quarta-feira, abril 07, 2010

Resposta

A propósito deste comentário
Atenção!! Não sou macro-economista, por isso vou ultrapassar o que domino.
O Japão também teve uma bolha imobiliária e um crash! As soluções que o governo adoptou foram semelhantes às que os governos agora adoptaram e que agora deu nisto “No mundo ocidental "o crescimento económico será praticamente inexistente"”.
O Japão é o país em que a demografia está mais desequilibrada para uma sociedade muito envelhecida. As pessoas não consomem, a deflação reina há mais de 10 anos. Ou seja, o mercado interno está a implodir (Ver Japan Economy Watch e no Facebook as teses de Claus Vistesen sobre a influência do envelhecimento das sociedades no crescimento da economia)
A minha deriva profissional da engenharia química para a gestão começou pela qualidade. Qualidade no final dos anos 80 do século passado era sinónimo de Japão! Quando se falava em qualidade à japonesa, falava-se da mensagem do livro Kaizen de Masaaki Imai: conformidade (ausência de defeitos); custo e entrega.
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Se reparar, esta tríade: conformidade; custo e prazo de entrega é a base da proposta de valor do preço mais baixo.
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A seguir à II Guerra Mundial o mercado interno japonês criou uma sociedade super competitiva que quando na década de 60/70 começou a exportar, trucidou a competição no Ocidente. Por exemplo, as companhias americanas de automóveis só se comparavam com as europeias… as japonesas eram aliens desconhecidas, como contou no Porto há anos numa conferência James Womack. O que aconteceu foi isto. O Ocidente mudou, reconverteu-se e as empresas japonesas não conseguiram estar à altura do desafio de mudança: cristalizaram.

4 comentários:

CCz disse...

Acerca das empresas japonesas como a Canon ver aqui: http://balancedscorecard.blogspot.com/2010/01/backshoring-i-told-you-so.html
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As hiperligações para Canon e Pedra Roseta.

ZeManL disse...

Esta tentativa de resposta, parece-me demasiado simplista e muito pouco fundamentada.
Uma explicação mais adequada e por quem conhece bem a realidade japonesa poderá ser encontrada no livro de Richard C.Koo "O Santo Graal da Macro Economia"

nuno disse...

O importante para mim não é se é simplista ou complicada, o importante (pessoalmente, claro) é que sou um adepto desta forma de entender os negócios e quanto mais conhecimentos vou adquirindo mais fã vou ficando. O que me parece fundamental é que, sendo o japão, ou a ideia que temos do japão, o país das propostas de valor, porque nos têm dado grande parte das inovações, tecnológicas principalmente, eles têm estado presos a uma deflação constante e a perder peso mundial. Uma coisa é o governo japones e os erros por este cometidos, outra é o caso das empresas, que não são obrigadas a segui-lhe as pisadas, mas que obviamente me parece não estarem preparadas para trabalhar fora da proposta de valor que vinham oferecendo e que se sustentava efectividade operacional, em vez de ser na criação e potencialização de "white spaces". É importante tirar lições dos erros dos outros como forma de não os cometermos nós. A cristalização da proposta de valor destas empresas é, parece-me o erro final, já que, tal como é dito vezes sem conta neste blog, a estratégia é mutável, constantemente, e isso é o que parece ter falhado.

lookingforjohn disse...

A questão financeira é consequência da acção no mercado, das empresas para os clientes, da oferta ideal (ou não) para o potencial de consumo disponível.
A dúvida do Nuno tem a ver com esta última, que é a que genuinamente pede intelecto e talento, e não com a estritamente financeira, que o senhor Koo tenta explicar no seu livro.
A análise neste post centra-se nisso, na proposta de valor, e é uma forma tentada (assumidamente) de associar o objecto (Japão) ao tema (proposta de valor).
Simples, óbvio.
O que interessa a quem procura este blog é a opinião de Ccz, ou não faria sentido romper os dedos a teclar. O Nuno, eu, e todos os outros que aqui vêm, certamente teremos mais o que fazer do que andar em blogs alheios só a chatear para nos fazermos notados... Ou então criariamos os nossos próprios blogs, ou escreveríamos os nossos livros, para arriscar partilhar com o mundo o nosso conhecimento, as nossas certezas, ou até mesmo, em alguns casos, um certo veneno necrófago...

(Aranha)