Mostrar mensagens com a etiqueta irlanda. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta irlanda. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, outubro 20, 2021

terça-feira, março 23, 2021

Subir na escala de valor e calçar os sapatos do outro (parte II)

Parte I.

A empresa A do exemplo anterior, apesar de preguiçosa, apesar de ter um desempenho de zombie vai sobrevivendo à custa de artimanhas legais e desinteresse dos outros concorrentes em servir os seus clientes.

Entretanto, a China entra em jogo e começam a aparecer os produtos superbaratos com os quais as empresas A não podem competir:
E assim, em t4 as empresas tipo A morrem às mãos da concorrência amarela (chinesa).
Em t5, as empresas A já não existem, e agora a perseguição é às empresas C.

A velocidade de subida na escala de valor das empresas chinesas, e a constante entrada em campo de players com custos baixos (Turquia et al) dizima empresas em Portugal a uma velocidade superior aquela a que as empresas, ou os sectores se podem regenerar naturalmente.

A incapacidade de calçar os sapatos do outro impede ver que o que chineses e turcos nos fazem, é o que nós fizemos aos alemães e franceses que trabalhavam nas indústrias tradicionais, quando o país aderiu à EFTA. Por isso, falam em dumping social, ou em batota, ou associam o sucesso a negócios como o contrabando de droga.

Também existem os Peter Pan. Os Peter Pan são as empresas que operam em mercados em que os chineses ainda não entraram, mas que também sentem a concorrência de quem oferece o mesmo produto ou serviço por um preço extremamente mais baixo. Os Peter Pan não conhecem, ou não ouviram falar do modelo de Kano:
Sentem-se injustiçados, então até dão boas condições aos seus trabalhadores e aparecem uns maus que praticam preços de arrasar a estragar tudo.

Como o ginásio de topo com que trabalhei em 2011 e que se zangava com os velhos clientes que o trocavam por opções mais baratas em pleno descalabro do mercado interno. Não, não são os clientes os maus, os maus são os que não evoluem e não arranjam mais truques, mais novidades para continuar a seduzir os clientes.

E assim chegamos aos truques, e ao truque alemão. A necessidade imperiosa de estar sempre a trabalhar para subir na escala de valor, para aumentar o peso do numerador na equação da produtividade. A velocidade a que a empresa portuguesa-tipo faz isto é muito baixa. Maliranta e Nassim Taleb explicam (ver parte I).

E aqui entra o exemplo irlandês. O exemplo irlandês não tem a ver com os empresários irlandeses, tem a ver com o capital estrangeiro injectado como investimento directo:

Recordar Irlanda e João Duque:

Em 1990 a trabalhar com uma empresa japonesa levei-os a visitar uma fábrica de grades de cerveja na Figueira da Foz. Apesar da desarrumação, da sujidade, das máquinas da empresa, o japonês gostou da empresa, confidenciou-me que a super-ocupação do espaço com máquinas o faziam lembrar as fábricas japonesas (BTW, outro japonês com que trabalhei, chegava a uma empresa e via-a super arrumada e com muito espaço e não conseguia compreender o desperdício de dinheiro, o valor do m2 no Japão era exorbitante, ficava logo de pé atrás). Imaginem, uma fábrica de grades de cerveja arrastada por uma empresa estrangeira para uma subida na escala de valor... qual o valor líquido co-criado por grama de polímero, ou por minuto de injecção, a fabricar grades de cerveja ou componentes para automóveis. Hoje, essa empresa é um player no negócio de componentes para automóveis.

A rapidez e a dimensão da subida na escala de valor requer este know-how estrangeiro como semente para puxar pelas empresas portuguesas. A seguir ao 25 de Abril o que interessava era produzir, mas num mundo com excesso de produção quem manda é quem compra (B2B). E quem compra tem de dominar as cadeias de fornecimento, tem de mandar nas prateleiras. Um país sem marcas não pode ter essa veleidade, mas pode trabalhar e subir na escala de valor ao servir essas empresas.










domingo, novembro 28, 2010

Irlanda, Portugal e a esquizofrenia

Caro John,
.
Já por várias vezes escrevi aqui neste blogue que daqui a uns anos, exaustos, falidos, destroçados, sozinhos e velhos asilados (ver isto e isto) vamos, como comunidade, descobrir que a solução sempre esteve ao nosso alcance... acreditar nos anónimos, acreditar na capacidade empreendedora dos médios e dos pequenos sem PINs. Por isso são risíveis estas manifestações "Sócrates reúne 3.ª feira com maiores empresas exportadoras".
.
A solução sempre foi o choque fiscal que Durão Barroso nos prometeu e, que depois não teve coragem e ousadia para executar.
.
Quem lê este blogue já deve ter encontrado vários episódios diários em que reflicto sobre a esquizofrenia em que vivo: de dia, no contacto com as empresas, trabalho, muito trabalho, sonhos, expectativas, em suma: bosta, muita bosta. De noite, nas rádios e nas TVs o calvário real do défice, da redução de salários, da execução orçamental, do OE2011, dos irresponsáveis situacionistas que nos (des)governam e dos que os querem substituir, para realizar a mesma política.
.
Este postal nasce motivado por um comentário sobre a competitividade da Irlanda. Agora, comparemos com a minha esquizofrenia:
.
"There are two economies (Moi ici: Esquizofrenia também na Irlanda...) in Ireland: the private sector, which is still doing extraordinarily well — industrial output up 12 per cent in the past year, with Irish exports per capita nearly matching those of Germany. (Moi ici: Quase que já posso dizer, John, I rest my case) And then there is the tragedy of the public sector, an economic Chernobyl, endlessly spewing out toxic clouds of debt, (Moi ici: No news, same Chernobyl here) and its adoptive cousin, the banking sector, which two years ago under the bank rescue scheme (obligatory under EU law) effectively became an arm of government." (Interessante ler o artigo todo para perceber como funciona a administração pública irlandesa... same as here, same as everywhere).
.
Um dia... IRC a 12,5%... talvez nesse dia já seja tarde demais, já não haja gente com genica, só cá estarão os asilados. Agora é que podíamos e devíamos aproveitar a garra desta gente.
.
Comparação entre Portugal (10,7 milhões de habitantes) e Irlanda (4,6 milhões de habitantes). Atenção que as ordenadas estão em escalas diferentes.
O que quinou na Irlanda foi um ecossistema que vivia à custa... dos bens não transaccionáveis. Essa encomenda... nem está assinada.
.
Mas John, para terminar um ponto importante, Deming dizia que o alicerce, a pedra angular para o sucesso é "Constância de propósito" para isso é preciso saber quais os nossos pontos fortes, quais as oportunidades, qual a estratégia. A Irlanda está a defender com unhas e dentes o seu IRC a 12,5%. Por cá temos esta volúvel leviandade que não se recomenda

quinta-feira, novembro 05, 2009

Acordar as moscas que estão a dormir (parte XXXIX)

Por cá, como não houve maioria absoluta, a campanha eleitoral continua.
.
Por isso, nem depois de 27 de Setembro as moscas acordaram...
.
No parlamento, o deboche continua, mais dinheiro para isto, mais dinheiro para aquilo.
.
Atentemos no exemplo do canário irlandês:
.
"Ireland must cut the numbers employed in the public sector to bring its budget deficit under control, according to the Organisation for Economic Co-operation and Development.

The comments in its annual report on Ireland come as Brian Cowen’s centre-right government seeks the agreement of trade unions to wide spending cuts before next month’s critical budget."
...
"The OECD also called for social welfare benefits to be cut to reflect falling wages and prices. Speaking in Dublin, Angel Gurría, the secretary-general, said it was “not a question of reducing the benefits to the workers but how you make sure that you do not create a disincentive for work, and for creating new jobs”."Por cá os pimps continuam a reinar!!! Vai mesmo ter de ser a realidade a pôr-nos um freio.
.
Depois, gritem pelos direitos adquiridos.
.
Lemingues!
.
Retirado de "OECD calls on Ireland to curb deficit"

terça-feira, setembro 01, 2009

Nas costas dos outros vêmos as nossas e Acordar as moscas que estão a dormir

Há dois anos Zapatero, para ganhar eleições, prometeu mundos e fundos.
.
Uma vez ganhas as eleições "Spain eyes tax rise to plug deficit":
.
"However, in addition to increasing capital gains tax – currently at 18 per cent – Mr Zapatero said the government might cancel a €400 a person income tax deduction introduced only two years ago."
.
Entretanto, daqui a 5 anos, portugueses e espanhóis vão olhar para trás e tentar perceber como é que a Irlanda recuperou muito melhor e mais depressa. Nessa altura vão descobrir que em vez de mambo-jambo, promessas de Abril e propostas de aumento dos salários 2% acima da inflação, tiveram de sofrer a sério "Government must not fall until crucial measures implemented"

terça-feira, julho 21, 2009

Uma solução para Portugal e não só...

Além do euro pôr a circular outras moedas:
.
" California's innovative IOU proposal represents a way of alleviating the state's fiscal crisis, not exacerbating it.
While it might appear that the new law seems merely to allow California to deficit spend just like the Federal Government - in actuality, the effect is far more profound than that. Allowing the IOUs to become an acceptable payment method for state taxes, instantly imparts value to them - in effect, what you have is a state of the union creating a parallel currency right under the noses of the Treasury, alleviating its fiscal straitjacket in the process.
So why are so objections being raised? The confusion seems to arise because of a mistaken understanding of the nature of modern money. Modern money has no intrinsic value in the absence of state sanction. In the words of economist Abba Lerner:
The modern state can make anything it chooses generally acceptable as money…It is true that a simple declaration that such and such is money will not do, even if backed by the most convincing constitutional evidence of the state’s absolute sovereignty. But if the state is willing to accept the proposed money in payment of taxes and other obligations to itself the trick is done.

The modern state, then, imposes and enforces a tax liability on its citizens and chooses that which is necessary to pay taxes. The unit of account has no real value if not ultimately sanctioned by use from the State. By extension, the state is never revenue constrained because it alone determines what is money. The tax is what gives the currency its value insofar as it functions to create the notional demand for federal expenditures of fiat money, not to raise revenue per se. Value has been given to the money by requiring it to be used to fulfill a tax obligation, but the money is already in existence, not “created” by the revenue.

It is in this context that one has to look at the California IOU proposal. It is important to note that the IOU would not replace the dollar, but operate in parallel to extinguish state liabilities. And if the IOU becomes functionally like a currency, then California’s bankruptcy problems are over.
"
.
Estão já a imaginar serem obrigados a receber o salário em partes, uma parte em euros e outra parte (10%? 20%?) em xxx?
.
Já esteve bem mais longe.
.
Trecho daqui.

domingo, julho 19, 2009

Acordar as moscas que estão a dormir (parte XXXI)

Não sei qual é a resposta correcta, só posso especular uma hipótese.
.
A pergunta é: o que nos separa da Irlanda? Se estamos com um colapso de 20% na recolha de impostos quando comparado com o ano anterior o que está a impedir o governo português de uma actuação à irlandesa?
.
Exemplo de actuação irlandesa:
.
"A further 17,000 state jobs must go (equal to 1.25m in the US), though unemployment is already 12pc and heading for 16pc next year.
.
Education must be cut 8pc. Scores of rural schools must close, and 6,900 teachers must go. "The attacks outlined in this report would represent an education disaster and light a short fuse on a social timebomb", said the Teachers Union of Ireland.
.
Nobody is spared. Social welfare payments must be cut 5pc, child benefit by 20pc. The Garda (police), already smarting from a 7pc pay cut, may have to buy their own uniforms. Hospital visits could cost £107 a day, etc, etc.
"Something has to give," said Professor Colm McCarthy, the report's author. "We're borrowing €400m (£345m) a week at a penalty interest.""
.
Mais, por cá o governo até faz alterações à lei para aumentar as pensões apesar da deflação (-1%) implantada.
.
A pergunta é: o que nos separa da Irlanda?
.
Serão só as eleições de Setembro e Outubro?
.
A justificação para esta actuação do governo irlandês reside nos €400m pedidos emprestados todas as semanas.
.
Lembram-se das contas de Medina Carreira e Silva Lopes? Portugal tem um défice de 2 milhões de euros por hora. Uma semana tem 7 dias, um dia tem 24 horas... ora é só fazer as contas.
.
Portugal pede emprestado por semana 2 x 24 x 7 = €336m por semana...
.
Por que é que os irlandeses estão a agir como estão e nós por cá ... não passa nada?
.
Trecho extraído de "For a glimpse of what awaits Britain, Europe, and America as budget deficits spiral to war-time levels, look at what is happening to the Irish welfare state."
.
A pergunta é: o que nos separa da Irlanda?

"The imperative for the debt-bloated West is to cut spending systematically for year after year, off-setting the deflationary effect with monetary stimulus. This is the only mix that can save us."

sexta-feira, julho 04, 2008

Isto é que um choque!

O PIB irlandês cresceu 5.3% em 2007, pois o "Economic and Social Research Institute (the most respected economics institute in Ireland) forecast that GDP growth in Ireland will be negative in 2008 at -0.4 % "
.
Retirado de "The Irish slowdown" assinado por Philip Lane.