quarta-feira, abril 07, 2010

Resposta

A propósito deste comentário
Atenção!! Não sou macro-economista, por isso vou ultrapassar o que domino.
O Japão também teve uma bolha imobiliária e um crash! As soluções que o governo adoptou foram semelhantes às que os governos agora adoptaram e que agora deu nisto “No mundo ocidental "o crescimento económico será praticamente inexistente"”.
O Japão é o país em que a demografia está mais desequilibrada para uma sociedade muito envelhecida. As pessoas não consomem, a deflação reina há mais de 10 anos. Ou seja, o mercado interno está a implodir (Ver Japan Economy Watch e no Facebook as teses de Claus Vistesen sobre a influência do envelhecimento das sociedades no crescimento da economia)
A minha deriva profissional da engenharia química para a gestão começou pela qualidade. Qualidade no final dos anos 80 do século passado era sinónimo de Japão! Quando se falava em qualidade à japonesa, falava-se da mensagem do livro Kaizen de Masaaki Imai: conformidade (ausência de defeitos); custo e entrega.
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Se reparar, esta tríade: conformidade; custo e prazo de entrega é a base da proposta de valor do preço mais baixo.
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A seguir à II Guerra Mundial o mercado interno japonês criou uma sociedade super competitiva que quando na década de 60/70 começou a exportar, trucidou a competição no Ocidente. Por exemplo, as companhias americanas de automóveis só se comparavam com as europeias… as japonesas eram aliens desconhecidas, como contou no Porto há anos numa conferência James Womack. O que aconteceu foi isto. O Ocidente mudou, reconverteu-se e as empresas japonesas não conseguiram estar à altura do desafio de mudança: cristalizaram.

Para reflexão

"Greece and the Fatal Flaw in an IMF Rescue" (Greece's 2010 "austerity" program is striking only for its lack of credibility. Under that program Greece, even in 2010, does not pay the interest on its debt - instead the government plans to raise 52bn euros in credit markets to refinance all its interest while at the same time it borrows 4% of GDP more. A country's "primary budget" position measures the budget without interest expenses -- at the very least, the Greeks need to move from a 4% of GDP primary budget deficit to a 9% of GDP primary surplus - totalling 13% of GDP further fiscal adjustment, in the midst of what will be a massive recession, just to have enough funds to pay annual interest on their 2012 debt. This is under the rather conservative assumption that interest rates would settle near 6% per year, where they stand today. The message from these calculations is simple: Greece needs to be far more bold if its austerity program is to have a serious chance of success.) (Moi ici: 6% já foi ultrapassado ontem!!! Chegou aos 7.161% e fechou a 7.040%)
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O tempo de feedback associado a um plano (parte II)

Continuado daqui.
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Agora imaginemos que o Grande Planeador desenha um plano espectacular e avança-se para a sua implementação.
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Donella H. Meadows no seu livro "Thinking in Systems - A Primer" chama a atenção para um factor que permite actuar sobre os sistemas, o tempo de feedback.
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"Delays in feedback loops are critical determinants of system behavior.
They are common causes of oscillations. If you’re trying to adjust a stock (your store inventory) to meet your goal, but you receive only delayed information about what the state of the stock is, you will overshoot and undershoot your goal. The same is true if your information is timely, but your response isn’t.

A system just can’t respond to short-term changes when it has long-term delays. That’s why a massive central-planning system, such as the Soviet Union or General Motors, necessarily functions poorly.
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A delay in a feedback process is critical relative to rates of change in the stocks that the feedback loop is trying to control. Delays that are too short cause overreaction, “chasing your tail,” oscillations amplified by the jumpiness of the response. Delays that are too long cause damped, sustained, or exploding oscillations, depending on how much too long. Overlong delays in a system with a threshold, a danger point, a range past which irreversible damage can occur, cause overshoot and collapse."
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Seria bonito...

terça-feira, abril 06, 2010

Campeões nacionais versus campeões escondidos

Os campeões nacionais são:
  • grandes;
  • apoiados pelos políticos;
  • conhecidos dos media;
  • têm muitos empregos;
  • têm apoios e subsídios negados ao comum dos mortais;
  • têm impostos que o comum dos mortais nem pode sonhar;
  • têm muito buzz associado;
  • o deleito dos pregadores e governantes socialistas de todos os partidos.
E quanto valor criam? E qual o valor acrescentado do investimento feito pelo país nessas benesses todas?
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Uma ponta do véu acerca da realidade "Dez maiores exportadoras aumentam défice externo"... já passou mais de um ano e continuo à espera das contas.

O tempo de feedback associado a um plano (plano I)

Sou um aficionado do planeamento... sou mesmo um fanático do planeamento.
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No entanto, não vejo o planeamento como um mandamento que não pode ser violado de maneira nenhuma. Um plano é uma ferramenta, é a nossa melhor tentativa para organizar os recursos necessários a concretizar um dado objectivo. A meio da concretização do plano, no entanto, podemos concluir que o melhor é reformular, é rever o plano.
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O grande risco de quem faz planos é o de se tornar prisioneiro deles.
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"Organizations create plans to prepare for the inevitable, preempt the undesirable, and control the controllable. Rational as all this may sound, planning has its shortcomings. Because planners plan in stable, predictable contexts, they are lulled into thinking that the world will unfold in the expected manner, a lapse that Henry Mintzberg calls “the fallacy of predetermination.” When people are in thrall of predetermination, there is simply no place for unexpected events that fall outside the realm of planning.
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Plans, in short, can do just the opposite of what is intended, creating mindlessness instead of mindful anticipation of the unexpected.

Strong expectations influence what people see, what they choose to take for granted, what they choose to ignore, and the length of time it takes to recognize small problems that are growing. When people impose their expectations on ambiguous stimuli, they typically fill in the gaps, read between the lines, and complete the picture as best they can. Typically, this means that they complete the picture in ways that confirm what they expected to see. Slight deviations from the normal course of events are smoothed over and quickly lose their salience. It is only after a space shuttle explodes or illicit trading is exposed or vehicle tires come apart that people see a clear and ominous pattern in the weak signals they had previously dismissed.
By design, then, plans influence perception and reduce the number of things people notice. This occurs because people encode the world largely into the categories activated by the plan. Anything that is deemed “irrelevant” to the plan gets only cursory attention. And yet it is these very irrelevancies that are the seedbed of the unexpected events that make for unreliable functioning.
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… that plans presume that consistent high quality outcomes will be produced time after time if people repeat patterns of activity that have worked in the past. The problem with this logic is that routines can’t handle novel events."
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Tendo isto em conta imaginem o que seria acreditar e aplicar o Grande Plano, a Grande Estratégia definida pelo Estado?
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Continua.
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Trecho retirado de "Managing the Unexpected" de Karl E. Weick e Kathleen M. Sutcliffe.

Para reflexão

"Why Greece will default" (Matemática pura... )
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"The Painful Arithmetic of Greek Debt Default" (Excelente artigo. Este é um dos meus pesadelos "Once Greece becomes unable to roll over its debts in the market (say, three years from now) it would default on debt payments and be forced to finance continuing deficits with some form of locally issued “scrip.” Once the scrip is issued, the EU will have no choice but to declare it an illegal infringement on the euro. The mere issuance of scrip could create a foreign exchange crisis in the form of runs on Greek banks, as depositors seek to avoid conversion of euro-denominated deposits into the new scrip numeraire. The run on the banks would prompt emergency action by the Greek government to replace the euro with the new “drachma.”")
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"Greek banks hit by wealthy citizens moving their money offshore" (Recordando o artigo anterior... são os próprios gregos que já não acreditam)
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""A Grécia é a última economia soviética da Europa "" (A nossa não deve andar longe)

segunda-feira, abril 05, 2010

Qual o propósito do artigo?

Leio este artigo "Avicultura em crise com nova regulamentação" e não percebo nada... fico cheio de dúvidas.
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O caso particular relatado no texto é uma vítima da nova regulamentação?
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E como conciliar:
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"adianta o secretário-geral da ANAPO, a Associação Nacional dos Avicultores e Produtores de Ovos. Mas "desde 2007 que o aumento do preço das rações retirou músculo a muitos produtores, que agora não têm meios financeiros para cumprir com a nova regulamentação para o sector, que implica investimentos elevados", diz Paulo Mota."
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Com:
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""o secretário-geral da ANAPO vaticina "mais despedimentos e encerramentos de granjas, sobretudo dos produtores de ovos, onde devem encerrar umas três dezenas de empresas".
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O sector concentra-se principalmente nas regiões da Beira Alta e Ribatejo, totalizando estas mesmas 83% da produção nacional, o que corresponde a 39% do total das explorações de Portugal e "é fortemente exportador", conclui o dirigente."
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Será que é a nova regulamentação e o aumento das rações ou o aumento da concorrência?
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A grande maioria destas granjas não tem marca própria, vende carne de aves e ovos para a distribuição... logo, fica facilmente prisioneira de um arquétipo chamado sucesso para os bens sucedidos.
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Quando retiram a embalagem de frango da prateleira quantas pessoas se interessam pela marca? E têm algo que as atraia a fazer isso?
Num negócio em que a carne de aves e os ovos podem ser tratados como produtos brancos, sem marca, vencida a barreira da distância... abençoadas auto-estradas, deixa de ser regional e passa a ser nacional. As empresas que primeiro apostarem no crescimento para aproveitar a boleia do aumento da escala e ganharem a guerra de preços (as AA da figura) começam a ganhar vantagem sobre as restantes (as BB da figura), e quanto mais vantagem ganham numa rodada, mais vantagem ganham para a rodada seguinte.
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Ah! Se houvesse investigação jornalística a sério...

ADENDA: Quanto mais maduro estiver um sector para consolidação, maior a torrente de legislação e regulamentação sobre ele. Antes de começar a comprar concorrentes, há que expulsar os mais fracos do mercado, ou criar-lhes dificuldades extra para que sintam uma oferta de aquisição como um alívio bem-vindo.

Decorre dos números ou é um apriori?

PIB = Consumo (privado e dos negócios) + Investimento + Gastos do Governo + Exportações líquidas
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Daqui "Mais de mil empresas em falência" tiramos que o C não vai ser grande coisa.
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A escassez de dinheiro e o PEC vão reduzir o I e travar o crescimento do G.
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Daí que restem as exportações...
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Assim, quando se fala e se perspectiva o aumento das exportações... é a única forma de argumentar que o PIB pode crescer.

Como é o ecossistema da sua organização?


A figura procura ilustrar o ecossistema de uma empresa com duas unidades de negócio, cada uma com os seus clientes-alvo e cada uma com a sua proposta de valor.
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Cada unidade de negócio procura obter a cooperação de diferentes grupos de prescritores para que influenciem cada grupo de clientes-alvo.
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Como obter o interesse dos agentes.
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Organizar o interesse de todas estas partes de forma a criar um enredo que atraia todas as partes.
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Como é o ecossistema da sua organização?

Cozinheiros de César

Através deste blogue cheguei a este poema de Brecht que não via desde as minhas primeiras aulas de Filosofia em 1978:
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Perguntas de um Operário Letrado

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas
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As perguntas geram imagens que nos ajudam a interiorizar a mensagem do autor. Ao longo dos anos, e sobretudo na última década recordo muitas vezes este poema.
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"César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
" É claro que tinha vários cozinheiros ao seu serviço! É claro que não o fez sozinho, que tinha as suas legiões consigo. É claro que César sem as legiões e sem os cozinheiros não teria ficado na História.
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Mas se levarmos este raciocínio ao outro extremo, e é por isso que me recordo deste poema tantas vezes, então, o cozinheiro é mais importante que César, os pedreiros são mais importantes que o imperador da China ou os reis de Tebas.
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Assim, chegamos aos dias de hoje, os dias em que os cozinheiros de César se julgam mais importantes que o próprio César (e César sem os cozinheiros nunca teria vencido Catão na Tunísia)...
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Por isso, quando vejo chefes de governo com medo de tomar decisões, com receio de falar a verdade, enclausurados e prisioneiros mentais de paradigmas ultrapassados, reconheço neles os cozinheiros com mentalidade de funcionários que, por osmose, chegaram ao topo da pirâmide.
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Podem ocupar o lugar de César mas nunca terão o rasgo de César! Nunca motivarão as massas para fazerem o sacrifício de atravessar o deserto e esperar 40 anos até chegar à Terra Prometida! Nunca enquadrarão as massas, apenas as tentarão embalar e satisfazer!

domingo, abril 04, 2010

Concentrar no valor

A propósito de mais este excelente exemplo do sector do calçado "Calçado: Ferreira Avelar e Irmão factura 5ME em calçado e exporta 97% da produção" vamos fazer algumas contas.
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Admitamos que um ano de trabalho médio tem 225 dias.
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Facturação em 2009 - 5 000 000 €.
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Pares produzidos - 95 000.
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Quantos pares produziu diariamente em média?
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420 pares.
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Este é o referencial que encontro em muitas fábricas, orientam-se pelo volume de produção diária, pelo número de pares de sapatos, pela quantidade.
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Como é que aumentam a produtividade? Aumentando o número de pares fabricados por dia.
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Quanto esforço precisam de despender para aumentar a produtividade em 1%?
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Tenho dificuldade, sempre que o tenho tentado, em introduzir um outro referencial, em vez de pares produzidos, euros produzidos...
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5 milhões de euros a dividir por 95 mil pares dá cerca de 53 euros o par, ou seja, qualquer coisa como 22200 euros a produzir por dia.
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Este é o novo referencial, euros produzidos por dia... ajuda a concentrar a organização no valor, não na quantidade.
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O anterior referencial aponta para o crescimento físico para ganhar mais, já que é conseguido à custa de mais produção, ou de produção mais rápida.
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O novo referencial aponta para o crescimento do valor... o qual pode ser conseguido à custa de mais matéria cinzenta e até de menos produção.

Na direcção certa

No artigo "Cultivo de cereais caiu 65% nos últimos cinco anos" pode ler-se:
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"Fonte do INE aponta a conjugação de condições climatéricas desfavoráveis com os "elevados custos dos factores de produção e com as adversidades" do mercado, em que o "baixo preço" do produto é acompanhado por "dificuldades de escoamento", como causas para o desinvestimento dos agricultores nos cereais."
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""Os custos subiram, as receitas baixaram e nos últimos cinco anos houve uma total ausência de estratégia para este sector", sintetiza o presidente da Associação Nacional de Produtores de Cereais (Anpoc), Bernardo Albino, referindo que a redução significativa das áreas de cultivo "corresponde, de um ponto de vista temporal, ao reinado de Jaime Silva na agricultura portuguesa".
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"Foi o antigo ministro da Agricultura que desmantelou a pouca estratégia nacional que existia para os cereais", garante Bernardo Albino, explicando que os agricultores, ao verem-se "exclusivamente por conta do mercado" e sem incentivos ao nível das políticas públicas, "optaram por direccionar os investimentos para outras áreas, como seria feito por qualquer outro empresário"."
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Foi também por isto que considerei o antigo ministro da Agricultura como o melhor ministro do anterior Governo. Foi enxovalhado por causa dos diospiros, do azeite e dos kiwis mas tinha razão.
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Se queremos um sector agrícola onde faça sentido trabalhar para ganhar a vida e, viver bem sem ser à custa de apoios e subsídios que vão acabar mais cedo do que se julga, é por aqui que temos de ir, deixar de produzir o que não tem hipóteses de ter valor para suportar o nosso nível de vida e, desviar a terra, os recursos e os sonhos para onde podemos fazer a diferença. E podemos!!!
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Basta recordar os apontamentos que tenho feito ao longo dos anos sobre os casos de sucesso que vou encontrando e registando naqueles dois marcadores ali em baixo.
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Neste outro artigo vemos e lemos o reverso da medalha "Produção recorde de azeitona de excelente qualidade".
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Sem subsídios e apoios; quanto rende um hectare com cereais e quanto rende um hectare com azeite? Qual é a produção mais fácil de escoar? Qual é a produção onde podemos fazer a diferença? Qual é a produção onde podemos introduzir diferentes marcas e variedades?
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Com a implosão do regime o que acontecerá?
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Os Pigarros ficarão a falar sozinhos à espera do seu queijo! E milhares de pessoas farão simplesmente isto: "ao verem-se "exclusivamente por conta do mercado" e sem incentivos ao nível das políticas públicas, "optaram por direccionar os investimentos para outras áreas, como seria feito por qualquer outro empresário"" (BTW, será que isto foi dito com tom reprovador?)

sábado, abril 03, 2010

Os pregadores da economia socialista

Avilez Figueiredo brinda-nos com mais uma pregação em defesa da economia socialista.
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Interrogo-me como é que ele pode acreditar nas virtudes do Estado Grande Planeador, como é que ele ainda pode acreditar no Estado Grande Geometra?
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Incentivos correctos?
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Avilez Figueiredo acredita que a situação se assemelha à da resolução de um puzzle e que existe uma solução única e correcta à espera de ser encontrada... quase tenho inveja dessa ingenuidade porque desconfio que seria muito mais confortável encarar o mundo dessa perspectiva.
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A nossa situação é a de uma wicked mess em que não há uma solução à espera de ser encontrada.
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"UM: Dinheiro. Criar um contrato social de cinco anos com os portugueses, em que o dinheiro arrecadado por uma maior taxa fiscal, e novas privatizações (portanto mais dívida), serviria para financiar um novo caminho." (Moi ici: UM caminho? UM?! Só UM!!! Nesta sociedade em que até os velhinhos já andam tatuados basta UM caminho!!!! Como é que a Natureza, a VIDA, resolveu o seu problema? Com UMA espécie única? Ou com diversidade? Não existe UM caminho! Existem caminhos e ninguém pode prever que caminhos que resultem hoje não falhem amanhã... é muito arriscado pôr todos os ovos no mesmo cesto.)
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"DOIS: Educação. Lançar..." (Moi ici: Mais educação para quê? Avilez Figueiredo tem de ler este texto: The Portuguese Brain Drain, e tem de ler o que James Galbraith escreve acerca deste tema.)
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"TRÊS: Investigação. Criar uma equipa de investigação em mercados e oportunidades de negócio, sociedade financiada pelo Estado e pelas PME." (Moi ici: Chefiados por quem? Com que critérios de decisão? Com que critérios de breakthrough? Com que critérios de eficiência? E como matematizar o rasgo e a ousadia de arriscar? Com que critérios de emprego? Se a eficácia é cada vez mais importante que a eficiência como é que vão justificar apostar em algo?)
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"O que aqui está escrito não é desejo. É acreditar que o papel do Estado consiste em lançar sobre o sistema incentivos correctos, que empurrem um país para uma direcção comum, sem com isso anular a criatividade e a autonomia." (Moi ici: IMHO o único incentivo correcto que o Estado pode dar é não complicar, é tornar mais fácil o emprendedorismo, é deixar que milhares de pequenos e grandes caminhos sejam definidos e palmilhados por pessoas concretas que arriscam o seu dinheiro e vivem os seus sonhos e não os de um qualquer burocrata bem intencionado. Como escreveu Jay Forrester, criador da dinâmica de sistemas, "people deeply involved in a system often know intuitively where to find leverage points, more often than not they push the change in the wrong direction.")
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Há uma forma de resolver o nosso problema, é a implosão, a grande simplificação, quando o verdelhão já não aguenta mais suportar o cuco... e o mundo fica mais simples, livre e, pronto para recomeçar basta ler:
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"Complex societies collapse because, when some stress comes, those societies have become too inflexible to respond. In retrospect, this can seem mystifying. Why didn’t these societies just re-tool in less complex ways? The answer Tainter gives is the simplest one: When societies fail to respond to reduced circumstances through orderly downsizing, it isn’t because they don’t want to, it’s because they can’t.
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In such systems, there is no way to make things a little bit simpler – the whole edifice becomes a huge, interlocking system not readily amenable to change. Tainter doesn’t regard the sudden decoherence of these societies as either a tragedy or a mistake—”[U]nder a situation of declining marginal returns collapse may be the most appropriate response”, to use his pitiless phrase. Furthermore, even when moderate adjustments could be made, they tend to be resisted, because any simplification discomfits elites.
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When the value of complexity turns negative, a society plagued by an inability to react remains as complex as ever, right up to the moment where it becomes suddenly and dramatically simpler, which is to say right up to the moment of collapse. Collapse is simply the last remaining method of simplification."
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Este último parágrafo é libertador!!!
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O que não tem remédio, remediado está!!!

Para reflexão

"Statement lets euro states opt out of Greece loan scheme"
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que invista muito mais na criação e aproveitamento de oportunidades do que na resolução de problemas

Se há, e não me custa nada a acreditar que tal seja verdade, móveis importados que não cumprem as regras de segurança que todos têm de cumprir na União Europeia a solução é fácil, inspeccionar e actuar com muita publicidade.
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Por exemplo, basta colocar as brigadas da ASAE que se entretêm a inspeccionar e a impedir a actuação da polícia, quando esta pretende dissuadir o uso de gasóleo agrícola por veículos não agrícolas (parece que esta brincadeira acontece em Santa Maria da Feira), a visitar as lojas onde se vende mobiliário.
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Quanto ao resto da mensagem deste artigo "Indústria declara 'guerra' aos móveis oriundos da Ásia"... IMHO recomendo à Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) que invista muito mais na criação e aproveitamento de oportunidades do que na resolução de problemas.
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Se o consumidor português só usa o preço como critério de compra, vai ser cada vez mais difícil vender mobiliário português, ponto. Ora o que não tem remédio remediado está.
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Até que ponto a indústria tem fugido do negócio do preço?
Até que ponto a indústria tem apostado no design?
Até que ponto a indústria tem apostado em novos circuitos de comercialização?
Até que ponto a indústria tem apostado em novos materiais?
Até que ponto a indústria tem apostado em novos mercados?
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Quem são os clientes-alvo?
Qual a proposta de valor a oferecer?
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Por exemplo, o que estão a fazer para seduzir a geração que vai ficar saturada do design IKEA?
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Basta recordar o desafio de mudança empreendido pela TEMA.

sexta-feira, abril 02, 2010

Para reflexão

"The IMF should impose default on Greece to end the charade" (Porque é que não há políticos que laem assim, claro e de forma transparente como Ambrose?)
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"When the value of complexity turns negative, a society plagued by an inability to react remains as complex as ever, right up to the moment where it becomes suddenly and dramatically simpler, which is to say right up to the moment of collapse. Collapse is simply the last remaining method of simplification." (Se vivêssemos há 300/400 anos ou menos, este era o momento para que as sociedades mais precavidas, invadissem as sociedades menos precavidas para lhes saquear o imobiliário e alargar o poder. Chega-se ao ponto em que, já nem há dinheiro para pagar o soldo a quem defenda a sociedade da invasão) (aqui)

Engenheiros sociais

Primeiro, pensar em todas as qualidades que caracterizam uma criança, coisas como criatividade, imaginação, liberdade, ...
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Segundo, qual o efeito da escola sobre todas essas qualidades?
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Será que podemos encontrar mais uma influência?
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Quantos mais anos de escolaridade menor a disposição para arriscar e empreender?
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Começo a temer que os engenheiros sociais cá do burgo ainda vão encontrar maneira de impedir que pessoas sem frequência universitária sejam patrões do seu próprio negócio...
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Com estes engenheiros sociais, num país socialista, até temeria pela vida desses patrões... ooops! Mas nós somos um país de economia socialista!!!!!!!
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Watch it!

Não esquecer que a Europa é um continente envelhecido e a caminho do asilo

No artigo de Daniel Amaral referido aqui, um leitor deixou o seguinte comentário:
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"se a UE criasse um novo imposto sobre bens importados que fizesse incorporar no preço final do produto as ditas "externalidades" negativas (medida em custos ambientais e no reajuste ao "dumping" salarial, tendo por base o custo dos factores produtivos na UE), quais seriam as prespectivas de crescimento dentro da zona Euro - e, mais concretamente, em Portugal? Como reagiria a nossa indústria? Qual o impacto na competitividade, no investimento, emprego, consumo, nas despesas sociais e nas receita do Estado?"
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É preciso não esquecer os factos... a Europa é um continente envelhecido e a caminho do asilo. Quanto mais elevada a idade média de uma população menos esta consome (veja-se o caso da Alemanha) é preciso exportar... para onde? Para economias jovens e dinâmicas.
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Por exemplo:
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O consumo na Europa não é suficiente para alimentar a economia, é cada vez mais preciso exportar para fora da UE.

quinta-feira, abril 01, 2010

Gerações foram educadas, moldadas e conformadas pela teoria marxiana

Daniel Amaral no DE de hoje:
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"Restam-nos as exportações. Que só podem crescer por duas vias: ou pelo aumento da procura externa ou pela redução dos custos internos. Formas de reduzir os custos: menos impostos do Estado, ganhos de eficiência das empresas, cortes nos salários dos trabalhadores. Querem fazer o favor de escolher? Lamento a conclusão implícita: o Governo foi realista nas projecções que fez - malgrado o fraco crescimento, não há espaço para crescer mais. É trágico mas é assim."
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Quantos anos tem Daniel Amaral?
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Como era o mundo quando Daniel Amaral estudou e se formou na Universidade?
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O que estava na moda quando Daniel Amaral estudou e se formou na Universidade?
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No mundo actual onde vivemos temos esta realidade que uso como exemplo:
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Qual o preço médio de um par de sapatos exportado de Portugal? 20 euros!
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Qual o preço médio de um par de sapatos importado da Ásia para a Europa? 3 euros!
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Perante estes factos, no modelo mental, no paradigma em que Daniel Amaral foi enformado e moldado, qual o destino do calçado português?
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O mesmo que Daniel Bessa previu há cinco anos: um colossal problema, o declínio e a extinção do sector do calçado em Portugal.
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Qual foi a realidade?
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Um sector que em 2009 exportou mais de 96% da sua produção.
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Esta realidade não é explicada pelo modelo mental de Daniel Amaral...
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Daniel Amaral e várias gerações foram educadas, moldadas e conformadas pela teoria marxiana que relaciona trabalho e valor de uma forma que implica que o preço é, sobretudo, baseado numa regra de polegar: o preço é definido tendo em conta os preços da concorrência ou os overheads e um retorno arbitrário. O valor neste mundo é definido pela quantidade de trabalho incorporado...
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A realidade que vivemos hoje já não é a mesma do tempo de Marx, hoje a oferta é várias vezes superior à procura em quase todos os sectores de produção...
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Para Daniel Amaral a única forma de conquistar mercado é... reduzir os custos... é apostar no denominador... nunca leu Rosiello, não descobriu ainda que a resposta austríaca para o valor está na mente do comprador e na capacidade de o seduzir, não porque se oferece o artigo mais barato mas um artigo diferente...
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Será que Daniel Amaral só usa esferográficas? Só usa canetas BIC?

Trecho retirado do artigo "Passos fatais"

Part IV - Concentração e aposta no lado errado

"It is time to replace the old equation described in the (parte I) with this new model:

Profitability = Intellectual Capital X Price X Effectiveness

In the business of the future, effectiveness takes precedence over efficiency. A business does not exist to be efficient; it exists to create wealth for its customers. An obsessive compulsion to increase efficiency (doing things right) reduces the firm’s effectiveness at doing the right things. The pursuit of efficiency has hindered most companies’ capability to pursue opportunities, hence these organizations spend most of their time solving problems. One cannot grow a company and continuously cut costs and increase efficiency.
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It is not that efficiency is bad, per se, it is that it is being pursued at the expense of nearly everything else. To add insult to injury, the efficiency measures that do exist in the modern organization tend to be lagging indicators that measure efforts and activities, not leading indicators that measure results and define success the same way the customer does.
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The word “efficiency” has been deliberately replaced with “effectiveness,” bowing to the observation that a business does not exist to be efficient, but rather effective. What happens if you are 100 percent efficient at doing the wrong thing? Effectiveness, on the other hand, stresses the power to produce a particular effect, in this case, something of value for customers. Still, this word, too, is not quite precise enough at describing the effect a modern firm is trying to create."