Mostrar mensagens com a etiqueta imperfeição dos mercados. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta imperfeição dos mercados. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, maio 19, 2016

Promotores da concorrência imperfeita, dos monopólios informais e das rendas excessivas

Às vezes encontramos artigos tão em sintonia com o que pensamos, com o que prevemos, com o que sentimos...
"Small consumer packaged goods (CPG) companies in the U.S. are steadily gaining market share these days, often at the expense of larger competitors. Booz & Company recently analyzed the food and beverage industry and found that small players (those with sales of less than US$1 billion) are outperforming the competition in 18 of the top 25 categories, including the largest and most consolidated ones, such as bakery, dairy, snacks, and ready meals (see Exhibit). From 2009 to 2012 in packaged foods and from 2008 to 2011 in beverages, small players grew revenue about three times faster than the overall category.
...
Along with market share gains, small players enjoyed price premiums in many categories.
...
Small players also showed pricing strength over private label manufacturers. From 2011 to 2012, the price premium for small players over private labels jumped 5 percent for butter, olive oil, and packaged/industrial bread."
Como não recordar logo o texto deste ex-economista "Monopoly’s New Era":
"In today’s economy, many sectors – telecoms, cable TV, digital branches from social media to Internet search, health insurance, pharmaceuticals, agro-business, and many more – cannot be understood through the lens of competition. In these sectors, what competition exists is oligopolistic, not the “pure” competition depicted in textbooks. A few sectors can be defined as “price taking”; firms are so small that they have no effect on market price."
Claro que existem monopólios, sobretudo protegidos pelos Estados, onde o crony capitalism floresce viçosamente.
.
No entanto, os trechos iniciais são acerca de um outro tipo de monopólio.
.
O tipo de monopólio que defendemos e incitamos as empresas a criarem com o nosso mote:
Promotores da concorrência imperfeita, dos monopólios informais e das rendas excessivas.
Joseph E. Stiglitz ainda pensa a economia como um mundo povoado por econs?
.
As pequenas empresas CPG dos trechos iniciais:

  • crescem mais;
  • crescem mais depressa;
  • praticam preços superiores; e
  • são menos sujeitas à erosão dos preços por causa da concorrência.
Falcatrua? Cronysmo? Ilegalidade? Não! Apenas estratégias de diferenciação. Recordo que Edward Chamberlin, estava contra a existência de marcas, porque elas permitem a diferenciação dos produtos. A diferenciação dos produtos permite que mais monopólios, "informais"  acrescento eu, sejam criados e, por isso, as empresas, pelo menos algumas, tenham retornos superiores.
.
Trechos iniciais retirados de "The Big Bite of Small Brands".

sábado, maio 14, 2016

Resultados da concorrência imperfeita

Um tema que me é muito querido, "Corporate Inequality Is the Defining Fact of Business Today".
.
Em Maio de 2010 comecei a usar o marcador "distribuição de produtividades" com "Clientes-alvo e Valor (parte II)" depois de no dia anterior ter escrito "A realidade e a teoria".
.
Em Junho de 2010 comecei a usar o marcador "idiossincrasias" com "Lugar do Senhor dos Perdões (parte II)"
.
Assim, na linha de "Desigualdade e estratégia" é quase estranho perceber que para muito economista teórico isto é uma barbaridade:
"Perhaps the most overlooked aspect of economic inequality has been the role that firms play in it.
.
The best-performing companies seem to be pulling away from the rest, according to a growing body of research, and that fact explains a large part of the growth in inequality between individuals. The result, at least in developed nations, is a highly unequal corporate landscape, where some firms are incredibly productive and the amount of money a person makes is tied to the company they work for, not just the job that they do." [Moi ici: E por trás disso estão empresas que praticam a concorrência imperfeita e que à custa disso conseguem aumentar e manter por mais tempo margens interessantes - a minha tese]
O interessante, como relata o artigo é não haver uma explicação cabal e pacífica, reconhecida pelo meio académico.

sábado, janeiro 30, 2016

Pricing man (parte IV)

Interessante como Hermann Simon começa o seu último livro "Confessions of the Pricing Man: How Price Affects Everything":
"I grew up on small livestock farm shortly after World War II. When our hogs were ready for slaughter, my father would bring them to the local wholesale market, where they would be auctioned off to butchers or traders. The sheer number of farmers who brought their hogs to market, matched by the large number of butchers and traders on the “buy” side, meant that no individual buyer or seller had a direct influence on the price of the hogs. [Moi ici: Condição para a concorrência perfeita] We were at the mercy of the local cooperative, which cleared the transactions. They would tell my father the price he would receive, and thus determine how much money he could take home to our family.
The same applied to milk, which we would deliver to the local dairy. We had absolutely no influence on the price. The dairy, again part of a cooperative, told us what the price would be. The milk price would fluctuate based on supply and demand . In times of an oversupply, prices would plunge. We never had hard numbers on supply and demand, only the impressions we gained from observing the market itself. Who else delivered milk? How much did they have?
.
In every market my father went to, we were “price takers.” We had to accept the set price, whether we liked it or not. It was an extremely uncomfortable position. As anyone with a similar experience will attest, money is tight on a farm; these sales were our only source of income.
.
I absorbed all these impressions as a young boy and I must admit, I didn’t like them. Decades later, I would explain in interviews that these lessons taught me something which has guided me in running my own business and helping others improve theirs: never run a business in which you have no influence on the prices you charge.[Moi ici: Só possível praticando, em maior ou menor grau, a concorrência imperfeita]
...
Prices determine how much money you make. That much is clear.

domingo, janeiro 03, 2016

Concorrência vs cooperação em Mongo

Considerem a metáfora de Mongo onde reina a concorrência imperfeita.

Concorrência imperfeita significa que não se podem fazer comparações directas entre as ofertas da empresa A e as ofertas da empresa B, porque elas são diferentes, destinam-se a necessidades diferentes ou a contextos diferentes, ainda que possam ter designações semelhantes.
.
Fazendo o paralelismo com a biologia recordo esta história com maçãs em "Mongo também passa por este regresso ao passado" e, esta outra em "Qual é o verdadeiro produto que a nossa agricultura pode oferecer? (parte II)" que me fez descobrir que há maçãs todo o ano e que uma Spartan não concorre com uma Braeburn ou uma Golden Delicious.
.
Ontem, o @pauloperes recomendou-me a leitura de um texto de Esko Kilpi "Redefining work" onde se pode ler:
"But what if high performance is incorrectly attributed to competition and is more a result of diversity, self-organizing communication and non-competitive processes of cooperation?.
Competitive processes lead to the handicapping of the system that these processes are part of. This is because competitive selection leads to exclusion: something or somebody, the losers, are left outside. Leaving something out from an ecosystem always means a reduction of diversity. The resulting less diverse system is efficient in the short-term, competition seems to work, but always at the expense of long-term viability. [Moi ici: Recordar Valikangas e o valor da diversidade para enfrentar os choques violentos do inesperado] Sustainability, agility and complex problem solving require more diversity, not less.
...
In games that were paradoxically competitive and cooperative at the same time, losers would not be eliminated from the game, but would be invited to learn from the winners. What prevents losers learning from winners is our outdated zero-sum thinking and the winner-take-all philosophy.
.
In competitive games the players need to have the identical aim of winning the same thing. Unless all the players want the same thing, there cannot be a genuine contest. Human players and their contributions are, at best, too diverse to rank. They are, and should be, too qualitatively different to compare quantitatively. Zero-sum games were the offspring of scarcity economics. In the post-industrial era of abundant creativity and contextuality, new human-centric approaches are needed.[Moi ici: Mongo!!!]
...
[Moi ici: Este trecho que se segue é muito interessanteThe games we play have been played under the assumption that the unit of survival is the player, meaning the individual or a company. However, at the time of the Anthropocene, the reality is that the unit of survival is the player in the game being played. Following Darwinian rhetoric, the unit of survival is the species in its environment. Who wins and who loses is of minor importance compared to the decay of the (game) environment as a result of the actions of the players."[Moi ici: Desconfio que esta citação me vai acompanhar muitas vezes]
Percebo isto e penso isto há muitos anos, os consultores "meus concorrentes" são minhas testemunhas. Entretanto, numa caminhada ao final da tarde li "Brewing Together Works Better in the Craft Beer Industry" e pensei:
.
- UAU! Que grande encaixe!!!
"“I will return a call from anyone in the craft-beer industry who wants to talk,” he says. “Fritz and the other early craft brewers set that tone.”
.
Fifty years after Maytag bought Anchor Brewing and introduced craft beer to America, the sector’s esprit de corps extends well beyond friendly chats. Craft brewers open their doors to others. They share equipment and help train one another’s staffs. Trade secrets? Craft brewers take pride in having none.
...
cooperation fuels the growth, he says, not the other way around. Brewers have created a virtuous cycle that other industries ought to copy.
...
Any business sector that can be described as “craft,” “artisan” or “local” can benefit from collaboration among competitors,
...
Collaboration set the stage for the current craft-beer boom. “The craft category would not be what it is today if craft brewers hadn’t collaborated,” says Mike Kallenberger, a former Miller Brewing executive who now consults with craft brewers. “This category grew almost entirely by word-of-mouth, with virtually no advertising at all. The more they helped each other, the more people drank craft beer.”"
Separo o trecho que se segue porque suspeito que é outro que me vai acompanhar de futuro:
"Cooperation makes sense when “a segment needs to share knowledge to legitimize itself and increase sales in a battle against a common enemy,” says Sutton, citing the open-source software developers who created their collaborative culture to battle Microsoft’s dominance of the industry. “With a named enemy, an industry segment becomes a social movement.”" 

terça-feira, dezembro 22, 2015

Continua a achar que a sua PME não precisa de uma pitada de concorrência imperfeita?

UAU!
.
Agora, até as escolas de gestão aprendem o que promovemos no nosso trabalho e aqui no blogue, a concorrência imperfeita!!!
"Load up a business school’s website or flick through its marketing brochure and you will find pages of text spattered with keywords designed to attract the eye of a discerning MBA candidate. Networks, business practices, students, research, learning and campuses are all “global”—a 21st century shibboleth for business education.
.
But does a word retain its meaning if everyone uses it? What was once distinctive becomes ordinary, and besides, argues Vincent Mangematin of the Grenoble Ecole de Management in France, being global may not necessarily be good anymore. “Everyone says they want to be a global business school,” says Mr Mangematin. “It’s highly homogenised.” The word “global” has become more meaningless the more often it is used. Even an MBA student in his first week of classes knows this case study: when a field of business schools all sound the same, and all offer similar services, the only way they can compete is on price.
...
at a time when everyone is globalising, business schools should narrow their focus in order to thrive.
.
The professor draws a comparison with the wine industry. For a time, there was a race to produce palatable but plain wines that appealed to consumers across the globe. Brand names, rather than specific terroirs, were what shoppers based their purchases on—and price drove buying decisions. Some winemakers rebelled against a race to the bottom, focusing on what differentiated their product, rather than making it the same as what else was available. They found success as a premium product, and attracted discerning customers. Business schools should follow suit, he reasons.
...
Still, it will take a brave business school dean to step away from the crowd and go out on one’s own, highlighting the things that make a school unique, rather than what is reassuringly familiar. [Moi ici: Recordar "Lidar com a incerteza (parte I)] Unilateral disarmament rarely happens, and even more rarely works. “It will be scary, for sure,”"
 Se até as escolas de gestão, e toda a gente sabe como o mundo da academia é conservador, já acordaram para a concorrência imperfeita, continua a achar que a sua PME não precisa de uma pitada de concorrência imperfeita? Continua a achar que a sua PME não precisa de um pouco de batota?
.
Talvez possamos ajudar, afinal já andamos por esse campeonato há mais de 10 anos. Contacte-nos.
.
Trechos retirados de "Why some business schools are deciding to "deglobalise""

quarta-feira, dezembro 09, 2015

Acerca da concorrência imperfeita

Uma outra forma de dizer que se tem de promover a concorrência imperfeita:
"The goal of every business is to defy markets. Any firm at the mercy of supply and demand will find itself unable to make an economic profit - that is profit over and above its cost of capital. In other words, unless a firm can beat Adam’s Smith’s invisible hand, investors would be better off putting their money in the bank.
.
That leaves entrepreneurs and managers with two viable strategies: rent seeking and innovation.
...
Innovation is far more valuable because it raises the productivity of both capital and labor.
...
Unlike rent seeking, innovation creates new value that didn’t exist before."
E não esquecer, inovação pode passar por mudar de modelo de negócio, como em "Stitch Fix Combines High Tech And High Touch To Transform Retail".



Trechos retirados de "Innovation Is The Only True Way To Create Value"

segunda-feira, novembro 16, 2015

Acerca das preocupações das PME

Um tema que está na base da promoção da concorrência imperfeita:
"Uma concorrência cada vez mais agressiva e dumping são as maiores preocupações das pequenas e médias empresas em Portugal. E o problema está a aumentar. Chamadas a indicar quais os principais riscos para o seu negócio, 37% das PME referiram o elevado nível de concorrência e os preços de dumping que esmagam as margens de vendas. Uma percentagem superior em 6,5 pontos percentuais à do inquérito do ano anterior. Logo em segundo lugar, e referido por 29,5% dos empresários, surge a falta de procura dos consumidores e o excesso de stocks. Do lado das oportunidades, destaque para a redução de custos e despesas (36,5%) e a conquista de novos segmentos de clientes (29,5%)."
Estas preocupações denotam o quanto as PME portuguesas estão mais próximas de um cenário de concorrência perfeita do que de um cenário de concorrência imperfeita.
.
O que recomendamos às PME é que não se iludam, a oportunidade de reduzir custos e despesas apenas tem um efeito muito transitório, o que é preciso é apostar na concorrência imperfeita, o que é preciso é mudar de vida para subir na escala de valor, o que é preciso é um pouco de pensamento estratégico.
.
Base para enveredar pela concorrência imperfeita, responder a cinco questões:

  • o que fazemos bem?
  • o que fazemos mal?
  • o que temos de deixar de fazer?
  • a quem podemos servir com vantagem?
  • quem pode ajudar e porque terá interesse em fazê-lo?
Ou, frequentar o nosso Workshop sobre o Balanced Scorecard:


Trecho retirado de "Dumping e maior concorrência são os grandes riscos para as PME em Portugal"

quinta-feira, novembro 12, 2015

Shit Happens! (parte III)

Parte I e parte II.
.
Neste blogue defende-se a concorrência imperfeita. Ou seja, recordando daqui:
"Thus, in Sraffa, abandonment of the hypothesis of perfect competition means abandoning a particular theory; that is, a theory that sees competition as a situation in which expansion of firms is halted by rising costs. Far from being restricted to very special circumstances, the hypothesis that firms should be regarded as single monopolies functions better than perfect competition, [Moi ici: A hipótese da concorrência imperfeita] in accounting for the evidence; that is, that the expansion of firms is halted not by raising costs but by the limitation of demand. Sraffa's insight, "by showing how limited is the domain of applicability of perfect competition, and by breaking the spell, so to speak of the perfectly elastic demand that faces the perfect competitor"
Que sectores e empresas se aproximam mais da hipótese da concorrência perfeita?
.
Os que trabalham e competem com o preço como principal variável competitiva. Os que trabalham como price takers e não como price makers.
.
Por exemplo, as empresas que trabalham para a indústria automóvel vivem sob contratos leoninos que são atribuídos ao fornecedor com o preço mais baixo e, que prevêem abaixamento desse preço a cada x meses, em virtude da aprendizagem e aumento de eficiência por efeito de optimização de processos.
.
Assim, não admira que a primeira reacção organizada venha daqui, "Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel contra aumento do salário mínimo nacional".

sexta-feira, outubro 16, 2015

Cuidado com os muggles!


Este artigo, "Empresas familiares que sobrevivem: os casos da Viarco e da Ach Brito", publicado no site do semanário Expresso tem matéria para 3 postais. Vamos ao primeiro.
.
Quando salientamos aqui as vantagens em trabalhar com o anónimo da província pode achar que é treta. Como é que um anónimo da província pode fazer melhor que a malta da cidade grande, que a malta das empresas grandes? O tipo nem usa gravata!
"Estudava Marketing, "tinha vida boa", passeava, mas, confrontado com a vontade do tio em alienar a sua participação, Aquiles e a irmã Sónia (que, em conjunto, detinham 50% da Ach Brito) decidiram avançar. "Na altura ganhou o coração e não a cabeça. Foi uma atitude emocional. É verdade que gostava de ter feito outras coisas. Não as fiz e não é agora que as vou fazer. Mas consegui provar que era possível fazer algo de uma marca portuguesa, fabricante de produtos tradicionais, numa altura em que se dizia que era preciso destruir a produção." Aliás, o empresário lembra-se bem de um relatório encomendado pela empresa que aconselhava a Ach Brito a encerrar ou, em alternativa, a produzir em massa para outras marcas. "Se tivéssemos feito isso, penso que nos teríamos endividado imenso e já cá não estávamos."" 
Recordar o que recentemente escrevemos em "Do concreto para o abstracto e não o contrário". Nós não partimos do abstracto, não partimos de análises de mercado. Pensamos como David, ajudamos a procurar e a construir o caminho menos percorrido. Não partimos de folhas em branco, não somos muggles que só conhecem o eficientismo... reparem, qual a alternativa proposta ao deitar a toalha ao chão? A aposta na produção em massa para outras marcas, a aposta no plankton... um clássico dos muggles!!!
.
Uns apostam na concorrência perfeita, nós somos uns desavergonhados promotores da concorrência imperfeita.
.
.
.
.
.
BTW, após a leitura do trecho salientado e da reacção do empresário ao relatório, percebi porque é que ele tinha conseguido ver para lá do relatório, para lá da folha de cálculo.
"apesar de o falecimento do pai quando tinha apenas 10 anos ter ditado uma separação forçada do dia a dia na fábrica. A gestão da Ach Brito, depois da posterior morte do avô de Aquiles, ficou a cargo do tio."
Especulo que ele só foi capaz de se distanciar do relatório porque viveu vários anos distanciado da fábrica. Foi esse distanciamento que permitiu a tal Ingenuidade Inteligente.

quarta-feira, setembro 30, 2015

Prefiro a concorrência imperfeita

A propósito de:
Acrescento:
"“Samsung is clearly studying Apple’s playbook by using things like metal enclosures and other design choices that are similar to Apple’s,” he said. “The bottom line is that this phone costs less than an iPhone to buy, but it costs Samsung more to build.”"
Esta é a minha "luta" preferida. Enquanto o mainstream acredita que o ideal é a concorrência perfeita. Ou seja, o mercado como uma arena onde os concorrentes se gladiam de igual para igual:
Onde o sucesso de um é a perda directa de outro. O mercado como um jogo de soma nula.
.
Prefiro a concorrência imperfeita e os monopólios informais, monopólios que não são impostos pela lei ou pela força, mas pela mente do cliente a si próprio.



terça-feira, setembro 22, 2015

Volume is vanity, profit is sanity

Recomendo a leitura de "Big Volumes Don’t Mean Big Profits in China’s Beer Market" a quem ainda não percebeu o que acontece num mercado onde os big players estão mergulhados na concorrência perfeita.
.
Big players têm a cultura da competição pelo preço entranhada até aos ossos, aí é que estão na sua praia. Não admira, por isso, este resultado, quase inevitável:
"“When you look at the industry decline, what’s really declining, and more than anything else, is the core and value segments,” AB InBev CEO Carlos Alves de Brito said of China on a July conference call. “In the premium segment, we’ll just put more fuel in the fire in China.”"
Os clientes do segmento premium não gostam de ser tratados como plankton.
.
Os outros clientes também não mas têm uma dose de tolerância do sacrifício muito maior.

sexta-feira, setembro 11, 2015

sexta-feira, setembro 04, 2015

Quem é que ainda liga ao "princípio da eficiência económica"?

Neste blogue e no meu trabalho com as empresas tento passar a mensagem acerca de uma maneira diferente de fazer os preços. Tento que as empresas abandonem a velha prática marxiana de considerar que preço é igual ao custo mais uma margem.

A nossa proposta é outra: preço não tem nada a ver com custo, preço tem tudo a ver com o valor.
.
Quem determina o valor? O valor é definido pelo cliente, o valor não resulta de um cálculo numa folha de excel, o valor resulta de um sentimento baseado na experiência, ou na expectativa de uma experiência, que a integração do recurso comprado produzirá na vida do cliente.
.
Quando falo disto aqui no blogue uso o marcador "value-based pricing".
.
No entanto, não se julgue que o que este anónimo da província propõe é o caminho mais seguido. Pelo contrário, recuando a 2011 podemos recordar "Basear o preço no valor".
.
Por que escrevo isto? Por causa deste artigo no Expresso "Vender por €100 mil aquilo que se produziu a €100: o incrível negócio dos medicamentos inovadores" onde encontro um economista agarrado a fórmulas do século XX, desenhadas para um tempo em que só havia um pico na paisagem e, por isso, todos competiam pela mesma posição:
Em Mongo, no Estranhistão, existem muitos picos e o tipo de competição é diferente.
.
O Estranhistão não é o Kansas do século XX!
.
Por isso, surpreende-me que um professor universitário não esteja mais actualizado:
"A pergunta impõe-se: como é que um medicamento pode ser vendido por cerca de mil vezes do que custou a ser produzido? Na génese do problema, aponta Pedro Pita Barros, está o facto de o mercado farmacêutico assentar num sistema de patentes que cria situações de monopólio onde, sem a ameaça da concorrência, as farmacêuticas fixam o preço que entenderem. E fazem-no tendo como referência não o custo de produção mas o valor que consideram que criam para o paciente, ou seja, o valor mais elevado que o cliente está disposto a pagar. Uma política que o economista contesta. [Moi ici: E lá vem a fórmula criada por seres racionais para um mundo que não existe] “O princípio da eficiência económica é que o preço se aproxime do custo unitário de produção, não do valor máximo que o beneficiário está disposto a pagar.”" [Moi ici: Isso faria sentido num mundo sem marcas, sem marketing, não em Mongo. É uma justificação tão ... pobre]
Pessoalmente, a minha solução para esta inflação dos preços passaria por destruir o actual regime de patentes. Basta pensar como o Brasil e a África do Sul se marimbaram para as patentes dos retrovirais.
.
E, por fim, não creio que o fim do sistema de patentes diminuísse o ritmo de inovação. Pelo contrário, obrigaria a acelerá-lo.
.
Uma coisa é certa, não faz sentido nenhum que o preço se aproxime do custo de produção se o mercado for imperfeito. E o que é que somos?
.
Promotores da concorrência imperfeita e de monopólios informais.
.
Reparem, "monopólios informais". Monopólios que se criam na cabeça dos clientes, com experiências, serviços e produtos superiores.

segunda-feira, agosto 31, 2015

Promover a imperfeição dos mercados

"Companies in the top one-fifth of profitability earn, in aggregate, about 70 times more economic profit (accounting profit less cost of capital) than those in the middle three-fifths combined, according to McKinsey’s database of 3,000 large, publicly listed, nonfinancial U.S. firms.[Moi ici: A importância da idiossincrasia no desempenho das empresas]
.
Moreover, the economic profit of companies that were in the top fifth in 1997 (at the start of the dataset) grew by close to 50% over the subsequent 15 years, so that the gap between the most and least profitable firms in the sample increased over time.[Moi ici: O que aqui não é dito, e acho grave, é que a maioria dos que estavam no topo em 1997 já não fazem parte desse topo 15 anos depois]
.
Sound familiar? Even in the corporate world, the rich are getting richer.[Moi ici: Reler última nota]
...
[Moi ici: Segue-se algo em linha com a minha proposta da concorrência imperfeita] this phenomenon of rising competitive intensity does not, evidently, apply to all firms. An increasing number of U.S. companies have enjoyed supernormal rates of return. In 1960, only a tiny proportion of major American firms earned an ROIC of 50% or more. The proportion rose slowly and relatively steadily, reaching 5% by the mid-1990s. It then leapt suddenly to 14% by the 2005–2007 period.
.
So although you might expect that in a hypercompetitive environment, ambitious companies would constantly wrest market share from the leading firms, the reality is quite the opposite.
...
It appears that some firms have recently become rather insulated from competition and that the performance of these corporate “haves” is diverging from that of the large majority of “have-nots.”
.
So when billionaire Peter Thiel writes that “there is an enormous difference between perfect competition and monopoly, and most businesses are much closer to one extreme than we commonly realize,” he is onto something."
É preciso olhar para a paisagem competitiva e perceber que se está a enrugar
Os inteligentes não continuam a competir pelo velho e único BIG HIT, perceberam que há muitos picos isolados.

Trechos retirados de "Even for Companies, the U.S. Is Split Between Haves and Have-Nots"

sábado, agosto 29, 2015

Acerca da concorrência imperfeita (parte III)

Parte II e parte I.
.
Entretanto, encontrei um texto sobre a mudança do contexto em que as empresas actuam e como essa alteração impõe comportamentos diferentes... mesmo que os decisores não estejam para aí virados:
"How do you create a company that evolves with its business? How do you fit an organization for its context?
...
When the business changes, our organization adapts through experiments."
Trechos retirados de "An organization fit for its context"

segunda-feira, agosto 24, 2015

Acerca da concorrência imperfeita

Esta reflexão "Your competitive advantage — is YOU!" e esta outra "14 Unfair Advantages You Don't Realize Your Startup Has"[Moi ici: Esquecer a referência a startups, serve para qualquer PME] chamam a atenção para o que pode tornar a concorrência imperfeita, para o que pode fazer irrelevante o poder das empresas grandes.
.
Um aviso para os que se preocupam demasiado com a concorrência acabando por não ter vida própria, teleguiados pelo que faz o grande em vez de construírem o seu próprio caminho.
.
Um aviso para os que se comportam como Saúl ou dão demasiados ouvidos a gente que pensa como Saúl.

domingo, maio 24, 2015

Acerca da concorrência imperfeita

Seth Godin resume, e bem, o truque da concorrência imperfeita neste trecho:
"Your job then, isn't to merely set your price low enough to keep people from seeking substitutes. It's to create a product or service unique or connected or noteworthy enough that the other choices are ever more imperfect."
Qual é a força-motriz da sua empresa?

  • a redução do preço?
  • a diferenciação?
Infelizmente a maioria acha que a diferenciação está só ao alcance dos que têm dinheiro... esquecem o poder de outro truque, o da relação, o da interacção e, esquecem que quanto maiores as empresas maior a tendência para a uniformização, para a padronização, para o apelo ao "lowest common denominator".

terça-feira, maio 12, 2015

Acerca de sectores estáveis e demasiado homogéneos na oferta (parte VIII)

Parte I, parte IIparte IIIparte IVparte Vparte VI e parte VII.
.
Outro sector estável e demasiado homogéneo na oferta, à espera da intervenção da concorrência imperfeita, o dos serviços de contabilidade!
.
Um bom sintoma para identificar a falta de concorrência imperfeita? Muita regulação e uma ordem profissional forte e influente!
.
Com base neste postal, vamos às "job stories" possíveis:

Quantas empresas de contabilidade podem competir pelo serviço menos diferenciado?
Quantos clientes existirão para o serviço mais diferenciado?
.
Algum dos serviços é estúpido?
.
Recomendo a leitura de "6 Surprising Ways To Utilize Your Accountant (Beyond Just Taxes!)", é outro mundo, a transformação de uma empresa de contabilidade numa empresa de consultoria, numa empresa dedicada a co-criar valor com os seus clientes, os underserved.


segunda-feira, maio 11, 2015

Acerca de sectores estáveis e demasiado homogéneos na oferta (parte VII)

Parte I, parte IIparte IIIparte IVparte V e parte VI.

Em tempos, 2010, materializei num canvas um modelo de negócio que tinha equacionado nos longínquos anos 80 do século passado, enquanto percorria as escarpas do Douro Internacional de mochila às costas para ver águias, abutres, grifos e falcões:
Neste modelo de negócio, tal como no exemplo do J. na parte V, a chave para a vantagem competitiva é a paixão. Ainda hoje sublinhei na minha leitura de "Identity and strategy: how individual visions enable the design of a market strategy that works" de Olaf G. Rughase:
"‘You have to know who you are before you can take action’
...
current organizational identity heavily influences, guides and constrains an individual’s perception of motivation to work on strategic issues.
...
an organizational identity can influence internal allocation of resources by guiding which new processes should be created or which resources and skills should be accumulated to complement the current identity
...
identity can potentially shape routines that maintain competitive advantages in the eyes of the customers"
Entretanto, na semana passada chamaram-me a atenção para uma empresa com um modelo de negócio parecido mas ligado ao ciclismo "inGamba".
.
Em vez de mais uma agência de turismo que tenta servir tudo e todos, em vez de mais alguém em busca de market share, uma organização com um cliente-alvo bem definido e com uma proposta de valor no reino das experiências!!!
.
Tal como no caso do J. o canvas começa-se a preencher pela proposta de valor. Qual é a proposta de valor?
"We’re passionate about riding, food, wine and culture — and ensuring that our guests share in those loves so thoroughly that your trip will not be merely the best cycling vacation of your life, but the best vacation you’ve ever had, period."

Não convido a visitar o site da inGamba, convido a estudá-lo. A perceber a paixão que revela, a juntar as peças e ver como o puzzle das features:

  • pessoas (membros da equipa);
  • paisagem;
  • serviço;
  • bicicletas;
  • roupa;
  • comida e bebida ("to savor true local cuisine prepared by the best chefs and restaurants not found in guide books"); 
  • conhecimento da região;
  • até o pormaior de poder conviver com ciclistas pro; e 
  • os percursos
Se reúne para criar uma experiência.
.
E recordo, com vergonha alheia, os hotéis de luxo do Algarve que ofereciam em promoção, o pagamento das portagens da A2.

 .
Concorrência imperfeita é isto, é esta deslealdade de ser diferente, de ser especial para um determinado segmento.




domingo, maio 03, 2015

Acerca da introdução à concorrência imperfeita

Eu sei, custa-me cada vez mais usar a guerra, ou o desporto, como metáfora para a actividade económica.
.
No desporto, ou na guerra, no fim:
A metáfora adequada para a actividade económica é a biologia:
Diferentes empresas, com diferentes estratégias, podem, em simultâneo, ter sucesso, trabalhando para clientes diferentes.
.
No entanto, a história de David e Golias, com a cegueira do bem-intencionado Saul, com a incapacidade de David caminhar com a parafernália guerreira do seu rei, com a arrogância do Golias grande , e com aquele momento em que David ajoelha-se e, na margem do Elah, escolhe cinco seixos:
Continua a seduzir-me o suficiente, para continuar a usá-la, como introdução à concorrência imperfeita.

Imagem inicial retirada de "What Makes a Hero: Joseph Campbell’s Seminal Monomyth Model for the Eleven Stages of the Hero’s Journey, Animated"