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quarta-feira, março 21, 2012

Para contrariar a corrente dominante

Os macro-economistas, os académicos e os políticos falam da necessidade de reduzir custos para poder competir pelo preço.
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Curioso que tão poucos ponham em causa essa versão.
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Este artigo é paradigmático "The More the Merrier"
"These companies have much higher labor costs than their competitors. They pay their employees more; they have more full-time workers and more salespeople on the floor; and they invest more in training them. ... Not surprisingly, these stores are better places to work. What’s more surprising is that they are more profitable than most of their competitors and have more sales per employee and per square foot."
Lembram-se destas notícias "Mais empresas querem despedir para além da Makro, Zara, Cortefiel e Lidl estão entre elas..."

domingo, março 18, 2012

O que quer dizer? (parte II)

Parte I.
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Ontem o Paulo Vaz chamou-me a atenção para uns números que vêm corroborar muitas das mensagens que este blogue procura transmitir.
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António Borges disse que os salários estão a baixar e que, por isso, a nossa economia fica mais competitiva e, por isso, exporta mais. O que sempre aqui escrevemos é que este raciocínio é típico de economista longe da realidade e que não consegue sair do modelo da concorrência perfeita onde foi educado e enformado.
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Reparem nestes números do 3º Trimestre de 2011 relativos à região Norte "Norte Conjuntura":
O emprego no Norte está a perder muito menos emprego que o resto do país. Mas preparem-se para o que aí há-de vir.
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Onde é que está a ser criado emprego? E onde é que está a ser destruído?

Interessante, perde-se mais emprego na Educação do que na Construção...
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E o que é que está a acontecer aos salários e aos custos do trabalho?
 Estão a imaginar qual será a evolução dos salários reais na região de Lisboa e Vale do Tejo?
Como é que António Borges e a tríade explicam estes números?
As exportações crescem, os salários crescem, os custos do trabalho crescem, o emprego na indústria transformadora cresce e quase não é destruído na região como um todo. Tudo ao contrário do que os macro-economistas prescrevem...
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Pena é que a maioria das pessoas, sobretudo dos empresários da região, não se apercebam disto e, como que lobotomizados pelos media sediados em Lisboa, não aproveitem a oportunidade, até no mercado interno, dado que o poder de compra da maioria dos operários da região vai subir este ano.



sábado, março 17, 2012

O que quer dizer?

"Ainda assim, e apesar de o programa estar a ser cumprido e o país estar a trabalhar para alcançar também a estabilidade financeira, António Borges não esquece que é necessário também “recuperar a competitividade”. No entendimento de Borges essa tarefa está “também em curso”. “Tínhamos colocado no programa uma desvalorização fiscal, a alteração da Taxa Social Única (TSU) (…) e isso o Governo entendeu não fazer por razões que eles lá sabem”, afirmou. Porém, e mesmo sem uma alteração na TSU, “a verdade é que essa mudança de preços relativos está a acontecer”.
“É impressionante a forma como os salários estão a cair, tal e qual como se houvesse uma desvalorização da moeda”, acrescentou. Para António Borges “isto está a passar-se na economia com um extraordinário consenso e harmonia social” o que “é uma coisa inconcebível na Grécia e vamos ver se os espanhóis são capazes de fazer o mesmo que nós”. Para o ex-dirigente do FMI a redução dos salários está a acontecer com “consenso e harmonia social” porque os portugueses entendem que têm de apertar o cinto para assim recuperarem e tornarem a economia mais competitiva."
O que quer dizer António Borges com "tornar a economia mais competitiva?"
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Será que António Borges acha que as nossas exportações aumentam se reduzirmos os preços do que vendemos?  Será que António Borges acha que esta economia "o norte está a recuperar o estatuto de "motor do crescimento do país", representando mais 40 por cento do total das exportações." compete com base no preço mais baixo?
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Diz António Borges “É impressionante a forma como os salários estão a cair, tal e qual como se houvesse uma desvalorização da moeda”. Pergunto, que salários estão a cair? Os salários que se praticam nas empresas que exportam e que são competitivas (embora eu não saiba muito bem o que querem dizer quando falam de competitividade, a sério)? Ou os salários nos sectores de bens não-transaccionáveis e ligados ao Estado?
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Julgo que comete o mesmo erro de generalização que se pratica neste tipo de artigos "Portugal é o segundo país da Europa que mais emprego destruiu". Há emprego a ser destruído? Há.
"O número de pessoas com emprego em Portugal caiu 3,1% no último trimestre de 2011, uma queda superior à média da zona euro, que foi de 0,2%, indica o Eurostat."
 Contudo, o emprego destruído foi superior a 3,1%. Porquê? Porque também houve emprego criado! O saldo líquido é negativo e vale -3,1%.
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Onde está a ser criado emprego? Na economia exportadora, recordar o gráfico de "Austeridade e o efeito no desemprego"
Onde estão a ser cortados os salários? Não é na economia exportadora... é na economia que vive do mercado interno.
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BTW, se fizermos a a análise dos dados publicados pela AICEP relativos à variação homóloga das exportações em Janeiro de 2012, podemos verificar que 67% das exportações em euros vêm de descrições de produtos cm crescimentos homólogos superiores a 10%.
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Por exemplo:

  • Cacau e suas preparações +139,2%
  • Gorduras e óleos animais ou vegetais;produtos da sua dissociação; ceras, etc. +54,3%
  • Sabões, agentes orgânicos, ceras +42,8%
  • Peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos +30,6%
  • Borracha e suas obras +25,2%
  • Vestuário e seus acessórios, excepto de malha +20,7%
  • Reactores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos +18,3%
  • Leite e lacticínios; ovos de aves; mel natural +13,8%
  • Plásticos e suas obras +10,3%
  • Calçado, polainas e artefactos semelhantes, e suas partes +9,9%
Este grupo só representa 22% das exportações de Janeiro de 2012 (um pouco mais do que as exportações de veículos e combustíveis que cresceram +14,2 e +72,3% respectivamente)

A redução de salários que está a acontecer não tem nada a ver com o aumento da capacidade exportadora, quando muito a redução de salários na economia de bens não-transaccionáveis e o aumento do desemprego, ao cortar procura interna, desvia as empresas para as exportações. A redução de salários na economia de bens não-transaccionáveis está a reduzir as importações (por exemplo, -23,9% de importação de veículos, cerca de 8% do total das importações em €).


sexta-feira, março 16, 2012

Espanto

Caso para dizer com espanto...
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- Olha! Olha!
"Portugal está a provar ser mais flexível e competitivo que vaticinado; mais uma vez o ajustamento está a ser mais veloz do lado do sector privado que público. Buscam-se novos mercados e produtos; adequa-se procura a rendimentos. Porém, para a alteração do modelo ser viável, o produto português tem de mudar em termos de valor: têm de produzir-se bens e serviços que permitam remunerar os factores produtivos como na Irlanda ou Espanha. Têm de existir mercados internos, infra-estruturas, qualificações, instituições compatíveis. Ensaia-se o primeiro passo enquanto se anseia pelo salto fundamental da criação de valor (com volume)."
Estas palavras são de Cristina Casalinho no JdN de hoje em "Nem tudo é mau"... interessante, muito interessante. A economista-chefe de um banco a falar em "criação de valor" é uma novidade primaveril. Será um sinal?
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Até que enfim que na classe dos macro-economistas se começa a falar em criação de valor, se começa a perceber que em vez de reduzir salários se pode modificar o que se produz e, assim, aumentar a produtividade, aumentar o valor acrescentado por trabalhador.

quinta-feira, março 15, 2012

Em que ficamos?

Em Janeiro último "Daniel Bessa: "Portugal tem que ser um dos países mais baratos"", agora, ""Daniel Bessa considera a redução salarial dos mais qualificados “dramática”".

Em que ficamos?
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Parece o Pinto Balsemão na SICN a falar com emoção sobre os desempregados da classe média-alta... quantos despedimentos já fez a SIC?

quinta-feira, março 01, 2012

Números para comparar

A propósito destes números:
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"De acordo com a agência Lusa, o salário mínimo em Xangai vai aumentar 13% para o equivalente a 170 euros por mês.
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Já o Financial Times explicava no início do ano que na província de Shenzen, onde o valor é mais alto, o salário mínimo aumentou 15,9%. Para cerca de 177 euros."
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Comparar com estes outros:
E recordar estes também.

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Bê-á-bá da estratégia

Já sabem o que penso sobre a redução de salários, necessária para salvar empresas que vivem do mercado interno, irrelevante para a competitividade das empresas exportadoras.
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Contudo, há muita gente que acha que os salários têm de se reduzir para aumentar a competitividade do país, para aumentar as exportações e atrair investimento directo de empresas estrangeiras. Boa sorte!
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Pensem um bocado, quando não existia China na OMC e quando existia Muro de Berlim, onde é que fazia sentido criar fábricas de mão-de-obra barata para alimentar a Europa rica?
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Adivinharam? Fácil.
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Agora imaginem que a China fica muito mais cara para a mão-de-obra barata, onde é que faz sentido criar fábricas de mão-de-obra barata?
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Para fornecer o mercado norte-americano, o que é que está a acontecer no México?
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E para fornecer a Europa rica?
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Uma sugestão:
Têm a certeza que querem competir nesse campeonato?
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Têm mesmo?
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"Chinese Open First Car Plant in Europe"
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Um conselho, no bê-á-bá da estratégia, aprende-se uma lição que já Sun-Tsu ensinava: Não combaterás no terreno que dá vantagem ao adversário.

domingo, fevereiro 12, 2012

Uma indústria pouco competitiva?


Falar de economia é traiçoeiro porque facilmente misturamos macroeconomia e microeconomia, bens transaccionáveis com bens não-transaccionáveis. 
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Quando falo de economia portuguesa falo de 3 economias em simultâneo:
  • a dos funcionários públicos;
  • a que vive do mercado interno;
  • a que exporta.
A maior parte dos portugueses vive nas duas primeiras e a austeridade impacta sobretudo estas. Os políticos, para prometer um futuro melhor, afirmam que o país tem de sofrer transformações que o tornem mais competitivo, para que mais empresas possam exportar, para que as empresas fiquem mais competitivas.
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Enquanto as duas primeiras economias tiveram uma década interessante, a terceira, a que exporta, passou uma década tormentosa, teve de fazer face à chegada da China ao mercado, teve de aprender a viver sem as boleias da desvalorização da moeda. Muitas empresas fecharam, muitas multinacionais fecharam, mas a transformação fez-se. 
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O que os políticos não sabem, nem os habitantes das duas primeiras economias é que  a receita de by-pass ao país, que prego há vários anos neste blogue teve este resultado em 2010:
  • CAE 10 - Indústrias alimentares - exporta 15% do que produz
  • CAE 11 - Indústria das bebidas - exporta 28% do que produz
  • CAE 12 - Indústria do tabaco - exporta 78% do que produz
  • CAE 13 - Fabricação de têxteis - exporta 59% do que produz
  • CAE 14 - Indústria do vestuário - exporta 78% do que produz
  • CAE 15 - Indústria do couro e dos produtos de couro - exporta 72% do que produz
  • CAE 16 - Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário; fabricação de obras de cestaria e de espartaria -  exporta 52% do que produz
  • CAE 17 - Fabricação de pasta, de papel, cartão e seus artigos - exporta 65% do que produz
  • CAE 18 - Impressão e reprodução de suportes gravados - exporta 6% do que produz
  • CAE 19 - Fabricação de coque, de produtos petrolíferos refinados e de aglomerados de combustíveis exporta 19% do que produz
  • CAE 20 - Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas ou artificiais, excepto produtos farmacêuticos - exporta 49% do que produz
  • CAE 21 - Fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparações farmacêuticas - exporta 32% do que produz
  • CAE 22 - Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas - exporta 59% do que produz
  • CAE 23 - Fabricação de outros produtos minerais não metálicos -  exporta 32% do que produz
  • CAE 24 - Indústrias metalúrgicas de base - exporta 50% do que produz
  • CAE 25 - Fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e equipamentos - exporta 43% do que produz
  • CAE 26 - Fabricação de equipamentos informáticos, equipamento para comunicações e produtos electrónicos e ópticos - exporta 39% do que produz
  • CAE 27 - Fabricação de equipamento eléctrico - exporta 68% do que produz
  • CAE 28 - Fabricação de máquinas e de equipamentos, n.e. - exporta 50% do que produz
  • CAE 29 - Fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques e componentes para veículos - exporta 82% do que produz
  • CAE 30 - Fabricação de outro equipamento de transporte - exporta 80% do que produz
  • CAE 31 - Fabricação de mobiliário e de colchões - exporta 49% do que produz
  • CAE 32 - Outras indústrias transformadoras - exporta 40% do que produz
  • CAE 33 - Reparação, manutenção e instalação de máquinas e equipamentos - exporta 28% do que produz
  • CAE 35 - Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio - exporta menos de 0,1% do que produz
  • CAE 38 - Recolha, tratamento e eliminação de resíduos; valorização de materiais - exporta 28% do que produz
Como costuma escrever o Anti-comuna, os CAE 10 e 11, podem aproveitar a boleia da expansão do Pingo Doce (se se especializarem na guerra do preço e na escala). Basta atender a este exemplo recente:
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 "Os produtos portugueses, sobretudo alimentares, já representam metade da facturação do Lidl em Portugal. No entanto, a cadeia alemã de ‘hard discount' quer aumentar a relação com os produtores nacionais e aposta, para este ano, no reforço das exportações de bens portugueses para os mercados europeus onde está presente. ... Este é um processo que exige a instalação de capacidade adicional nos fornecedores, que não é possível conseguir-se de forma imediata." (Moi ici: claro que não é uma decisão fácil, basta recordar o que costumo escrever sobre a pedofilia empresarial)
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CAE 21 continua sujeito a regras absurdas num mercado que se quer livre "Meio milhão de euros de multas por exportação ilegal de medicamentos"
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Como a economia portuguesa em 2011 encolheu, e como as exportações cresceram mais de 15%, estes números já estão desactualizados. Por exemplo, as de calçado cresceram 16%, as de têxteis e vestuário mais de 12%, as de mobiliário mais de 9%, ...

segunda-feira, janeiro 30, 2012

O delírio e o inevitável

"Krugman defende corte de 20% nos salários da periferia"
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""Para restaurar a competitividade na Europa ter-se-ia que, em cinco anos, baixar salários nos países menos competitivos em 20% em relação à Alemanha", defendeu o economista norte-americano."
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Concordo com Krugman em, as empresas em sectores não-transaccionáveis vão ter de reduzir salários, não para competir com os alemães mas para reduzir a mortandade no sector. As empresas nos sectores não transaccionáveis não estão dimensionadas para a nova realidade da procura. Se não reduzirem, o mercado tratará do assunto, terraplanando os sectores e reduzindo drasticamente o número de actores.
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Quanto ao resto, Krugman delira quando pensa que se compete head-to-head com os alemães ou outros.

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Sem pistas...

Quando oiço o presidente do Fórum para a Competitividade defender que a medida nº 1para aumentar a competitividade é... reduzir salários!
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Quando oiço o director-geral da COTEC diz estas coisas "Daniel Bessa: "Portugal tem que ser um dos países mais baratos":
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"Portugal deve procurar manter a sua mão-de-obra o mais barata possível, de forma a manter-se competitivo no seio da zona euro, defendeu hoje o economista Daniel Bessa."
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Percebo que eles e as suas instituições não têm quaisquer pistas sobre as alternativas...
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E se os líderes destas organizações não têm pistas... para que servem essas organizações?

sexta-feira, novembro 18, 2011

Portugal versus Brasil

Este blogue tem relatado o desempenho do sector do calçado português nos últimos anos, um sucesso importante.
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Comparem os salários em Portugal e no Brasil...
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Um operário de calçado em Portugal ganha mais ou menos do que um operário de calçado no Brasil?
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Têm dúvidas?
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Quando fizerem contas na comparação de salários, não se esqueçam de considerar que em Portugal são pagos 14 meses por ano, no Brasil não sei se tal também se verifica.
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Agora reparem no desempenho do sector do calçado brasileiro:
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"Foi um primeiro semestre particularmente agitado aquele que a indústria brasileira de calçado enfrentou. Nos mercados internacionais, as vendas de calçado brasileiro recuaram de forma significativa. Para complicar, as importações aumentaram em catadupa.
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No primeiro semestre de 2011, as importações brasileiras de calçado cresceram 50% em valor, totalizando 217 milhões de dólares (19,2 milhões de pares importados). Este crescimento deve-se, em especial, ao crescimento das importações a países como a Indonésia (crescimento  de 125% em relação ao primeiro semestre de 2010, o que corresponde à aquisição de 2,8 milhões de pares, no valor 47,6 milhões de dólares) ou o Vietname (mais 44% em valor para 87 milhões de euros referentes a 5 milhões de pares).
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Da China, o Brasil importou 6,8 milhões de pares de calçado, no valor de 38,5 milhões de euros. A Associação Brasileira da Indústria de  Calçado olha com bastante desconfiança para estes dados, uma vez que, desde que foram introduzidos direitos Antidumping ao calçado importado da China, se assiste a um aumento galopante das importações provenientes de outros países asiáticos.
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Para Milton Cardoso, Presidente da Abicalçados, há claramente desvio de tráfego (da China para outros países asiáticos) que deverá ser analisado. (Moi ici: Sintoma do problema, demasiada concentração nos produtores asiáticos... locus de controlo no exterior... a culpa é dos asiáticos, a culpa é dos ...)
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No domínio das exportações, o Brasil colocou no exterior 78,5 milhões de pares de calçado, no valor de 663 milhões de euros, havendo a reportar quebras, respectivamente, de 27,6% em volume e 11,5%, em valor."
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Penso que o salário mínimo no estado de S. Paulo era equivalente, quando pesquisei, a 275 euros e pago 12 vezes por ano.
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A troika se estivesse no Brasil diria que era preciso baixar os salários dos operários brasileiros para tornar o calçado brasileiro competitivo... a CIP lá do sítio diria que seria preferível trabalhar mais horas... eheheh
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Acham que o problema do calçado brasileiro é um problema de custo?
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E o calçado português em que um operário recebe de salário mínimo 485 euros 14 vezes por ano... (Mentira, recebe mais do que isso, em prémios de produtividade, assiduidade e outros)
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IMHO, a troika erra quando diz que os salários no privado têm de baixar para que a indústria se torne mais competitiva. IMHO, a troika não andaria longe da verdade se afirmasse que os salários no privado poderiam baixar, (flexibilidade decidida caso a caso), para salvar postos de trabalho e empresas que operam no mercado interno... a maioria.
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Não liguem ao que escreve o macro-economista Daniel Amaral, façam by-pass ao texto e vejam o gráfico esquerdo  no final do artigo... imaginam o colapso da procura interna e das suas consequências.
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Trabalhar mais?
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Há um princípio que os sistemas de gestão devem seguir:
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Abordagem à tomada de decisões baseada em factos.
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Trabalhar mais? O que nos dizem os factos?
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Trabalhar mais? Aposto que tem a ver com o aumento da produtividade.
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Voltaremos ao tema.
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Trecho retirado do número de Julho/Agosto deste ano da revista da APICCAPS.

segunda-feira, setembro 26, 2011

Getting back to strategy

Publicado em Novembro de 1988 pela revista Harvard Business Review, "Getting back to strategy" de Kenichi  Ohmae, parece-me que continua actual...
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"Competitiveness” is the word most commonly uttered these days in economic policy circles in Washington most European capitals. (Moi ici: Actualmente, à palavra competitividade juntam-se também palavras como produtividade e custos unitários do trabalho) The restoration of competitive vitality is a widely shared political slogan.
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(Moi ici: Na altura os maus da fita eram os japoneses) To many Western managers, the Japanese competitive achievement provides hard evidence that a successful strategy’s hallmark is the creation of sustainable competitive advantage by beating the competition. If it takes world-class manufacturing to win, runs the lesson, you have to beat competitors with your factories. If it takes rapid product development, you have to beat them with your labs. If it takes mastery of distribution channels, you have to beat them with your logistics systems. No matter what it takes, the goal of strategy is to beat the competition. (Moi ici: Não se precipitem, o autor só está a descrever o sentimento do mainstream... perigosamente semelhante ao do mainstream actual que pensa que o inimigo é a China, logo, há que reduzir salários)
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Of course, winning the manufacturing or product development or logistics battle is no bad thing. But it is not really what strategy is—or should be—about. Because when the focus of attention is on ways to beat the competition, it is inevitable that strategy will be defined primarily in terms of the competition. For instance, if the competition has recently brought out an electronic kitchen gadget that slices, dices, and brews coffee, you had better get one just like it into your product line—and get it there soon. If the competition has cut production costs, you had better get out your scalpel. If they have just started to run national ads, you had better call your agency at once. When you go toe-to-toe with competitors, you cannot let them build up any kind of advantage. You must match their every move. Or so the argument goes.
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Of course, it is important to take the competition into account, but in making strategy that should not come first. It cannot come first. First comes painstaking attention to the needs of customers. First comes close analysis of a company’s real degrees of freedom in responding to those needs. First comes the willingness to rethink, fundamentally, what products are and what they do, as well as how best to organize the business system that designs, builds, and markets them. Competitive realities are what you test possible strategies against; you define them in terms of customers. Tit-for-tat responses to what competitors do may be appropriate, but they are largely reactive. They come second, after your real strategy. Before you test yourself against the competition, your strategy takes shape in the determination to create value for customers. (Moi ici: Até arrepia... tantos anos depois e tão poucos pensam no valor...)
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Getting back to strategy means fighting that reflex, not giving in to it. It means resisting the easy answers in the search for better ways to deliver value to customers. (Moi ici: Estamos todos fartos da resposta simples rápida e errada, reduzir salários para tornar a indústria mais competitiva) It means asking the simple-sounding questions about what products are about. It means, in short, taking seriously the strategic part of management.
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(Moi ici: Isto foi escrito em finais de 1988, o exemplo que se segue é sobre o dilema em que se encontravam os empresários japoneses) On one side, there are German companies making top-of-the-line products like Mercedes or BMW in automobiles, commanding such high prices that even elevated cost levels do not greatly hurt profitability. On the other side are low-price, high-volume producers like Korea’s Hyundai, Samsung, and Lucky Gold-star. These companies can make products for less than half what it costs the Japanese. The Japanese are being caught in the middle: they are able neither to command the immense margins of the Germans nor to undercut the rock-bottom wages of the Koreans. The result is a painful squeeze.
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If you are the leader of a Japanese company, what can you do? I see three possibilities.
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First, ... pushing hard—and at considerable expense—toward full automation, un-manned operations, and totally flexible manufacturing systems.
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A second way out of the squeeze is to move upmarket where the Germans are. In theory this might be appealing; in practice it has proven very hard for the Japanese to do. Their corporate cultures simply do not permit it. (Moi ici: A explicação do que se passou com os leitores de CDs é eloquente.) ...The Western companies wanted to make money; the Japanese instinct was to build share at any cost.
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What sets Japanese companies apart is the consideration that they may have less room to maneuver than others, given their historical experience and present situation. For all these companies, there is a pressing need for a middle strategic course, a way to flourish without being forced to go head-to-head with competitors in either a low-cost or an upmarket game. Such a course exists—indeed, it leads managers back to the heart of what strategy is about: creating value for customers. (Moi ici: Perguntem ao Gordon Ramsay)
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strategy does not mean beating the competition. It means working hard to understand a customer’s inherent needs and then rethinking what a category of product is all about. The goal is to develop the right product to serve those needs—not just a better version of competitors’ products.
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Conventional marketing approaches won’t solve the problem. You can get any results you want from the consumer averages. If you ask people whether they want their coffee in ten minutes or seven, they will say seven, of course. But it’s still the wrong question. And you end up back where you started, trying to beat the competition at its own game. If your primary focus is on the competition, you will never step back and ask what the customer’s inherent needs are or what the product really is about. Personally, I would much rather talk with three homemakers for two hours each on their feelings (Moi ici: Os fantasmas estatísticos, a miudagem) about, say, washing machines than conduct a 1,000-person survey on the same topic. I get much better insight and perspective on what customers are really looking for."
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Excelente artigo!!! Incapaz de ser compreendido por quem só vê custos unitários do trabalho...
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BTW, ontem vi os primeiros minutos de um programa de Júlio Isidro (na RTP Memória?) onde apareceu um dos primeiros anúncios de televisão? (ou seria para o cinema?) em Portugal. Um anúncio que realçava as propriedades do "Sabão Activado da CUF" ... foi estranho ver um anúncio de um produto doméstico falar, por uma vez, do desempenho superior e não do baixo preço.

sexta-feira, julho 22, 2011

Para reflexão

Consultem a coluna do blogue do lado direito e vejam a lista intitulada "SDL+co-criação+balanced centricity" é uma lista em construção que aborda o fenómeno de nos concentrarmos na originação do valor para ter sucesso no ambiente competitivo de Mongo.
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Contudo, o mainstream só fala dos custos... como se o nosso problema fosse de custos:
Gráfico retirado de "Wages and labour costs" (figura 6).
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Num mundo em que o value-in-use é o enfoque cada vez maior... o mainstream continua encalhado no value-in-exchange.

sexta-feira, março 18, 2011

É perigoso pôr catequistas à frente de uma economia!

Encontrei este artigo "SERÁ QUE AS EMPRESAS PORTUGUESAS APRESENTAM VANTAGEM COMPETITIVA?" publicado na Revista de Estatística do INE do 1º Quadrimestre de 2002.
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O artigo tem algumas afirmações politicamente correctas mas sem aderência à realidade. Por exemplo: "A competitividade de uma empresa está assim associada não só a factores-preço (custos de mão-de-obra, matérias primas, produtos, por exemplo) mas cada vez mais a factores não-preço (qualidade dos seus produtos e serviços). Segundo a OCDE (1992), é a eficácia das estruturas produtivas, através da qualidade dos serviços oferecidos às unidades de produção, da envolvente científica e tecnológica e da qualificação da mão-de-obra que explica a competitividade das empresas." (Moi ici: Confio mais em Mortensen do que na OCDE)
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Mas adiante...
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No artigo, os autores identificam 4 grupos de empresas portuguesas:
  • GRUPO 1. Não vende produtos com marca própria e não exporta.
  • GRUPO 2. Não vende produtos com marca própria mas exporta.
  • GRUPO 3. Vende produtos com marca própria e não exporta.
  • GRUPO 4. Vende produtos com marca própria e exporta.
Realmente interessante no artigo é o quadro que se segue:
Neste quadro saliento a última linha: % dos custos salariais sobre os custos totais (valor médio) e para empresas de cada um dos 4 grupos. E mais, em cada grupo, os autores trabalham com duas populações, as com baixa competitividade e as com alta competitividade (os autores usam como indicador de competitividade o cash flow por trabalhador).
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Para qualquer um dos grupos: Nas empresas mais competitivas os custos salariais representam sempre uma menor fracção dos custos totais. Qual é a reacção instintiva, o top-down que mencionei aqui?
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Quanto mais baixos os salários maior a competitividade!
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Esta é a conclusão simplista que era válida no tempo em que a oferta era inferior à procura... e que contamina o mainstream que influencia as decisões "Moderação salarial para o objectivo da competitividade" (Se estamos a falar dos salários do sector público é claro que é preciso não moderá-los mas reduzi-los para poder dar mais liberdade económica ao sector privado)
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Voltando ao sector privado: Qual a relação que os estudos encontram entre salários e produtividade e competitividade?
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Por exemplo aqui:
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"Perhaps the most important fact for a labor economist observed in these data is the extent of the dispersion of productivity measures, a similar dispersion in the average wage bill per employee, and the positive correlation between the two."
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Agora comparemos os números da última linha da tabela lá em cima com a correlação positiva entre salários e competitividade
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Conclusão: será válido fazer generalizações?
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ATENÇÃO: Não confundir correlação, que é o que temos em mente aqui, com causalidade. Posso correlacionar salários altos com elevada competitividade, mas não posso generalizar, como fazia o anterior secretário-geral do PCP, e assumir a causalidade: se aumentarmos os salários vamos automaticamente promover a competitividade e a produtividade. Nonsense!!!!
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Posso concluir que: se quanto mais elevados são os salários mais competitivas são as empresas e, se quanto mais competitivas são as empresas menos os salários pesam nos custos totais. Então, em empresas mais competitivas, os salários crescem a uma velocidade inferior ao aumento dos custos que geram a intangibilidade que suporta um maior valor acrescentado reconhecido por quem compra.
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Tudo isto ainda reforça mais a minha opinião sobre a estupidez de medidas top-down para promover a competitividade e a produtividade... catequistas a lidar com a economia real é perigoso.

terça-feira, março 08, 2011

A assessora ainda não percebeu

Ontem, no editorial do JdN "Depois dos salários, as reformas?" podia ler-se:
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"Maria João Rodrigues, assessora de Barroso, criticou há duas semanas no "Público" o arranque desse Pacto de Angela Merkel, por ter sido desenhado de maneira a produzir um único efeito: a redução dos chamados custos unitários de trabalho, o que em países como Portugal irá levar a salários cada vez mais baixos."
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Vê-se logo que a assessora ainda não percebeu que agora somos todos alemães e que os alemães baixam os custos unitários de trabalho sem reduzir salários: claro, já descobriram o Evangelho do Valor há muito tempo.
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Será que ela já ouviu falar de Rosiello?
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segunda-feira, dezembro 20, 2010

Outro subsídio para os encalhados

Ainda não li, ainda não me chegou, o último livro de Umair Haque "The New Capitalist Manifesto". No entanto, com base nesta crítica "BOOK REVIEW: The New Capitalist Manifesto by Umair Haque" julgo que pode ajudar os encalhados a descobrirem algumas diferenças entre a economia do século XX e a economia da segunda década do século XXI:
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"Haque sees clearly that 21st Century capitalism is not merely about producing better products and services. It’s about institutional innovation, i.e. reinventing management so that the organization systematically delivers more value sooner, rather than systematically generating products and services of dubious social and ecological value.
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Haque contrasts the clumsiness and inefficiency of 20th Century firms pushing products towards customers, with firms like Lego (toy bricks) and Threadless (T-shirts) that use the power of pull (or spinning), by incorporating the customers into the very process of decision-making as to what will be produced. As a result, the firms make quantum leaps forward in the agility of decision-making; the firms systematically make better decisions sooner.
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Haque contrasts competitive advantage (lower costs) of the 20th Century firm with constructive advantage, i.e. an advantage in both the quantity and quality of profit."
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Estou a escrever isto e a ouvir na Antena 1 a história das peripécias de um locutor em Schiphol bloqueado pela neve. Queixa-se da incapacidade das companhias aéreas nórdicas para fazer face a uma situação inesperada... eheheh
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Num mundo cada vez mais incerto, mais transiente, mais diferente, mais Mongo... adivinhem quem vai ter a vantagem, quem vai ter a vantagem construtiva?

sábado, dezembro 18, 2010

Menos Estado socialista e menos drenagem central

A propósito deste artigo de Vítor Bento "O que está em causa":
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" Pelo que restará aos países "do Sul" convergir para o rigor alemão. Ou desistir de partilhar a mesma moeda."
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OK, a ideia começa a chegar ao mainstream... leva 2 anos de atraso em relação a este blogue. A série "Somos todos alemães" começou em Janeiro de 2009.
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A partir daqui começam as divergências:
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"Se os países "do Sul" estiverem dispostos a convergir precisam de três coisas:" (Moi ici: Penso que só precisamos de uma medida simples e revolucionária: que o Estado saia da frente - obrigado Camilo Lourenço)
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"Mas no curto prazo - e precisamos, urgentemente, de crescimento a curto prazo para estancar o desemprego - a competitividade só se conseguirá ganhar pela redução de custos." (Moi ici: E quanto é que Vítor Bento tem em mente? 10%? 20%? Ou 30%?)
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Ao ler/ver as notícias sobre as medidas que a CP, que a Transtejo, que a TAP, que ... estão a tomar para reduzir os seus custos, recordo o ano de 1989 em que estava a trabalhar numa empresa da indústria química que competia no mercado internacional com uma commodity, há 21 anos essa empresa teve de fazer o que só agora as empresas públicas estão a fazer. Se o não se tivesse feito hoje já não existia. Mas reparem em 1989 com 260 pessoas a empresa produzia 80 mil toneladas ano, hoje com 120 pessoas produz 140 mil toneladas ano. E os trabalhadores não ganham menos nem correm mais.
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Quando Vítor Bento fala em reduzir os custos... mas o que é que as empresas que competem nos mercados internacionais têm feito desde a adesão ao euro? Basta recordar o exemplo do calçado olhando para os 4 primeiros gráficos deste postal.
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Quando Vítor Bento fala em reduzir os custos para aumentar a competitividade das exportações, pensa em reduzir para que nível?
Quando Vítor Bento fala em reduzir custos para aumentar a competitividade das exportações, como é que ele explica o comportamento das nossas exportações este ano? E o das exportações espanholas?
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Arrisco afirmar, e esta é a tese que cada vez vejo mais confirmada, quando olho para os valores da percentagem da produção de uma fábrica que é exportada: nós não precisamos que as nossas empresas exportadoras aumentem a percentagem da sua produção que é exportada (Veja-se o caso do calçado que exporta 95% do que produz, veja-se o caso de empresas como a Endutex que exporta 72% do que produz).
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O que nós precisamos é de mais empresas! 
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O que nós precisamos é de mais empreendedores!
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O que nós precisamos é de facilitar a vida a quem quiser empreender! E a única forma é reduzir o peso do Estado socialista que nos saca tudo, que torna o retorno do risco do empreendedor muito mais baixo, logo muito menos atraente. E nós que estamos com um entorno que nos obriga a ter rentabilidades dos projectos de investimento cada vez mais elevadas para compensar o preço do dinheiro cada vez mais caro e a precisar de estratégias cada vez mais elaboradas, não é complexas, para valer a pena:

sábado, dezembro 04, 2010

Repeat after me, “5 minutes + Calculator = GOOD”

Os macro-economistas que propõem a redução dos salários para tornar as empresas exportadoras mais competitivas, porque não fazem contas, deviam aprender esta lição "Groupon Photography Sessions vs. Working @ McDonald’s".

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Confundidos pelas estatísticas sem perceber a realidade?

Agora não tenho muito tempo mas este artigo do JdN "Queda salarial em Portugal é a maior da União Europeia" tem um título enganador e encerra uma falácia no seu corpo.
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Primeiro - usa de modo comutativo os conceitos de salário e de custos laborais. De que falamos quando falamos de custos laborais? Por exemplo, falamos de CUTs? "Banco de Portugal diz que salários cresceram muito menos do que se pensava",
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Segundo - "Num ano em que a economia volta a entrar em recessão, as remunerações recuam 3,5% em termos reais, valor suficiente para produzir uma queda recorde nos custos com o trabalho das empresas portuguesas. ... Uma parte desta quebra resulta directamente da decisão do Governo de cortar os salários da Função Pública no próximo ano - 5%, em média -, uma opção plasmada no Orçamento do Estado de 2011." Até parece que o corte dos salários dos funcionários públicos aumenta a competitividade das empresas. Isto não está ao nível do que o meu JdN me habituou!!!
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As estatísticas têm de ser interpretadas, têm de ser analisadas. Não basta ser lidas pelo valor facial.
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domingo, novembro 21, 2010

É desesperante

O DE publicou há momentos este tweet: "João Duque diz que sector privado também vai cortar salários: O economista João Duque defende que em alguns sect... http://bit.ly/bUmM3T"
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Em que sectores é que ele estará a pensar?
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No do calçado? Que exporta mais de 95% da produção e que este ano só não exportou mais por que não encontrou mais mão-de-obra? E que subiu face a 2009 mais 1,6% nas exportações?
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No do mobiliário que aumentou as exportações face a 2009 em mais de 26% e que exporta mais de 60% da produção?
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No da metalomecânica que aumentou as exportações face a 2009 em quase 15%?
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No dos têxteis que aumentou as exportações face a 2009 em quase 5%?
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Daqui fui buscar este quadro:
Querem competir pelos custos? OK, querem reduzir os salários até quanto?... Ao nível da Republica Checa? Ao nível da Turquia? Ao nível de Marrocos? Ao nível da China? Ao nível da Índia?
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Assim que começarem vão viciar os empresários no Vicodin e, depois, todos os anos eles vão começar a pedir mais um corte e outro e outro.
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É absurdo, quem propõe estas medidas não faz a mínima ideia do que se está a passar economicamente no mundo, não está a perceber como é que num país inundado por mobiliário made in Malásia e Tailândia, 60% da produção consegue ser exportada.
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Fico triste pois tenho João Duque em elevada consideração mas neste tema, estou a ver, é como TdS, um caso perdido "É inútil".
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Meu Deus o modelo mental de João Duque, de Daniel Amaral, de tantos macroeconomistas que não sabem jogar xadrez contra si próprios é tão, mas tão diferente do meu... eu vejo potencial para um futuro radicalmente diferente, muito mais variado, muito mais rico, muito mais anárquico.
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Não me esqueci, cá está o porco.
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Gostava que João Duque fosse capaz de justificar os números que relatei acima, como é que ele os encaixa no seu modelo mental, no seu mapa para interpretar o mundo. Quando é que as pessoas aprendem que só há uma forma de competir com sucesso quando se tem uma moeda forte... apostar no numerador e não no denominador...
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Será que alguma vez leram alguma coisa de um dos últimos Nobel da Economia, o Dale Mortensen? Recomendo "Wage Dispersion - Why are Similar Workers Paid Differently?" (Bom, eu sei que desde que o Krugman foi nobelizado o prémio ficou desacreditado mas...).
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E será que João Duque sabe que a dispersão de produtividades dentro de um sector económico é maior que a dispersão de produtividades entre sectores económicos? Isso não lhe faz coceira mental? Isso não o intriga? Isso não o motiva a procurar as razões?