios decresceu ligeiramente, passando de 1.051 milhões para 1.015 milhões de euros, prejudicado, sobretudo, pela redução de procura na Alemanha."
A Alemanha não está em crise... será por causa da demografia? Lê-se que estão a entrar muito emigrantes da Europa de Leste...
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Mais à frente lê-se:
"O investimento da empresa duplicou no ano passado, "atingindo os 43 milhões de euros, em comparação com 22 milhões de no ano anterior". A maioria destes investimentos foram para Oliveira do Hospital e Nettgau na Alemanha, na substituição de linhas de montagem e aumento da capacidade.
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A empresa salientou ainda que "em 2014, o índice médio de utilização de capacidade das unidades industriais da Sonae Indústria continuou a melhorar, alcançando cerca de 75%, uma subida de 2 pontos percentuais face a 2013". A sociedade referiu que isto deveu-se a uma "melhoria do desempenho no segmento de aglomerados, alcançada através da concentração da produção nas unidades mais eficientes, reflectindo a estratégia do grupo em ajustar a capacidade de produção aos níveis de procura do mercado".
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Os custos fixos desceram em 3%, ou sete milhões de euros, "No final de 2014, os custos fixos da Sonae Indústria (excluindo a contribuição das operações descontinuadas e custos de reestruturação) representavam cerca de 19% do volume de negócios consolidado (face a 20% no ano anterior)", disse a empresa."
A Sonae Indústria, na sua génese é uma empresa de engenheiros com cultura de engenheiros. Engenheiros químicos para ser mais preciso.
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Eu também já fui engenheiro químico numa outra vida, formado na mesma escola e o meu estágio pós curso foi na... Sonae Indústria. Eu fui moldado no mesmo barro. Been there, done that stuff, know the mindset, até que Ananias me abriu os olhos.
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O que é que um engenheiro químico, um curso que dava pouca atenção à componente de gestão, faz quando chega a posições de gestão de topo?
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Procura formação dada por...                                 economistas...
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Qual é o mundo dos economistas que deram formação a estes engenheiros? O mundo dos econs racionais, o mundo em que o preço é a única variável de jeito para ganhar clientes. .
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E é outra "self-fulfilling prophecy", se nos ajustamos para servir clientes de preço, os nossos clientes serão cada vez mais clientes de preço. O cadastro de Minkowski reduz o campo de possibilidades a explorar no futuro.
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Pergunto, será que na Sonae Indústria estão a combater uma guerra do século XX, com eficiências e capacidades, quando já estamos em Mongo?
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Será que na Sonae Indústria estão como as cervejeiras, tão concentradas na eficiência que vão perdendo nichos cada vez maiores para as cervejas artesanais e outras bebidas?
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BTW, em "Sonae Indústria abandona produção em França" leio:
"a concorrência dos países de Leste aumentou a pressão sobre a empresa,"
Ainda hoje li no Twitter:
"The Customer You Attract with Low Price Will Be the Customer You Lose to Low Price"
Esta nota da concorrência dos países de Leste reforça a ideia de que a Sonae Indústria está "desesperadamente" a tentar ganhar escala para competir no negócio pelo preço... e não havia alternativa?
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Como é que escrevi ontem?
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"Em Mongo, o truque é aumentar o preço unitário,não o de reduzir o custo unitário"
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Claro que para apostar na subida dos preços unitários a cultura teria de ser outra... recordar o que escrevi sobre Zapatero, ou sobre os que se eternizam... o que faz pensar no papel da morte.

A forma como se olha é importante

"If you change the way you look at things, the things you look at change"
Hoje, ao ler esta citação de Max Planck no Twitter revi-me logo numa afirmação que fiz recentemente numa empresa.
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Quando uma empresa "acorda" e retira as palas que a afunilaram e algemaram a uma certa visão do seu mundo, começa a ver o mundo de forma diferente e, começa a encontrar novas oportunidades de servir e de se relacionar com o mundo.
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É como num fenómeno autocatalítico, quanto mais nos embrenhamos nessa nova visão do mundo mais oportunidades parecem surgir.
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O que me remete para o outro lado:
"Pessimistic prophecies are self-fulfilling."
Cuidado com as constanças cortisol e sá

Tecto de vidro? Uma hipótese de explicação (parte XI)

Parte I , parte II parte IIIparte IVparte Vparte VIparte VIIparte VIIIparte IX e parte X.
"Happy customers are good, but profitable customers are much better.
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amid all these measures of customer success, some companies lose sight of the ultimate objective: to make a profit from selling products and services. In their zeal to delight customers, these companies actually lose money with them. They become customer-obsessed rather than customer-focused. When the customer says "jump," they ask "how high?" They offer additional product features and services to their customers, but fail to receive prices that cover the costs for these additional features and services.
How can companies avoid this situation? By adding a metric that summarizes customer profitability.
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The ability to measure profitability at the individual customer level allows companies to consider new customer profitability metrics such as "percentage of unprofitable customers," or "dollars lost in unprofitable customer relationships." Such customer profitability measures provide a valuable signal that satisfaction, retention, and growth in customer relationships are desirable only if these relationships contribute to higher, not lower, profits."

Trecho retirado de "A Balanced Scorecard Approach To Measure Customer Profitability " de Robert Kaplan.

Água mole em pedra dura...

Lentamente, a mensagem deste blogue vai entrando:
"mais importante do que a facturação é a rentabilidade"
Recordar:
Volume is vanity,
Profit is sanity.
Trecho retirado de "Metalúrgica Cifial quer voltar à ribalta em três anos"

quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Curiosidade do dia

Via Twitter:
Bom para relacionar com e com:

Para reflexão

Como ao ler "Managing to Lead" de Mintzberg, não pensar nos políticos que sabem o que é que é bom para nós, melhor do que nós mesmos.
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Como não pensar nos políticos, sempre bem intencionados, mas que não têm qualquer ideia de como funciona a economia livre onde cidadãos anónimos têm a palavra sobre que empresas, que marcas e que produtos sobrevivem, têm sucesso ou definham e morrem.
"It has also become fashionable to complain that we are being over-managed and under-led. The opposite is now a greater problem: we have too much heroic leadership and not enough engaging management."

Em Mongo, o truque é aumentar o preço unitário,não o de reduzir o custo unitário

Ontem, no editorial do DE, "O vestuário, o calçado e a indústria nacional", a propósito do bom momento destes sectores, podia ler-se:
"Há alguns anos ninguém acreditaria que os dois sectores pudessem transformar-se nos ex-libris da indústria e das exportações nacionais. A transformação tecnológica colocou-os entre os mais avançados da Europa." 
Acham mesmo que foi a transformação tecnológica? Acham que a tecnologia é uma vantagem competitiva? Acham que as PME portuguesas têm mais facilidade em comprar tecnologia que as PME de outros países europeus e asiáticos? (BTW, não esquecer o exemplo do denim japonês, nem o da Chicoração)
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Sim, existe tecnologia mas essa é a fatia visionária que vai à frente, muito à frente. O grosso da coluna aposta:

  • flexibilidade;
  • proximidade;
  • pequenas séries;
  • design;
  • rapidez;
  • relação qualidade/preço
O mito da transformação tecnológica assenta na crença no eficientismo do século XX, na produtividade baseada na quantidade por unidade de tempo, baseada na redução do custo unitário. Quando, em Mongo, o truque é aumentar o preço unitário.

Dizer não!

Interessante:
"If you are a chief financial officer, you are probably already aware that your role is undergoing a historic transformation. You and your predecessors have always been guardians of shareholder value and financial integrity.
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But now, the CFO role is expanding to include being the company’s premier champion of strategic discipline as well. You are charged with ensuring value creation, and your main tool for doing so is a simple one that has long been at your disposal, but never used this way before: the word no. [Moi ici: E a série "Tecto de vidro" mostra claramente a necessidade de alguém dizer não!]
...
you are the voice of focused investment, asking the right questions and providing the right insights so that everyone understands when to say no and how to say yes. You help the company turn down many activities so that the few most important can thrive. The deciding factor is strategic value. Economies of scale and market clout are no longer the formidable barriers to entry they once were. The allocation of resources must now favor a company’s most distinctive capabilities - those differentiating things it does particularly well that enable it to outperform competitors over time."
Trechos retirados de "The Redefined No of the CFO"

Tecto de vidro? Uma hipótese de explicação (parte X)

Parte I , parte II parte IIIparte IVparte Vparte VIparte VIIparte VIII e parte IX.
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Voltando ao artigo citado na parte V, "The implementation of customer profitability analysis: A case study" de Erik M. van Raaij, Maarten J.A. Vernooijb, Sander van Triestc, publicado em Industrial Marketing Management 32 (2003) 573– 583. Mais um exemplo da necessidade de perceber quem são os clientes rentáveis:
"Within any given customer base, there will be differences in the revenues customers generate for the firm and in the costs the firm has to incur to secure those revenues. While most firms will know the customer revenues, many firms are unaware of all costs associated with customer relationships.
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In general, product costs will be known for each customer, but sales and marketing, service, and support costs are mostly treated as overhead." [Moi ici: Faz-me lembrar a experiência industrial sobre os custos da manutenção, o tal "Ovo de Colombo"]
Na empresa do artigo, uma empresa americana e grande:
"The largest 20% of customers were not responsible for 80% of revenues as the 20/80 rule suggests but for 93% of revenues and for 95% of profits. It is not surprising that the top customers account for the largest share of absolute profits, but do they also have higher profit margins on their revenues? 
...
The results also provided support for a differentiated CRM strategy that the firm had introduced around the time the customer profitability project was started: a ‘‘small business’’ concept with more standardized, low-cost services for smaller customers. This differentiated approach should help alleviate the disappointing profitability figures for small customers and small customer locations. But while many firms may be tempted to concentrate exclusively on taking measures towards unprofitable customers, this firm chose to give extra attention to the profitable customers, especially in those market sectors that showed a vulnerable customer base, i.e., those sectors showing a high degree of dependency."
E no caso da sua empresa, sabe?

  • Quais são as suas fontes e sumidouros de lucro?
  • Como associa o tipo de relação com as características e custos dos clientes?
  • Como aloca os recursos entre os diferentes clientes?
Não devia saber?