quarta-feira, dezembro 02, 2009

Que saudades...

1975, 1º ano do ciclo preparatório, o irmão mais velho do Cagô (Carlos Gomes) tinha este vinil em casa, acho que foi a primeira vez que ouvi os Supertramp:
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E o pior já passou... passou mesmo? E o pior para quem?

No livro "Scenario Planning" de Mats Lindgren e Hans Bandhold os autores recordam, e como é verdade, que se queremos construir cenários sobre futuros alternativos plausíveis, devemos começar pelo passado e presente.
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Devemos começar por procurar quais os vectores que se encontram à nossa volta e que vão influenciar o futuro. Esses vectores são as correntes e ventos de fundo que conduzem o barco.
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Aliás, foi por causa do conselho de Peter Schwartz, para estar atento aos recortes do dia-a-dia, para identificar as forças que influenciam o amanhã que comecei a registar neste blogue o quotidiano que me rodeia.
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Da net de ontem retirei vários recortes que afixei no painel, são certamente ingredientes que afectarão o bolo, o futuro que me interessa:
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E o pior já passou, dizem! Com estes ingredientes que bolos podem ser feitos?
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Passou mesmo?

Escolhas difíceis

"Na Suécia, por exemplo, o primeiro-ministro recusou comprar a Saab à General Motors. Fredrik Reinfeldt considerou que o dinheiro dos contribuintes - "destinado à educação e à saúde" - não pode servir para tapar o buraco de uma empresa de carros. O facto de a Saab ser de origem sueca não lhe exaltou o patriotismo nem a veia demagógica. O excesso de oferta no mercado automóvel foi suficiente para o convencer de que seria mau negócio. É para isso que servem os políticos: fazer escolhas difíceis. Testado pela mesma realidade, Sócrates facilitou e falhou. Não é injustiça: o primeiro-ministro falhou e deixou o país num beco sem saída."
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Trecho retirado de "E agora, José?" publicado no i. Só não concordo com a inclusão do nome Sócrates. Podia ser MFL, ou Filipe Meneses, ou Passos Coelho; ou ... está no sangue normando. Que modelos mentais podem ter na sua mente? Onde trabalharam? Que experiências de vida têm? Alguma vez viveram longe do Orçamento de Estado?

Como é que uma empresa sincera pode usar estes fora? (parte II)

Nestes dois postais anteriores "Como é que uma empresa sincera pode usar estes fora?" e "Branding in the post-internet era" abordamos o desafio de usar as redes sociais da net em benefício do desenvolvimento de uma marca.
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Em tempos escrevi sobre esta empresa, pois bem, o Aranha encontrou na net este exemplo:
  • consumidores comentam negativamente o produto e a marca;
  • representante da marca entra em cena;
  • representante consegue levar o consumidor a admitir que se calhar estava enganado; ("Yes I will eat crow for slandering your product on the shrouds, but you can see from the pictures I had a much different experience with the older plastics.") e por fim a disponibilizar-se para dar a volta ("I would give Polisport another chance givin some of the positive responces on here.")
Como dizia e escrevia Peter Drucker: "If consultants are to disseminate best practices, they must be not only good teachers but also good students.

terça-feira, dezembro 01, 2009

A revolução que aguarda a exaustão dos diques que a impedem

A energia, o potencial, a riqueza que se esconde por trás desta comporta!!!
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Ontem a meio da tarde, o Aranha telefonou-me para me convidar a ver um programa que estava a dar na RTP2.
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O programa chama-se "Da Terra ao Mar" (um magazine sobre o panorama da Agricultura, da Floresta, das Pescas e do Desenvolvimento Rural, em Portugal).
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Como estava longe de uma televisão o Aranha teve de me exlicar o que se passava.
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Parte do programa tinha sido dedicado a apresentar uma empresa agrícola na costa alentejana, o Aranha falou-me na Driscoll, contudo ao pesquisar na net interrogo-me se o programa não teria sido sobre a Luso-Morango.
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Não interessa, o ponto do Aranha era este, durante toda a conversa com os responsáveis da Driscoll (Luso-Morango?) transpirou estratégia, visão, confiança, concentração no cliente, aposta, ... pois, em tempos de crise não chegam para as encomendas.
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No entanto, a nossa agricultura é a do choradinho, do subsídio, do apoio, dos coitadinhos, das carpideiras, dos desgraçados vítimas da ira dos deuses e dos supermercados:
Por isso é que sou tão crítico dos subsídios à agricultura. Esses subsídios estão a impedir uma revolução agrícola em Portugal.
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O ex-ministro Jaime Silva falava no kiwi, no diospiro, no... e era logo massacrado pelos dependentes da cultura dos subsídios.
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Vale tudo: é a selva!

"Empresas que devem ao Fisco podem receber apoios do Estado já em Janeiro" e as empresas que se desunham para pagar o saque aos normandos?
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No limite vamos ter o Estado a apoiar empresas com dívidas ao Fisco, para evitar mais desemprego, e assim, condenar à morte as empresas que cumprem... gerando mais desemprego.

Sei o que não me disseste na última campanha eleitoral (parte VIII)

Depois do Contras & Contras de ontem à noite na RTP1 e depois deste "Dívida pública. Risco está muito alto por causa dos políticos" arrisco-me a projectar o dia em que Medina Carreira será visto como um incurável optimista.
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Onde é que estava esta gente toda durante a última campanha eleitoral?

segunda-feira, novembro 30, 2009

Mandamentos para os gestores das unidades com futuro

Se Moisés descesse hoje o Monte Sinai com as tábuas da Lei com os mandamentos para os gestores, certamente encontraríamos entre elas estas orientações:
  • Subirás na escala de valor!
  • Procurarás a diferenciação!
  • Promoverás a relação com o consumidor!
  • Acarinharás uma marca!
Encontro todos estes tópicos nesta notícia sobre a Viarco: "Fábrica de lápis Viarco lança três inovações mundiais"
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"A fábrica de lápis Viarco, única em Portugal nesse sector, lançou este mês no mercado internacional três produtos que são estreias mundiais e reflectem a mudança de segmento que a empresa está a atravessar.

Aguarela de grafite para pintura, barras de grafite aguarelável para uso em grandes superfícies e um estúdio portátil com utensílios incluídos são os artigos que José Miguel Vieira Araújo, administrador da Viarco, garante serem “inovações totais a nível mundial”.

Integram a linha ArtGraf, vocacionada para os técnicos das artes plásticas e design, e “asseguram a diferenciação da marca em relação à concorrência”, numa “mudança radical” da área de negócios da Viarco, até aqui assente em materiais escolares. “Transferir um modelo de negócio para o outro requer tempo, mas estamos pela primeira vez a apostar na exportação da Viarco enquanto marca e não como prestadora de serviços contratados por terceiros”, diz Vieira Araújo."

Acham isto normal?

"Portugal tem três construtoras entre as 100 maiores da Europa"

Pintar fotos do futuro

Quantas vezes repito nas empresas aquela famosa frase do mundo do futebol "Aquilo que é verdade hoje, amanhã é mentira!"
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E não adianta chorar sobre leite derramado, ou procurar culpados para sacrificar como bodes expiatórios.
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Por que o mundo exterior muda, as estratégias das organizações sofrem uma erosão, mais rápida ou mais lenta, e os seus modelos de negócio ficam obsoletos.
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Saliento pois, este trecho de Alex Osterwalder retirado do livro "Business Model Generation":
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"A competitive business model that makes sense in today's environment might be outdated or even obsolete tomorrow. We all have to improve our understanding of a model's environment and how it might evolve. Of course we can't be certain about the future, because of the complexities, uncertainties, and potential disruptions inherent in the evolving business environment. We can, however, develop a number of hypotheses about the future to serve as guidelines for designing tomorrow's business models."
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"Painting pictures of the future makes it much easier to generate potential business models."

domingo, novembro 29, 2009

Canário (parte IX)

Vai ser bonita a festa ...
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E vai ajudar a enterrar de vez os TGVs e auto-estradas e o status-quo português.
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"The EU’s authorities, rightly or wrongly, are more afraid of the moral hazard of a bail-out than the possible spillover effect of a hypothetical Greek default to other eurozone countries. If faced with a choice between preserving the integrity of the stability pact and the integrity of Greece, they are currently minded to choose the former."
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Nas costas dos outros vemos as nossas.
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"The lion’s share of the total deficit reduction effort is earmarked to come from tax measures, and most of those from the fight against tax evasion. Tax evasion is always the item first on the list of desperate governments. (Moi ici: onde é que eu já visto?) The European Commission and Europe’s finance ministers, who have heard this story before, are rightly asking for genuine deficit reduction."
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Wolfgang Munchau é mais optimista que eu: "Just as the Greek people are unprepared for austerity, investors are unprepared for what awaits them. I would still bet that outright default is unlikely. But I wonder whether the current Greek bond spreads reflect the true risks."

"Eu recuso-me"

Aranha, meu caro, leia este artigo "O assador".
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Repare neste ponto:
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"A alternativa está no corte nas despesas. Recuperemos então a estrutura que deixámos lá atrás. Cortamos nos juros da dívida? É impossível. Aliás, estes juros ainda vão aumentar. Cortamos no investimento? Por Deus, não! Seria desistir de viver. Restam-nos três grupos de despesas: os salários, as pensões e as acções sociais. Querem fazer o favor de escolher? Eu recuso-me. Não consigo imaginar o choque que uma tal violência irá provocar no país."
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Cada vez mais comentadores da metade esquerda do espectro político estão a chegar a esta posição, uma espécie de imagem no espelho de Medina Carreira... o que é interessante é que se recusam a apresentar uma solução... Peter Pan's.
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O esquisito é como a postura irlandesa é tão difícil de assumir... a postura irlandesa é uma espécie de "Sauron" o nome que não se pode pronunciar... "Eu recuso-me"
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Façam hara-kiri.
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Lemingues!

Quizz (parte III)

De quem é este retrato-tipo?
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O papá ou a mamã leva-o à escola num automóvel topo de gama. Anda sempre com roupa de marca, tem o melhor telemóvel da turma e recusa-se a ter livros escolares em segunda-mão.
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Aceitam-se propostas de solução.

Para reflexão

To read and translate to the Portuguese reality... reality? Does that still exists? OK, to the Portuguese Neverland.
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Why we all end up with Peter Pan's in the gouvernment, children that don't want to grow-up and face ... yes, reality.
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O cuco fêmea bem pode pôr os ovos nos ninhos dos outros passaritos, contudo, se estes morrerem, as crias de cuco também morrem.

Empresas e crianças: experimentar para inovar

Esta semana apreciei, numa fábrica com 70/80 trabalhadores, aquele esforço de inovação que nunca vai aparecer nas estatísticas governamentais (BTW, sempre lideradas pelos bancos... que interessante), e ainda há quem rejeite candidaturas de empresas de calçado a apoios à inovação com o argumento de que não há inovação no calçado (textual).
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Nessa empresa, surpreendo duas pessoas ainda numa fase artesanal, com máquinas quase ao nível dos nossos electrodomésticos caseiros, a fazer experiências, a testar diferentes parâmetros, a apreciar os resultados... ainda receei apanhar uma gripe por os ajudar a meter peças entrando dentro de uma estufa a 30ºC quando cá fora já a temperatura devia andar pelos 8/9 ºC. As pessoas e as empresas com futuro experimentam, são como as crianças, ...
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"To use a metaphor, one could say that a successful organization is like a child. A child, like a turbulence-exposed company, is exposed to a constant flow of novelties that create uncertainty in the brain. The grand challenge for children is to make sense of everything they experience. To do so, they have to ask, think, create and test hypotheses. ‘Why?’ is the child’s golden question.
But theoretical experimentation is not enough for a child to understand the world fully. Children have to experience the realities in a more concrete sense too. ‘Does mum really mean no, when she says no? I’ve got to try!’ ‘What is this stuff – what does it taste like?’ ‘What happens if we mix these things together?’ In learning, children have to question the ‘laws’ and to find out things for themselves in order to really own the world. And the same is true for a successful company that not only wants to be a leader in the old regime, but that also wants to be around when the new regime breaks through.
Finally, a successful company also has the qualities of a good parent: (Moi ici: o papel da estratégia... por alguma razão o primeiro princípio de Deming era/é "Constância de propósito". Não serás uma barata tonta! Não agirás como um carrinho de choque!) the mother or father who provides a robust framework to rely on, guides the kids through role-modelling, and supports and even directs questions, questioning and experimentation."
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Trecho retirado de "Scenario Planning - The link between future and strategy" de Mats Lindgren e Hans Bandhold.

Espanha, Espanha, Espanha (parte III)

"Economist tries realism as Zapatero refuses to cure Spanish economy"
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Preocupante a abordagem comum... e recordar a nossa ligação umbilical, o peso na balança comercial, e a dimensão espanhola... o dominó, o canário espanhol.

Espanha, Espanha, Espanha (continuação da saga)

Setembro de 2007, estação de caminho de ferro de Vila Franca de Xira, compro o Diário Económico.
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Apanho o suburbano para a Azambuja e sentado leio uma frase que me surpreendeu de tal maneira que nunca mais a esqueci e que "imortalizei" num marcador que infelizmente muito tenho de usar "desde que ouvi o ministro pinho dizer que a crise financeira não afectará a economia...,"
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Por que recordo isto?
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Por causa de mais uma falha do Grande Geometra "Emirados Árabes Unidos foram grande aposta do ministro Manuel Pinho"
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O ministro que queria que Portugal exportasse carne de vaca para a Índia!!!

sábado, novembro 28, 2009

Escolhas e consequências: Private Label?

Ainda esta semana mantive uma interessante conversa com alguém ligado ao sector do calçado acerca da decisão sobre o que produzir, onde competir.
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Ainda na quinta-feira, no meio de uma auditoria da qualidade, apesar do objectivo estar focado na conformidade, tropeço na mesma questão: satisfazer 10 encomendas de 200 euros cada ou 1 encomenda de 14 000 euros?
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Para quem continua a trabalhar para o Private Label e tem vontade, e sente capacidade para ir mais além e fazer coisas diferentes; e está disposto a investir para ter resultados daqui a 5 anos... talvez faça sentido ler este artigo "What the iPod tells us about Britain's economic future" e ver bem para onde vai o dinheiro.
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"although in trade statistics the Chinese export value for a unit of a 30GB video model in 2006 was about $150 (in other words for every iPod sold $150 went onto the Chinese exports ledger) Chinese producers really only “earned” around $4. China, you see, is really just the place where most of the other components that go inside the iPod are shipped and assembled. The remaining cash instead went to the US, Japan and a host of other countries (among which the UK is one) who made the parts that go inside. In other words, where the product is not necessarily where gets the lion’s share of the profits."
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Para quem está satisfeito com o servir o Private Label apenas... OK é uma decisão honesta e defensável.
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Mas lembrem-se de Sartre e Kierkegaard, depois assumam as consequências da decisão sem choradinhos.
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E lembrem-se o Private Label também pode ser interessante se, em vez de vender minutos se vender algum tipo de expertease.

E eu sou o Tarzan

A propósito de gente básica e ignorante, como referimos ontem, António Barreto no i põe as coisas em pratos limpos, com números:
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"importamos 4/5 do que comemos. Hoje, no produto nacional, 3% ou 4% são agricultura e alimentação, 20% ou 25% são indústria. Ou seja, produtos novos, feitos em Portugal, são 30%, menos de um terço. Que vamos exportar daqui a dez anos? E daqui a 20? Serviços? Quais? Financeiros, bancários, serviços de informações, serviços de quê? Estamos a quilómetros e quilómetros de distância da capacidade de exportação de serviços da Espanha, de Inglaterra, da França, dos Estados Unidos... Novas coisas, novas indústrias, novos projectos, novos planos, novas ideias, fizemos muito pouco. "
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Pois... Portugal não é um país de serviços... e eu sou o Tarzan
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Avilez Figueiredo no mesmo i volta à carga:
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"Portugal, como se sabe, tem uma dívida próxima dos 90%. A economia, conhece-se também, vive dos serviços: valem 70% do PIB. Tudo o que produz é, em geral, para consumo interno - de quem vive ou de quem vem de fora. Não há - já se disse - os chamados bens transaccionáveis (esses produtos apetecíveis noutros mercados). A indústria, por isso mesmo, é residual."
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Pois... Portugal não é um país de serviços... e eu sou o Tarzan
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Muitas vezes me interroguei, sem olhar para este número de só 30% do PIB vir da indústria e agricultura, por que é que apesar de exportamos 90% da produção de calçado; 80% da de mobiliário; 70% da de..... termos uma balança comercial tão deficitária. É que por muita boa que seja a nossa indústria ela é pequena para alimentar o nosso ecossistema.