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domingo, junho 05, 2022

Aspirar por objectivos sem ter coragem para a disciplina que requerem

"Primeiro-ministro quer um aumento de “20% no salário médio do nosso país” nos próximos quatro anos. “Nós temos que ter um acordo de médio prazo, no horizonte desta legislatura, sobre a perspectiva da evolução dos rendimentos.”

O primeiro-ministro apelou este sábado às empresas para que contribuam para um esforço colectivo de aumento dos salários dos portugueses, para que haja “maior justiça” e os salários médios em Portugal possam aumentar 20%.

...

“As empresas têm de compreender que se querem ser competitivas a vender, têm de começar a ser competitivas no momento da contratação, se querem, efectivamente, contratar, fixar e atrair o talento que necessitam para poderem ser empresas que produzem, efectivamente, bens e serviços de maior valor acrescentado”, acrescentou." (fonte)

Um texto que desperta várias linhas de reflexão. Uma delas tem a ver com a linha de Avelino de Jesus a emergir contra os "antiquados" como Teixeira dos Santos. Recordar Mea culpa.

Vamos olhar para o desafio através de uma matriz que relaciona a resposta a duas perguntas:

  • as empresas podem pagar um aumento superior a 20% do salário médio?
  • as empresas querem pagar um aumento superior a 20% do salário médio?
Vamos começar por eliminar as opções 2 e 4. Se as empresas podem, queiram ou não serão levadas a fazê-lo, pelo governo de turno ou pelo contexto. Por exemplo, na capa do jornal i de ontem:

Os ignorantes, como o presidente da república, acham que as empresas não aumentam os salários porque não querem. Os ignorantes acham que as empresas nadam em dinheiro e não querem partilhá-lo:

"Marcelo Rebelo de Sousa diz que os salários têm de acompanhar o crescimento da riqueza do país."

O presidente que achava que as 35 horas semanais na função pública não iam aumentar os custos, acha que o país está a enriquecer... Ricardo Reis tem de aprender economia com ele - A caminho da Sildávia ao vivo e a cores, mais um pacotão.

O que é mais interessante, na minha opinião, são as opções 1 e 3. Se as empresas não podem o que têm de fazer?

Recuemos a Abril de 2013, Cargo cult, e às palavras de Avelino de Jesus:

"«Por cada hora de trabalho só produzimos 17 euros»

Professor do ISEG diz que actual crise está na origem da baixa produtividade dos trabalhadores de Portugal."

As empresas não podem porque têm uma baixa produtividade, porque geram pouca riqueza, porque geram pouco valor acrescentado.

Assim, o que António Costa quer tem consequências que ele não está disposto a defender. Se ele quer atingir o objectivo de aumentar o salário médio em 20% em 4 anos, então tem de concluir que tem de promover a morte das empresas que não podem, para desviar recursos para as empresas que terão de surgir e podem. Recordar que vivemos no país do Chapeleiro Louco e da violação do 1º Princípio de Deming. Não escrevi este título em 2019 porque me apeteceu, "Espero que não vos tremam as pernas quando as empresas começarem a cair como tordos". Mesmo que ele tivesse coragem para o fazer, será que é moralmente correcto este tipo de activismo?

Sim, basta voltar a ler Reinert e a Teoria dos Gansos:

Basta recordar Maliranta e a lição finlandesa ou as palavras de Nassim Taleb:
"Systems don’t learn because people learn individually – that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game"

isto cheira-me que vai acabar em mais apoios às sonaes deste país.

domingo, agosto 21, 2011

Cada vez mais claro e nítido o nosso destino

Vamos a caminho da Sildávia!!!
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A Qimonda do CDS. O apoio à produção de produtos básicos e indiferenciados, commodities, onde a escala, onde a extensão é o factor competitivo-chave... onde nunca seremos competitivos.
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"Ministra preocupada com quebra de produção nacional de cereais" ("Assunção Cristas destacou ainda que a situação “obviamente é preocupante e o governo está totalmente empenhado em aumentar a produção”.

“Aumentar a produção passa por muitos produtos mas também pelos cereais e obviamente que não são boas notícias." ... Durante a cerimónia, Assunção Cristas destacou a importância da agricultura para o atual executivo, defendendo que “um euro gasto na agricultura é uma despesa que traz retorno”) (Moi ici: Cá está a Qimonda... o retorno pode ser negativo (euros), ou pode ser positivo (votos). Nunca sairemos da cepa torta enquanto os impostos continuarem a ser canalizados para alimentar egos de políticos e os famosos "interesses de alguns travestidos de interesse nacional")
"Agricultores põem negociação dos fundos comunitários como prioridade" (Moi ici: As piranhas já sentiram o sabor do sangue fresco na água...)
"Ministra da Agricultura promete soluções para o sector" ("A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, promete soluções para aumentar a produção nacional e melhorar a distribuição agrícola. (Moi ici: O mundo esperava por este Messias para resolver os problemas da agricultura portuguesa))
"Ministra preocupada com quebra de produção nacional de cereais"
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O Oeste é o oposto do Este. No entanto, se caminharmos sempre, sempre em direcção a Oeste... chegaremos ao Este: "Jerónimo de Sousa pede ao Governo para apoiar produtores de cereais"

terça-feira, agosto 20, 2013

Redsigma - O fim da linha

Em Janeiro de 2011 já escrevia:
"Redsigma - reduzir o sigma, reduzir a dispersão, reduzir o desvio padrão.
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Hoje estou noutra, hoje o meu combate não é tanto a nível de linha de fabrico, onde reduzir a variabilidade é importante, hoje combato sobretudo a nível de empresa e o propósito é aumentar a variedade!!!"
O bichinho já lá estava!
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Em Junho passado dei comigo a escrever:
"O advento de Mongo obriga a mudar de paradigma. Há meses que ando a namorar com o inevitável... o nome Redsigma está esgotado!!! Redsigma foi uma marca que criei em 1991 ou 92. Reduzir o sigma, reduzir a variabilidade, apostar na standardização. Lentamente, comecei a mudar e hoje, sou quase um inimigo declarado da normalização... prefiro apoiar empresas a estarem à frente da onda, tão à frente que ainda não existem normas. Prefiro apostar na variedade do que estar preocupado com a variabilidade.)" 
Daí para cá foi um lento desprendimento.
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Qual a designação alternativa a adoptar?
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Primeiro, namorei algo que focasse a diferenciação ou a variedade. Depois, uma casual pesquisa interna no blogue, sobre o tema calçado, levou-me a "Preço, valor e a Sildávia do Ocidente", daí, divaguei para a alternativa ao funeral, a mudança do modelo mental, o olhar para a realidade de forma diferente. Então, outra vez casualmente, na página de Facebook de um conhecido dos meus tempos de universidade encontrei esta imagem:

 E dei comigo a recordar Peter Senge em "The Fifth Discipline":
"The most accurate word in Western culture to describe what happens in a learning organization is one that hasn’t had much currency for the past several hundred years.
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The word is “metanoia” and it means a shift of mind. The word has a rich history. For the Greeks, it meant a fundamental shift or change, or more literally transcendence (“meta”—above or beyond, as in “metaphysics”) of mind (“noia,” from the root “nous,” of mind).
...
To grasp the meaning of “metanoia” is to grasp the deeper meaning of “learning,” for learning also involves a fundamental shift or movement of mind.
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Through learning we re-create ourselves. Through learning we become able to do something we never were able to do. Through learning we reperceive the world and our relationship to it. Through learning we extend our capacity to create, to be part of the generative process of life.
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This, then, is the basic meaning of a “learning organization” - an organization that is continually expanding its capacity to create its future. For such an organization, it is not enough merely to survive."
Olhar para a realidade de uma forma diferente... abandonar a visão antiga e aprender a ver o mundo de forma diferente...
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Assim, surgiu a designação Metanoia.

quarta-feira, setembro 01, 2021

"Lives of quiet desperation" (parte II)

Parte I.

Tweet publicado na sequência da leitura de "Da EFACEC". 

Não escrevo estas coisas porque tenho mau feitio, mas porque tenho um blogue desde 2004. Comecei a escrever o blogue com o propósito de funcionar como um auxiliar de memória (depois a criação tomou vida própria, mas isso é outra estória). E ter memória é um castigo dos Deuses (diziam os gregos antigos).

Nas notícias:

Ao mesmo tempo no blogue:
BTW, gastar dinheiro em inovação não é o mesmo que ter retorno em vantagens competitivas decorrentes de factores inovadores. Recordar de Dezembro de 2015 nas notícias, "Inovação. Efacec. Duplo ataque em I&D". Ainda uma última questão, qual terá sido a rentabilidade deste negócio "Efacec exporta transformadores recorde para os Estados Unidos"?

Antes da compra da Efacec por Isabel dos Santos a empresa tinha uma orientação estratégica mais virada para os Estados Unidos. Depois da compra, como refiro nos textos do blogue, mudou de orientação estratégica e virou-se para África. Escrevi que era uma decisão legítima, mas representava uma decisão virada para o preço e para produtos maduros, não novidades tecnológicas. É por aí que começam os cortes. A verdade é que antes de Isabel dos Santos, a Efacec dava prejuízo, e com ela começou a dar lucro. Por causa da empresa? Ou por causa da sua nova dona? Recordar de Maio de 2017, "Angola torna-se o maior mercado externo da Efacec". O que fazia o pai de Isabel dos Santos até Setembro de 2017? Ouso parafrasear o ainda CEO da Efacec, que em Julho de 2016 afirmava "Ângelo Ramalho: “Notoriedade de Isabel dos Santos é uma mais-valia”". 

Talvez a mais-valia da Efacec, antes de Setembro de 2017, fosse mesmo a sua proprietária. You know what I mean...

E volto à citação e à estupefacção de há um ano:
"Lives of quiet desperation. 
What is called resignation is confirmed desperation" 

"os comentadores do regime alinhavam com o governo e diziam amém a duas nacionalizações. Nem uma voz contra, nem uma voz a desdizer a narrativa oficial sobre a EFACEC ou sobre a TAP.

Mais dinheiro impostado aos contribuintes torrado em delírios da corte lisboeta. Mais pedras no saco às costas das empresas que têm de fazer corridas com empresas de outros países com governos menos atreitos a orgias socialistas.

Isto nunca vai ter fim, este país nem com 5 troikas vai mudar. Ingenuidade pensar que a UE nos ia proteger...

A 1 de Setembro de 2007 no Expresso, Daniel Bessa escreveu:

"... faltou sempre o dinheiro que o "Portugal profundo" preferiu gastar na "ajuda" a "empresas em situação económica difícil"..."

Estão a ver como se caminha para ser a Sildávia do Ocidente sob o aplauso e beneplácito do comentariado nacional?


Reparem no salto da Roménia, da Polónia, da Lituânia e da Letónia...



domingo, novembro 20, 2022

Para reflexão

Lembram-se da fábrica de meias lituana que veio para Portugal e os jornais regozijaram-se?

Eu recordo de Julho de 2021- Ultrapassados pelo Leste.

Eu recordo a evolução salarial na Lituânia, de Maio deste ano - A caminho da Sildávia ao vivo e a cores, mais um pacotão.

Entretanto, ontem no Pordata analisei os dados sobre a evolução da "Produtividade do trabalho por hora trabalhada (Euro)". Reparem na evolução da produtividade na Lituânia:


Todo o bloco de países da Europa de Leste está a crescer em produtividade muito mais do que Portugal. Mesmo as humildes Roménia (cresceu 921%) e Bulgária (428%).

Ninguém se interroga a sério sobre o que se passa neste país.


terça-feira, maio 31, 2022

A caminho da Sildávia ao vivo e a cores, mais um pacotão

Lembram-se da vitória sobre a Lituânia?

Pois...


Entretanto no Caderno de Economia do semanário Expresso do último Sábado Ricardo Reis em "Uma família em declínio":
"O crescimento económico é uma desilusão em Portugal há mais de vinte anos. Primeiro pedimos emprestado usando a capacidade de liquidez de um Estado. Depois, veio o FMI, e com ele a austeridade e a emigração. As eleições têm produzido persistentes escolhas em não fazer reformas arriscadas que busquem o crescimento económico. Já há dez anos que estamos a vender património. Primeiro foram algumas grandes empresas. Agora são casas e terrenos. Sonhamos que o capital de fora venha com investimento direto e novos negócios, mas os números mostram que recebemos antes uns estrangeiros pensionistas com riqueza do passado. Hoje, preocupa-me ver partes significativas da economia especializadas em captar dinheiro de vistos gold ou estrangeiros que se mudem para Portugal, focando-se na construção, imobiliário e não-transacionáveis com baixa produtividade. Ao mesmo tempo, é uma tristeza ver as partes mais belas do país ficar na mão de estrangeiros.
É sina de economista alertar para os perigos, ser ignorado, e passar por pessimista maldisposto. Mas tenho receio que daqui a uma ou duas gerações olhem para nós como a geração que desbaratou a fortuna da nação por não ter coragem para encarar o declínio de frente e fazer tudo para o reverter."

Como não recordar Jonas e os ninivitas em 2008 Os habitantes de Nínive


terça-feira, fevereiro 12, 2019

"sistematicamente mais de mil e cem pessoas em directo a ouvi-lo"

A propósito deste artigo "Portugal em risco de ter eleições afetadas por 'fake news'", acredito que a descredibilização dos media tradicionais vai muito para além da política. Uma das razões, acredito, é a falta de atitude crítica das redacções para mediarem a mensagem. Assim, não passam de megafones ao serviço do emissor. A menos que tenham agenda política contra o emissor. Nesse caso, são sempre contra o emissor, sem explicarem racionalmente porquê.

Por exemplo, como é que se pode dizer isto:
"“A transparência da informação ficou no século passado. Hoje, [nas redes sociais] qualquer tipo de informação pode concorrer com informação verificada, como a da Lusa”,"
Como se a Lusa fosse independente, neutra e asséptica.

Por exemplo, em "Mercados fora da Europa arrefecem exportações portuguesas" escreve-se:
"Num cenário de arrefecimento global, foram os parceiros europeus, com Espanha na liderança, quem acabou por suportar a subida das exportações, compensado as quedas de mercados como Angola e Brasil."
Depois, lê-se em "Bruxelas revê em baixa crescimento português":
"As exportações portuguesas são na maioria para a Europa, podendo o abrandamento nestas economias ter reflexos em Portugal" 
Ouvem ou lêem alguém nas redacções a comentar a previsão do governo de crescimento do PIB nos 2,2%, quando Bruxelas já fala em 1,7%?

Ouvem ou lêem alguém nas redacções a comentar a afirmação de Mourinho Felix:
"sublinhou, chamando a atenção para “uma alteração muito significativa: Portugal antes estava a crescer muito em linha com a área do euro e agora cresce acima da área do euro”, vincou."
Ouvem ou lêem alguém perguntar porque vamos, ou já fomos ultrapassados em PIB/capita pela Polónia?

Ouvem ou lêem alguém perguntar porque vamos a caminho da Sildávia?

 Talvez por isso, o canal de Camilo Lourenço tem cada vez mais espectadores em directo. 8 horas da manhã e tem sistematicamente mais de mil e cem pessoas em directo a ouvi-lo.

segunda-feira, outubro 03, 2022

A brutal realidade de uma foto

Imaginem uma empresa sujeita ao aumento dos custos. Os aumentos podem ser mais rápidos do que a capacidade de criar valor para os suportar. Por exemplo, no caderno de Economia do semanário Expresso da passada semana, no artigo, "Gerir quando quase tudo É "volátil" e "imprevisível"", encontramos este trecho:

"Já em 2022, quando o custo do aço inoxidável aumentou 300%, voltaram a pensar na Herdmar o mesmo mas, mais uma vez, "felizmente, não se verificou". Mas, desde junho, quando terminou o contrato de preço fixo de eletricidade que tinham, a fatura aumentou 500% face ao que pagavam no início do ano, mesmo com os sistemas de produção em autoconsumo que instalaram em 2021."

Agora olhem para a foto que ilustra o artigo, uma foto da Herdmar:


Espero que a foto seja uma montagem artística e não um apanhado do quotidiano da Herdmar. Imaginem os minutos humanos incorporados na manufactura daquela colher, segundo a foto. Quantas colheres são produzidas por aquele humano por mês? Quanto valor é gerado por essa quantidade mensal de colheres?  Quanto desse valor sobra, depois de pagar matérias primas e consumíveis, para pagar salários e o custo do futuro?

Agora reparem como é o pensamento do mainstream em Portugal (no mesmo artigo):
"Por isso é que o economista Leonardo Costa diz que a prioridade do Governo devia ser o aumento da produtividade, a retenção da mão de obra qualificada no país e a melhoria da gestão nas PME, onde "há chefias que têm menos qualificações que os seus trabalhadores", comenta."

Portanto, o aumento da produtividade que o país precisa será obtido à custa da melhoria da gestão nas PMEs existentes, e para isso será fundamental a actuação do governo... 

Pois, em A amostra errada mostro como essa ideia está errada. A única actuação que vejo para o governo é a de criar condições para que empresas de outro campeonato encontrem interesse em vir instalar-se na Sildávia do Ocidente. Não cabe aos governos guiar as empresas no aumento da produtividade, ou na melhoria da gestão, não cabe aos governos escolher vencedores. Deixem as empresas morrer!!! 

Tanta gente precisava de ter esta citação afixada no local de trabalho:

BTW, olhem para os governos que temos tido... acham mesmo que são um exemplo de gestão? TAP, EFACEC, BES, ...

quarta-feira, outubro 20, 2010

Rumo ao PEC IV

Os japoneses aprimoraram o conceito de linha de montagem ao limite da eficiência. Eu sei! Eu estive muitos dias junto a uma linha de montagem de cablagens da Yazaki em Arcozelo, nos tempos áureos do sector em Portugal.
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Quando se estuda o funcionamento de uma linha de montagem japonesa um pormenor que salta à vista é o ritmo, é o encadeamento das tarefas de cada um. 
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Linha de montagem é igual a eficiência! Linha de montagem é não perder tempo! Linha de montagem é planeamento central, é cada um fazer o que tem a ser feito e mais nada.
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No entanto, há algo que foge a esta lógica... o operário, um anónimo operário a operar nesta linha super-eficiente tem o poder... Oh céus!!!
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Tem o poder de parar a linha!!!
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Na linha super-eficiente, na linha que não pára, na linha em que está tudo estudado, o operário tem o poder de parar a linha!
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Quando?
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Quando há um problema que o apoquenta e que tem de ser resolvido, não remendado, mas resolvido!.
Por estes dias, quase toda a gente fala da necessidade, da importância, do relevo do...
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DO REMENDO! DO ESTANCAR!
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Poucos falam por ir à raiz do problema!
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Na típica PME que vive de crise em crise, em que cada semana há um novo problema a mobilizar toda a gente, a interromper a produção, a provocar custos em demasia... não se pensa na raiz do problema, atacam-se os sintomas com remendos. Por isso, faz-se qualquer coisa que apague o fogo no imediato.
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Acham que o "patrão", que o dono dessa PME é bronco?
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Então o que dizer desta senhora que durante os últimos anos, sempre que questionada num inquérito mensal no Expresso escrevia que "a casa está arrumada!"
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"Faça-se qualquer coisa, mas faça-se"
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Há um ditado americano que diz qualquer coisa como:
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Quando descobrires que estás num poço, a primeira coisa a fazer é...
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parar de cavar!
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Cara senhora lá nos encontraremos em Julho próximo a apreciar o PEC IV.
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BTW, enquanto a senhora dizia que estava tudo OK, por cá escrevia-se "Objectivo: Rumo à Sildávia!!!"

quarta-feira, julho 06, 2011

Uma Sildávia na América

O artigo "New Jersey Pencil Maker Cedes No. 2s to China Even on Tariffs" deixa-me uma sensação...
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" use a century- old process (Moi ici: A century-old process!!! Querem-me convencer que em cem anos não houve novas tecnologias a aparecerem? Muito mais eficientes? Por que é que uma comunidade há-de suportar empresas e empresários que não se renovaram?) to pound graphite and clay into a powder that is heated, wrapped in cedar wood, capped with an eraser and sent to customers around the world.
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“The yellow pencil basically became a Chinese commodity (Moi ici: E a culpa é dos chineses?)” ... “We’ve had to become a very boutique  (Moi ici: Mas não me parece que seja algo assumido e vivido. A Viarco, pelas vezes que ouvi o seu gestor de topo falar, dá ideia de alguém que assumiu esse nicho e desenvolve-o, não se limita a ficar num canto a lamber as feridas. Curte o lado bom do nichotype of business in order to survive. Anti-dumping helps the companies that are left get some relief from this onslaught.”  (Moi ici: Mas se não fazem nada para evoluir...)
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U.S. demand has been steady at about 3.6 billion pencils sold each year since the last review of the anti-dumping order in 2005, according to the letter. Chinese pencil imports have surged fivefold since 1996, and imports from all sources worldwide have more than tripled, according to trade commission and Commerce Department data.
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The growth in pencil imports from China shows that the anti-dumping order has been a failure,
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Yellow No. 2s produced by General Pencil have continued to decline under the anti-dumping orders, and the number of workers at its factory dropped about 30 percent by attrition since the early 1990s, Weissenborn said.
Weissenborn credits anti-dumping duties for helping to keep his family’s business going for a sixth generation. His granddaughter joined the company in sales and marketing two years ago after graduating from college, he said.
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“As long as there’s a niche, we’ll be in business,” Weissenborn said. “We’ve done this for 100 years and hopefully can do it for another 100 years.” (Moi ici: E a culpa é dos chineses?)
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segunda-feira, abril 24, 2017

A ascensão do artesão e da arte na produção

"Craft skills have been embraced by the fashion world in recent years as the boundaries between art and fashion blur. Today, artists collaborate on designer collections, while fashion brands sponsor art fairs. Increasingly, labels are exploring artisanal craft through clothes
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And designers are creating artisanal-minded homeware
...
 the old notion of faceless, mechanised luxury is dead. He believes fashion brands today must be borne out of craftsmanship skills that recognise the value of the human hand. “Craft is our bread and butter at Loewe,” says the 32-year-old designer."
Em alinhamento completo com o que escrevemos aqui há milhares de anos sobre Mongo (Estranhistão), sobre a importância da arte na democratização da produção contra o vómito industrial, sobre a ascensão do artesão. E a reforçar o que penso será o futuro da impressão 3D, não na casa de cada um mas no artesão dos ciber-bairros que frequentaremos.
"Sildávia!!!
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Não arrisquei escrever Albânia como símbolo de país pobre e atrasado, porque desconfio que nos hão-de ultrapassar enquanto tivermos estas políticas chavistas-de-gravata-à-europeia.
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Qual a alternativa?
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Ainda e sempre a ARTE!!!
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Mentes algemadas olham para a fotografia da realidade e desesperam... e enterram a cabeça entre as mãos e prolongam a espiral viciada que há-de levar ao fim "at some stage".
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Quem aposta na arte, faz como os artistas, em vez de ver nos obstáculos algo a derrubar, tenta tirar partido da situação, procurando uma pedra angular de onde possa começar a construir uma diferença.
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Se o pintor usa uma tela, usa pincéis, tintas e luz para criar a obra de arte, o que as empresas devem fazer é reunir o equivalente a esses materiais:"
E recordo este slide daqui (12:36):

Trechos retirados de "Why fashion is turning to craft"

Já depois de escrever o texto acima encontrei "The Crafting Organisation":
"What if we were to evolve craftsmanship as a true practice for all of us? What if we talked about the ‘Crafting Organisation’, a business operating from a position of deep self-belief, always in beta, curious and confident to face the future? The Crafting Organisation is elegant in everything it does. Seeing the potential of creating beautiful outcomes in the most unusual ways.
...
Is this not a more beautiful way to describe business which not only embraces our humanity, but celebrates it? Tim Smit founder of the Eden Project likes to say that beauty will be the most important word we use over the next 15 years. I would also argue that craft is not far behind."

sexta-feira, janeiro 29, 2016

Pricing man (parte IV) - jornais e chineses

Este título "“Guardian” corta 20% dos custos com despedimentos no horizonte":
"A previsão é a de que, em março deste ano, “The Guardian” registe perdas de receitas de entre 66 e 69 milhões de euros. A resposta a essa quebra acentuada foi anunciada pelo próprio jornal: um corte de 20% nos orçamentos dos próximos três anos, solução que dificilmente permitirá evitar mais despedimentos num grupo que, entre 2012 e 2014, reduziu o número de trabalhadores em 30% e os custos com salários em mais de 1,3 milhões de euros, segundo o “Financial Times”."
O Guardian, tal como todos os jornais em papel, está a tentar competir no preço com os chineses (a Internet). Qual a lição deste blogue há muitos e muitos anos?
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Competição com resultado já conhecido, no fim ganham os chineses.
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O que é que recomendo aos jornais?
"Os jornais são como Ferreira do Amaral, e muitos outros a quem chamo encalhados ou membros da tríade. Os jornais estão num combate com a Internet, a Internet está para os jornais como a concorrência chinesa está para as empresas que produzem bens transaccionáveis, ou da grande distribuição está para o comércio tradicional.
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Como é que os jornais combatem a Internet... reduzindo custos, tentando competir no mesmo campo que dá vantagem à Internet. Só que a Internet é imbatível, é gratuita... é como uma escola privada querer competir com uma escola do Estado pelo custo... é uma guerra perdida à partida."
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Para competir com a China, para ter sucesso com uma moeda como o marco, para os jornais competirem com a Internet, para o comércio tradicional competir com a grande distribuição e para as escolas privadas competirem com os chineses do Estado, só há um campeonato, o campeonato do valor! Tudo o resto é albanização que nos leva a ser a Sildávia do Ocidente."
 Lembrei-me de mais um trecho do recente livro de Hermann Simon  "Confessions of the Pricing Man: How Price Affects Everything":
"Crises change the supply and demand-situation in a market and therefore create an opportunity for companies to analyze and rethink their price propositions. One should not confine oneself to price decreases, but instead think more broadly and also consider the alternative. For example, the crisis period of 2008–2010 hit the restaurant industry particularly hard. After all, dining out is more expensive than eating at home. But the Panera Bread chain, which operated roughly 1,300 outlets in the USA at the time, reacted differently than its competitors as the crisis struck.
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Instead of cutting prices or offering promotions, Panera upgraded its menu and raised its prices. This included adding a lobster sandwich to the menu at $16.99. Panera- CEO Ron Shaich explained the changes as follows: “Most of the world seems to be focused on the Americans who are unemployed. We’re focused on the 90 % that are still employed.” Bucking the industry trends, Panera’s revenue rose by 4 % in 2009 and profit by 28 %. Apparently the people in Panera’s target segment were willing to pay higher prices for higher value."
Não basta subir o preço, é preciso reformular a oferta para proporcionar mais valor em potencial. 

quarta-feira, abril 04, 2012

Enfim, é o jornalismo que temos...

"Tudo a piorar na economia portuguesa após um ano de troika menos as exportações"
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Outro título que encerra em si todo um paradigma, toda uma visão do mundo.
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Imaginem uma pessoa com uma infecção. A infecção está lá e está a propagar-se. Contudo, a pessoa toma, todos os dias, umas aspirinas que impedem que o mal-estar se manifeste.
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Assim, alegremente, vai gangrenando, vai apodrecendo ... mas está tudo bem, não há sintomas!!!
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Agora imaginem que um médico resolve intervir e afastar o tratamento sintomático (por exemplo, os so-called investimentos do Estado, que quase sempre não têm nada de investimento, são simplesmente o despejar de dinheiro para cima dos problemas e, assim, mascarar os sintomas, aspirinas), para atacar as causas-raiz do problema...
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Sem as aspirinas, os sintomas deixam de estar mascarados e vêm ao de cima em todo o seu esplendor...
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Ponto de vista do autor do título, agora estamos pior... quando íamos como lemingues a caminho do precipício, hipnotizados pelo deboche do endividamento orgíaco do Estado, é que estávamos bem... agora estamos pior. Agora que estamos a combater a infecção, agora que estamos a cortar as partes gangrenadas, agora que estamos a tentar salvar um futuro que não passe pela Sildávia do Ocidente... é que está tudo pior...
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Enfim, é o jornalismo que temos...
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Bom, bom, bom era quando o Estado financiava a compra de carros made in Alemanha, ou França, ou Itália... sim, esses é que eram tempos...

terça-feira, março 23, 2021

Subir na escala de valor e calçar os sapatos do outro (parte II)

Parte I.

A empresa A do exemplo anterior, apesar de preguiçosa, apesar de ter um desempenho de zombie vai sobrevivendo à custa de artimanhas legais e desinteresse dos outros concorrentes em servir os seus clientes.

Entretanto, a China entra em jogo e começam a aparecer os produtos superbaratos com os quais as empresas A não podem competir:
E assim, em t4 as empresas tipo A morrem às mãos da concorrência amarela (chinesa).
Em t5, as empresas A já não existem, e agora a perseguição é às empresas C.

A velocidade de subida na escala de valor das empresas chinesas, e a constante entrada em campo de players com custos baixos (Turquia et al) dizima empresas em Portugal a uma velocidade superior aquela a que as empresas, ou os sectores se podem regenerar naturalmente.

A incapacidade de calçar os sapatos do outro impede ver que o que chineses e turcos nos fazem, é o que nós fizemos aos alemães e franceses que trabalhavam nas indústrias tradicionais, quando o país aderiu à EFTA. Por isso, falam em dumping social, ou em batota, ou associam o sucesso a negócios como o contrabando de droga.

Também existem os Peter Pan. Os Peter Pan são as empresas que operam em mercados em que os chineses ainda não entraram, mas que também sentem a concorrência de quem oferece o mesmo produto ou serviço por um preço extremamente mais baixo. Os Peter Pan não conhecem, ou não ouviram falar do modelo de Kano:
Sentem-se injustiçados, então até dão boas condições aos seus trabalhadores e aparecem uns maus que praticam preços de arrasar a estragar tudo.

Como o ginásio de topo com que trabalhei em 2011 e que se zangava com os velhos clientes que o trocavam por opções mais baratas em pleno descalabro do mercado interno. Não, não são os clientes os maus, os maus são os que não evoluem e não arranjam mais truques, mais novidades para continuar a seduzir os clientes.

E assim chegamos aos truques, e ao truque alemão. A necessidade imperiosa de estar sempre a trabalhar para subir na escala de valor, para aumentar o peso do numerador na equação da produtividade. A velocidade a que a empresa portuguesa-tipo faz isto é muito baixa. Maliranta e Nassim Taleb explicam (ver parte I).

E aqui entra o exemplo irlandês. O exemplo irlandês não tem a ver com os empresários irlandeses, tem a ver com o capital estrangeiro injectado como investimento directo:

Recordar Irlanda e João Duque:

Em 1990 a trabalhar com uma empresa japonesa levei-os a visitar uma fábrica de grades de cerveja na Figueira da Foz. Apesar da desarrumação, da sujidade, das máquinas da empresa, o japonês gostou da empresa, confidenciou-me que a super-ocupação do espaço com máquinas o faziam lembrar as fábricas japonesas (BTW, outro japonês com que trabalhei, chegava a uma empresa e via-a super arrumada e com muito espaço e não conseguia compreender o desperdício de dinheiro, o valor do m2 no Japão era exorbitante, ficava logo de pé atrás). Imaginem, uma fábrica de grades de cerveja arrastada por uma empresa estrangeira para uma subida na escala de valor... qual o valor líquido co-criado por grama de polímero, ou por minuto de injecção, a fabricar grades de cerveja ou componentes para automóveis. Hoje, essa empresa é um player no negócio de componentes para automóveis.

A rapidez e a dimensão da subida na escala de valor requer este know-how estrangeiro como semente para puxar pelas empresas portuguesas. A seguir ao 25 de Abril o que interessava era produzir, mas num mundo com excesso de produção quem manda é quem compra (B2B). E quem compra tem de dominar as cadeias de fornecimento, tem de mandar nas prateleiras. Um país sem marcas não pode ter essa veleidade, mas pode trabalhar e subir na escala de valor ao servir essas empresas.