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quarta-feira, abril 03, 2024

Para a imprensa que ...

Li na semana passada "How the Atlantic Went From Broke to Profitable in Three Years" de onde retirei:

"When Nick Thompson joined the Atlantic as chief executive three years ago, the magazine had a $20 million deficit and months earlier had laid off 17% of its newsroom.

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Today, the 167-year-old publication is profitable and its newsroom is growing--a successful turnaround that offers a glimmer of hope for the rest of the industry, which has laid off reams of journalists since the start of the year."

Ao longo dos anos, aqui no blogue, tenho reflectido um pouco sobre o tema: 

Há dias li Seth Godin em, The drift to normal, onde sublinho o muitas vezes esquecido:

"“It might not be for you,” always accompanies, “this is special.”"

A história de sucesso da The Atlantic, com base no artigo do The Wall Street Journal, fornece informações valiosas para as empresas de comunicação social que pretendem prosperar no século XXI. As principais estratégias seguidas pela The Atlantic podem ser resumidas da seguinte forma:

  • Modelo de preço e subscrição - Um aspecto crucial da estratégia do The Atlantic foi a reavaliação de seu modelo de assinaturas. A publicação aumentou os preços das assinaturas em mais de 50% e restringiu o acesso gratuito ao conteúdo, mudando para um modelo em que dois terços da sua receita provinham das assinaturas. Bem alinhado com "Raise Prices If You Can Offer a Better Value Proposition" do texto do blogue acima de 2013, e com a assimetria dos gráficos de iso-lucro (com a subida de preços e a perda de clientes) de Pregarás o Evangelho do Valor
  • Foco editorial e jornalismo de qualidade - The Atlantic afastou-se da cobertura noticiosa do dia-a-dia e concentrou-se em histórias profundamente reportadas que atraíam um público amplo em todo o país e no espectro político. Esta mudança para um jornalismo de alta qualidade foi ainda mais enfatizada através do recrutamento de jornalistas de primeira linha e da concentração em histórias que poderiam ganhar prémios, como os Prémios Pulitzer. Não basta aumentar preços e não dar nada em contrapartida. Fugiram da espuma dos dias e focaram-se em temas mais profundos.
  • Pontos de vista diversos - A revista enfatizou o dar voz a uma série de perspectivas culturais e políticas, apelando assim a um público mais amplo. Essa estratégia envolveu a publicação de peças que talvez não se alinhassem com a postura editorial da revista, mas que aumentassem a diversidade de pontos de vista. 
  • Repensaram a receita publicitária: A revista mudou de estratégia publicitária, deixando de depender da publicidade que depende do tráfego de mecanismos de busca e media sociais. Em vez disso, concentraram-se em relacionamentos directos com as marcas e no negócio de eventos.

Para a imprensa que vive de estagiários, da Lusa, das promoções, e dos alinhamentos partidários ou anti-partidários, reflectir.

sexta-feira, janeiro 29, 2016

Pricing man (parte IV) - jornais e chineses

Este título "“Guardian” corta 20% dos custos com despedimentos no horizonte":
"A previsão é a de que, em março deste ano, “The Guardian” registe perdas de receitas de entre 66 e 69 milhões de euros. A resposta a essa quebra acentuada foi anunciada pelo próprio jornal: um corte de 20% nos orçamentos dos próximos três anos, solução que dificilmente permitirá evitar mais despedimentos num grupo que, entre 2012 e 2014, reduziu o número de trabalhadores em 30% e os custos com salários em mais de 1,3 milhões de euros, segundo o “Financial Times”."
O Guardian, tal como todos os jornais em papel, está a tentar competir no preço com os chineses (a Internet). Qual a lição deste blogue há muitos e muitos anos?
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Competição com resultado já conhecido, no fim ganham os chineses.
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O que é que recomendo aos jornais?
"Os jornais são como Ferreira do Amaral, e muitos outros a quem chamo encalhados ou membros da tríade. Os jornais estão num combate com a Internet, a Internet está para os jornais como a concorrência chinesa está para as empresas que produzem bens transaccionáveis, ou da grande distribuição está para o comércio tradicional.
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Como é que os jornais combatem a Internet... reduzindo custos, tentando competir no mesmo campo que dá vantagem à Internet. Só que a Internet é imbatível, é gratuita... é como uma escola privada querer competir com uma escola do Estado pelo custo... é uma guerra perdida à partida."
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Para competir com a China, para ter sucesso com uma moeda como o marco, para os jornais competirem com a Internet, para o comércio tradicional competir com a grande distribuição e para as escolas privadas competirem com os chineses do Estado, só há um campeonato, o campeonato do valor! Tudo o resto é albanização que nos leva a ser a Sildávia do Ocidente."
 Lembrei-me de mais um trecho do recente livro de Hermann Simon  "Confessions of the Pricing Man: How Price Affects Everything":
"Crises change the supply and demand-situation in a market and therefore create an opportunity for companies to analyze and rethink their price propositions. One should not confine oneself to price decreases, but instead think more broadly and also consider the alternative. For example, the crisis period of 2008–2010 hit the restaurant industry particularly hard. After all, dining out is more expensive than eating at home. But the Panera Bread chain, which operated roughly 1,300 outlets in the USA at the time, reacted differently than its competitors as the crisis struck.
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Instead of cutting prices or offering promotions, Panera upgraded its menu and raised its prices. This included adding a lobster sandwich to the menu at $16.99. Panera- CEO Ron Shaich explained the changes as follows: “Most of the world seems to be focused on the Americans who are unemployed. We’re focused on the 90 % that are still employed.” Bucking the industry trends, Panera’s revenue rose by 4 % in 2009 and profit by 28 %. Apparently the people in Panera’s target segment were willing to pay higher prices for higher value."
Não basta subir o preço, é preciso reformular a oferta para proporcionar mais valor em potencial. 

quinta-feira, dezembro 31, 2015

A salvação tem de começar por dentro

A propósito deste texto "Para não acabar de vez com os jornais (e a democracia)", vejamos como um consultor anónimo da província abordaria o desafio:

  • vendas em baixa;
  • leitores em baixa;
  • custos demasiado elevados.
Lançaria questões:
  • Fará sentido um produto em papel? Ver "Montreal-based La Presse ends 131 years of daily printed news"
  • Qual será o ecossistema da procura? Quem serão os clientes-alvo desse produto? Quem estará disposto a pagar por informação? Que valor terá o acesso a cada tipo de leitor que paga por informação, para outros agentes? Qual a viabilidade de um produto gratuito pago pelo acesso aos leitores? Pago vs grátis implica diferenças de conteúdo, diferenças de leitores-alvo, diferenças de valor por leitor, diferentes vias de monetização.
  • Haverá lugar para publicações salami slicers?
A maior preocupação que o texto citado no início me deixa é:
"Isto não deve ser confundido com a fantasia dos “cidadãos-jornalistas”. Há cidadãos e há jornalistas, os jornalistas serão cidadãos, mas o contrário não é verdadeiro. Os cidadãos só são jornalistas se o forem. Os leitores não devem substituir os jornalistas, que para o bem de todos, e como acontece com bombeiros ou médicos, devem ser preparados para o que fazem e honrar um código de conduta." 
E voltando à citação dos salami slicers:
"Get brutally self-aware of your business. To do that, seek feedback from current, previous and potential members and analyse usage, financial, competitive and business data to understand the strengths, weaknesses and opportunities for your business."
Conheço tanta gente que deixou de comprar o Público não por causa do dinheiro mas por causa do conteúdo. E não encontro no texto uma referência a uma única auto-crítica relativamente a esse ponto. Um pouco de locus de controlo no interior mudaria a perspectiva, a salvação não tem de vir de fora, a salvação tem de começar por dentro.

quinta-feira, agosto 21, 2014

Let's talk about me for a minute *

Primeiro, ler "Last call".
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"Na base da decisão da rescindir com Marcelino terá estado não apenas a constatação de que não conseguiu inverter a sucessiva quebra de vendas do título"
Depois, recordar a decisão da P&G de cortar em cerca de 80 a 100 marcas do seu portefolio em "Porque não somos plankton..." e sublinhar aquele:
"Lesson #1: Do not play a strictly dominated strategy"
Por fim, ler e reler com calma e pragmatismo, muito pragmatismo "How to Succeed at Endings"
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BTW, será que ainda faz sentido pensar assim:
"o JN assumirá um cariz mais popular, mas não tablóide; o DN terá uma linha mais próxima da informação de referência."
Qual é o ecossistema da procura para um jornal na segunda década do século XXI?
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BTW2, eu comprava ocasionalmente o DN até 2007 (?), desisti quando começaram a ocupar a capa com título e fotos sobre a vida matrimonial de Berlusconi.

Let's talk about me for a minute.

terça-feira, abril 01, 2014

"your business model is your destiny"

Já aqui salientei o facto de ser relativamente comum apanhar a mesma notícia, made in Lusa, sem qualquer alteração em três ou quatro jornais em simultâneo. Por isso, sorrio perante:
"Let me be more blunt than I was in the original article: life is not “more difficult” for traditional newspapers; it’s unsustainable. They don’t have the best content, it’s not personalized, and they really don’t know anything about most of their readers.
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“But [Insert Newspaper Name Here] has great journalists! They’ve won Pulitzer Prizes! And our democracy needs newspapers!” Unfortunately, advertisers don’t, and newspapers are paying the price for having long ago divorced the cost of their content from the value readers place upon it. To put it another way, it’s not that “the Internet has unbundled advertising from content creation,” it’s that advertisers (rightly) don’t give a damn about journalistic ideals. It is incredibly tiring to hear newspaper defenders talk as if advertising dollars are their god-given right, and that Google and Facebook are somehow stealing from them, when in reality Google and Facebook are winning in the fairest way possible: providing better value for the advertiser’s dollar."
E acerca da necessidade de repensar o modelo de negócio, como ainda ontem conversava ao almoço com alguém:
"The reason why I find business models so fascinating is because your business model is your destiny; newspapers made their bed with advertisers, and when advertisers left for a better product, the newspaper was doomed. To change destiny, journalists need to fundamentally rethink their business" 
Trechos retirados de "NEWSPAPERS ARE DEAD; LONG LIVE JOURNALISM"

quinta-feira, dezembro 26, 2013

Um retrato da economia portuguesa segundo o Jornal de Notícias

Há bocado visitei a secção de Economia do Jornal de Notícias e apanhei este panorama:
Portanto, para o Jornal de Notícias, este é o retrato da Economia de Portugal nos tempos que correm... greves, orgia despesista e impostagem.
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Hão-de ter uma sorte... essa redacção deve banhar-se em cortisol.

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

"Os novos silos vão resolver o problema"

Lê-se isto "Subcompact Publishing" e, depois, apanha-se com esta superficialidade "Balsemão: "Este assalto tem de parar""e "Balsemão: Valor do acordo entre o Google e os media franceses é “irrisório”".
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Faz-me recuar aos anos 90(?) e ao discurso dos presidentes de clube de futebol que tinham, que sabiam a solução de todos os problemas: terem um bingo!
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Nas empresas também encontro este discurso, recordo um "Os novos silos vão resolver o problema".
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As empresas têm um problema que resulta da forma como trabalham. Então, em vez de repensarem como trabalham, arranjam um salvador. Um novo equipamento, que vai resolver os velhos problemas como que por magia.

terça-feira, janeiro 29, 2013

Jornais e abóboras (parte III)

Parte I e parte II.
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O modelo de negócio dos jornais dependia de duas fontes de receita:
Não por causa da crise económica mas por causa da evolução do mundo, a receita publicitária caiu a pique.
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Porque a receita publicitária caiu, os jornais cortaram nos custos e ficaram menos valiosos para os leitores. A par disso, com o acesso à informação na internet, a circulação paga caiu a pique.
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O que fizeram os jornais? Reforçaram a aposta no corte dos custos e na comoditização do negócio.
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Hermann Simon em "Manage for profit not for market share" dá este conselho às empresas que se descobrem num mercado em declínio (menos clientes, menos receita):
"Raise Prices to Preserve Profits in a Declining MarketThink of one of your products or services that faces increasing competition. Quick question: are the prices for that product or service too high? Most managers would answer yes, particularly for products in a declining market.
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Regardless of circumstances, your product or service has peaked. You now face what is most likely the last critical crossroads in that product’s life cycle. How should you cope with this decline? Would lower prices revitalize the business by fighting the competition and keeping your volume at a high level? Gut feeling and conventional wisdom would recommend price cuts.
We suggest an alternative when you have a product that seems doomed to slow growth, decline, or even obsolescence: keep prices steady or even raise them, rather than cutting them in an effort to maintain or increase volume. Steady or higher prices will allow you to harvest the greatest possible amount of profit from that business."
Os volumes de outrora podem estar perdidos para sempre mas...
"Volume is vanity, profit is sanity" 
Entretanto, hoje, no Twitter, descubro esta citação de Clayton Christensen via @timoreilly:
"When something is commoditized, an adjacent thing becomes valuable"
Voltando a Hermann Simon:
"Raise Prices If You Can Offer a Better Value Proposition"

A opção C da figura foi a seguida pelo Die Zeit, segundo o relato do Luís Tinoco na parte II desta série.
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A opção A parece que apenas acelera o declínio neste caso.

sábado, janeiro 26, 2013

Os jornais e as abóboras (parte II)

A propósito de "Os jornais e as abóboras" o comentador Luís Tinoco deu esta interessante achega:
"Um dos poucos jornais que conheço que tem visto as suas vendas a crescer é o alemão "die zeit"(os números variam dentro dos anos mas uma aproximação de tiragens de 488.000 em 2011, 506.000 em 2012,653.000 no presente) , isto é um claro resultado de uma estratégia diferenciadora:
"nós somos um jornal denso, difícil de ler que exige dos nossos leitores, mas que lhes dá informação profunda e de qualidade""
Hoje, ao ler este texto de Seth Godin "Slow media" deu logo para fazer a ligação:
"Slow media is patient. It's not on a deadline. It isn't measured in column inches. It can be calm instead of sensational, deep instead of superficial.
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In the age of "Breaking news, Emmy nominations announced!" and 140 characters, it's sort of surprising to realize that we are also living in the golden age of slow media.
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When there's unlimited shelf space allowing unlimited podcasts, which can be of unlimited length, the goal isn't to get the show on the air faster or to make it noisier. Instead, the goal, like the goal of a good book, is to say something worth saying, and to do it in a way that's worth waiting for.
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Today, the challenge is, as Krista has shown, to be insightful enough and patient enough to use the (unlimited) time to create slow media that people actually want to listen to. Not all people, of course, but enough. Not media for the masses, but media for the weird, for people who care. It might not be obvious media, or easy to understand media, or easily digested media, but that's okay, because slow media is not mass media. Slow media is not for the distracted masses, it's for the focused few."

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Os jornais e as abóboras

Há tempos li:
"O presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Carlos Magno, alertou hoje para o risco de Portugal deixar de ter jornais tradicionais, ou seja, em papel, dentro de alguns meses.
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"Há problemas sérios no sector gráfico em Portugal", apontou Carlos Magno, acrescentando que estas questões também estão ligadas à utilização de conteúdos jornalísticos na Internet sem remuneração, o que coloca em causa o futuro da indústria do jornalismo, "que é preciso salvaguardar". 
 IMHO uma das causas é também esta, que recolhi há bocado, com um filtro no meu TweetDeck:
A comoditização dos jornais também passa por isto.
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Em vez de apostarem na diferenciação, em vez de valorizarem o produto - o jornal - em vez de recompensarem os fieis indefectíveis com mais qualidade, mais profundidade, mais especialização. Em vez de subirem o preço e compensarem a perda de leitores (Marn e Dolan mostram o impacte da subida do preço no lucro, apesar da perda de volume).
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O que tivemos foi um esvaziar das redacções, foi um recurso desmesurado a estagiários e a fábricas de notícias que fornecem todos com o mesmo material.
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Assim, se todos recebem o mesmo material... ficam cada vez mais iguais no conteúdo, só variando o grafismo, como a grelha dos automóveis.
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Quando é tudo igual... ficamos com um campo de abóboras.
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Trecho inicial retirado de "ERC alerta que há risco de jornais em papel desaparecerem em Portugal"

sexta-feira, setembro 07, 2012

Estratégia e jornais

Imaginem a cena:
Uma empresa descobre-se numa situação nada invejável, parte significativa dos seus clientes migrou para novas ofertas, de não-concorrentes, com modelos de negócio mais adequados à nova realidade tecnológica e assentes no fremium ou derivados dele.
O que deve fazer?

  1. Reduzir custos, baixar preços e tentar reconquistar os clientes perdidos?
  2. Reduzir custos, aguentar preços e tentar aguentar o "barco" num novo normal?
  3. Repensar clientes-alvo, subir preços e evoluir para uma nova oferta (premium)?
A cena podia-se passar no calçado, no têxtil, no mobiliário, na cerâmica, na metalomecânica, ... (os não-concorrentes, seriam empresas asiáticas surgidas do nada e com ofertas a preços de arrasar). Se fosse esse o caso, sabiam qual das opções é que este blogue, por defeito, recomendaria (a 3 claro).
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E se a cena se passar com os jornais?
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Um interessante artigo ajuda a pensar no assunto:
"Consumers, especially the younger generation, have abandoned print media, preferring free or low-cost online competitors like blogs or aggregators.
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In light of this move away from print, does it make sense for newspapers cut prices to attempt to replace these circulation losses and be and be more more competitive? (Moi ici: Esta é a opção 1. O corte nos custos e o abaixamento dos preços não vão fazer nada de bom às finanças da empresa  porque os clientes perdidos, o volume, não vão voltar. É a espiral que enche os jornais de estagiários, que acaba com a investigação, que tresanda de opinião, que reduz a credibilidade e torna os jornais todos iguais, porque vão buscar os temas às mesmas fontes e sempre atrasados em relação à internet e pouco ou nada diferentes em superficialidade)
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The answer is a resounding no. Instead, newspapers should adopt is a a premium business model and consider dramatically raising cover prices."
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"First, when a market starts to decline, the least loyal and most price sensitive customers are the first to leave. Who remains is a customer base that either highly values the product or does not want to switch to something else.
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Second, raising prices discourages price wars. ... These typically leave volumes flat due to declining demand, and simply erode the profitability of remaining business while rarely if ever bringing the hoped-for higher volumes in a sustainable way." (Moi ici: Vê-se logo que são alemães e que conhecem o Evangelho do Valor, pudera Hermann Simon é um dos fundadores da empresa)
BTW, no âmbito da opção 3 é fundamental seleccionar os clientes-alvo. Muitas vezes interrogo-me se jornais como o DE ou o JdN percebem quem são os seus clientes-alvo. Por exemplo, artigos escritos na óptica do cidadão-comum e não para os investidores.

Trechos retirados de "Calling all newspapers: A premium model is your best hope"

quarta-feira, março 23, 2011

À atenção do Público

Recomendo vivamente que o jornal Público leia esta reflexão "5 Reasons Why The New York Times Paywall Will Fail (And Why It’s Really Dumb)" sobretudo o ponto 5 e aquela frase "Marketers are willing to pay more for consumers than consumers are willing to pay for content.

What’s interesting is that they are blinded to that simple reality because they themselves value readers more highly than they value advertisers. That’s what makes The NY Times a great product and, in that sense, they should be commended. Nevertheless, interesting stupidity is still stupidity."
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Conselho para o Público na Internet... aprendam com o Metro ou com o Destake...

sábado, março 05, 2011

Especulação em torno dos jornais

A propósito deste artigo "Os jornais estão em experiências à procura do futuro" e, só com base no que vou acompanhando na internet e, nas experiências que tenho quando compro um jornal, avanço com uma especulação.
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Alex Osterwalder criou o business model canvas para ajudar a sistematizar e a relacionar as peças que compõem um modelo de negócio:
Da direita para a esquerda, com uma excepção:

  • CS - Segmento de clientes - Quem são os clientes-alvo?
  • VP - Proposta de valor - O que vamos oferecer aos clientes-alvo?
  • CR - Relacionamento com os clientes-alvo - Como vamos criar, desenvolver, alimentar uma relação privilegiada com os clientes-alvo? Onde é que os clientes-alvo procuram informação para decidir?
  • CH - Canais de distribuição - Como vamos levar o nosso produto/serviço até aos clientes-alvo? Como é que eles vão ter acesso às prateleiras onde estamos expostos? Em que prateleiras temos de estar expostos? 
  • RS - De onde vem o dinheiro? Quem paga e como?
  • KA - As actividades críticas - Quais são as actividades críticas que têm de ser realizadas de forma superior, para produzir as experiências prometidas na proposta de valor?
  • KR - Os recursos críticos - Quais são os recursos críticos onde se tem de investir para que as actividades críticas sejam executadas de forma superior no dia-a-dia? (Pode ser gente competente e motivada em funções críticas, podem ser equipamentos, instalações, sistemas de informação e cultura da empresa)
  • KP - Parceiros-chave - Quem pode influenciar positivamente os clientes-alvo? Quem pode ajudar o nosso negócio com acesso privilegiado a informação, a fazedores de opinião, a donos de prateleira, ...?
  • CS - Estrutura de custos
Muitas vezes, julgo que quase sempre, quando leio acerca do modelo de negócio dos jornais do futuro só vejo serem abordadas algumas peças do canvas, nomeadamente:
  • RS - de onde virá o dinheiro, quem vai pagar e como
  • CH - onde e como é que o jornal vai ser adquirido e consumido
  • KR - quase sempre para protestar contra a falta de experiência e a precariedade das redacções.
Posso estar a ser injusto, porque especulo só com base na experiência do que vou apanhando na internet, mas arrisco afirmar que poucas vejo vejo discutidas as duas peças basilares em qualquer modelo de negócio:
  • CS - para quem criam um jornal? Quem é que o vai ler?
  • VP - por que é que o vai ler? O que é que os clientes-alvo procuram no jornal do futuro? Que experiências os leitores de jornais do futuro procuram e valorizam o suficiente para pagar por ele?
Posso estar a ser injusto, porque especulo só com base na experiência do que vou apanhando na internet, mas arrisco afirmar que as empresas que controlam os jornais se perderam na doença-Sporting. Concentram-se mais na redução dos custos do que na criação de valor.
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Querem competir com a informação gratuita que aparece na internet e, esquecem a máxima de Sun-Tzu "Não combater no terreno que dá vantagem ao inimigo!!!!!!!"
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Como seguem a estratégia de competir pelo custo e não pela criação de valor, apanham a doença do Sporting... é triste e revelador, no TweetDeck, apanhar um comboio de tweets de vários jornais todos com o mesmo título. Assim, se passam a mensagem de que são todos iguais, para quê comprar? O preço torna-se o único factor distintivo... se é tudo igual, quanto mais baixo melhor e se for gratuito ainda melhor.
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BTW, posso afirmar que antes das duas escolhas basilares para um modelo de negócio (Quem são os clientes-alvo? Qual é a proposta de valor a oferecer-lhes?) há um mandamento prévio a respeitar:

Não competirás no terreno onde não podes ter uma vantagem competitiva!