segunda-feira, outubro 31, 2022

Oficialmente ...

No tempo de Passos Coelho ... lembram-se da sexta-feira 7 de Setembro de 2012? Sei a data por causa de Crédito fácil e barato. Nesse dia o primeiro ministro de então disse, olhos nos olhos, o que pretendia fazer sobre a TSU. Era mais transparente e claro, era o mundo dos orçamentos pré-cativações.

No tempo de Passos Coelho como primeiro ministro eu criticava os orgãos de comunicação social por se focarem no sofrimento das pessoas e não darem uma luz de esperança sobre o que poderia ser o futuro.

Hoje, vejo Passos Coelho como um caseiro que aplicou a receita da troika, mas que ele próprio não a entendia. Por isso, a sua incapacidade para um discurso de esperança sobre o futuro. A sua grande virtude foi dizer não aos "funcionários" do BES dentro do governo.

Assim, Setembro de 2013 chegou como uma surpresa para quase todos - E falta um mês para Agosto de 2013!!! e E Agosto de 2013 chegou. BTW, (Vítimas são presas).

Ontem, ao ouvir o telejornal da noite da TVI dei comigo a pensar que tinha regressado ao tempo da troika, por causa do tempo dedicado ao sofrimento das pessoas. Ainda pensei, mas esta não é a TV do Sérgio, o amigo do Centeno sempre ao serviço de Costa?

Por que é que as TVs começam a dedicar cada vez mais tempo ao sofrimento das pessoas?

O primeiro ministro António Costa já nos disse que estamos em crise? Não, afinal segundo a "cartilha dos padres" ao serviço do partifdo do governo estamos a crescer mais do que o resto da Europa.

Se não há discurso sobre a crise, não há discurso de esperança sobre como sair da crise.

Isto tudo é estranho, do meu lado da vedação, no meu trabalho continuo a interagir com empresas exportadoras que têm algum receio do futuro, mas que estão bem, mas que estão muito bem. Suspeitam, receiam um futuro mais cinzento com a recessão nos mercados externos, sobretudo Alemanha. 

E as empresas do sector não-transaccionável? Como vai ser?

Oficialmente não há crise, mas na vida real ...

Extraordinário!!!

Então a inflação apareceu out of thin air!!!

domingo, outubro 30, 2022

E noção?

Ele há coisas ...

Esta semana seguia num táxi para uma empresa onde costumo ir semanalmente e o motorista, pessoa com quem já fiz várias viagens, contava-me que um edifício em ruínas que me tinha chamado a atenção era uma antiga vacaria. Depois na empresa após o almoço, durante o café, contavam-me que onde estava situada aquela empresa altamente produtiva tinha existido uma outra vacaria. Na minha mente, pensei no ganho de produtividade daqueles metros quadrados ...

Entretanto, ontem, um pouco atónito, dei de caras com este artigo, "Soberania alimentar nacional está comprometida, alertam produtores de lacticínios":

"O presidente da ANIL deixou ainda uma nota sobre a importância deste e doutros sectores para a revitalização e fixação de população no interior. [Moi ici: Ponham as coisas em perspectiva, um sector conhecido por estar sempre a chorar por falta de rentabilidade vem dizer que é um sector relevante para fixar pessoas no interior. Brincamos? E que salários é que essas pessoas vão ganhar?] “Com o devido respeito pelas novas tendências de trabalho geradas pela pandemia e potenciadas pela evolução das tecnologias de comunicação, não é com os nómadas digitais que vamos assistir à inversão dos fluxos populacionais para o litoral”, disse. 

"É sim, com a criação de condições para a sustentabilidade da produção e geração de valor em setores como este dos lacticínios", afirmou em defesa da importância da fileira láctea num pais que quer fixar populações em zonas agrárias e no interior, reduzir o fluxo migratório para o litoral, desenvolver áreas geográficas não urbanas." [Moi ici: No artigo, pela enésima vez um representante do sector apela aos apoios do estado - "e apelando ao Estado para a adoção de medidas orçamentais" - porque o sector não gera riqueza para remunerar os participantes. E o mesmo representante acha que o sector pode ser atraente para os trabalhadores]

E noção? Recordo os empresários têxteis... É verdade, não é impunemente que se diz mal

Recordar a Herdmar e A brutal realidade de uma foto.

Recordar Erik Reinert e Para reflexão de onde sublinho:

"a nation - just as a person - still cannot break such vicious circles without changing professions." [Moi ici: Talvez por isto as mais de 60 pessoas empregadas que responderam a um anúncio de emprego em Falta mão de obra? (parte II)]

Recordar The "flying geese" model, ou deixem as empresas morrer!!! onde Reinert nos conta como uma cidade de sapateiros, St. Louis, pagou os jogos olímpicos e uma feira mundial em 1904. 

sábado, outubro 29, 2022

Até que ponto?

"Key to understanding how a commercial operation functions is to understand the drivers of value, and the drivers of cost, in some depth and to understand them together. Being lean and curbing costs is often described as essential in supply chains, but this is too narrow a focus. Yes, cost reduction and improvements to efficiency and productivity are important and necessary, but only when conducted as part of understanding of the impact on the full value chain, otherwise they can be counter-productive. In extreme cases, they can even become a self-defeating compulsion, especially where incentives are not aligned with what the company needs to do to meet consumers' and retailers' needs."

Isto foi crítico para o sucesso da maioria da economia exportadora portuguesa nos últimos 15 anos. O preço mais baixo não é tudo, não é o único critério. Num mundo com cada vez mais incerteza, resultante do contexto externo (política, tecnologia, economia, social), mas também do contexto interno (mais variedade, mais feedback, mais customização) a logística da resposta, da reposição, da criação tem um valor que o cálculo de custos não incorpora pelo lado positivo. 

Foi isto que nos permitiu ser competitivos sem ser produtivos, foi isto que me embalou e enganou nestes anos todos. 

Agora que o modelo estava a dar sinais de exaustão, desde 2018 mais ou menos, não pelo fim da importância da logística da resposta porque a incerteza continua a crescer, mas pelo alargamento da produção de proximidade noutras paragens mais próximas dos centros de consumo, veio o Covid primeiro, Taiwan como espelho da Ucrânia depois, e agora o império a revelar-se numa série de cenários potenciais perigosos, dar uma nova vida ao modelo da competitividade sem produtividade.

Até que ponto esse modelo se compadece com taxas de inflação elevadas?

Até que ponto esse modelo se conjuga com uma demografia envelhecida e uma emigração em crescendo? 

Trecho inicial retirado de "Deliver What You Promise" de Bali Padda.

 

sexta-feira, outubro 28, 2022

"Lives of quiet desperation" (parte III)

Parte II.

"Venda da Efacec à DST caiu e o Governo está a preparar a reestruturação da empresa


Mateus 7, 16:20. 

É nisto que dá ser governado por falsos profetas.

Podem ter conversa, podem ter fanfarra, podem ter o apoio da comunicação social e do comentariado, mas quando chega a hora da verdade... os contribuintes incham e ninguém se retrata, ao menos podiam retratar-se, mas não, seguem para mais uma vitória eleitoral qualquer.



quinta-feira, outubro 27, 2022

We're not in Kansas anymore

A subida das taxas de juro, vai matar alguns projectos que conseguiram sobreviver até aqui.

A subida das taxas de juro vai aumentar a exigência de rentabilidade mínima necessária para pagar o custo do dinheiro.

Projectos que há um ano sobreviveriam, vão bater contra a parede com mais ou menos violência.

Há dias escrevia sobre esconder os stressors. Ontem li:
"BASF has said it will have to downsize “permanently” in Europe, with high energy costs making the region increasingly uncompetitive."

Quantos projectos novos não vão avançar? Quantos projectos vão falhar? Que projectos novos vão-se tornar atraentes? Por exemplo, há um mundo em explosão acelerada relativamente ao fotovoltaico.

Entretanto, o modelo económico português vai-se revelando na sua capacidade de gerar resultados:

"Mais de 40% dos seniores portugueses dá dinheiro aos filhos todos os meses" e "De acordo com a Population Survey da ONU, em 2100 seremos 6,6 milhões; de acordo com as projeções de um estudo de Vollset e outros, seremos apenas c. 4,5 milhões." [Moi ici: Bom para o ambiente!!!]

Acham que 80 mil em 2021 é fora do comum?

É preciso ter memória "Emigração estabilizou em 2019: saíram 80 mil do país" e vejam 2018 também.

Trecho retirado de "BASF to downsize 'permanently' in Europe

quarta-feira, outubro 26, 2022

Por que é importante ter uma estratégia.


"Willingness to pay (WTP): The maximum amount a customer is willing to pay for a company's goods or services

Price: The actual price of the goods or services

Cost: The cost of the raw materials required to produce the goods or services

Willingness to sell (WTS): The lowest amount suppliers are willing to receive for raw materials, or the minimum employees are willing to earn for their work

The difference between each component represents the value created for each stakeholder. A business strategy seeks to widen these gaps, increasing the value created by the firm’s endeavors."

Relacionar com Larreché:

WTP versus Originação de valor.
Price versus Captura de valor.
Cost versus Extracção de valor.


Trecho retirado de "What Is Business Strategy & Why Is It Important?


terça-feira, outubro 25, 2022

Acerca das mudanças

Tapar o sol com uma peneira.

Tratar os sintomas em vez de ir às causas.

Pregar uns valores e princípios e praticar o oposto.

Enganar as pessoas.

Não preparar as pessoas para aquilo que para elas vai ser uma surpresa.

Apresentar uma dança da chuva qualquer para enganar papalvos.

Alguns conselhos, "Don't just Tell Employees Organizational Changes Are Coming - Explain Why":

"Inspire people by presenting a compelling vision for the future. During times of uncertainty, people experiencing change want a clear view of the path ahead. It’s important to share what you know – including what’s changing, when, and how. But for most change initiatives, it is also helpful to start with a narrative or story that clearly articulates the “big picture” – why change is important and how it will positively affect the organization long-term. This should serve as the foundation for how you communicate about the change moving forward.

...

Keep employees informed by providing regular communications. Change communications is never a one-and-done event; keeping employees informed is something that you will have to do throughout every step of the change process. Studies have found that continual communication is a leading factor in a transformation’s success. When thinking about how to communicate, keep the following in mind:

Be clear and consistent: All of your communications should tie back to the narrative that you developed, reiterating the case for change and presenting a compelling future vision.

You will not have all the answers:

...

Don’t forget to articulate “What’s in it for me?”:"

Payback time is coming ...

 


Nunca serei capaz de agradecer o suficiente aos ex-parceiros da geringonça por terem dado a maioria absoluta ao partido no poder.



segunda-feira, outubro 24, 2022

Sem stressors não há informação

Hoje é mais ou menos pacífico dizer-se que algumas estratégias, baseadas em mão de obra barata, são impossíveis de sustentar em Portugal.

Apesar disto, Pode ser que cole à parede, chegaremos um dia à conclusão que estratégias baseadas em energia barata são impossíveis de sustentar em Portugal.

Taleb ensinou-me: "Stressors are information"

Entretanto esta semana:


Sem stressors não há informação, se não há informação, não há sinal de que a mudança seja mesmo necessária.

Se recuarmos a Outubro de 2021 percebemos que o preço da energia não tem nada a ver com a guerra.

domingo, outubro 23, 2022

Evolução não planeada

Imaginem este cenário de evolução do VAB numa empresa:


Conjuga bem com:
"To understand why it’s so important to go with organizational strengths, we need to explore just how diametrically opposed the two models of business really are. The first kind of company competes on a complex-systems model
...
The second kind of company competes on volume operations.
...
If you think business is business, you’re simply wrong. In truth, business takes two distinct forms, and they could scarcely be less alike. One kind of business, as shown in the exhibit “Complex-Systems Model,” is geared toward delivering customized solutions to demanding and deep-pocketed customers. The other, as shown in the exhibit “Volume-Operations Model,” is designed to package a company’s proprietary strength (its core technology, which may or may not be very high-tech) into standard products that meet the generic needs of mass markets."
O que se passa com a empresa acima é a consequência natural da evolução não planeada (folhas na corrente) em que se transitou de um modelo baseado no volume (poucos clientes, pouca variedade e encomendas grandes) para um modelo mais próximo do complexo (muita variedade, encomendas mais pequenas e ... a falha ... o número de clientes não cresceu o suficiente para compensar a mudança).

A empresa não decidiu mudar, não alterou a sua estrutura produtiva ou a sua mentalidade, foi conduzida pelo mercado... não teve voto na matéria, não teve consciência.

Trechos retirados de "Strategy and Your Stronger Hand"




sábado, outubro 22, 2022

Curiosidade do dia

Depois de ter ouvido o podcast de Lex Fridman com John Vervaeke, tenho ouvido diariamente os podcasts de John Vervaeke sobre "Awakening from the Meaning Crisis". Esta semana tive oportunidade de ouvir o nº 20, "Ep. 20 - Awakening from the Meaning Crisis - Death of the Universe".

John Vervaeke continua a ser capaz de me surpreender!!! Que episódio: UAU!

Começa com Santo Agostinho com um conjunto de ideias tão fortes que duraram quase 1000 anos, continua com Tomás de Aquino e como ele resolveu o problema de então recorrendo à ideia do mundo natural e do mundo sobrenatural, à separação da razão do coração. Uma ideia tão bem sucedida que representa o princípio do fim do mundo pré-ciência.

A introdução na Europa dos algarismos indo-árabes que facilitou o cálculo e fez explodir a matemática. O surgimento dos bancos em Itália e da sociedade comercial que começou a expandir a vida sem recurso ao sobrenatural de Tomás de Aquino. Segue-se Copérnico e a sua ideia sobre o heliocentrismo, algo do género: "Fica mais fácil fazer as contas se colocarmos o Sol no centro". Ele não afirma que o Sol está no centro, ele foca-se na Matemática. 

Depois, Vervaeke apresenta-me um Galileu que nunca ninguém me tinha apresentado. O Galileu matemático, o Galileu que muda a noção do mundo, daí o título do episódio. Até Galileu, humanos e o resto do cosmos viviam e faziam parte do mesmo caldo solidário, com vontade, com personalidade. Depois de Galileu, que introduziu termos como inércia e resistência, os humanos ficaram sós, separaram-se do resto do universo. A palavra cosmos antes e depois de Galileu quer dizer coisas diferentes. O mundo resiste aos humanos.

Galileu pensa: vemos o sol levantar-se num lado de manhã e pôr-se num outro lado de noite e afinal o sol não se mexe. Ou seja, somos enganados pelos nossos sentidos. Como nos podemos precaver contra outros enganos? Com a Matemática!!! Galileu introduz ou desenvolve as equações matemáticas que depois Pascal e Descartes expandiriam.

É uma viagem e pêras! No 21 segui-se Lutero e agora no 22 Descarte e Pascal. Já agora, uma curiosidade, como é que Descarte inventou o referencial cartesiano? Por causa de uma mosca que não o deixava dormir. Num quarto, como o da minha mais antiga recordação de infância, com paredes em tijolo-burro, às tantas ele começou a pensar que podia descrever onde estava a maldita mosca se contasse quantos tijolos havia desde a esquina da parede.

Quem vem do Afeganistão para a Europa nunca foi sujeito a uma cultura que evoluiu deste caldo evolutivo.

À espera da autópsia

Ontem de manhã, durante a caminhada matinal li "Ach.Brito foi vendida por um euro. Empresa passou a ser detida por um fundo de capital de risco":

"A Ach.Brito, que inclui as marcas de sabonetes e outros produtos de beleza Claus Porto e Musgo Real, tinha no mercado do turismo um dos seus principais clientes e o plano a seis anos, revelado ao PÚBLICO em 2017, visava “aumentar as vendas da marca [Claus Porto] no estrangeiro”, num investimento de cinco milhões de euros. Mas as suas intenções viriam a ser goradas com a chegada da pandemia, a meio do processo."

Por acaso, ontem de manhã numa empresa usei este esquema de 2008:


Por acaso gosto da marca Ach. Brito e costumo comprá-la. Sempre me questionei sobre a sua presença nos hipermercados.

Gostava de ver estes casos reais da economia portuguesa autopsiados pelas revistas de gestão nacional. Talvez daqui a uns anos possa encontrar algo numa tese de mestrado.

sexta-feira, outubro 21, 2022

A responsabilidade pela formação

Ao ler isto: 

"Perhaps the single most important piece of advice I gave my children as they were growing up, and that I offer in this chapter, is to treat every day as a learning opportunity. Don't make assumptions and check the beliefs of yourself or others against the actual evidence. Keep an enquiring mind. Don't assume that a convenient soundbite tells an accurate story and always recognize that you have more to learn. A comment I have heard from individuals who feel frustrated at work is: “I’ve been in this role two/three years and I haven't learned anything. They haven't provided any courses.” I find that an extraordinary viewpoint - it's your responsibility to be continually learning. There were two glaring issues that struck me when I heard such sentiments: firstly, you can always book your own course, or buy the textbooks."

Recordei logo 2008:

"A formação profissional de cada um, é um assunto demasiado importante para ser delegado em regime de outsourcing a quem quer que seja." 

E 2011:

"O seu futuro é demasiado importante para ser colocado nas mãos do seu chefe, ou patrão. É que, por mais que ele genuinamente o valorize... a empresa pode ter de fechar. Por isso, não confie a sua formação a mais ninguém." 

Trecho retirado de "Deliver What You Promise" de Bali Padda.

quinta-feira, outubro 20, 2022

Quais as consequências destas falências?

Ontem, apanhei isto no Twitter:

Entretanto, no dia anterior tinha lido:

"The backbone of German innovation and a major source of future growth are its small to medium sized businesses. Almost 40% of total corporate turnover is generated by these enterprises, and they account for 55% of value added in the German economy. They also train the future industry workforce, and are responsible for 1.3 million of the 1.5 million training places in German companies. Keen innovators, smaller companies are often investing twice as much in research and development as their larger competitors. Unfortunately, the current crisis is hitting precisely this sector of the economy hardest, driving up insolvencies among Germany’s so called ‘Mittelstand’."

Mais do que uma consequência da guerra, recordo do Sábado passado Pode ser que cole à parede, julgo que isto é consequência de uma transição energética feita por políticos. Ou seja, às três pancadas e sem olhar a consequências e balanços energéticos (ainda recentemente na Califórnia estabeleceram data limite para deixar de vender carros com motor a combustão e bloquearam carregadores eléctricos por receio de apagões).

Quais as consequências destas falências?

Que redesenho da paisagem industrial na Europa?


terça-feira, outubro 18, 2022

Falta mão de obra? (parte II)

Parte I.

Na passada semana recebi um telefonema de um empresário, pessoa da área administrativa que acumulava a função de Responsável pela Qualidade tinha-se demitido. Antevimos dificuldade em encontrar nova pessoa para a função.

Ontem, passei pela empresa e, para minha surpresa, percebi que mais de 60 pessoas já tinham respondido à oferta de emprego. A quase totalidade das pessoas que responderam já estão empregadas.

Que se passa?


segunda-feira, outubro 17, 2022

Falta mão de obra?

Sim, eu sei que a emigração rouba mão-de-obra.

Sim, eu sei que existe imigração.

Sim, eu sei que existe competição entre sectores económicos.

Julgo que este artigo ajuda a ilustrar o que se pode estar a passar, da próxima vez que ouvirem empregadores a dizer que falta mão de obra:

"Carolina Reyes was surprised when she heard that an assistant teacher at her child care center in suburban Maryland was quitting for a job cleaning high school classrooms. The hours — 6 p.m. to midnight — seemed crummy. And the work hardly seemed more satisfying.

But then Reyes, who owns the center, heard about the salary — $24 per hour, compared with the $15 she was able to offer.

The worker was only one of several Reyes lost recently — part of a national exodus from the child care profession. The shortage is contributing to a crisis for parents, as child care providers close their doors or limit enrollment in response to a labor market in which they cannot compete.

There are 100,000 fewer child care workers than there were before the coronavirus pandemic, according to the Bureau of Labor Statistics. Even as private-sector employment fully rebounded over the summer from the job losses caused by COVID-19, the child care sector shrank and was 9.7% smaller last month than it was in February 2020, federal data shows.

Program directors point to a few explanations for the shortage: competition from other sectors, as well as regulations — including license requirements, vaccine and masking rules — that could dim the enthusiasm of some job candidates.

The typical American child care worker earns about $13 per hour, and many earn just above minimum wage. Last year, 29% were so poor that they experienced food insecurity, according to a survey conducted by researchers at the University of Oregon.

Positions stocking shelves at Target, ringing up groceries at Trader Joe’s, and packing and loading boxes at Amazon warehouses now often pay more than jobs in child care programs in many parts of the country. Working at a nail salon or managing pharmacy benefits over the phone can also lead to higher earnings."

Se falta mão de obra é porque há quem pague mais por ela. Se não dá para pagar por ela, talvez seja uma mensagem do mercado a dizer que o negócio não tem pernas para andar, talvez seja de desviar os recursos para outro empreendimento.

Trecho retirado de "Why You Can't Find Child Care: 100,000 Workers Are Missing" do New Yor Times  

domingo, outubro 16, 2022

Dedicado aos que pensam que estas coisas só acontecem em Portugal

Estados Unidos, Outubro de 2002, unidade de fabrico da LEGO.

"You've never been trained in it? I asked the operator on the production line at LEGO. I was holding the operating manual open at the page showing the process that I had been referring to. The machinery was whirring in the background, we had to raise our voices slightly to be heard. There was a row of 12-14 vibratory bowls, each about 1m wide, in which LEGO bricks were automatically sorted and counted, then dropped into bags.

'No,' came the reply.

I took the manual to the supervisor, who told me: I've never even seen it before.'

The official LEGO quality operating processes looked impressive on paper; the problem was that operators did not follow them - or were not even aware of them, in some cases."

Dedicado aos que pensam que estas coisas só acontecem em empresas de vão de escada e em Portugal. 

Trecho retirado de "Deliver What You Promise" de Bali Padda.  

sábado, outubro 15, 2022

Pode ser que cole à parede

Ontem, 13.10.2022 - "Cada falência é uma vitória de Putin", diz o líder da indústria têxtil portuguesa

"O presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Mário Jorge Machado, deixou esta quinta-feira mais um alerta sobre como o disparo do preço do gás natural está a pressionar a indústria têxtil: “Cada falência é uma vitória de Putin, que está a usar o gás como arma económica”."

Parece que o Putin tem as costas largas, e eu sou a última pessoa a querer defende-lo.

A 18.10.2021 - "Já há empresas têxteis a ponderar encerrar portas devido à escalada dos preços da energia"

"Já há empresas têxteis a ponderar encerrar portas devido à escalada dos preços da energia. Com os preços do gás natural cinco vezes mais caros e da eletricidade duas vezes mais elevados do que há três meses, muitas empresas deste setor já fazem contas e admitem não conseguir fazer face ao aumento dos encargos energéticos, a que acresce ainda a subida ou escassez de matérias-primas. Uma situação que poderá comprometer a retoma económica antecipada pelo Executivo, alerta Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP)."

Em 2013 apresentei este gráfico:


Entre 2005 e 2012 o sector têxtil perdeu 3000 empresas e manteve o volume de exportações. Nesse tempo o impacte da China era visto, justamente, como "É a vida!"

Em 2022 as exportações têxteis estão em alta. Por que devemos salvar empresas? Desconfio que muita gente quer que empresas condenadas pelo mercado sejam salvas pelos contribuintes.

BTW, a propósito disto ""TÊXTEIS PORTUGUESES PASSARAM O TESTE DE STRESS HA 20 ANOS"" onde se pode ler:

"os desafios ao sector são enormes mas “os têxteis portugueses passaram o teste de stress há 20 anos”, disse Pedro Siza Vieira, ex-ministro da Economia,

...

E os que passaram esse teste de stress de há 20 anos não vão agora ser derrotados por mais uma crise."

Este advogado de gabinete lisboeta tem de aprender o que é o índice de turbulência - Debaixo da superfície calma e pacata. Fez-me lembrar a parolice nortenha O provincianismo nortenho!

Qualquer reunião empresarial para que convidem estas personalidades é um sinal para não perder tempo com essas reuniões. O que é que eles sabem da economia transaccionável? Come on!

Portanto:


"Para este responsável, no curto prazo a "prioridade deve ser salvaguardar a indústria têxtil", ao mesmo tempo que esta se prepara para um "futuro competitivo a longo prazo". Futuro esse que terá de ser assente em "fundações fortes", ou seja, em inovação, criatividade, qualidade e sustentabilidade. "Eu sei que estas podem parecer só palavras bonitas, mas acredito que precisamos de continuar a investir em inovação, de continuar a atrair criatividade para as nossas empresas, de produzir artigos de alta qualidade e de nos tornarmos mais sustentáveis porque essa é a receita para o nosso sucesso num mercado globalizado e altamente competitivo", frisa.
Mas tudo isso exige diz Alberto Paccanelli, um "novo quadro regulatório no qual a qualidade e a durabilidade se tornem o norte, [Moi ici: Durabilidade? Come on Are you prepared to walk the talk? Qualidade? O que quer dizer qualidade? Um Fiat tem menos qualidade que um Mercedes? Tudo conversa para levantar barreiras alfandegárias] em que a transparência e a sustentabilidade são premiadas e em que os free riders, que não cumprem com as regras e os standards [europeus], são mantidos fora do mercado". Ou seja, há que garantir que o novo quadro será "justo e equilibrado, o que exige um diálogo constante e próximo entre o regulador e a indústria", defende."