quarta-feira, julho 15, 2009

O princípio do fim?

No Público de hoje "BCP falha empréstimo obrigacionista":
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"O Banco Comercial Português (BCP) falhou o objectivo de emitir, até ao final de Julho, um empréstimo obrigacionista de até 1,2 mil milhões de euros, conforme tinha anunciado. Esta operação destinava-se a reforçar os rácios de capital da instituição, dispensando, portanto, o recurso aos accionistas."
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No Jornal de Negócios "BCP falha testes de "stress" na Europa":
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"O Banco Comercial Português (BCP) é, actualmente, a instituição financeira nacional com o rácio de solvabilidade mais baixo, de 6,8%. E, num contexto de deterioração da economia e consequente aumento do incumprimento do crédito, este nível tornar-se-ia insuficiente para a viabilidade do banco, de acordo com o ESN."

Segundo o ministro é impossível baixar

Aranha, Duck...
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Depois eu é que sou o culpado!
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"Preços de produtos lácteos reduziram 50% em 2 anos na União Europeia"

O cavalo de Troia chinês

Estão à espera de quê?
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"Peter Chou wants to turn HTC, which used to make mobile phones for other firms, into a brand in its own right" (em "Upwardly mobile").
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Alimentam os lobos e depois queixam-se de que lhes vêm roubar as presas!!!
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"Many Chinese original equipment manufacturers (OEMs) will become increasingly sensitive to questions of brand equity as they begin to realize how dramatically over-capacitized their respective markets are. The realization that broad product parity exists, and that any number of their competitors produce reasonably priced and good-quality products, is typically the beginning of a profound realignment of their business toward other intangible activities - such as product innovation and brand-equity exercises - that were previously not essential for their business to be successful." (em "The brand new China")
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Ou, "When Your Contract Manufacturer Becomes Your Competitor" (na altura enquadrei o artigo desta forma)
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Ou o Cavalo de Troia que alimentamos "China has become the OEM manufacturer of choice due to low labor costs and high quality standards. But are Western companies simply creating a nemesis that will come to challenge them back home?" (em China's OEM Trojan Horse)
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Por exemplo: "The question is: how long before these OEM manufacturers start doing their own research and development work, designing their own packaging and taking their products to market under their own names?The answer is: it's already happening."
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"I see reps from shoes and furniture name brands in Europe, and they clearly see China just as a low-cost production outsource. I want to say to them: don't you realize these Chinese companies are going to be your big competitors, and it was you that made it possible for them to get there? You have put your key competences in their hands!""

terça-feira, julho 14, 2009

Grande bandalheira

Lembram-se deste resultado "Mais uma vez: o que interessa são os resultados (a eficácia), não os procedimentos" cada vez mais sinto que o que se passava com os centros de inspecção automóvel está a passar-se agora com as entidades certificadoras... são impressionantes as estórias que me chegam aos ouvidos... consultores que são auditores da entidade certificadora e que são funcionários de pessoas que têm relações familiares com directores de entidades certificadoras... é um escândalo a bandalheira para que a certificação ISO 9001 está a resvalar.

Últimas!!!

"Economistas esperam ligeira revisão em baixa das previsões do Banco de Portugal"
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E como evoluirá a arrecadação de impostos em Junho?

A nossa recalibração (parte I)

"Apesar dos esforços dos governos, Portugal enfrenta há vários anos um problema grave nas suas finanças públicas, cuja responsabilidade se encontra mais do lado da despesa do que da receita. A sua resolução deve ser partilhada pelo conjunto das entidades responsáveis pela aprovação, execução e controlo da despesa." (aqui)
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Perante o colapso em curso qual a resposta à recalibração?

O medo do comunismo soviético (parte II)

Enquanto por aqui reflicto sobre a saudade do comunismo soviético, por mais importante que seja o PIB, e é, a crença dos povos num amanhã melhor é ainda mais importante.
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Quando se perde a esperança... "Japanese turn to communists in downturn"

Estratégia, proposta de valor, clientes-alvo, originação de valor

Cada vez me convenço mais que a finalidade, a função de uma empresa passa pela criação de valor.
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A criação de valor, ou como escreve Larreche, a originação de valor para os clientes deve ser o centro, o núcleo de qualquer estratégia sustentável para um negócio. Só a criação de valor não tem limites, ao contrário do corte nos custos (não esquecer: poupar não é o mesmo que ganhar)
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A percepção sobre o que é, sobre o que tem valor é algo de muito pessoal, por isso, diferentes clientes percepcionam diferentes coisas como sendo ou tendo valor. E, como só os clientes podem determinar se percepcionam que foi criado valor, é fundamental segmentar os potenciais clientes em grupos mais ou menos homogéneos relativamente aos seus conceitos de valor. Assim, a cada grupo corresponderá um tipo de clientes-alvo.
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Por isso; quem são os clientes-alvo? É fundamental responder a esta questão, porque temos de criar e acrescentar valor apropriado para esses clientes. Quem são os clientes-alvo? Que clientes queremos atrair e reter e como é que esses desejos se compatibilizam com a empresa que se quer ser e com a sua história e recursos?
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Que componentes de uma proposta de valor são vistos pelos clientes-alvo como criadores de valor para eles?
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Diferentes empresas especializam-se na criação de diferentes formas de valor, a isso também se chama “posicionamento”.
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A estratégia de criação de valor de uma empresa deve ser adequada e ajustada aos seus clientes-alvo , por isso, a forma como os concorrentes criam valor para os seus clientes não deve necessariamente influenciar a forma como uma empresa em particular cria valor para os seus clientes-alvo.
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O que é que os clientes-alvo valorizam?
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Algumas formas de valor têm mais atracção para alguns clientes do que para outros. Assim, o desafio passa por identificar o que é que os clientes-alvo valorizam e criar o tipo de valor que notam, reparam e apreciam para o entregar.
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Começam a ver como jogar com os conceitos estratégia, proposta de valor, clientes-alvo e originação de valor?
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Enquanto não falarmos em criar valor e em recriá-lo constantemente andaremos a adiar o inevitável.

Analisar resultados tem técnica, não é só olhar.

Já por várias vezes escrevi neste blogue sobre a monitorização e a esquizofrenia na análise de resultados:
Pois bem, desta vez cito alguém na mesma linha de pensamento contra os semáforos: "Red-Yellow-Green Scorecards: Issues and Resolution":
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"Red-yellow-green scorecards (dashboard) in the balanced scorecard and elsewhere can lead to significant unhealthy problems and firefighting. I know that this is contrary to what is currently being done."

segunda-feira, julho 13, 2009

Zimbabwéices

A propósito de "Contrafacções de notas de euro aumentaram 17 por cento"... mas então não é isto que andam a pedir ao BCE que faça? Mas então não é isto que o Banco de Inglaterra já está a fazer?

E a criação de valor?

A propósito de "AEP lança curso para empresários sem licenciatura" onde se pode ler "Vão ser abordados temas como a conjuntura económica e os negócios, a gestão internacional e a competitividade, a estratégia de marketing e o posicionamento, o investimento e o financiamento empresarial, a gestão de operações e qualidade e, finalmente, gestão e motivação dos recursos humanos."
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E a criação de valor? E a originação de valor? E a aposta no numerador da produtividade? E a necessidade de ser alemão?
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Não esquecer o que é que a AEP entende por aumento da produtividade.
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E se em vez de recorrerem a "... professores da Escola de Gestão Empresarial, criada através de uma parceria entre a Universidade Católica, a AEP e a Universidade de Aveiro." que só lidam com o lado racional do cortex cerebral, que não têm casos amorosos com clientes/fornecedores/produtos/serviços e aplicam as técnicas pedagógicas válidas para crianças e jovens não independentes economicamente, recorressem aos pares, que contam histórias que ressoam no lado límbico-emocional do cérebro, aplicam a andragogia e têm a vantagem do exemplo do "been there done that"?
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Pessoalmente acho que exemplos como o da Inarbel eram muito mais adequados.
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Convém não esquecer o que é que Daniel Bessa escrevia em 2005 sobre o futuro do calçado em Portugal... conhecem algum macroeconomista que tenha "erecções psicológicas" por causa de um negócio com potencial? Como? Se só visualizam manobras lineares de Lanchester.

O papel das pequenas empresas (parte IV)

"Every scale leader has weaknesses. A global consolidator can take advantage of its substantial scale effects to produce and offer a product inexpensively; however, this product obviously will not have the features expected of an Endgame niche product.
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To seize the Endgame niche fighter’s captured market, the scale leader knows that it would have to take on the associated segment costs. Later on in the sector consolidation process, a smart and innovative scale leader can, segment by segment, take out niche players that know only how to segment, specialize, and focus. To avoid this, Endgame niche fighters must strive to maintain their distinct personalities."
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Se os líderes da escala e do preço se preocupam com os custos... as pequenas empresas têm de competir complicando, complexificando o negócio, trabalhando onde os custos são maiores.
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IMHO, é este pormaior que falta na abordagem dos macroeconomistas que só equacionam os custos e não reflectem sobre o valor criado.
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"The customer must decide whether value is being created or added, and customers define value in many different ways—some see value in the lowest price. But current research would have us conclude that maybe as few as 20 percent of customers in any given product or service category are truly price driven—that is, they regularly look for the lowest prices available. This leaves 80 percent or more who define value more broadly and who care about more than price alone. While this percentage is certainly a rough estimate, and although the measurement of something as ephemeral as price sensitivity is subjective and prone to variability across product categories and situations, the principle is nevertheless an important one: Some large percentage of customers are indeed not particularly focused on price. They want value and they define it on their own terms. In fact, I regularly meet customers who tell me that they would willingly pay more if the company would only perform or behave in a certain way."
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Trecho 1 retirado do livro "BEATING THE GLOBAL CONSOLIDATION ENDGAME - Nine Strategies for Winning in Niches" de Fritz Kroeger, Andrej Vizjak e Michael Moriarty.
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Trecho 2 retirado do livro "BUILD YOUR CUSTOMER STRATEGY - A Guide to Creating Profitable Customer Relationships" de James G. Barnes.

Qual o interesse em manter uma sociedade assim?

"The Broken Hopes of a Spanish Generation"
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"Asked if he expects to surpass his parents' standard of living, he laughs bitterly. "I don't have expectations of surpassing them. I don't have expectations of anything.""
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"Lorena Domínguez, the unemployed automobile worker in Vigo, never had a permanent contract at Citroën, but there were years when she was earning good money, and she expected that the firm would offer her a permanent contract one day. The future seemed full of promise and rising living standards. Now she spends her time looking for work waiting tables, selling insurance, cleaning offices. "My generation was born into an era of abundance," she says. "I guess our expectations were just too high.""

Uma ideia a ganhar adeptos

"The Invisible Hand, Trumped by Darwin?"
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"Smith is celebrated for his “invisible hand” theory, which holds that when greedy people trade for their own advantage in unfettered private markets, they will often be led, as if by an invisible hand, to produce the greatest good for all. The invisible hand remains a powerful narrative, but after the recent economic wreckage, skepticism about it has grown. My prediction is that it will eventually be supplanted by a version of Darwin’s more general narrative — one that grants the invisible hand its due, but also strips it of the sweeping powers that many now ascribe to it."
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Uma previsão fácil de fazer, sobretudo depois de ler "Origin of Wealth: Evolution, Complexity, and the Radical Remaking of Economics" de Eric D. Beinhocker.

domingo, julho 12, 2009

Para reflexão

Que resposta para a recalibração?

Perspectivando:
  • "When Will The Recovery Begin? Never." e sobretudo aquele trecho "The X marks a brand new track -- a new economy. What will it look like? Nobody knows. All we know is the current economy can't "recover" because it can't go back to where it was before the crash. So instead of asking when the recovery will start, we should be asking when and how the new economy will begin."
  • "This is not a recession" e sobretudo ""Don't think of our current economic crisis as a recession. Instead, think of it as a recalibration.Everything is different now.If you think of it as a recession, you may be tempted to "hunker down" and wait for the economy to cycle back. If you think of it as a recalibration, you will be motivated to focus on what you have to do differently, since everything is different now. The way your business generates results is different, now. Your customers think differently, now. Your customers care about different things, now. Your customers act differently, now. Your customers may actually be different people, now. Customers aren't disposable anymore; more than ever, you have to create sustainable customer relationships. Everything is different now. I'm posting this on January 7, 2009. One thing I'm convinced of is that the world I am working in today is different from any world I have ever done business in. The world has been reset. We can no longer look at the "LY" column on reports to use last year as a benchmark for what will happen this year."
  • "Acordar as moscas que estão a dormir (parte XXVII)" onde se fala da quebra de 20% na colecta de impostos em Portugal, quando se compara 2008 com 2009.

E se estamos mesmo num mundo novo (coisa em que acredito)?

O ecossistema que existia, assente não na energia solar mas nos ienes baratos e no endividamente compulsivo, colapsou.

Aconteceu o mesmo há 65 milhões de anos... pelos vistos um meteoro terá chocado com a terra algures na zona do actual Iucatão, as espécies mais poderosas, as espécies maiores, as espécies dominantes... incapazes de se adaptarem pereceram.

Como é que o nosso país se poderá adaptar a este cenário de recalibração com tantos direitos adquiridos?

Haverá possibilidade de actuar e adaptarmo-nos, ou teremos de esperar pelo ponto da singularidade, pela implosão real, para fazer o reset e avançar para um Portugal pós-Abril de 1974 2.0?

Edward Hugh escreve isto sobre Espanha no Facebook, e Espanha apesar de tudo parece estar em melhor situação que Portugal:

"But the real problem is with the level of indebtedness of the population, Spain is now as dependent on exports as Germany is, but currently runs a current account deficit of about 8 percent of GDP.

So Spain needs a crash course policy to jump start exports and investment in export industries. But this means a large change in prices, and this isn't going to happen, since no one even believes it is possible. So the economy will crash, like in an earthquake, maybe 12 to 18 months from now, when the government can no longer raise money. (E nós por cá, quanto mais meses teremos?)

Meantime Zapatero twiddles his thumbs. That is what I am angry about. The explosion when this economy finally blows will rock Spain, let's just hope it won't rock the whole eurozone with it.!"

Será que alguém vai falar disto durante a próxima campanha eleitoral?

sábado, julho 11, 2009

Estratégias puras e híbridas - opções!

Retomando o tema do ano passado (sim eu sei aranha e duck...)
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"Thornhill and White (2007) found that firms with a one-sided focus on either cost leadership or differentiation outperformed firms with mixed strategies in terms of short-term operating margin. They also found that despite pure strategies’observable performance benefits, the vast majority of firms occupy strategic space’s middle ground. The explanation was found in a follow-up study (Thornhill et al., 2007): Although pure players are more profitable, they also have higher risks and higher exit rates. The authors conclude that a middle position may be a rational choice that reflects firms’ preference for growth and survival rather than short-term profit maximization."
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Este trecho retirado de "Organizational Ambidexterity: Antecedents, Outcomes, and Moderators" de Sebastian Raisch e Julian Birkinshaw no Journal of Management em Março de 2008.
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O que é preferível para uma sociedade:
  • Empresas mais rentáveis que seguem estratégias puras e que têm uma duração média de vida mais curta?
  • Ou, empresas menos rentáveis que seguem estratégias híbridas e que têm uma duração média de vida mais longa?

Claro que a primeira opção implica uma sociedade mais móvel em que o fecho e o arranque de empresas é muito mais frequente e fácil.

Serviço Público

When Will The Recovery Begin? Never.

"When Will The Recovery Begin? Never."
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"Problem is, consumers won't start spending until they have money in their pockets and feel reasonably secure. But they don't have the money, and it's hard to see where it will come from. They can't borrow. Their homes are worth a fraction of what they were before, so say goodbye to home equity loans and refinancings. One out of ten home owners is under water -- owing more on their homes than their homes are worth. Unemployment continues to rise, and number of hours at work continues to drop. Those who can are saving. Those who can't are hunkering down, as they must."
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"My prediction, then? Not a V, not a U. But an X. This economy can't get back on track because the track we were on for years -- featuring flat or declining median wages, mounting consumer debt (à atenção do Forum para a Competitividade e das suas teorias de redução administrativa de salários), and widening insecurity, not to mention increasing carbon in the atmosphere -- simply cannot be sustained.
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The X marks a brand new track -- a new economy. What will it look like? Nobody knows. All we know is the current economy can't "recover" because it can't go back to where it was before the crash. So instead of asking when the recovery will start, we should be asking when and how the new economy will begin."

Fantasma do Governo Futuro

Muitas vezes penso e algumas digo, era tão bom que os portugueses tivessem uma experiência como o Scrooge de Dickens e fossem visitados pelo Fantasma do Governo Futuro.
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Um governo com Louçã ou Ilda Figueiredo como ministro das Finanças, para apreenderem verdadeiramente o que significaria aplicar todas as propostas que enunciam e as consequências.
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"E se o Bloco de Esquerda fosse Governo?"
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"Portugal fora da Nato, Galp e EDP nacionalizadas e drogas leves legais.": Isso é folclore, e os juros? E os movimentos de capital? E a criação de riqueza? E a permanência no euro? E ...