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sábado, julho 10, 2021

" olha para a mesma realidade e vê oportunidades"

Ao longo dos anos tenho escrito aqui no blogue sobre o advento de Mongo (aka Estranhistão) e sobre a democratização da produção, sobre os makers e makerspaces (ver marcadores abaixo).

Assim, como não sorrir ao ler "The Autonomous Factory: Innovation through Personalized Production at Scale" (a única coisa que me deixa algum desconforto é a interpretação que se possa dar aquele "at scale" porque penso naquele "tu não és do meu sangue", porque penso na paixão assimétrica das tribos).

Mongo não é só capacidade de produção customizada a custo aceitável, Mongo é também paixão, interacção entre produtor e utilizador, Mongo é pertença à mesma tribo. Julgo que muita gente ainda não percebeu isto, não basta ter capacidade produtiva, tem de se ser capaz de sonhar com e desafiar o outro, fazedor ou utilizador. Por isso, estas experiências feitas pelas Siemens deste mundo são bem vindas, aprecio-as pragmaticamente pelo trabalho de pavimentação que fazem para os pequenos que virão depois. Os pequenos nunca teriam poder para alterar leis feitas no "século XX" para proteger um mundo que se vai desvanecendo, tal como a Uber.

Vamos a alguns trechos do texto:

"Nowadays, consumers expect the ideal product in terms of size, material, shape, color, quality and other individual needs and specific requirements. Advances in technology and digitalization have created a significant market for individualized offerings. Personalization at scale has the potential to create $1.7 trillion to $3 trillion in overall new value. Capturing this value requires companies mastering the underlying technologies and enabling consumers to be their own product designers [Moi ici: Essa é a primeira fase "to be their own product designers", mas para isso não precisamos de empresas, precisamos de espaços ao estilo "Grab-and-Go" com máquinas 3D e pouco mais. A segunda fase é quando entram os designers, os desafiadores, os curadores, os que ajudam a afinar o gosto. Espaço para cooperativas de fazedores].

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Producing companies are therefore facing pressing questions: How can a production process evolve to meet these personalization demands? How to decide on the best automation strategy? And how will the future of production ultimately look like? It essentially comes down to the question: What to automate and to which degree? It can be all too easy to get carried away with automation for its own sake, but the result of this approach is almost always projects that cost too much, take too long to implement and fail to deliver against a company’s business objectives and operations strategy. [Moi ici: Este trecho faz logo lembrar as experiências da Mercedes e da Toyota que já entraram na fase da desautomatização por causa da flexibilidade que precisam. Li este trecho umas três vezes nas últimas 24 horas e sempre emergiu na minha mente a foto que serve de papel de parede numa sala de reuniões de uma empresa. No texto que escrevi em 2017 cometi um erro, assumi que a fábrica era anterior à electricidade. No entanto, depois percebi que no tecto estavam as lâmpadas ... eléctricas. O que ainda reforça mais a pergunta que faço no tal postal de 2017, "Quanto tempo?". Já temos as peças todas, mas ainda não aprendemos, ainda não dominamos como as vamos organizar. Julgo que o maior obstáculo está na mente, a formatação a que fomos sujeitos coloca-nos palas que escondem o que para quem virá mais tarde, será um duhhh!]

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The extent of twenty-first-century customization and personalization also requires production businesses accommodating a large variety of versions of any given product, which must be produced in smaller batches with very short lead times. This Low Volume – High Mix production typically means lot sizes of less than 20 pieces (occasionally, down to 1 piece only) per ordered lot, involving increased complexity and administration cost. The fundamental challenge for producing companies can therefore be formulated as: Maximizing overall productivity under

  • higher personalization (i.e. increasing variety of product versions)
  • smaller and variable lot sizes
  • shorter product life cycles (i.e. shorter time spans available to production)"

Lembram-se da VW e a Deutsche Post? A maior barreira é a formatação da nossa mente, sempre em busca da big bet idealizada no século XX. Incumbente, linha vermelha, vê a evolução acima "This Low Volume – High Mix production" como uma fuga do Paraíso, uma pedra no sapato. A organização do futuro, linha a preto, olha para a mesma realidade e vê oportunidades.

domingo, agosto 18, 2019

Mongo é inevitável

Recentemente em "Speed to market" escrevi:
"Ou seja, alguém em 2004 publicou um artigo sobre os perigos do modelo eficientista, e em 2019 ainda  vemos tantas empresas mergulhadas nesse modelo." 
Nos últimos dias tenho apanhado vários artigos sobre Mongo e o seu crescente impacte. Por exemplo, ontem, fiquei preso a esta imagem (tirada daqui).
Eu que até já comprei pensos amarelo-berrante e, coloridos com padrões, faço logo a ponte para Mongo. Para muita gente não basta a um produto o mero cumprimento da sua função básica, há que acrescentar algo mais. Esse algo mais não é racional, é emocional e isso abre a porta a uma variedade de respostas que a lógica do século XX não contemplava, ou não valorizava o suficiente.

Recentemente voltei a um tema iniciado em Agosto de 2014 com "Porque não somos plancton ..." por causa da Procter & Gamble, foi em "exploitation através de local searches quando a paisagem competitiva está em mudança" sobre a Heinz. Entretanto, dou de caras com este artigo e o seu exemplo da profusão de marcas e sabores, "The Best Hot Sauces on Amazon, According to Hyperenthusiastic Reviewers". Já agora, hiperentusiastas tem tudo a ver com a assimetria das tribos apaixonadas e "tu não és meu irmão de sangue":

Estes exemplos traduzem-se em realidades novas "P&G cuts annual ad spend by $350M as it targets 'smart audiences'":
"“We’re reinventing brand building from wasteful mass marketing to mass one-to-one brand building fueled by data and technology,”
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P&G is moving away from generic demographic targets such as women 18 to 49 years old to more than 350 precise smart audiences, he said." [Moi ici: Como não recordar o tweet de Tom Peters sobre a suckiness dos gigantes. Quem procura servir o mediano, afugenta os não-medianos. Ora quando os não-medianos já são mais que os medianos... desastre para as empresas grandes e os seus modelos do século XX]
Já agora, tenho uma nota sobre esta abordagem da P&G:
"“We have developed a very large proprietary database,” Taylor said. “We have over a 1 billion consumer IDs worldwide. … That allows us to have these smart audiences. And once you have the smart audiences, you can do propensity marketing with people that have similar characteristics.”" [Moi ici: Se os segmentos forem por grupos de pessoas teria cuidado. Se os segmentos forem por situações em que as pessoas se encontram, talvez faça mais sentido]
Por fim, um último artigo dos últimos dias, também sobre a agonia da Heinz, "Today’s Contrarian Ketchup Consumers":
"The ketchup scientists have been busy. Kraft Heinz Co. now has at least 20 varieties of the stuff. [Moi ici: Pequenas séries, muita variedade, mata o modelo das empresas grandes baseado no volume e no grande centrão dos medianos] There’s the jalapeño flavor, the sriracha, the kind with no salt, the sugar-free and a version sweetened only with honey.
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Still, it’s not enough. Even as Heinz locked down an unprecedented 70% of the ketchup market, the company posted yet another crushing financial update and yet another massive writedown this week, as its shelf full of Americana was further squeezed in a startup, small-food world. [Moi ici: Faz-me lembrar um postal sobre as empresas grandes que tentam passar-se por fornecedoras de nichos... Minkowsky rules, o ADN não engana. Não é impunemente que se tenta mudar]
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To date, the narrative has focused on niche consumption: the sweaty masses are passing up on boomer brands in favor of trendy startup condiments and healthier options.
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The study found that collectively people have been buying a wider range of products, in part because of an increase in choice. No surprise there.
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What’s really interesting, though, is that spending has become more concentrated within product categories. As a whole, we have become ketchup-curious, but once we figure out what we like, we stick to it (no doubt because of the sheer glut of options).
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This is all tricky for the big incumbents in the consumer product game. It suggests that they need to constantly gin up (or buy) new varieties to maintain their trajectory. In other words, Heinz needs 20 ketchups to do the business it used to manage with one—and each other iteration adds a dollop of cost on every line item, from research to production to packaging to marketing. What’s more, boutique brands are more likely to come in at lower prices in order to steal market share.[Moi ici: Porque se podem concentrar em ser azul ou preto e não se atolarem no pântano do meio-termo onde as marcas das empresas grandes caem]
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It's a vicious cycle where the customer increasingly gets both more choice and more value."
Mongo é complexidade e "em ambientes cada vez mais complexos os gigantes falham"

Lembram-se da estória dos nenúfares que precisaram de 47 dias para cobrir metade de um lago? Ontem chamaram-me a atenção para a situação da GE. Imaginem a cascata que decorreria da falência de uma empresa com mais de 1 milhão de trabalhadores, com uma rede de parceiros e fornecedores ...
Calro que Trump não a deixará cair: to big to fail.

Mongo é inevitável e trará custos e dor aos incumbentes.




terça-feira, janeiro 05, 2021

Calçado - Fazer a transição

Em "Rust never sleeps" (Agosto de 2020) usei esta figura:

Em "A fase "wonder"" (Dezembro de 2020) usei esta figura:
E escrevi:
"As empresas de calçado têm de fugir da fase "war" e avançar para a fase "wonder"... "wonder" é magia, é surpresa, é ... arte!!!

Ainda esta semana numa empresa alinhavam-se mentes em torno da relevância dos nichos para o futuro da organização."

Avançar, que neste contexto no mapa de Swardley quer dizer recuar para a esquerda, tal como na primeira figura acima.

Em "Longe do mainstream" (Setembro de 2020)  voltei a citar algo que escrevi em Fevereiro deste ano acerca do sector do calçado português:

"Vamos entrar numa Fase 4

O número de empresas vai voltar a diminuir

A quantidade de pares produzidos vai voltar a diminuir

O número de trabalhadores vai voltar a diminuir

O preço médio por par vai novamente dar um salto importante"

Tenho escrito aqui ao longo dos anos acerca da nichização. A nichização a longo prazo imporá a especialização das empresas que servem cada nicho. O meu velho "Tu não és meu irmão de sangue!"(Setembro de 2014), porque as tribos têm uma paixão assimétrica.

O caderno de Economia do semanário Expresso da passada semana trazia o artigo "Uma têxtil rendida ao colorau" com uma entrevista a Mário Jorge Silva CEO da empresa Tintex:

"colocou a inovação e a sustentabilidade no ADN da empresa para fintar a concorrência, certo de que este era “o grande trunfo e o passaporte para o futuro” da fileira.

“Apostámos na sustentabilidade logo em 1989, muito antes de esta ser uma palavra da moda”,

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aceitou o desafio lançado por alguns clientes e deixou a têxtil onde trabalhava para lançar o novo projeto cheio de “grandes esperanças” na sua receita assente “na diferenciação e criação de valor, não na guerra de preços”.

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A procura de uma oportunidade para se diferenciar num mundo onde o verde ainda não estava na moda

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Hoje, desdobra-se em vários projetos de investigação e desenvolvimento (I&D), em parceria com empresas têxteis e de outros sectores de atividade, centros tecnológicos e universidades. [Moi ici: Trabalhar o ecossistema. Parceiros e fontes de know-how teórico]

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Outra frente de trabalho prioritária é a área médica,

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E noutra linha de ação no segmento dos têxteis técnicos e da alta performance promete mais uma solução inovadora para ajudar a recuperação do atleta depois do esforço, lendo indicadores e dando até 13 possibilidades de tratamento em simultâneo.

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No currículo, apresenta incursões no tingimento da fibra de milho biodegradável e em métodos de tingimento mais sustentáveis e reutilização de materiais, a par de uma série de certificações que garantem reconhecimento mundial na área dos têxteis sustentáveis porque “as pessoas têm de acreditar no que oferecemos”. [Moi ici: Trabalhar o ecossistema. Influenciadores que trazem credibilidade]

“As novas gerações valorizam saber o que compram por isso faz sentido criar nos têxteis uma cultura idêntica à que existe à volta do vinho e dos terroirs"[Moi ici: Muito interessante este conceito. Poderá ser relacionado com Mongo?]

Este artigo pode ilustrar uma estratégia baseada na inovação e concretizada a servir um conjunto de nichos: sustentabilidade; área médica; desporto de alto rendimento. 

Uma crítica que muitos empresários me fazem é a de que os nichos são pequenos, não lhes sustentam a estrutura das empresas. 

1º - Recordar o que prevejo para a Fase 4 - Empresas mais pequenas.

2º - Quando um nicho ainda está na fase "wonder" ainda permite que seja servido por um especialista, não por um super-especialista. Assim, talvez trabalhar para 2 ou 3 nichos ajude a fazer a transição.

terça-feira, junho 11, 2019

"niche retailers with strong identities"

Tão interessante, tão em sintonia com a visão de Mongo como um mundo de tribos de interesses assimétricos, tão de acordo com "tu não és do meu sangue", tão de acordo com a ambivalência face a Bieber. Ninguém quer ser tratado como plancton. Trechos retirados de "The global village needs walls":
"Facebook has been a giant experiment in understanding humanity. It has proven that we actually don’t want to be part of a global community — we are instead a species of small groups and tribes. If you’re part of everything, you’re not invested in anything, and that feels bad. “Everyone, no exception, must have a tribe, an alliance with which to jockey for power and territory, to demonize the enemy, to organize rallies, and raise flags,
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So what does this mean for business? For one, it creates an opening for a smorgasbord of social networks and social businesses.
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There should be social networks around every conceivable interest,” [Moi ici: Como não recordar o que escrevi, ao arrepio do mainstream, sobre as plataformas universais, não é winner-take-all]
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The really exciting model is not one company to rule them all, but distributed companies and distributed wealth and revenue, and a social experience built around these supernodes,” said Bianchini, whose company is making a big bet that we’re headed in this direction. Some recent trends seem to bear it out. The number of niche social networks is exploding,
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Such fracturing of the online world is a headwind even Amazon will eventually have to battle. The bigger Amazon gets, the less it feels like it connects with your personal identity — even with algorithms that figure out what you’re most likely to buy.[Moi ici: Recordar o que escrevo sobre o big data e a miudagem]
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Just as microbrews stole customers from giant, least-common-denominator brands such as Budweiser, niche retailers with strong identities are likely to be more of a challenge to Amazon than some other centralized behemoth.[Moi ici: O que escrevo neste blogue desde sempre... cuidado com os gurus da Junqueira]"

terça-feira, outubro 30, 2018

O fim do satisficing

"The new habits of today’s shoppers also cater to the high expectations people have today about the value of the products and services they purchase. Today’s consumers — particularly younger ones — are abandoning the deeply entrenched practice of “satisficing.” That was economist Herbert Simon’s term for shoppers’ tendency to settle for “good enough,” because physical access and insufficient information made it impossible to find the “absolute best.” No more; the new goal is maximizing rather than satisficing. These days, the absolute best often seems within reach."
Interessante este sublinhado.

A ser verdade é mais um sintoma de Mongo... o fim do satisficing está em sintonia com o tal "tu não és do meu sangue"


Trecho retirado de "Competing for Shoppers’ Habits"

terça-feira, setembro 25, 2018

Qual é a identidade?

Há anos que escrevo aqui que Mongo, um mundo de tribos apaixonadas, não vai ser fácil para as empresas grandes. Recordo, por exemplo:

Uma empresa grande que queira servir a tribo vermelha, vai descobrir que não vai ser bem vista pela tribo azul, e vice-versa. E Mongo não aprecia a simetria: Não é imponentemente que se muda.

Ontem, em linha com isto, descobri este texto "No Matter Your Game, Ultimately This 1 Thing Separates You From The Pack":
""The toughest thing is to have an identity."
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It was an insight with implications and value reaching far beyond a single team, pursuit, or time. His point was this - no matter your assets or the odds, there is something deeply powerful about knowing and consciously seeking to cultivate who you are, an investment that pays dividends in how you show up to do whatever it is you do.
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The New 21st Century Game Plan: Cultural Clarity
Ever-shifting conditions now characterize every environment in which we work, play, and live, and because they do, adaptability is what we most need. What enables it? While many things certainly come into play, at the heart of any successful team is a strong and clear culture. And at the heart of a robust and vibrant culture is identity, both individual and collective. It sounds simple, but somehow we are missing it.
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A 2017 study found that 70 percent of companies will eventually face the impediment of unengaged employees. In that study, a lack of transparency and unclear goals and roles were identified as culprits. But think further, beyond the stats and the typical commentary. Each of these reasons is a symptom of the larger issue of unclear identity."

domingo, fevereiro 12, 2017

Outro exemplo analógico de Mongo; o chocolate

Na coluna do lado direito, nas citações, encontra-se:
"When something is commoditized, an adjacent market becomes valuable"
Ontem, ao ler "Little Chocolate’s Big Moment" sorri quando encontrei:
"“When you have increasing concentration of producers in the center, you leave room on the periphery for specialization,”
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In other words, as all the stuff in the middle, whether it’s from Hershey’s or Budweiser, gets more similar, there’s more room for outliers, whether from Dandelion or Brooklyn Brewery."[Moi ici: Vêem a lógica do canadiano e por que ela pode resultar?]
O artigo, para um missionário do Evangelho do Valor, um adepto da concorrência imperfeita que prevê um paradigma económico chamado Mongo, é das coisas mais deliciosas que se podem ler.
"Craft chocolate, like beer and coffee before it, is ready to go mainstream."
Lá chegaremos ao tempo em que o craft estará de volta, para alimentar e ser alimentado num baile de co-criação, a todos os sectores de actividade económica:
"The backlash against Big Food has crept from the supermarket’s beer and coffee aisles into the chocolate aisle—a rejection of candy as commodity, its units identical and cheap."
E para os que acreditam que tudo se resume a custos:
"At Whole Foods, for example, which sells only bars that it considers "ethically sourced,” the number of chocolate suppliers has increased 50 percent in the last four years.
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“I don’t think Mars or Hershey has anything to worry about,” says Clay Gordon, a craft chocolate adviser, teacher, and author. The difference between craft chocolate (small, artisanal) and industrial stuff (mass-made, consistent), he says, is so fundamental that they aren’t really competitors."[Moi ici: Por isto é que deixei de pensar em David vs Golias e passei a David e Golias]
BTW, os problemas da Hershey com a compra da anterior marca craf Scharffen Berger só ilustram aquele repelão das tribos:
"-Tu não és meu irmão de sangue!"

segunda-feira, agosto 14, 2023

Mongo e o "Bud Light Fiasco"

O planeta Mongo da série de banda desenhada Flash Gordon é o lar de várias tribos e reinos com culturas, tecnologias e sistemas distintos. Da mesma forma, a economia pós-século XX é marcada pela complexidade e diversidade da oferta e procura cada vez mais atomizada e apaixonada. Foi disso que me lembrei em 2007 para criar uma metáfora que dura até aos dias de hoje (A cauda longa e o planeta Mongo).

Seth Godin usa uma imagem interessante, o século XX via os clientes como plancton, uma massa homogénea. Eu vejo o século XXI como o tempo de Mongo, ou do Estranhistão, terra de Um número infinito de nichos.

Em Novembro passado escapou-me este artigo sobre Mongo, "Strategy in a Hyperpolitical World":

"So what does that mean for strategy?

We define strategy as the art of making informed choices in a competitive environment. Choices are important when differing paths lead to differential risks and rewards. When the social environment is broadly favorable to business, a company's strategic choices can be justified in purely business terms or, as necessary, finessed with carefully crafted press releases. Today, however, choices must be made on an expanded playing field. They are often complex because the underlying ethical, social, and political issues are constantly evolving and defy simple analysis. To make and implement the best strategic choices in this environment, leaders will have to (1) develop robust principles to guide strategic choices, (2) address ethical issues early, (3) consistently communicate and implement their choices, (4) engage beyond the industry to shape the context, and (5) learn from mistakes to make better choices."

Entretanto, há dias li "The Strategy Lesson from the Bud Light Fiasco": 

"A company’s goal should be to present an offering — supported by compelling messaging — that has advantaged appeal to the biggest circle possible. That may be a relatively small circle — Red Bay Coffee — or a relatively big one — Starbucks Coffee. But it should be as big a circle as the offering can support.

The Temptation

In pursuing the biggest circle supportable, companies are forever tempted to send different messages to different parts of their audience — whether inside or outside the confines of their current circle — in an attempt to strengthen and/or enlarge their circle.

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this kind of thing is getting ever more dangerous with ever increasing transparency,

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In this age of fuller transparency, brands must think a lot more thoroughly and carefully about the heterogeneity of their Where to Play (WTP), which hangs together now and produces their current market share. But under its apparently calm surface, that overall share hides fault lines — those customers aren’t all the same even if they buy the same product. If a brand isn’t careful, it can take those fault lines that lie benignly beneath the surface and turn them into giant fissures with its actions.

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The naïve idea — not an unusual one but naïve nonetheless — was that Bud Light could keep all its current customers, and, with this terrific new message, could appeal to some new ones (whether light users or non-users). This kind of naivety has always been dangerous. But it has gotten a lot more so in this hyperpolitical and transparent world.

The Particular Challenge for Broad-Based Companies

It is particularly challenging for broad-based companies and going to get more challenging. The broader-based a company is, the greater heterogeneity its customer base is likely to embody. Every company will have heterogeneity in its customer base. But a giant retailer, like Target, will likely have a greater level of heterogeneity in its customer base than tiny LGBTQ+-friendly clothing retailer, WILDFANG. Ultra Right Beer was launched to woo disaffected Bud Light customers and seemed deliriously happy to hit the $1 million mark in sales. But that is one-five thousandth of the (pre-fiasco) sales of Bud Light. With great size comes more dangerous and pronounced fault lines."

Como não recuar a 2014 e a "-Tu não és meu irmão de sangue!"

O século XX económico (da inauguração da linha de montagem da Ford até à queda do Muro de Berlin) foi um acidente histórico que agora estamos a corrigir, o futuro não é de homogeneidade, mas de heterogeneidade. E mundos heterogéneos não são meigos para com os gigantes. Nunca esqueço: Too big to care.

terça-feira, janeiro 03, 2017

Uma novela sobre Mongo (parte X)

 Parte Iparte IIparte IIIparte IVparte Vparte VIparte VII e parte VIII e parte IX.

O trecho que se segue é muito interessante, ilustra bem o que é a explosão de tribos, o aumento da diversidade e a vantagem das empresas com gente apaixonada:
"In a type of paradox, cities are becoming more alike and more different at the same time. Let me explain.
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Cities are experiencing a move to niche, yet global, trends - interest by interest, social group by social group - into a massive subset of connected communities that exists in most geographies. People are self-organising themselves into groups around passions. [Moi ici: Há tantos anos a falar aqui da vantagem de ter gente com paixão... como não recordar "A paixão nas empresas é inversamente proporcional ao seu tamanho"] They can do this now because they can connect easily and find each other, but more importantly because the culture vultures (mass-market tastemakers) have finally left the building. It’s a fragmentation into subcultures that are replicated on a global scale, facilitated by the network connections people have.
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People are self-organising themselves into groups around passions.
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There are now more niches in every city maintained by a group itself, not by mass marketers looking for the next pop-culture hit. In fact, niches can now build themselves sustainable micro-economies around their interest. The community itself becomes the designer, producer, promoter and end user. They can do this because the barriers to entry are inconsequential.
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But at the same time each city has never been more fragmented and differentiated within its walls. Figure 6.1 depicts this fragmentation of cities."

Agora imaginem as empresas grandes, viciadas na produção em massa a tentar interagir com com estas tribos bots e algoritmos, tomando-as por plankton ... tudo para dar errado.

E volto ao:

-Tu não és meu irmão de sangue!

As PME deviam estar a pensar em como fazer batota com esta maré:
"We must redefine strategy not as a means of control, but as a means of understanding control."