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quinta-feira, junho 15, 2017

I rest my case: competitividade e CUT (parte IX)

 Parte Iparte IIparte IIIparte IV, parte V, parte VIparte VII e parte VIII.

O que significa aumentar a produtividade através da redução do denominador (através do aumento da eficiência)?
Significa aumentar a competitividade mantendo a qualidade, o tipo das saídas. Significa subir ao longo do pico na paisagem competitiva.

O que significa aumentar a produtividade através do aumento do numerador? (através do aumento da eficácia)?
Significa aumentar a competitividade alterando a qualidade, o tipo das saídas. Significa "desistir" do pico onde se está e optar por competir num outro pico.

Acham que a a empresa "verde" compete com a empresa "azul"?

Lembram-se das toutinegras, ou rouxinóis(?) de McArthur?
Acham que elas competem entre si?

A empresa azul está num campeonato diferente do da empresa verde. Não faz sentido comparar os parâmetros de uma empresa que compete num pico com os de outra que compete num outro pico na paisagem competitiva e argumentar que uma é mais ou menos competitiva que outra.

Por exemplo, a empresa verde pode ser a empresa que vendia sapatos a 20€ e deixou de ser competitiva nesse pico e mudou de vida para hoje ter sucesso a vender sapatos a 230€. Será que essa empresa verde compete com as empresas chinesas que produzem sapatos que são vendidos a 10€ nas sapatarias portuguesas?

Agora imaginemos que a empresa verde é alemã e a empresa azul é grega. Continuam a não competir ente si, mesmo que os salários dos alemães cresçam mais depressa.

O que pode fazer com a empresa verde mude de ideias e resolva voltar para o outro pico onde está a empresa azul?

Continua.


quarta-feira, junho 14, 2017

I rest my case: competitividade e CUT (parte VIII)

 Parte Iparte IIparte IIIparte IV, parte V, parte VI e parte VII.

Quem segue este blogue sabe como há milénios estamos completamente à parte do mainstream acerca da competitividade e da sua relação com os custos unitários de trabalho. Recordar como este anónimo da província ganhou a Olivier Blanchard. O que se segue é relativo à China mas aplica-se o mesmo que costumamos escrever aqui desde sempre sobre a Alemanha.


Desta apresentação retirei:


Os académicos e outros membros da tríade quando comentam a realidade económica comentam-na como se a paisagem se mantivesse constante. Como se o numerador da equação da produtividade se mantivesse constante e a única hipótese de aumentar a produtividade passasse por reduzir os custos, ou seja reduzir o denominador.

Quando os salários sobem, mas o valor criado cresce mais depressa, a competitividade aumenta mesmo assim e os custos unitários de trabalho baixam.


"China’s competitiveness.A new study finds that hourly wages in China’s manufacturing sector are now higher than those in every Latin American country other than Chile and are nearing the level found in some of the Eurozone’s lower-income countries such as Portugal and Greece. This is a sea change from just a decade ago, when China’s wages were among the lowest in the world. It means that living standards in China have risen substantially. It also means that China’s competitive advantage no longer stems simply from low labor costs. Rather, it stems from other factors such as the skill level of workers, the degree to which workers use technology, the supply of skilled managers, the transport and power infrastructure, and the legal framework. The study found that the productivity of Chinese manufacturing workers actually increased faster than wages. This means that unit labor costs in China (the labor cost of producing a unit of output) declined over the past decade, thereby increasing China’s competitiveness."
E ainda:
"This will cause a further shift in the composition of Chinese manufacturing, away from low-value-added processes such as apparel and textile production toward higher-value-added processes." 
A competitividade aumenta não porque se produz mais depressa o que se produzia antes (mexidas no denominador) mas porque se passa a produzir outro tipo de artigos (numerador).

Trecho retirado de "China: Changing drivers for competitiveness Global Economic Outlook, Q2 2017"

sexta-feira, junho 02, 2017

I rest my case: competitividade e CUT (parte VI)

Parte Iparte IIparte IIIparte IV e parte V.

"How to reconcile good export performances with rising relative unit labour costs in the periphery of the euro area?
...
differences in cost competitiveness however do not systematically translate into differences in price competitiveness.
...
Unit labour costs were also de-correlated from export growth: the bulk of their appreciation comes from price developments in the non-tradable sector, with the effect being largest in the crisis-countries.
...
Exports were largely unaffected by the shock in domestic demand probably because they respond primarily to foreign demand and exogenous international prices. Rising unit labour costs were not the source of the demand shock but a symptom and they were not necessarily associated with losses in export competitiveness."

Trechos retirados de "The Signatures of Euro-Area Imbalances: Export Performance and the Composition of ULC Growth" de Guillaume Gaulier e Vincent Vicard.

quinta-feira, junho 01, 2017

I rest my case: competitividade e CUT (parte V)

Parte Iparte IIparte III e parte IV.

Mais um sintoma de que aquilo que ditava a maior ou menor competitividade no século XX não é tão relevante no século XXI: "Portugal mantém 39.º lugar no ranking da competitividade mundial"

No entanto, desde o aparecimento do euro, as exportações portuguesas cresceram o mesmo, um bocadinho mais, que as alemãs (Alemanha ocupa o 13º lugar neste ranking).

No século XXI onde reina a diversidade de Mongo estes rankings são treta.

quinta-feira, maio 25, 2017

I rest my case: competitividade e CUT (parte IV)

Parte Iparte II e parte III.
"We address in this study the question of the efficiency of different measures of HCIs [harmonised competitiveness indicators] in driving exports and imports of goods and services, thereby estimating standard export and import equations for each euro area country. Exports of goods and exports of services are found to be insensitive to the changes in price competitiveness or their sensitivity is relatively small. Estonia, Finland, Spain, France and Malta are the only countries with high reaction of exports of goods to the changes in relative prices. An important finding is that, in general, the marginal effects of the broad economy's price measures on exports are higher than the impact of measures based on manufacturing only. This implies that we should go beyond cost and price developments in the tradable sector to explain a country's exports.
...
the relationship between imports and exports has become stronger over recent years due to the integration of many euro area economies into global value chains, altering the traditional view about the way prices and costs are affecting import flows.
...
The fact that a significant part of exports and imports cannot be explained in some countries by the traditional explanatory factors (demand measures and price competitiveness) as well as a small historical contribution of HCIs to export growth calls for the improvements in the so called non-price competitiveness, i.e. in the quality of products/services traded."
Trechos retirados de "Measuring the Effectiveness of Cost and Price Competitiveness in External Rebalancing of Euro Area Countries: What Do Alternative HCIs Tell Us?"


quarta-feira, maio 24, 2017

I rest my case: competitividade e CUT (parte III)

Parte I e parte II.
"When we focus attention on the traditional measure of gross exports of goods, the analysis shows that advanced economies lost non-price competitiveness relative to emerging economies over the period from 1995 to 2011. This picture changes when the fragmentation of production is considered. We find that the relative quality of production from the US, Canada, Germany and the UK, when tracing value added in exports, remained unchanged or even increased over this period. Likewise, the seemingly unchanged or improving relative quality of Brazil, Russia and India's export goods largely arose from outsourcing rather than from improvements in the quality of domestic production. However, gains in Chinese non-price competitiveness remain impressive even after accounting for global value chain integration.
...
Competitiveness can no longer be assessed by simply looking at price and cost factors nowadays; it is even not sufficient anymore to control for the changing quality of a country's export goods or to assess a country's ability to react to changes in consumer demand (i.e. meeting tastes). In today's globalised world, competitiveness is also affected by a country's ability to integrate and position itself well in international production chains. Data on gross trade flows may provide misleading conclusions on a country's competitiveness, as internationalisation of production diminishes the domestic component of exports.
...
Our results also show that non-price competitiveness losses of developed countries are in fact lower than claimed before, as they remain important suppliers of high quality intermediates in fragmented production lines."

""Made in China" - How Does It Affect Measures Of Competitiveness?"

terça-feira, maio 23, 2017

I rest my case: competitividade e CUT (parte II)

Parte I.
"The CESEE countries have demonstrated tremendous gains in international competitiveness during their transition from centrally planned to market economies. Per capita income levels are substantially higher today than twenty years ago, marking impressive improvements in productivity levels. However, their catching- up process implied convergence in both income and price levels towards Western Europe. The convergence process was in fact accompanied by a real appreciation trend of CESEE currencies over the past two decades, which could suggest a loss in price competitiveness as a result of the catching-up progress.
...
Very often, the analysis of price and cost measures therefore dominates the policy discussion. In particular, the real effective exchange rate is often used as a general proxy of competitiveness despite the fact that price measures ignore important non-price aspects of competitiveness such as quality improvements or shifts in consumer preferences. [Moi ici: Como não pensar logo na procissão de membros da tríade sempre a prever a nossa falta de competitividade porque não estamos preparados para competir no século XX] Further, price and cost measures may show divergent developments, making it difficult to identify even a single price indicator of competitiveness. Clearly, individual indicators illuminate different aspects of competitiveness, which should also be acknowledged.
.
In this analysis, we try to incorporate important non-price features of a country's competitiveness, and namely the quality of exported goods as well as changes in the set of competitors, into a measure of price competitiveness. In other words, we correct a country's export price index for any bias, which might arise from non-price factors such as physical quality, variations in consumer tastes, and competitive pressure arising from newly entering competitors. While the proposed measure still neglects many important aspects of competitiveness, we hope that it gives a more unbiased picture of a country's ability to sell goods on a certain market.
...
All indicators are signalling losses in price competitiveness between 1999 and 2010 for all CESEE10 countries.
...
we observe a rather strong impact of changes in quality on export competitiveness.
...
Although their export unit values were increasing faster than those of their main rivals, the quality of their exports was rising even faster. This, of course, includes tangible as well as intangible components of quality, as our methodology does not allow disentangling of the two. Most probably, the CESEE10 countries were able to improve both the physical quality of their output and its image, branding and market placement."
Da esquerda à direita, de Ferreira do Amaral ao bafiento Fórum para a Competitividade... todos embrulhados e metidos no bolso por este anónimo engenheiro da província.

Trechos retirados de "Evaluation of non-price competitiveness of exports from CESEE countries in the EU market"

CESEE - Central, Eastern and Southeastern Europe"

segunda-feira, maio 22, 2017

I rest my case: competitividade e CUT

Recordem o que se escreve neste blogue há anos e o que os académicos, políticos e comentadores económicos (de direita e de esquerda escrevem ou afirmam) acerca da redução de salários ou da desvalorização da moeda para aumentar a competitividade. Depois, mergulhem neste texto, "Going Beyond Labour Costs: How and Why “Structural” and Micro-Based Factors Can Help Explaining Export Performance?" de Carlo Altomonte, Filippo di Mauro e Chiara Osbat.

Alguns trechos:
"Competitiveness depends strongly on firm-level factors, such as size, organisation, technological capacity, and other supportive conditions in the economic ecosystem in which firms operate. At the same time, the attention of policy-makers has been focused on aggregate macroeconomic factors, such as labour costs and current account positions. Central banks in particular have concentrated on these indicators, which is not surprising given that their traditional policy instruments are inherently macroeconomic in nature.
...
we show initial evidence that adjusting traditional relative export prices for quality allows to better understand export patterns for a number of EU countries
...
Even though “competitiveness” is at the centre of the public debate, there is no agreement on an unequivocal definition of the concept. In particular, when looking at a narrow, measurable concept of competitiveness, the focus is in general on prices, costs, wages and exchange rates. These are important factors in determining the ability of firms to compete in international markets, especially in the short run, but there is strong evidence that - in a fully globalised world and over longer term horizons – such factors are only part of a much broader set that includes at least three main elements, as identified by the literature: (i) firm-level factors, e.g. technological ability to utilise factor endowments, capacity to specialise and exploit new and dynamic markets; (ii) structural/macroeconomic factors prevailing in the individual countries, such as labour- and product-market functioning, technological diffusion, innovation, taxation, financing constraints as well as demand and overall macroeconomic conditions; (iii) the geographical position of the country and the extent of trade frictions.
...
given the sizeable changes in the world market structure brought about by globalisation and the raise of emerging economies, the overall trade performance of a country is more and more likely to depend on factors beyond pure price or cost considerations. In this context, the ability of countries and firms to compete successfully will be determined by their capacity to change and adapt to new market conditions, reviewing their product mix and export portfolios beyond pure cost considerations, and by other means of enhancing productivity."
I rest my case.

quarta-feira, maio 17, 2017

Trabalhar o numerador

Ontem de manhã aqui no blogue publiquei um postal com o título ""the key to competitiveness wasn’t simply productivity"".

Engraçado que durante o dia, em algumas conversas que apanhei no Twitter, várias pessoas continuam à boa maneira do século XX, a relacionar competitividade e produtividade, à engenheiro da AEP. Por isso, relacionam competitividade com redução de custos, relacionam competitividade com CUT.

Por mim, estou noutra onda. Por isso, uso este exemplo dos sapatos que não se vendiam a 20 euros e dos sapatos que têm saída a 230 euros.

Por que escrevo isto? Por causa de mais um exemplo do que é a produção à la Littlemissmatch (ver também isto):
"Kauss decided the reusable water bottle needed a makeover. Hers, which was often stashed in her designer purse, impressed her--but mainly for its ugliness. "I was paying a lot for a handbag and pulling out something that looked like a hiking accessory," says Kauss.
.
In 2010, she founded S'well, a water bottle company that behaves like a fashion brand. Its bottles are not simply utilitarian devices--double-walled, copper-coated stainless steel vessels that keep beverages hot for 12 hours and cold for 24; each one doubles as a canvas. Twice a year, 30 new bottle designs are released.
...
The average S'well owner purchases more than five of these $25 to $45 bottles, a fairly irrational act, given that no one needs more than a couple of liquid-carrying receptacles.
...
"If we did everything so it was Six Sigma and boring, we would have six colors and we'd sell them for 100 years,""[Moi ici: Veneno puro]
Trabalhar para o numerador é o truque para privilegiar a eficácia sobre a eficiência.

Trechos retirados de "How an Accountant Turned a Water Bottle Company Into a $100 Million Fashion Brand"

terça-feira, maio 16, 2017

"the key to competitiveness wasn’t simply productivity"

Coisas que muita gente na academia, na política e nos media ainda não percebeu:
"When the economic crisis hit tyre demand in 2009-10, Michelin realised, according to Mr Guillon, that “the key to competitiveness wasn’t simply productivity, it was above all agility”. Starting in January 2013, it began to accelerate the process of freeing teams to operate independently."
Não adianta produzir um produto muito barato mas que não sai do armazém.

Um exemplo do uso do factor rapidez em "Só depois do apito do árbitro é que a 4Teams começa a produzir cachecóis para o Benfica"

sábado, maio 06, 2017

Ei, eu só sou um anónimo engenheiro de província...

Lembram-se de Ricardo Paes Mamede e do seu "um atestado de desconhecimento da realidade"?

Lembram-se da esquerda pedir um euro fraco para facilitar as exportações?

Lembram-se da direita a querer baixar salários para facilitar as exportações?

Lembram-se do que sempre aqui defendemos? Por exemplo "É assim tão difícil perceber este fenómeno? (parte II)":
"Se me vendem a redução da TSU para tornar as empresas que exportam mais competitivas não engulo. Tirando o caso das commodities, associadas a grandes empresas, o preço não é o order-winner das nossas exportadoras."
Agora, olhemos para o Boletim Económico de Maio de 2017 do Banco de Portugal:
"tendo em conta o enquadramento institucional e económico existente, a referência natural é a taxa média de variação dos valores unitários dos produtos exportados pela União Europeia (UE). A diferença entre as taxas de crescimento registadas em Portugal e na UE centrou-se em torno de zero no período 2003–2015, o que parece excluir um cenário em que os exportadores portugueses procuraram competir sistematicamente com base nos preços
...
O desempenho positivo das exportações apresenta uma natureza estrutural, assente numa reestruturação empresarial que se iniciou antes da crise financeira internacional, e não é acom- panhado por descidas sistemáticas de preços unitários"
Entretanto, recordemos que as exportações portuguesas têm tido um desempenho superior às alemãs. Por exemplo:

Ei, eu só sou um anónimo engenheiro de província... mas prevejo e percebo melhor a realidade que estes académicos, comentadores e políticos da tríade ou da troika, da direita e da esquerda.

quinta-feira, abril 06, 2017

Quando as mensagens deste blogue se tornam cliché


A competitividade das PME.

Somos todos alemães.

Competir por fazer subir os preços unitários em vez de concentrar tudo na redução dos custos unitários.

Apostar no numerador para aumentar a produtividade.

Não ter a veleidade de servir tudo a todos.

Não resisto a recordar três cromos:




quarta-feira, abril 05, 2017

25 cromos desmentidos com um gráfico

Se lerem "​Fuga para a frente", onde João Ferreira do Amaral culpa o euro por todos os nossos males, podem reparar num pormaior: deixa de acusar o euro de nos causar falta de competitividade.

Quando as evidências começam a suportar com cada vez mais força a tese deste blogue, a culpa não é do euro, a culpa foi da China, Ferreira do Amaral tem de podar com cuidado o que escreve para não usar a palavra competitividade.

Recordar "Aprenda a duvidar dos media" (uma série com 25 cromos)

Recordar, por exemplo, Vítor Bento (cromo nº 2):
Esta manhã numa saltada ao Twitter apanhei este tweet:


Pois... um simples gráfico desmonta a conversa de 25 Sarumans habituados a ver o mundo do alto das suas torres.

Uma geração de académicos, comentadores e políticos enformados pelo século XX onde "todos" convergiam para um pico único:

Mas agora: Mongo rules!!!


sexta-feira, março 17, 2017

Mercado laboral alemão e o parasita burro

Ontem escrevi sobre o exemplo italiano em "Competitividade e capital de reivindicação? (parte III)" para concluir que se Itália tem um problema de competitividade, e parece que tem, a culpa não é do euro, porque Portugal com o mesmo euro consegue um excelente desempenho.

Agora leio "The Real Reason the German Labor Market Is Booming" e, embora sinta visceralmente que o sucesso alemão começa por um posicionamento estratégico diferente e não por causa de custos, é interessante ler coisas como esta:
"Germany’s labor market strength is not the result of federal policy; If anything, it was due to a lack of policy"
É interessante pensar que com o derrube do Muro de Berlim, a integração da RDA na Alemanha e a abertura dos outros países do ex-Pacto de Varsóvia à economia de mercado, a reacção alemã foi:
"The fall of the Berlin Wall, in 1989, and the dramatic cost of reunification burdened the German economy in an unprecedented way, leading to a prolonged period of dismal macroeconomic performance. It also gave German employers access to neighboring East European countries that were formerly locked away behind the Iron Curtain — countries with low-cost labor and stable institutions and political structures.
.
These factors fundamentally changed the power equilibrium between employer and employee associations. Germany’s once-powerful unions were forced to respond to these new realities in a far more flexible way than many would ever have expected.
.
Increased Competitiveness
The flexible response paid off. Since 1995 Germany’s competitive position has persistently improved, while the competitiveness of some of its main European trading partners has deteriorated (such as Spain and Italy) or remained close to the 1995 position (such as France)."
Por cá, um país que competiria directamente com estes novos membros da UE, o que tivemos foi esta política de: se não conseguem acompanhar o que o parlamento dita, que fechem! Logo seguido do medo do caos, e do clientelismo traduzido em apoios e subsídios. Nunca esquecer "Inconsistência estratégica"

Os mesmos números da competitividade servem para pôr de lado muita da argumentação deste texto "Portugal está “falido”, diz ex-economista-chefe do Deutsche Bank". Portugal está falido? Provavelmente. Mas não por causa do euro, o euro não impede que a economia transaccionável se porte melhor que a alemã a ganhar competitividade. A falência ocorrerá por causa das nossas leis, das nossas benesses de Estado clientelar, por causa do monstro incapaz de se segurar, qual parasita burro que mata o hospedeiro.

BTW, Duvido muito que algum dia isto se aplique por cá:
"They also introduced vouchers that allowed recipients to choose job training providers."
Permitir que seja o desempregado a escolher onde gastar um cheque-formação para adquirir novas competências para si é muito à frente. Por cá sempre teremos burocratas a apoiar empresas de formação que escolhem os cursos e o mercado de trabalho que se ajuste.

quinta-feira, março 16, 2017

Competitividade e capital de reivindicação? (parte III)

E volto à figura do postal da parte II:

Se Portugal se destaca pela positiva, qual o país que se destaca pela negativa?


A Itália!!!

Talvez por isso isto seja cada vez mais um tema em Itália, "Italian debate on merits of ditching euro grows louder". Ainda há dias vi este gráfico:


O interessante no gráfico é o comparar os desempenhos de Portugal vs Itália. Se o euro é comum aos dois países, então o euro não pode ser responsabilizado pela fraca competitividade italiana. Se calhar o problema é italiano. Eu procurava explicações dentro dos factores que são específicos de Itália e não são partilhados por Portugal.



quarta-feira, março 15, 2017

Competitividade e capital de reivindicação? (parte II)

Parte I.

Ontem à noite encontrei este tweet:


O que dizer daqueles que dizem que Portugal não é competitivo e que o euro não nos deixa exportar. Olhem bem para aquele gráfico


domingo, março 05, 2017

Competitividade e capital de reivindicação?

Há dias guardei este artigo "Regiões em Portugal são pouco competitivas" porque achava-o representativo da mentalidade do século XX que perdura quase na entrada da segunda década do século XXI.

Como é que se pode dizer que Portugal é pouco competitivo quando tem um desempenho, não a nível de indicadores proxy mas a nível do resultado fundamental para a competitividade, as exportações e o ganho de quota de mercado, deste calibre:


No século XXI, a caminho de Mongo e de uma paisagem enrugada, não existe uma única via para ter sucesso, como no século XX do preço, do volume e da eficiência.
Entretanto, sexta-feira passada apanho esta narrativa "Portas "bastante preocupado" com perda de competitividade da Europa" que logo comentei no Twitter:

Ontem, o @nticomuna mandou-me esta notificação:

Então não se queixam dos superavit da balança comercial europeia? 

Cheira-me a gente com medo de perder o capital de reivindicação... ou será gente que ainda anda embalada no mito gringo da competitividade?

domingo, fevereiro 19, 2017

"conversa de diletante sem skin-in-the game"

"Na sua coluna no Expresso da semana passada, o jornalista Nicolau Santos
...
afirma que “o salário mínimo não pode nem tem de depender da produtividade.” Mas ele esquece-se de discutir o elo principal que liga os dois: a competitividade. O custo em produzir mais uma unidade é dado pelo rácio entre o salário e a produtividade. Se o primeiro sobe e o segundo não, a empresa tem de aumentar o preço em relação aos seus concorrentes. O salário, mínimo, médio, ou máximo, não só pode, como tem de depender da produtividade, se o trabalhador quer vender o que produz no mercado."
Recordar "Competitividade e produtividade" e "Uma das minhas missões"

Aumentar os custos laborais unitários sem aumentar o preço unitário só é possível se se conseguir aumentar a produtividade:

  • produzindo mais por unidade de tempo;
  • produzindo o mesmo com menos pessoas;
  • produzindo coisas com um valor acrescentado potencial superior.
Sem uma destas opções o destino é o desemprego.

Portanto, conversa de diletante sem skin-in-the game, o habitual nele.

sexta-feira, fevereiro 17, 2017

Os indicadores também ficam obsoletos quando o mundo muda

A propósito de "Sem rede..." e de:
"And business is really just one type of climate. It’s also a climate that’s out of our control. And the climate is going through a tectonic shift for the ages where the conditions will never be the same again, at least not in our lifetime"
Já por várias vezes reflecti aqui sobre os indicadores criados para descrever uma realidade. Depois, a realidade muda e os indicadores continuam a ser usados para a descrever. No entanto, deixam de ser representativos e na interpretação da sua evolução cometem-se erros.

A propósito dos recordes referidos em "O que os números das exportações me sugerem", como os compatibilizar com esta linguagem?
"Portugal recuou 13 posições no Índice de Liberdade Económica de 2017 e está agora no 77º lugar, de acordo com o relatório anual da Fundação Heritage. A diminuição da liberdade económica medida pelo índice é justificada por desafios que exigem um ajuste urgente da política económica e reformas que perderam impulso.
“Portugal continua a enfrentar desafios que exigem um ajuste urgente da política económica. As reformas anteriores, que ajudaram a modificar e diversificar a base produtiva da economia, perderam impulso”, refere o relatório que analisou este ano 186 economias do mundo. Os dados foram divulgados na quarta-feira pela fundação sediada em Washington, nos Estados Unidos, e citados pela agência “Lusa”.
...
“Apesar dos sólidos contextos institucionais, como um quadro empresarial eficiente e um sistema judicial independente, o setor público endividado e ineficiente desgastou o dinamismo do setor privado e reduziu a competitividade global da economia”, explica o relatório sobre Portugal."
Apesar de lamentar a reversão das "reformas anteriores" acho que actualmente a situação é esta:

Os políticos podem pensar que não há trade-offs: recordar "Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!"

Se as acções dos políticos na primeira década do século XXI se conjugavam com o contexto e contribuíam para dizimar as PME do sector transaccionável. Agora, com o reshoring em força em curso, alteração do contexto... os muros que os políticos levantam não são nada em frente à onda gigantesca do regresso dos clientes ao Ocidente por causa da emergência da importância da proximidade (recordar os descontos) e do aumento dos custos na Ásia.

Recordar os indicadores também ficam obsoletos.

terça-feira, fevereiro 07, 2017

Boas notícias e uma explicação contrária



Embora esteja de acordo com as medidas económicas tomadas pelo anterior governo não acredito que elas tenham muito a ver com este desempenho positivo do sector transaccionável:



Recordo sempre o que escrevi sentado numa esplanada em Valpaços em Maio de 2011:
"Se me vendem a redução da TSU para tornar as empresas que exportam mais competitivas não engulo. Tirando o caso das commodities, associadas a grandes empresas, o preço não é o order-winner das nossas exportadoras."
BTW, apesar do sucesso da competitividade portuguesa depois da adesão ao euro,  já não somos um país low cost:



Imagens retiradas de "Economic Survey of Portugal 2017"