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quinta-feira, março 05, 2015

Mais produtividade não implica mais salário

"“Increasing productivity does not necessarily lead to higher wages for the average worker,”
...
“productivity increases don’t have to be shared with labor. Who gets it all depends who has the bargaining power, and labor hasn’t had it.”"
Como se aumenta a produtividade?
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Uma forma é: Aumentando o numerador, aumentando o preço unitário do que se coloca no mercado, apostando na eficácia. Aí, o aumento dos trabalhadores não põe em causa os ganhos de produtividade.
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A outra forma é: Diminuindo o denominador, reduzindo o custo unitário do que se coloca no mercado, apostando na eficiência. Aí, o aumento dos trabalhadores compete pelos ganhos de produtividade.
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A aposta no crescimento do numerador implica paciência estratégica. O que escrevo eu sobre a paciência estratégica ou a ausência dela nos Estados Unidos?

Recordar:

quarta-feira, janeiro 28, 2015

Esquisito!

O defeito deve ser meu, naturalmente.
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Como foi o ano de 2012?

Durante o ano de 2012 o desemprego foi sempre a subir, em Janeiro de 2012 estavam registados quase 638 mil desempregados e, em Janeiro de 2013 o número ascendia a pouco mais de 740 mil desempregados. Um crescimento homólogo de mais de 14%

Em 2012 a criação de empresas atingiu o mínimo dos últimos anos e, sobretudo, o encerramento de empresas atingiu o seu pico.
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Tudo isto aconteceu sem se ter mexido no salário mínimo nacional (SMN).
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Depois, leio "Estudo: subida do salário mínimo em 2012 teria custo reduzido para as empresas":
"O observatório foi ainda medir este impacto em alguns sectores de actividade onde a percentagem de pessoas a receber o salário mínimo é significativa. No caso da indústria do vestuário, [Moi ici: Como sempre sublinhei aqui no blogue (recordar este postal), o problema está sobretudo no sector não-trasaccionável. Ir estudar o impacte no sector do vestuário é batota.] onde mais de metade dos trabalhadores a tempo completo ganhava os 485 euros em 2012, a actualização “representaria um aumento da massa salarial do sector de apenas 2,06%” e “iria beneficiar quase três quartos (74,8%) dos seus trabalhadores, que sentiriam um aumento de 3,3%”."
Onde trabalha a maioria dos portugueses empregados, no sector transaccionável ou não-transaccionável?
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Custa-me a crer que uma subida do SMN em 2012 não teria criado ainda mais desemprego e ainda mais encerramento de empresas.

BTW, a propósito de:
"O que acontece é que “o grosso da massa salarial não está nos baixos escalões salariais”"
Interessante, sempre li o contrário. Será que o estudo mistura trabalhadores do sector privado e sector público?

quinta-feira, outubro 02, 2014

A produtividade quando nasce não é toda igual e não tem toda as mesmas consequências

"One of the United States’ defining – and disheartening – economic trends over the last 40 years has been real-wage stagnation for most workers.
...
the absence of real-wage growth is a major factor behind the stagnation of family incomes.
...
Many influential economists are now worried that the US faces anaemic growth and “secular stagnation,” owing to a persistent gap between aggregate demand and full employment. Stagnant middle-class incomes imply weak aggregate demand, which in turn means slack labour markets and stagnant wages for most workers.
...
Porter and Rivkin are not calling on businesses simply to pay their workers more. Instead, they are urging businesses to engage in a “strategic, collaborative” push to improve education and training to raise the skill levels of their workers.
...
The reality is different. US productivity has been growing at a respectable pace for two decades. The problem is that productivity gains have not translated into commensurate wage increases for the typical worker or income growth for the typical family.
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According to standard economic theory, real wages should track productivity. As Lawrence Mishel of the Economic Policy Institute has documented, this was the case from 1948 until about 1973. Since then, real wages for the typical worker have flat-lined, while productivity has continued to climb. Mishel calculates that productivity increased 80.4% from 1948 to 2011, while median real wages rose only 39% – almost none of the wage growth occurred during the last four decades.
...
Strong productivity growth is an important policy goal. But it is not enough to increase most workers’ wages or most families’ incomes.
...
Some 20 years ago, Alan Blinder of Princeton University corralled a number of economists, including me, to examine existing studies on the link between profit-sharing and productivity. The overwhelming majority of the studies found a strong positive effect.
...
America’s long-run living standards and economic competitiveness depend not just on productivity growth, but also on how that growth is shared. More equitable sharing of profits with America’s workers and their families would do much to address the worrisome stagnation of wages and middle-class incomes in recent decades."
Há qualquer coisa neste artigo que não bate certo.
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A produtividade americana tem aumentado a bom ritmo? Sim!
Então, porquê a proposta final de partilha de lucros para aumentar a produtividade?
Quer dizer que um forte crescimento da produtividade não é suficiente para aumentar os salários? Claro! Alguma novidade?
Volto sempre ao exemplo da Brisa, a produtividade aumentou com a automatização dos pagamentos e os portageiros foram para a reforma ou desemprego.
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Recomendo a leitura de dois textos que resumem muito bem o que aqui se defende no blogue ao longo dos anos sobre o eficientismo e a guerra entre o gato e o rato (salários e custos):

O aumento da produtividade pode resultar de um aumento da eficiência, ou seja,  pode resultar da diminuição dos custos. Esta é a produtividade dos engenheiros e do pensamento de Saul (a tríade). Recordar:
Este é o aumento de produtividade de que nos falam 90% dos economistas, paineleiros e políticos. Este é o aumento de produtividade em que os americanos estão viciados há muitos anos:
"On the other side, we have a CFO, who has been given the mandate to cut down on cuts. This is fair enough in tough times, but the problem is that the CFO and his alliance do not really know much about innovation. They cut too deep. They lose their patience. No wonder. You get immediate results by cutting costs and – if successful – you have to wait 3-7 years to see the results of innovation. If you don’t know how innovation works, this becomes a no-brainer."

Como é que o calçado português aumentou a sua produtividade?
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Concentrando-se mais no numerador da equação da produtividade, concentrando-se na criação de valor, onde não existem limites. Resultado? Esta alteração no perfil dos trabalhadores do sector.

Trechos retirados de "Why are US workers being left behind?"

sexta-feira, abril 18, 2014

Ou seja, se decidirem aumentar o salário mínimo...

Vou usar esta imagem:
Retirada de "Value hides" para recordar aquela frase que interiorizei em 2008 e nunca mais me largou:
"Existe mais variabilidade (no lucro, ou na produtividade) dentro de um sector económico, do que entre sectores económicos"
Como é que está o sector do calçado português? Muito bem!
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Como é que estão algumas empresas do sector do calçado português?  "Campeão Português insolvente"
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É fácil olhar para tabelas e médias (recordar "Uma das primeiras lições que aprendi no mundo do trabalho")
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E esta disparidade não se deve, como alguns simplistas ignorantes apregoam, a ilegalidades ou má gestão no sentido de ruinosa. Direi, é a vida!
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Nem sempre as decisões que os gestores tomam são as melhores, muitas vezes as decisões tomadas num certo contexto são boas e quando esse contexto muda, elas deviam mudar e não mudam.
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Por isso, da próxima vez que pensarem que na Lesboa dos gabinetes, nos biombos e carpetes, conhecem a realidade ... pensem duas vezes. E quando pensarem em bitolas comuns para todos, assumam-no até ao fim. Ou seja, se decidirem aumentar o salário mínimo, não vão a correr a pedir ao mesmo governo que subsidie o emprego porque ... as Campeão Português deste país estão mal.

domingo, março 09, 2014

Salários e produtividade (parte II)

De certa forma, em resposta às afirmações de Belmiro de Azevedo referidas em "Salários e produtividade", aparecem as de Braga da Cruz em "Braga da Cruz defende que produtividade aumenta com "especialização produtiva"".
"Assim, frisou o ex-ministro da Economia, “só aumentamos a produtividade quando mudarmos o perfil daquilo que fazemos, quando nos especializarmos, quando integrarmos mais tecnologia, mais inovação e quando valorizarmos mais o conhecimento. Isso é garantir os fatores de competitividade que se prendem com a qualificação das pessoas e com a capacidade dos empresários fazerem diferente. Só depois disso é que a produtividade aumenta”."
Algumas notas sobre a afirmação:

  • se há coisa que aprendi nestes 27 anos de vida profissional ligada às empresas é que "anything goes" é mesmo verdadeiro;
  • assim, nuns casos o futuro passa por mais tecnologia embutida nos produtos (recordar a série "meter código". No entanto, muitas vezes associa-se o "mais tecnologia" a uma fórmula de sucesso garantido e, isso, está longe de ser verdade;
  • noutros casos, como o da artesã, o futuro passa por mudar de mercado sem mexer no produto;
  • noutros casos, o futuro passa por mudar de modelo de negócio;
  • noutros casos, o futuro passa por apostar no marketing e criar marcas próprias;
  • noutros casos, em quase todos os casos anteriores, o futuro passa por apostar no pricing. Há muito a aprender nas empresas e, sobretudo na academia com Marn e Rosiello ou com Simon e Dolan;
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por baixar as barreiras legais e para-legais à entrada de novos participantes;
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por uma sociedade que deixe de ver o lucro como uma "judiaria" tolerada;
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por uma sociedade que perceba que o lucro de uma empresa não é dinheiro do "patrão", é dinheiro da empresa;
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por uma sociedade que perceba que "a vida é como os interruptores, umas vezes para cima e outras vezes para baixo", não por má gestão, incompetência ou ilegalidades mas porque os clientes mandam e mandam mesmo e, umas vezes gostam do vermelho e outras preferem o amarelo. Azar de quem apostou no vermelho. É a vida!
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por desenvolver relações amorosas com clientes e outras partes interessadas do ecossistema da procura. Estão a ver Braga da Cruz a falar de relações amorosas? Isso dá votos? Isso dá apoios, bolsas e subsídios?
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por fazer escolhas, por vezes dolorosas, por vezes é preciso "matar um filho" (abandonar um produto ou serviço que deixou de ser rentável), por vezes é preciso "despedir" clientes (recordar Stobachoff);
  • considero fundamental aquele ponto "e com a capacidade dos empresários fazerem diferente". E quando eles não querem, ou não sabem, ou não podem? (Recordar que nós humanos somos satisficers, não maximizers) Vai um governo socialista intervir? E os burocratas de um Estado socialista sabem o que é que o mercado vai preferir? (Allende devia ser recordado também por esta loucura). E os burocratas de um Estado socialista vão nacionalizar as empresas? Acredito naquela frase de Deming para os empresários "It is not necessary to change. Survival is not mandatory." Por isso, é que a concorrência, a liberdade de entrar e sair no mercado é fundamental;
  • cuidado com a aposta cega na qualificação das pessoas, aqui trabalhadores, se os trabalhadores ficam qualificados mas não há procura para as qualificações que eles possuem... azar! Emigração, e pressão para salários mais altos do que a riqueza gerada... (recordar "Treta e obrigado")
  • só para terminar, os académicos que fazem estas afirmações bem intencionadas e ... sãos os que diziam isto do calçado há 9 anos "Para reflectir"
"Sempre que ouvirem um economista, um consultor, um ministro, botar faladura sobre o que devem ou não devem fazer, lembrem-se sempre deste texto" (daqui)

terça-feira, fevereiro 04, 2014

Curiosidade do dia

Neste blogue não se acredita que a redução de salários, ou o aumento do horário de trabalho, ou o corte de feriados, ou a redução da TSU a pagar pelas empresas, sejam meios de aumentar a competitividade da economia de bens transaccionáveis, apesar de poder proteger emprego na economia de bens não transaccionáveis.
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No entanto, neste blogue também se acredita que a existência dum salário mínimo nacional (SMN) é algo que prejudica os trabalhadores mais vulneráveis... isto de obrigar uma empresa em Bragança a pagar o mesmo SMN que uma empresa de Lisboa é absurdo.
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Por isso, este artigo "Minimum wage rise is maximum idiocy" faz todo o sentido:
"One of the tragedies of the minimum wage is that it is a tax on those companies that are large employers of the least well educated and those who do not possess scarce skills. Citizens at the bottom are further squeezed out of the market because they have become more expensive. It is a form of punishment for that cohort. Minimum wage increases positively encourage companies to seek alternatives to labour, such as outsourcing or automation.
...
The cheerleaders for minimum wage rises are typically academic economists. Most of them receive salaries from the taxpayer, directly or indirectly, and have never built a business or met a payroll. Their chief worries are publishing arcane papers; many can be wrong all their lives and never lose a penny of their own money."

domingo, novembro 17, 2013

Acerca do salário mínimo

Sempre defendi neste blogue que o futuro da economia privada portuguesa não passa por salários baixos, são quase 10 anos de evidências que se podem pesquisar aqui.
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Ao mesmo tempo que defendo isso, não me sinto com poder, moral, autoridade para obrigar outros a seguir uma certa via que eu acho melhor. Muitas não a seguem porque genuinamente não têm capacidade, ADN e possibilidades para fazer melhor do que o que já fazem.
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Por isso, compreendo e concordo com César das Neves "César das Neves: Aumentar salário mínimo «é estragar a vida aos pobres»"
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Basta recordar a origem do salário mínimo, basta recordar a história e a motivação inicial por detrás da sua criação.

quarta-feira, novembro 06, 2013

Até que enfim

Até que enfim que o actual ministro da Economia diz algo com sentido:
""Creio que as empresas que começam a conhecer tempos mais prósperos do ponto de vista de actividade não têm seguramente de estar à espera que o Estado sinalize o aumento do salário mínimo nacional para fazerem justiça e procederem aos aumentos salariais que acham possíveis e justos nas suas empresas, nos seus sectores, nomeadamente ao nível da iniciativa privada", disse o ministro, no seu discurso no Fórum de Administradores de Empresa (FAE), que hoje teve lugar em Lisboa."
Trecho retirado de "Pires de Lima: empresas não têm de esperar pelo Estado para aumentar salários"
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Sublinho quer o remeter para a iniciativa que não espera pelo Estado quer o uso da palavra "possíveis".

terça-feira, março 19, 2013

Curiosidade da manhã

A propósito da prestação de Belmiro de Azevedo ontem, no Clube dos Pensadores, é interessante o que os diferentes jornais chamaram para título:

Como é que o jornal do BE, o Público, trata o tema?
Eheheh, podem ser do BE mas sabem que é o Belmiro que lhes paga o salário. Não escrevem uma linha sobre o tema que os outros jornais destacaram.
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Quanto ao tema da mão-de-obra barata, percebo as palavras de Belmiro de Azevedo. 
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Qual é a proposta de valor do Continente? O preço mais baixo!
Qual deverá ser a proposta de valor da Sonae Industrial, sim, a velha empresa que produz contraplacado? Aposto que é o preço mais baixo!
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Portanto, Belmiro de Azevedo está a ser sincero e a falar de acordo com o modelo mental que criou ao longo da sua longa vida profissional.

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Custos e competitividade

“Não pensem que é pelos baixos salários que se garante a competitividade da economia”.
Não podia estar mais de acordo como é fácil de perceber, pesquisando o assunto neste blogue.
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O que eu não consigo vislumbrar é a coerência entre esta afirmação e o pedido insistente para o abaixamento da cotação do euro, para aumentar a competitividade da economia.
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BTW, para muitas empresas que vivem do mercado interno, nos próximos anos, sem baixos salários não têm hipótese de sobreviver.
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Citação retirada de "“Não pensem que é pelos baixos salários que se garante a competitividade da economia”, diz Cavaco"

quinta-feira, março 01, 2012

Números para comparar

A propósito destes números:
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"De acordo com a agência Lusa, o salário mínimo em Xangai vai aumentar 13% para o equivalente a 170 euros por mês.
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Já o Financial Times explicava no início do ano que na província de Shenzen, onde o valor é mais alto, o salário mínimo aumentou 15,9%. Para cerca de 177 euros."
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Comparar com estes outros:
E recordar estes também.

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Inflexibilidade mental

Assim se demonstra a estupidez da inflexibilidade mental que vê um sector industrial como um bloco homogéneo:
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"Sindicatos reclamam um aumento salarial de 9,6% para os trabalhadores da indústria do calçado em 2012".
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Se recordarmos as mutações deste postal "Quem é que gosta de viver numa "Reserva Integral"? (parte I)" será de esperar que as mutações B e C possam dar aumentos salariais generosos (não sei se 10% é razoável). Contudo, as mutações A, que formam a base da pirâmide, não podem, não conseguem suportar este tipo de aumentos.
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Cada empresa é um caso único.
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BTW, é este fenómeno das mutações A que explica, na minha opinião, o aumento da desigualdade salarial um pouco por todo o lado.

terça-feira, janeiro 03, 2012

O presidente da Galp é que sabe... e os bentos-lovers também


Arquivo de fontes para uso futuro:
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"How competition improves management and productivity":
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"But what determines productivity, or the amount of output that can be produced from a given set of inputs?
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In the 1990s, Stephen Nickell led a team of CEP researchers to address the productivity question head on. ... The first finding was a descriptive fact that has stood the test of time: there are huge differences in productivity between firms even in narrowly defined industries that last for many years. Yet the existence of persistently less efficient firms encountered in Nickell’s research was hard to square with the standard economic model of perfect competition, which assumed that such inefficiency could not persist.
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increases in competition provided a large and persistent boost to firm productivity. Competition could be increased in a number of ways: more openness to trade, lower barriers to entry and greater consumer choice.
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In the 2000s, Nicholas Bloom and I built on the insight that firms’ internal organisation was the key to  productivity by launching a major effort to measure management and organisation within firms (Bloom and Van Reenen, 2007).
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It turns out that the original intuition of the 1990s work was right: management really does matter in explaining productivity differences. And furthermore, a key factor in boosting management quality in both the private and public sectors is competitive intensity. This worked not only within firms, as Nickell emphasised, but also between firms. In other words, competition raise average productivity in a nation through a Darwinian selection effect where the low productivity firms are driven out of the market and the high productivity firms expand.
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Protecting inefficient firms from going under is a major reason for lower European productivity. The direction of policy is to make space for the more efficient firms to grow and prosper."
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À atenção do presidente da Galp (meu Deus...) "A range of recent econometric studies suggest that (i) competition increases management quality and (ii) improved management quality boosts productivity." e "Management Practices Across Firms and Countries":
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"On average, we find that in manufacturing American, Japanese, and German firms are the best managed. Firms in developing countries, such as Brazil, China and India tend to be poorly managed. American retail firms and hospitals are also well managed by international standards, although American schools are worse managed than those in several other developed countries. We also find substantial variation in management practices across organizations in every country and every sector, mirroring the heterogeneity in the spread of performance in these sectors. One factor linked to this variation is ownership. Government, family, and founder owned firms are usually poorly managed, while multinational, dispersed shareholder and private-equity owned firms are typically well managed. Stronger product market competition and higher worker skills are associated with better management practices. Less regulated labor markets are associated with improvements in incentive management practices such as performance based promotion.
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From a policy perspective, several factors seem important in influencing management quality. Product market competition has a critical influence in increasing aggregate management quality by thinning the ranks of the badly managed and incentivizing the survivors to improve. Indeed, much of the cross-country variation in management appears to be due to the presence or absence of this tail of bad performers. One reason for higher average management scores in the US is that better managed firms appear to be rewarded more quickly with greater market share and the worse managed forced to rapidly shrink and exit. This appears to have led American firms to rapidly copy management best practices from around the world,"
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taxes and other distortive policies that favor family run firms appear to hinder better management, while general education and multinational presence seem valuable in improving management practices."
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E os que defendem a saída do euro para proteger as empresas nacionais mal geridas ou que fizeram opções erradas, ou que se dedicaram a apostas válidas até à pouco... incapazes de ver o sucesso de tantas e tantas PMEs que lançaram pés ao caminho.
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BTW, daqui retirei este gráfico:
Está tudo ligado: China; colapso do mercado do meio-termo com a polarização dos mercados, a inovação, o aumento da dispersão de produtividades, a subida na escala de valor, a espiral aberta virtuosa e a espiral fechada viciosa, a aposta na eficiência versus a aposta na eficácia, denominar versus numerador, custos versus valor, ... "Changes in Wage Inequality"

terça-feira, novembro 29, 2011

Leiam e reflictam

Os media tradicionais só nos contam desgraças sobre o México. Reparem no que descobri na minha fita do tempo no twitter:
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@ManufactureInMX: Foreign companies invest 670 million dollars in Chihuahua in 1 year
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Por cá, ninguém consegue perceber?
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BTW:
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"Chinese factories hit by strikes amid manufacturing slowdown"
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"Thousands of workers at a massive shoe factory in the southern city of Dongguan last week clashed with police as they marched to a local government office to protest the loss of overtime.
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The strike at the plant owned by the Taiwanese Pou Chen Group came shortly after 18 managers were laid off because of declining orders, according to the Economic Observer, a Chinese newspaper."
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Damn it! Malditos portugueses... as fábricas de calçado portuguesas conseguem estar a produzir e a aumentar as exportações... as fábricas chinesas fecham ou cortam capacidade produtiva.
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Como é que os portugueses conseguem?
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Por isso é que classifico de treta esta entrevista e este racional:
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"“Recuperar competitividade é uma questão central, mas no final são os salários do sector privado e os custos que determinam a competitividade. Obviamente que a contenção salarial no sector público é importante para estabelecer um padrão para a economia, mas não é o sector público que exporta. É o sector privado que tem de competir internacionalmente e vender para fora”, afirmou o economista."
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Esqueçam as exportações: A redução de salários no privado vai ser imperiosa mas para as empresas que vivem do mercado interno, por exemplo:
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"Quanto à intenção de despedir 21 trabalhadores (16 destes da redacção) num sistema de lay-off, a ideia é que estes fiquem a receber apenas dois terços do vencimento por um período de seis meses a um ano, sem garantias de que possam voltar a trabalhar no jornal."
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Por exemplo: "Fecham cerca de 100 empresas por dia no pequeno comércio" in Vida Económica":
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" A conjuntura que vivemos é a mais adversa que alguma vez podia existir. 2010 foi já um ano complicado, com uma quebra acentuada de vendas que atingiu os 40%, e 2011 prevê-se muito mais complicado. A primeira época de saldos já foi má, com muitas queixas e muitas quebras nas vendas e depois vemos um sentimento de insegurança relativamente ao futuro por parte das pessoas que se reflecte na diminuição do consumo drástico, pois as pessoas não sabem o que vai acontecer no futuro e então retraem-se."
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Agora reduzir salários para exportar mais... terá sempre um impacte marginal, por que tirando as empresas grandes que competem pelo preço, as PMEs competem por algo de diferente.
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BTW:
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"In another sign of the impact of Europe's debt crisis and the US economic slowdown on China's economy, factories in southern Guangdong province, the country's manufacturing heartland, have been the target of a recent wave of labour strikes." Não querem rever o diagnóstico?

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"The broad unrest this time is thought to be directly linked to the sluggish state of the global economy, particularly the continuing crisis in Europe, which accounts for just over one-fifth of all Chinese exports." Quanto mais tarde acertarem no diagnóstico, mais tarde podem preparar uma resposta.
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terça-feira, agosto 30, 2011

Especulação - um epílogo?

Tudo começou aqui no blogue em Agosto de 2008:
Pois bem, penso que a especulação está a chegar ao fim porque se concretizará "China Faces Upgrade-or-Die Deadline as Labor Supply Dwindles".
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Recordar também isto e isto.
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Se fosse por cá na Europa, aposto que teríamos empresários a pedir subsídios para fornicação... triste Europa transformada numa união de repúblicas socialistas soviéticas.

sexta-feira, março 18, 2011

É perigoso pôr catequistas à frente de uma economia!

Encontrei este artigo "SERÁ QUE AS EMPRESAS PORTUGUESAS APRESENTAM VANTAGEM COMPETITIVA?" publicado na Revista de Estatística do INE do 1º Quadrimestre de 2002.
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O artigo tem algumas afirmações politicamente correctas mas sem aderência à realidade. Por exemplo: "A competitividade de uma empresa está assim associada não só a factores-preço (custos de mão-de-obra, matérias primas, produtos, por exemplo) mas cada vez mais a factores não-preço (qualidade dos seus produtos e serviços). Segundo a OCDE (1992), é a eficácia das estruturas produtivas, através da qualidade dos serviços oferecidos às unidades de produção, da envolvente científica e tecnológica e da qualificação da mão-de-obra que explica a competitividade das empresas." (Moi ici: Confio mais em Mortensen do que na OCDE)
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Mas adiante...
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No artigo, os autores identificam 4 grupos de empresas portuguesas:
  • GRUPO 1. Não vende produtos com marca própria e não exporta.
  • GRUPO 2. Não vende produtos com marca própria mas exporta.
  • GRUPO 3. Vende produtos com marca própria e não exporta.
  • GRUPO 4. Vende produtos com marca própria e exporta.
Realmente interessante no artigo é o quadro que se segue:
Neste quadro saliento a última linha: % dos custos salariais sobre os custos totais (valor médio) e para empresas de cada um dos 4 grupos. E mais, em cada grupo, os autores trabalham com duas populações, as com baixa competitividade e as com alta competitividade (os autores usam como indicador de competitividade o cash flow por trabalhador).
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Para qualquer um dos grupos: Nas empresas mais competitivas os custos salariais representam sempre uma menor fracção dos custos totais. Qual é a reacção instintiva, o top-down que mencionei aqui?
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Quanto mais baixos os salários maior a competitividade!
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Esta é a conclusão simplista que era válida no tempo em que a oferta era inferior à procura... e que contamina o mainstream que influencia as decisões "Moderação salarial para o objectivo da competitividade" (Se estamos a falar dos salários do sector público é claro que é preciso não moderá-los mas reduzi-los para poder dar mais liberdade económica ao sector privado)
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Voltando ao sector privado: Qual a relação que os estudos encontram entre salários e produtividade e competitividade?
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Por exemplo aqui:
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"Perhaps the most important fact for a labor economist observed in these data is the extent of the dispersion of productivity measures, a similar dispersion in the average wage bill per employee, and the positive correlation between the two."
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Agora comparemos os números da última linha da tabela lá em cima com a correlação positiva entre salários e competitividade
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Conclusão: será válido fazer generalizações?
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ATENÇÃO: Não confundir correlação, que é o que temos em mente aqui, com causalidade. Posso correlacionar salários altos com elevada competitividade, mas não posso generalizar, como fazia o anterior secretário-geral do PCP, e assumir a causalidade: se aumentarmos os salários vamos automaticamente promover a competitividade e a produtividade. Nonsense!!!!
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Posso concluir que: se quanto mais elevados são os salários mais competitivas são as empresas e, se quanto mais competitivas são as empresas menos os salários pesam nos custos totais. Então, em empresas mais competitivas, os salários crescem a uma velocidade inferior ao aumento dos custos que geram a intangibilidade que suporta um maior valor acrescentado reconhecido por quem compra.
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Tudo isto ainda reforça mais a minha opinião sobre a estupidez de medidas top-down para promover a competitividade e a produtividade... catequistas a lidar com a economia real é perigoso.

quarta-feira, março 16, 2011

Dispersão da produtividade

Dado que se trata de uma conclusão que vai ao arrepio do mainstream, cá vai mais um artigo sobre o tema da produtividade e da qualificação dos trabalhadores.
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"Wage and Productivity Dispersion: Labor Quality or Rent Sharing?" de Jesper Bagger, Bent Jesper Christensen e Dale T. Mortensen onde se pode ler:
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"We fi nd that both input heterogeneity and intrinsic di fferences in total factor productivity across fi rms are important explanations.
...
Only 5% is associated with quality di fferences in the labor input. In the case of individual log wages, 70% of the variation is due to individual characteristics, whereas only 13% is attributable to firm di fferences"
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As figuras que se seguem ilustram a dispersão de salários e de produtividade em três sectores dinamarqueses:

segunda-feira, março 14, 2011

Para estilhaçar alguns paradigmas obsoletos sobre a produtividade

Hoje em dia, todo o bicho careta fala sobre produtividade.
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Como é que Mourinho disse?
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"Antes de escrever, investigas, estudas, dp ja podes opinar"
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Encontrei um interessante artigo sobre a produtividade "Labor Market Models of Worker and Firm Heterogeneity" de Rasmus Lentz e Dale T. Mortensen.
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Primeiro, como é que os políticos e as associações empresariais lidam com a produtividade e com os salários? Jogam o jogo do rato! Os salários comem o aumento da produtividade!!!
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Quanto mais estudo sobre a produtividade, quanto mais percebo o truque alemão, quanto mais entro no modelo de Marn e Rosiello e no de Dolan e Simon, mais me convenço que quem fala sobre de  produtividade não faz a mínima ideia das conclusões que se tiram da investigação científica e, por isso, continuam na fase dos mitos.
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Alguns trechos para reflectir muito a sério:
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"Firms come in all shapes and sizes. Some are huge but all but a few are tiny. Cross firm dispersion in size, labor productivity and average wages paid are large and the all three are positively correlated.
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A majority of the most productive firms at any point in time will still be among the best performers five years later. Within industry differences in productivity swamp cross industry differentials. (Moi ici: Nunca esquecer este ponto, sobretudo quando alguém pensar em medidas homogéneas top-down)
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Perhaps the most important fact for a labor economist observed in these data is the extent of the dispersion of productivity measures, a similar dispersion in the average wage bill per employee, and the positive correlation between the two. (Moi ici: É possível fugir ao jogo do gato e do rato)
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Why do firms differ with respect to productivity? Obviously, at the core of this question is whether productivity differences are characteristic of the individual establishment or firm or whether they simply reflect differences in the quality of inputs, particular the labor force.
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Fox and Smeets find that the weights on the "human capital" variables are significant, well determined and of the expected signs. However, including them explains relatively little of the variance in firm productivity in any of the industries. Averaging over the six manufacturing industries, the ratio of the 90th percentile to the 10th percentile of the Danish distribution of the standard TFP measure is large, 3.74. The ratio is reduced but only to 3.36 when the human capital variables are included. They obtain similar results using the wage bill, a wage weighted measure of employment, to correct for labor input quality. They conclude that the observable component of "input quality" explains very little of the dispersion in firm productivity observed in Danish data. (Moi ici: I rest my case)
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Irarazabal et al. include measures of labor force age, education, and tenure as well as the capital stock of each firm. Using either the actual worker characteristics or the wage bill in the analysis, they conclude that labor input quality explains at most 25% of the average productivity differential between exporting an non-exporting firms in Norway. Although they conclude that the potential for "gains from trade" are overstated by the measured TFP differences, it is clear that labor input quality differentials fail to explain the bulk of the differences in productivity." (Moi ici: Isto quebra uma série de paradigmas politicamente correctos e superficiais que passam em programas como o Prós e Contras da RTP)

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Cada empresa é um caso

Neste blogue sou um apologista, sou um missionário, sou um divulgador, tudo a favor do aumento do valor acrescentado, tudo a favor da subida na escala de valor, tudo a favor da concentração na originação de valor e não tanto na extracção de valor.
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Contudo, sei que cada empresa é um caso, sei que não se podem impor soluções, revoluções estratégicas a quem não está preparado para elas ponto.
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Por isso, sou defensor do fim das medidas centralizadas e generalizadas que dificilmente têm impacte positivo num tecido económico intra-sectorial cada vez mais heterogéneo.
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Assim, chamo a atenção para esta notícia "Trabalhadores das Confecções Brioso surpreendidos com férias antecipadas".
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Somando a notícia a esta outra "Salário mínimo abrange 76% dos trabalhadores dos têxteis" julgo que posso especular que os catequistas de direita e de esquerda ganharam mais uma batalha: mais uma empresa que paga salário mínimo eliminada.