quinta-feira, junho 24, 2010
Sugestões para elaborar painéis de indicadores por processo (parte I)
Uma organização é um sistema, um ser vivo único.
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Esse sistema pode ser representado, sempre de forma imperfeita, como um conjunto de processos inter-relacionados e inter-actuantes.
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Esse sistema pode ser representado, sempre de forma imperfeita, como um conjunto de processos inter-relacionados e inter-actuantes.
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Um processo tem de ser objecto de monitorização (sempre) e de medição (sempre que possível) basta ler a primeira cláusula da ISO 9001:2008:
Ao reflectir sobre como medir o desempenho de um processo devemos sempre começar pelo objectivo, pela finalidade do processo. Para que é que existe o processo?
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Consideremos o exemplo de um processo que trata as reclamações que chegam a uma empresa e da finalidade escolhida pela gestão dessa empresa. Sublinho escolhida pois é uma decisão de gestão, não há nenhuma regra uniformizadora que obrigue a um dado conjunto de indicadores.
Se esta é a finalidade do processo, então, a empresa tem de arranjar uma forma de medir até que ponto está a evoluir no cumprimento dessa finalidade. Nenhuma afirmação, ou proposta da finalidade deve ficar em branco sem uma forma de ser medida ou acompanhada, sob pena do processo entrar em roda livre e não haver informação, não haver qualquer sinal de aviso em tempo útil.
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Assim, podemos propor:
Uma vez definidos os indicadores o passo seguinte passa por planear o seu cálculo, por isso, proponho o preenchimento de uma tabela como a que se segue:
Assim, podemos propor:
Uma vez definidos os indicadores o passo seguinte passa por planear o seu cálculo, por isso, proponho o preenchimento de uma tabela como a que se segue:
A tabela a que chamo PLANO DE MONITORIZAÇÃO E MEDIÇÃO DO PROCESSO responde às questões:
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Quando medir? Qual a frequência de cálculo para cada um dos indicadores.
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Quando medir? Qual a frequência de cálculo para cada um dos indicadores.
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Quem mede? Qual a função responsável pelo cálculo de cada um dos indicadores, no limite cada indicador de um processo pode ser calculado por uma função diferente.
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O passo seguinte está relacionado com a apresentação dos resultados para quem quiser analisar e tomar decisões sobre o desempenho do processo, para implementar as acções necessárias para atingir os resultados planeados e a melhoria contínua.
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Os três erros mais comuns na apresentação de resultados (segundo Mark G. Brown no livro “Keeping Score - using the right metrics to drive world-class performance”) são:
• Usar tabelas em vez de gráficos;
• Apresentar apenas o último resultado; e
• Não ter um referencial, uma meta, para a tomada de decisões.
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Os três erros mais comuns na apresentação de resultados (segundo Mark G. Brown no livro “Keeping Score - using the right metrics to drive world-class performance”) são:
• Usar tabelas em vez de gráficos;
• Apresentar apenas o último resultado; e
• Não ter um referencial, uma meta, para a tomada de decisões.
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Outro erro que se comete muitas vezes (segundo Stephen Few no livro “Information Dashboard Design”) é:
• Usar um gráfico por página, ou não colocar todos os gráficos equivalentes na mesma página.
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Estes indicadores permitem-nos medir o desempenho do tratamento das reclamações.
Ao olhar para esta página percebemos que:
• as reclamações estão a ser respondidas mais rapidamente;
• que a frequência das reclamações se mantêm;
• que o custo das reclamações está a baixar;
• que em 2009 se conseguiu suster a hemorragia de clientes perdidos por causa das reclamações.
Ao olhar para esta página percebemos que:
• as reclamações estão a ser respondidas mais rapidamente;
• que a frequência das reclamações se mantêm;
• que o custo das reclamações está a baixar;
• que em 2009 se conseguiu suster a hemorragia de clientes perdidos por causa das reclamações.
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Algumas questões que podem surgir a quem olhar para estes gráficos podem ser:
• Quais os principais motivos de reclamação?
• As reclamações recaem sobre o quê? Produtos? Quais? Serviços? Quais?
• Qual a distribuição dos tempos de resposta?
• Há alguma relação entre os tempos de resposta e os motivos de reclamação?
• Há alguma relação entre os tempos de resposta e os bens ou serviços especificamente reclamados?
• Quais os clientes que reclamam mais? Há algum padrão entre quem reclama e quem não reclama?
Estas questões podem ser respondidas por gráficos que podem ser facultados com os anteriores, numa segunda página. No entanto, há uma particularidade nestes gráficos, neles não faz sentido haver metas, são gráficos que retratam a realidade e ajudam a fazer o “drill-down”, o “fine tuning” para a tomada de decisões equacionadas a partir do conjunto inicial de gráficos.
Por exemplo:
Algumas questões que podem surgir a quem olhar para estes gráficos podem ser:
• Quais os principais motivos de reclamação?
• As reclamações recaem sobre o quê? Produtos? Quais? Serviços? Quais?
• Qual a distribuição dos tempos de resposta?
• Há alguma relação entre os tempos de resposta e os motivos de reclamação?
• Há alguma relação entre os tempos de resposta e os bens ou serviços especificamente reclamados?
• Quais os clientes que reclamam mais? Há algum padrão entre quem reclama e quem não reclama?
Estas questões podem ser respondidas por gráficos que podem ser facultados com os anteriores, numa segunda página. No entanto, há uma particularidade nestes gráficos, neles não faz sentido haver metas, são gráficos que retratam a realidade e ajudam a fazer o “drill-down”, o “fine tuning” para a tomada de decisões equacionadas a partir do conjunto inicial de gráficos.
Por exemplo:
Continua.
Os clientes não querem ouvir desculpas
"Hey You! It's Really About Me"
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"I hear all the time how the big bad large businesses are taking out the small business owner. Frankly, some of them deserve to go if this is any indication of how they treat their best customers. It's time to wake up and realize that customers don't give a darn what kind of day you are having. It's really all about them and if it isn't, then perhaps you should reconsider if having a business is really for you."
Para reflexão
Medo!
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"Portugal’s banks turn to ECB for €36bn"
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"Bancos estão a emprestar mais ao Estado e menos às empresas" (a etapa seguinte vai ser converter salários, parcialmente, em empréstimos forçados ao Estado)
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"Portugal só sai da recessão em 2012, diz Ernst & Young" (Ah!!! Se huvesse mais liberdade económica...)
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"In the short run it is important to remain in the game and secure funding, but they are walking on the brink of looking desperate to secure funding," he said, adding though that his general impression from the auction was "rather positive."
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quarta-feira, junho 23, 2010
O jogo do gato e do rato (parte II)
Continuado daqui.
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"Como é que isto é possível? Maior produtividade deveria resultar em custos laborais unitários mais baixos. Mas as melhorias na produtividade são facilmente anuladas pelas alterações nos salários. Enquanto o crescimento da produtividade é medido em fracções de pontos percentuais, os aumentos salariais têm sido muito maiores."
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Continua.
O jogo do gato e do rato (parte I)
Quando agora somos todos alemães, continuamos a pensar à moda antiga, como quando tínhamos uma moeda própria fracota.
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Por isso, só se vê o jogo do gato e do rato entre a produtividade e os salários.
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"Durante uma audição na comissão parlamentar de Trabalho, Teixeira dos Santos sustentou que “os ganhos de produtividade devem reforçar a competitividade e não ser ultrapassados pela evolução de salários”.
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“Atentando à dimensão dos custos de trabalho (evolução dos salários e produtividade), temos de introduzir uma dinâmica mais virtuosa nos custos de unidade de trabalho. Temos de melhorar a produtividade do trabalho (com formação, inovações, melhoria na gestão), mas também a disciplina salarial com a fixação dos salários para que acompanhe a produtividade”, resumiu o titular da pasta das Finanças."
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“Atentando à dimensão dos custos de trabalho (evolução dos salários e produtividade), temos de introduzir uma dinâmica mais virtuosa nos custos de unidade de trabalho. Temos de melhorar a produtividade do trabalho (com formação, inovações, melhoria na gestão), mas também a disciplina salarial com a fixação dos salários para que acompanhe a produtividade”, resumiu o titular da pasta das Finanças."
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Trecho retirado daqui ""Mais importante que a flexibilização [laboral] é a fixação de salários""
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O mesmo que não se arrependeu dos 2,9%
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E se eu me juntar aos outros que estão a fazer o mesmo que a União de Leiria? Será que vale a pena experimentar o Brasil?
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Continua.
Para reflexão
"Lessons to be learnt from Kazakhstan" é começar a aprender as lições de corte de cabelo que, mais tarde ou mais cedo, vamos tomar (a nível europeu) para salvar a economia real que cria riqueza.
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"Hence, some of the powerful western creditors who held the debt of BTA and other banks started pushing for a furtive state rescue, of sorts – and warned that if this did not occur Kazakh-style financial Armageddon would occur. However, to its credit, the Kazakh government faced down some of the more aggressive western banks by insisting on something rarely seen anywhere in the world: an orderly restructuring, with creditor haircuts, of a still-functioning bank."
Relações de causa-efeito politicamente correctas mas que não existem
-Quem paga os salários?
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-As empresas!
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Se os mercados se estão a polarizar e se não existem respostas únicas...
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Se há maior dispersão de produtividade entre as empresas de um mesmo sector de actividade do que entre empresas de diferentes sectores de actividade (aqui e aqui) ...
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Se quem estuda a dispersão dos salários escreve:
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“Why are similar workers paid differently? Why do some jobs pay more than others? I have argued that wage dispersion of this kind reflects differences in employer productivity.
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Of course, the assertion that wage dispersion is the consequence of productivity dispersion begs another question. What is the explanation for productivity dispersion?"
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“Relative demand and productive efficiency of individual firms are continually shocked by events. The shocks are the consequence of changes in tastes, changes in regulations, and changes induced by globalization among others. Another important source of persistent productivity differences across firms is the process of adopting technical innovation. We know that the diffusion of new and more efficient methods is a slow, drawn-out affair. Experimentation is required to implement new methods. Many innovations are embodied in equipment and forms of human capital that are necessarily long-lived. Learning how and where to apply any new innovation takes time and may well be highly firms specific.
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Since old technologies are not immediately replaced by the new for all of these reasons, productive efficiency varies considerably across firms at any point in time."
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Of course, the assertion that wage dispersion is the consequence of productivity dispersion begs another question. What is the explanation for productivity dispersion?"
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“Relative demand and productive efficiency of individual firms are continually shocked by events. The shocks are the consequence of changes in tastes, changes in regulations, and changes induced by globalization among others. Another important source of persistent productivity differences across firms is the process of adopting technical innovation. We know that the diffusion of new and more efficient methods is a slow, drawn-out affair. Experimentation is required to implement new methods. Many innovations are embodied in equipment and forms of human capital that are necessarily long-lived. Learning how and where to apply any new innovation takes time and may well be highly firms specific.
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Since old technologies are not immediately replaced by the new for all of these reasons, productive efficiency varies considerably across firms at any point in time."
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Trecho retirado de "Wage Dispersion" de Dale Mortensen.
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Sabendo que na última década aumentou a pressão competitiva, sabendo que as empresas fazem opções que as distribuem por cada um dos quadrantes:
O que seria de esperar?!?!
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-Quem paga os salários?
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-As empresas!
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Então, não há nenhuma conspiração, é uma consequência da realidade competitiva:
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"O ministro da Economia, Vieira da Silva, admitiu hoje no parlamento que “é verdade que Portugal tem um nível excessivamente elevado de desigualdades”, acrescentando que só existe uma forma de as corrigir, investindo na qualificação das pessoas."
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A qualificação das pessoas não vai resolver nada... basta recordar as palavras de Galbraith em "Vamos brincar à caridadezinha" que relacionam formação e qualificação com produtividade ou emprego.
Lugar do Senhor dos Perdões (parte III)
Continuado daqui e daqui.
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Quando os macro-economistas falam sobre o desempenho, sobre a produtividade de um sector de actividade, como o calçado, como o têxtil, como o mobiliário, falam de um bloco homogéneo, coerente, maciço... como se todas as empresas, imersas no mesmo ambiente competitivo, tivessem o mesmo comportamento
O segundo capítulo do livro "How We Compete - What Companies Around the World Are Doing to Make it in Today's Global Economy" de Suzanne Berger e o MIT Industrial Performance Center começa com esta citação:
Quando os macro-economistas falam sobre o desempenho, sobre a produtividade de um sector de actividade, como o calçado, como o têxtil, como o mobiliário, falam de um bloco homogéneo, coerente, maciço... como se todas as empresas, imersas no mesmo ambiente competitivo, tivessem o mesmo comportamento
O segundo capítulo do livro "How We Compete - What Companies Around the World Are Doing to Make it in Today's Global Economy" de Suzanne Berger e o MIT Industrial Performance Center começa com esta citação:
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"When reports about the impact of globalization start from the macro picture of pressures toward a single world market, they usually predict that companies competing under the same constraints around the world will have to imitate the successful models. (Moi ici: ainda vamos voltar a esta estória dos modelos únicos) If that's the case, they would end up looking much the same, as they converged on a set of common organizational patterns and best practices.
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But that is not at all what we discovered in our interviews. On the contrary, because we started at the micro level - from experiences we have analyzed in hundreds of companies competing in the same markets - and traced out their evolution, we found great and lasting diversity." (Moi ici: o contacto com a realidade da micro-economia, com pessoas que arriscam, com pessoas que desenvolvem relações amorosas com clientes, produtos e fornecedores, com pessoas que têm uma fé num optimismo não documentado)
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Voltando ao livro "Job Creation and Destruction" de Steven Davis, John Haltiwanger e Scott Schuh, sobre a heterogeneidade de cada sector industrial encontramos:
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Voltando ao livro "Job Creation and Destruction" de Steven Davis, John Haltiwanger e Scott Schuh, sobre a heterogeneidade de cada sector industrial encontramos:
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"The magnitude of within-sector heterogeneity implies that idiosyncratic factors dominate the determination of which plants create and destroy jobs, and which plants achieve rapid productivity growth or suffer productivity declines.
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One likely reason for heterogeneity in plant-level outcomes is the considerable uncertainty that surrounds the development, adoption, distribution, marketing, and regulation of new products and production techniques. Uncertainty about the demand for new produccts or the cost-effectiveness of alternative technologies encourages firms to experiment with different technologies, goods, and production facilities. Experimentation, in turn, generates differences in outcomes. Even when motives for experimentation are absent, uncertainty about future cost or demand conditions encourages firms to differentiate their choice of current products and technology so as to position themselves optimally for possible future circumstances.
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Another likely reason is that differences in entrepreneurial and managerial ability lead to differences in job and productivity growth rates among firms and plants. These differences include the ability to identify and develop new products, the ability to organize production activity, the ability to motivate workers, and the ability to adapt to changing circumstances. There seems to be little doubt that these and other ability differences among managers generate much of the observed heterogeneity in plant-level outcomes.
...
sources of heterogeneity among seemingly similar businesses underscore the remarkable complexity of economic growth and change. They underscore the continuous, large-scale job creation and destruction activity required to allocate resources toward their highest value uses. And they underscore the extremely limited degree to which the precise patterns of job creation and destruction can be explained in terms of business characteristics that are easily observable to economists and policymakers. Indeed, the current state of economic science provides little knowledge about the relative importance of various idiosyncratic factors or the precise reasons why they generate such tremendous heterogeneity in outcomes.
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(Moi ici: se o desempenho das empresas num sector depende, sobretudo, de factores idiossincráticos... então, o que pensar das leis voluntaristas para, supostamente, criar ou salvar empregos?)
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The predominant role of idiosyncratic factors in job creation and destruction, and our highly incomplete understanding of these factors, incline us toward a prudent stance regarding economic policy interventions intended to create more or better jobs. Absent an understanding of which factors drive employer decisions about job creation and destruction, policy interventions may impede the allocation of workers and other inputs to their highest value uses."
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E quando os políticos se auto-nomeiam, sem qualquer experiência profissional, em grandes augures, qual Vitorino no último Prós e Contras, capazes de ler o futuro e saber quais as experiências que têm futuro.
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Em comentário no twitter na altura escrevi com ironia "O Estado é que sabe qual o futuro"... alguém comentou "Prefiro estar na "mão" do Estado do que na de um privado, gostos"
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Os privados, individualmente, não têm mais capacidade do que o Estado para fazer escolhas. Só que no agregado, os privados têm uma larga vantagem sobre o Estado, como são muitos, têm mais hipóteses de alguns acertarem. É a velha citação de Hamel acerca da resiliência da Vida no planeta Terra:
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"Life is the most resilient thing on the planet. I has survived meteor showers, seismic upheavals, and radical climate shifts. And yet it does not plan, it does not forecast, and, except when manifested in human beings, it possesses no foresight. So what is the essential thing that life teaches us about resilience?
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Just this: Variety matters. Genetic variety, within and across species, is nature's insurance policy against the unexpected. A high degree of biological diversity ensures that no matter what particular future unfolds, there will be at least some organisms that are well-suited to the new circumstances."
Poema de Gary Hamel e Liisa Valikangas em "The quest for resilience", Harvard Business Review, Setembro de 2003
Just this: Variety matters. Genetic variety, within and across species, is nature's insurance policy against the unexpected. A high degree of biological diversity ensures that no matter what particular future unfolds, there will be at least some organisms that are well-suited to the new circumstances."
Poema de Gary Hamel e Liisa Valikangas em "The quest for resilience", Harvard Business Review, Setembro de 2003
Continua.
terça-feira, junho 22, 2010
Para o desenho dos cenários dos futuros, sempre hipotéticos (parte II)
Continuado daqui.
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Era isto que eu tinha em mente quando falava na necessidade de rever cenários com este input importante sobre a valorização do yuan.
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Sabemos que o dia começa bem quando...
... às 8h30 da manhã, no arranque do noticiário intercalar do Radio Clube Português ouvimos:
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"A partir de agora horas extra no Estado só se for preciso." (Não acreditam? Basta esperar para ouvir "Só se for preciso" no noticiário que terá passado às 10h.)
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"A partir de agora horas extra no Estado só se for preciso." (Não acreditam? Basta esperar para ouvir "Só se for preciso" no noticiário que terá passado às 10h.)
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Quer dizer que até agora não tem sido preciso? Ou nem sempre é preciso? Ou...
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Como é que uma costela anarco-libertária em crescimento acelerado não pode deixar de se regozijar com a implosão em curso?
Para reflexão
"Contenção nos salários da Função Pública pode ser "crucial" para reconquistar competitividade"
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"As anedotas da austeridade" ("A austeridade tem as costas quentes. Serve para desviar a atenção de propostas divertidas, mas vesgas, como a eliminação dos feriados do 5 de Outubro ou do Dia de Todos os Santos. Existe para que ninguém repare na notícia jocosa que circula pela CGD: que Mário Lino vai para lá para presidente do Conselho Fiscal das companhias de seguros. Expliquem só, por favor, como é que alguém um dia pode ser competente para administrar a Cimpor, no outro dia a REN e finalmente vá como fiscalista para o universo do banco do Estado? ... Como é que se pode levar a sério a austeridade e os sacrifícios pedidos aos portugueses se a elite oficial deste sítio se continua a comportar assim? A crise não ensinou nada a esta gente que se julga a viver no último andar do Empire State Building. Está. Até um dia cair ")
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"Feriados, pontes e produtividade" (Camilo ainda só está a olhar para o denominador da equação... "Acredito que as deputadas em causa têm as melhores intenções: o aumento da produtividade. Esquecem-se contudo que ela não é apenas função do tempo que se trabalha... mas de 'como' se trabalha. Qualquer bicho careta sabe de cor e salteado as razões da nossa (im)produtividade: não cumprimos horários, planeamos mal, não temos processos, executamos pior... " Camilo esquece-se, ou ainda não alcançou, que mais importante do que o "Como se trabalha" é o "Em que se trabalha". Se não estamos a produzir o que interessa e com o valor acrescentado adequado, é irrelevante trabalhar muito bem.)
So Krugman's... (parte II)
Continuado daqui.
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Nesse postal refiro o que escrevi em Junho de 2007 sobre o posicionamento do emprego como um objectivo.
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Actualmente ando a ler um livro de 1996 "Job Creation and Destruction" de Steven Davis, John Haltiwanger e Scott Schuh onde ontem, no comboio suburbano entre Estarreja e Porto, envontrei este trecho:
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"Although job growth receives enormous attention in economic policy discussions, this attention is sometimes misplaced. Indeed, the mere creation of jobs is not, by itself, an appropriate economic policy objective. Instead, policy is appropriately directed toward wealth creation and the expansion of consumption opportunities."
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"The focus on job growth as a policy objective probably stems from a perceived link between high (or rising) employment and high (or rising) real income. Real income, in turn, is seen as closely linked to consumption opportunities and, hence, economic well-being."
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"... the experience of the 1980s belies the belief in a tight chain of causation running from employment to real income to consumption and economic well-being. In short, high employment and rapid job growth are very imperfect indicators of economic welfare, so they should not be treated as ultimate policy objectives or the primary yardsticks of policy evaluation."
Lugar do Senhor dos Perdões (parte II)
Continuado daqui.
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A filosofia por trás do caso do Lugar do Senhor dos Perdões está relacionada com a proposta de António Vitorino no Prós e Contras de ontem: o Estado é que sabe quais os sectores de futuro em que se deve apostar.
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Comecemos por um texto retirado do livro "Job Creation and Destruction" de Steven Davis, John Haltiwanger e Scott Schuh:
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"To be sure, it is widely understood that market economies reallocate employment and other factor inputs in response to the emergence of new products and new production techniques, changes in the scope and composition of international trade, changes in economic policies and patterns of government expenditure, and many other events. Sectors facing favorable changes in cost and demand conditions expand, whereas sectors facing unfavorable changes contract. In recent years, much has been made of employment shifts away from basic manufacturing industries (e.g., steel and autos) and toward advanced technology (e.g., computers) and service industries." (Moi ici: até aqui nada de novo).
"Although these between-sector employment shifts are often important, our statistical portrait shows rather strikingly that they are dwarfed by the magnitude of within-sector shifts in employment across plants." (Moi ici: aqui é que a porca começa a torcer o rabo... não se pode olhar para um sector como uma realidade homogénea, como um bloco uniforme, como um todo coerente. E quando se diz que um sector está obsoleto... está-se a ver o bloco homogéneo)
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"Chapters 3 and 4 document large within-sector employment reallocation regardless of wether sectors are defined in terms of industry, region, plant age, plant or firm size, wage level, degree of product specialization, energy intensity, capital intensity, or degree of exposure to foreign competition. In short, employment growth outcomes exhibit enormous heterogeneity among plants and firms that operate in the same classifiable sectors.
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The heterogeneity of job growth outcomes within narrowly defined sectors parallels recent findings on plant-level productivity growth patterns... Hence, most of the variation in job and productivity growth rates across plants reflects within- rather than between-sector differences." (Moi ici: se a variação no emprego e na produtividade é maior dentro de um sector do que entre sectores ... então há algo aqui que merece ser investigado e percebido)
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Está-se já a ver o impacte de medidas homogéneas, de medidas gerais como as da anedota, para fazer face a estas heterogeneidades sectoriais.
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Continua
Não confundir a realidade com o mapa da realidade (parte III)
Continuado daqui e daqui.
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A revista Harvard Business Review de Junho de 2010 inclui o artigo "You Are What You Measure" onde se chama a atenção para algumas consequências do uso dos indicadores.
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"CEOs care about stock value because that’s how we measure them. If we want to change what they care about, we should change what we measure.
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Human beings adjust behavior based on the metrics they’re held against. Anything you measure will impel a person to optimize his score on that metric. What you measure is what you’ll get. Period.
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This phenomenon happens at an organizational level, too. States that use standardized education assessment tests produce kids who indeed perform well on these tests but falter when asked to demonstrate their knowledge of the same material in a different way.
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To change CEOs’ behavior, we need to change the numbers we measure. Stock value metrics that focus on the long term are a start, but even more important are new numbers that direct leaders’ attention to the real drivers of sustainable success."
Human beings adjust behavior based on the metrics they’re held against. Anything you measure will impel a person to optimize his score on that metric. What you measure is what you’ll get. Period.
...
This phenomenon happens at an organizational level, too. States that use standardized education assessment tests produce kids who indeed perform well on these tests but falter when asked to demonstrate their knowledge of the same material in a different way.
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To change CEOs’ behavior, we need to change the numbers we measure. Stock value metrics that focus on the long term are a start, but even more important are new numbers that direct leaders’ attention to the real drivers of sustainable success."
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Por exemplo, se é importante, para uma empresa, o indicador "Nº de horas de formação por colaborador", podemos chegar ao limite da empresa dar formação de treta sobre temas de treta e contribuir para um bom desempenho do indicador.
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Se o PIB é igual a:
.Consumo + Investimento + Gastos do Estado + (Exportações - Importações)
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Se o consumo cai, se o investimento cai, se as exportações caem e se as importações caem. Então, se os gastos do Estado subirem e se o Estado investir em projectos sem retorno... milagre, o PIB sobe!!!
segunda-feira, junho 21, 2010
Nojo, nojo, nojo, nojo, nojo, nojo, nojo, nojo, nojo, nojo, nojo,
Por favor, ver e ouvir "O estado do Crime" e sobretudo divulgar o mais possível.
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