sábado, julho 27, 2024

Sou mesmo um anónimo provinciano.

Em "The Strategy and Tactics of Pricing" de Thomas T. Nagle, Georg Müller e Evert Gruyaert os autores voltam ao tema da relação entre quota de mercado e lucro. Recordo a máxima que sigo desde 2006:
"Volume is Vanity, Profit is Sanity"
"A 1975 study conducted at the Harvard Business School using the PIMS (which originally stood for Profit Impact of Market Share) database of historical market performance of leading global companies had reported a strong, consistently positive, correlation between a company's market share and its relative profitability within an industry. In the Harvard Business Review, the authors proposed multiple plausible reasons why a larger market share could enable a company to operate more profitably. That led to an explosion of literature by marketing theorists and leading consultancies advocating aggressively low pricing as an "investment" in growth that would eventually create "cash cows" - exceptionally profitable revenue streams requiring little investment to maintain them.
Unfortunately, companies that adopted this approach to pricing more often than not found the theory, and the eventual profitability it promised, lacking. As the PIMS database grew, more nuanced relationships were revealed. Although a cross-sectional correlation between market share and profitability proved durable, the better predictor of financial success is determined by how a company invested to grow. Most importantly, it was shown that profitable companies are better able to invest in growth opportunities and subsequently enjoy long-term success. Reflecting this more accurate analysis, the PIMS organization cleverly redefined their acronym to stand for Profit Impact of Marketing Strategy.
Research by Deloitte Consulting LLP has brought further clarity to the relationship between growth and profitability. Deloitte compiled a time-series dataset of 394 companies, covering the period from 1970 to 2013 with exceptional, mediocre and poor performers matched by industry. The researchers defined "exceptional performance" as a company achieving superior profitability (return on assets), stock value, and revenue growth for more than a decade and sought to understand how a small minority of firms manage to achieve it. Their conclusion:
...a [near term] focus on profitability, rather than revenue growth or [stock] value creation, offers a surer path to enduring exceptional performance...-
So how do marketing and financial managers at exceptional companies achieve sustainable exceptional profitability? It is not the result of slashing overhead more ruthlessly than their competitors. In fact, Deloitte's data indicates that exceptional performers tend to spend a bit more than competitors (as a percent of sales) on R&D and SG&A. Their exceptional profitability and, eventually, exceptional stock valuations are built on higher margins per sale that fund initiatives to grow future revenues.
Unfortunately, many companies fail to understand that making sales profitably should be the first priority not an afterthought to a growth strategy."
Escrevo isto por causa de um texto que me foi enviado por mão amiga. Assim, no Linkedin encontrei estes números:

Global sportswear market share:

2013
  • Challenger Brands: 20%
  • Legacy Brands: 80%
2023
  • Challenger Brands: 36% 
  • Legacy Brands: 64%
E agora este pormenor:
Nike said in late June it would roll out sub $100 sneakers around the world.

A Nike reportou lucro líquido de 1,5 mil milhões de dólares no quarto trimestre fiscal de 2024, o que representa um crescimento de 45,6% face ao mesmo período do ano anterior.

Na mesma base de comparação, as vendas caíram 1,6%, para 12,61 mil milhões de dólares

Quando Wall Street soube destes resultados a cotação da Nike caiu 20%. Portanto, a Nike vai lançar sneakers baratos para crescer nas vendas enquanto baixa o lucro por acção e todos ficam contentes.

Sou mesmo um anónimo provinciano. Recordar a Vista Alegre.

BTW, este trecho de um postal recente de Roger Martin:
"The first growth priority should be to gain share in your market — regardless of how fast it is growing. And the share I care most about is $ share, not unit share. Apple has only 20% share of smartphone units but over 50% of revenue share. The latter is its real share!"

sexta-feira, julho 26, 2024

Curiosidade do dia

Hoje, ao almoço com o parceiro das conversas oxigenadoras, contaram-me uma estória real.

Na empresa A, ao utilizarem um determinado produto incorporado no seu próprio produto descobriram que conseguiam um desempenho excepcional. Resolveram contactar o fabricante para tentar perceber o porquê do referido desempenho excepcional.

Descobriram que o dono da empresa, recentemente falecido, é que sabia como se concebiam os produtos. A empresa A dizia-lhes que tinham um diamante em mãos, mas eles não o conseguiam reproduzir ou explicar o porquê desse desempenho.

A nossa conversa derivou para o artesanato, na pior acepção da palavra, recordámos Taylor e o seu desafio de profissionalizar o controlo dos processos.

Durante a condução, após o almoço, recordei Roger Martin e a sucessão: mistério - heurística - algoritmo

Agora, encontro este rolo de tweets:

Os NPCs

Olho para o mundo através dos meus olhos, da minha mente, das minhas experiências. Acredito que só vêmos o que a nossa mente nos deixa ver.

Por isso, posso fazer, faço, julgamentos injustos ou incompletos.

Há momentos encontrei esta citação no Twitter adaptada de uma frase de Carl Jung:

“Until you make your unconscious choices conscious, they will direct your life, and you will call it fate.”

Jung sugere que muitas das nossas decisões são feitas inconscientemente, influenciadas por experiências passadas, crenças e padrões de pensamento dos quais não estamos cientes. Essas escolhas inconscientes moldam a nossa vida de maneiras significativa, afectando as nossas relações, profissão e bem-estar geral. Quando não reconhecemos a origem dessas escolhas, tendemos a atribuir os resultados ao "destino" ou a forças externas, em vez de à nossa própria agência. 

Jung enfatiza a importância de tornar essas escolhas conscientes, o que envolve um auto-exame e uma reflexão profunda.

Há dias apanhei este tweet:

E fiquei a pensar na quantidade de pessoas que eu sinto, se calhar erradamente, que atravessam a vida como autênticos NPCs.

Depois, relacionei tudo isto com um texto publicado por Seth Godin há dias, The paradox of lessons . As lições, por sua vez, levaram-me a Ortega Y Gasset. Se vivo como se não tivesse agência, não penso no futuro. Por isso, não ajo para mudar o meu presente:

“O meu presente não existe senão graças ao meu futuro, sob a pressão do meu futuro. Pois bem, isto significa que neste agora do tempo que um relógio mede eu sou de cada vez o meu futuro e o meu presente”

“Digo, pois, que eu agora sou conjuntamente futuro e presente. Esse meu futuro exerce pressão sobre o agora e dessa pressão sobre a circunstância brota a minha vida presente”

quinta-feira, julho 25, 2024

Curiosidade do dia

Na primeira página do Jornal do Fundão pode ler-se: "Empresários alertam Governo para quebra no setor do turismo":

""Temos empresários do ramo da restauração, da hotelaria e da distribuição a falarem em quebras que podem chegar aos 40%". ", relata o vice-presidente da AEBB, apreensivo com o que se está a passar e que será reflexo das dificuldades que as famílias estão a viver.

"O que está a aumentar é a procura pelos parques de campismo", anota Jorge Pessoa, explicando que o decréscimo da procura é transversal ao país, mas que é o Interior que mais se está a ressentir. A preocupação é partilhada por muitos empresarios e a Associação Empresarial da Beira Baixa promove nesta quinta-feira, um encontro no Parque Empresarial do Tortosendo para os empresários e instituições ligadas ao turismo avaliarem a situação e definirem medidas para apresentar ao secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, num encontro que vão solicitar para o efeito."

This is Portugal!

Empresas têm um problema, em vez de uma reflexão sobre o que precisam de mudar, sobre o que podem fazer, porque têm o locus de controlo no exterior, recorrem ao papá-estado. 

E dizer a verdade?

 

Relacionar este discurso do ministro da agricultura com:

Relacionar este discurso do ministro da agricultura com Algumas verdades de onde cito:
  • "Tradition is not a business model. The past is no longer a reliable guide to future success."
  • Should" is not a business model. You can say that people "should" pay for your product but they will only if they find value in it."
  • "I want to" is not a business model. My entrepreneurial students often start with what they want to do. I tell them, no one - except possibly their mothers - gives a damn what they *want* to do."
  • "Virtue is not a business model. Just because you do good does not mean you deserve to be paid for it."
  • "Begging is not a business model." [Moi ici:Muito comum nas empresas portuguesas, pedintes]
  • "There is no free lunch. Government money comes with strings." [Moi ici: Uma relação pedo-mafiosa que cobra juros muito altos]
  • "No one cares what you spent."
  • "The only thing that matters to the market is value. What is your service worth to the public?"
  • "Value is determined by need. What problem do you solve?"
Numa nota irónica podia brincar e dizer que o ministro está a roçar a islamofobia ao dizer que a Europa consome vinho. As mudanças trazem consequências. 

quarta-feira, julho 24, 2024

Curiosidade do dia

Faz-me lembrar a Ana Sá Lopes a lançar uma diatribe contra os empresários com empresas que apresentam prejuízo ano após ano, e incapaz de ver o que se passa nos jornais ano após ano. 

E coragem?

Do que eu gosto no texto que se segue é a postura tão pouco portuguesa de não usar paninhos quentes e olhar o touro bem de frente. 

Nem Costa, nem Montenegro, nem mesmo Rui Rocha têm coragem para dizer a verdade. 

"Japanese carmakers are alarmed by the rapid development of Chinese electric vehicles and risk becoming "followers" if they do not innovate more quickly, the head of Sony-Honda's joint venture has warned.
Yasuhide Mizuno said Japan's companies needed to change their conservative corporate culture and called for a breakthrough in manufacturing to keep up with Chinese rivals, which within a few years have become some of the world's leading vehicle exporters.
"Chinese competitors are very strong, and I'm very scared of their implementation and execution speed," said
Mizuno, chief executive of Sony Honda Mobility, at the company's headquarters in Tokyo. "Japanese carmakers are a bit nervous or sensitive before launching a car. We need to change this kind of behaviour, otherwise China will be first and we will always be followers," added Mizuno, who led Honda's China operations until 2020.
...
Mizuno added that Japanese carmakers should not be complacent after the US quadrupled tariffs on Chinese electric vehicles to 100 per cent, in effect shutting out groups such as BYD and Nio from the market."

Trechos retirados de "Japanese carmakers 'very scared' by China's rapid EV development

Entretanto, ontem de manhã, mão amiga tinha-me enviado um link para "Chinas Autobauer sind bereits innovativer als viele deutsche Konkurrenten" que defende que as empresas chinesas de carros eléctricos já são mais inovadoras do que as suas congéneres alemãs. Recordar esta "Curiosidade do dia".


terça-feira, julho 23, 2024

Curiosidade do dia

O chefe de uma associação patronal alemã, a Gesamtmetall, lançou uma proposta que em Portugal poria muita gente em estado de histeria: Trabalhadores de escritório só deveriam reformar-se aos 70 anos.

Não sei se é a solução mais adequada, o que destaco é haver gente na Alemanha sem paninhos quentes, a abordar o problema e a apresentar propostas de solução. Por cá, isto não é assunto, não há problema, nem há urgência.



Julgo que nunca verei esse dia... uma tristeza.

Há quase dois meses escrevi Mais uma razão para apoiar a causa irritante. Há pouco mais de uma semana escrevi Fugir do crescimento canceroso. Agora no FT apanho:

"Champagne is more closely associated with celebration than wine.

But Pernod Ricard boss Alexandre Ricard would be justified in cracking open a celebratory bottle of red, after the French drinks group's deal to sell most of its wine business, including the Jacob's Creek and Campo Viejo brands. It is a wise move: global wine consumption continues to ebb.

Pernod is selling its wine assets in Australia, New Zealand and Spain representing annual production of 90mn litres - to a consortium of investors led by Bain Capital. The same group this year took over Australian wine producer Accolade Wines, owner of Hardys.

...

Global wine consumption has been in decline since it peaked at about 25bn litres in 2007. Last year that fell to an estimated 22.1bn litres, according to the International Organisation of Vine and Wine.

In recent years, wine prices have risen as producers passed on higher costs. But alcohol consumption is also dropping as consumers become more health-conscious.

The result is that global wine production in 2023 was 7 per cent higher than consumption. Volume should decline by an average 1 per cent a year out to 2028, according to drinks research group IWSR. And no growth is expected from rising prices either - even if parts of the market, such as rose, are more resilient."

Então, vão continuar a destilar vinho e a apelar ao proteccionismo? Gostava de saber quando é que um ministro da Agricultura terá uma conversa séria com os agricultores.

Julgo que nunca verei esse dia... uma tristeza.

Trechos retirados de FT de ontem, "Wine market's sales decline means future is far from rosé". 

segunda-feira, julho 22, 2024

Curiosidade do dia

"As Western companies quake at the latest onslaught of cheap Chinese -goods, a similar drama is playing out in China, where manufacturers are struggling as Beijing boosts industrial capacity without stimulating new demand.

Consider Jiangsu Lopal Tech, a company that supplies lithium iron phosphate to make batteries. The company lost $169 million in 2023, wiping out nearly three years of profit, according to its most recent annual statement. It blamed the red ink on overcapacity in China's lithium iron phosphate market and a slowdown in demand from domestic battery makers.

A similarly plaintive song is heard throughout China's corporate landscape. Rampant overcapacity combined with weak consumer demand is pushing many Chinese companies to the brink, forcing them to slash prices and crushing profits.

With the property bubble that powered growth for years deflating, Beijing has been funneling investment into manufacturing, yet taking few significant steps to boost consumption that would soak up the resulting supply-mainly because Chinese leader Xi Jinping sees U.S.-style consumption as wasteful and contrary to his goal of making China an industrial and technological powerhouse.

...

The resulting overcapacity means that prices that producers charge at the factory gate have been in free fall for almost two years. That is dragging the overall economy closer to outright deflation, and eating into earnings. Around a quarter of the companies listed in mainland China are now unprofitable, compared with 7% a decade ago, according to a Wall Street Journal analysis of listed companies' financial statements."
...
Overcapacity in China eventually leads to default and insolvency, just as in the U.S. The difference is that in China, the state plays a lead role in deciding which companies survive and which fail. In the past, when losses mounted in bloated sectors such as steel and solar, China has withdrawn subsidies, ordered companies to cut capacity, and merged a multitude of minor players into a smaller group of bigger, more competitive firms able to turn a profit."

Trechos retirados de "China's Cheap Goods Hurt Its Companies Too" publicado no WSJ de hoje.

Acerca de monumentos fálicos

 Julgo que foi assim que nos encontramos, o Peliteiro e eu:

Abril de 2008 - Um caminho para a farmácia do futuro? 

Balanço de 2018 - A farmácia do futuro (parte VII)

BTW, julgo que a minha estória com o tema começou em Abril de 2007 - Estava escrito nas estrelas...

Há uma teoria que procura explicar o comportamento dos empreendedores bem sucedidos que dá pelo nome de "effectuation". Um dos seus princípios é:

"Bird in Hand Principle – Start with your means - Entrepreneurs start with what they have"

Algo na linha do que aprendi sobre a America Latina Logística. Por que engonhamos tanto? Porque temos políticos que nunca tiveram a experiência de vida que os preparasse para o "Bird in Hand Principle". Por isso, o seu modelo mental é mais: ir ao poço sem fundo da impostagem aos saxões para fazer grandes monumentos fálicos (tretas) que não funcionam. Por isso, falta-lhes a humildadee agilidade para aproveitar o que têm à mão.

domingo, julho 21, 2024

Acabou, há mais para o ano

Mais um ano, mais um Tour de France.

Este teve a despedida de Cavendish.

Este teve a particularidade da minha presença no local:


Para o ano há mais.  

Acerca do valor para o cliente

O que é valor para um cliente? 

Quando eu era criança era tudo uma questão de racionalidade, de especificações. Depois, o choque ... é muito mais do que isso, e abandonei a doença anglo-saxónica:

"But that is just the economically rational side of the issue — where the proverbial curves cross. I guess I once naïvely thought that the price was set by how much purchasers wanted and valued the good for themselves. But the accelerator on that is the purchasers' recognition that to a segment of society important to them, it is meaningful that the good in question is ownable by them and not by somebody else. That is, ownership of the good positions the purchaser favorably with a segment of society that matters to the purchaser.
...

Understanding customer value has always been and will always be tricky. We used to be told it was all rational and functional. Then behavioral economics came along and demonstrated that there are many emotional elements involved that go well beyond the traditional functional definitions. And now it is clear that value is clearly socially constructed.


So, when you think about your customers, make sure to consider all the elements of value not just functional value and not just emotional value within the customers themselves. Over and above that, ask to what segment of society does possession of your good helps them to be a member. That final piece may be much more important than you may think at first blush."

Em que é que isto é importante para as PME? 

Elas devem:

  • adoptar uma abordagem abrangente para compreender o que é valor para o cliente. Isto inclui considerar elementos funcionais, emocionais e sociais,
  • considerar a que segmento da sociedade os seus produtos ou serviços ajudam os clientes a pertencer. Este aspecto social pode ser crucial na definição da proposta de valor global.

A compreensão final de qual o segmento social que o seu produto ajuda os clientes a aderir pode ser mais importante do que parece inicialmente. As PME devem considerar isso estrategicamente nos seus esforços de marketing e desenvolvimento de produtos. 

Roupas Sustentáveis:

  • Funcional: Qualidade e durabilidade.
  • Emocional: Sensação de estar a contribuir para um mundo melhor.
  • Social: Pertencer a um segmento de consumidores conscientes e ambientalmente responsáveis.

Cervejas Artesanais:

  • Funcional: Sabor diferenciado e produção local.
  • Emocional: Prazer e satisfação ao experimentar algo único.
  • Social: Integração numa comunidade de apreciadores de cervejas artesanais.

Produtos de Beleza Orgânicos:

  • Funcional: Benefícios para a saúde da pele.
  • Emocional: Sentimento de autocuidado e bem-estar.
  • Social: Participação numa tendência crescente de cuidados naturais e orgânicos.

Móveis Artesanais:

  • Funcional: Durabilidade e design personalizado.
  • Emocional: Orgulho e satisfação em ter uma peça única.
  • Social: Pertença a um grupo que valoriza a autenticidade e o artesanato.

Tecnologia de Apoio a Idosos:

  • Funcional: Facilidade de uso e segurança.
  • Emocional: Tranquilidade e independência.
  • Social: Inclusão num segmento que preza pela qualidade de vida na terceira idade.

Alimentos Gourmet:

  • Funcional: Ingredientes de alta qualidade e sabor superior.
  • Emocional: Prazer e experiência gastronómica.
  • Social: Pertença a uma comunidade de amantes da culinária gourmet.

Joias Personalizadas: (recordar o postal recente Marcas e customização será que a Rolex ainda não chegou lá?)

  • Funcional: Qualidade e durabilidade.
  • Emocional: Sentimento de exclusividade e identidade.
  • Social: Integração num grupo que valoriza peças únicas e personalizadas.
Trechos retirados de "Positional Goods & Strategy"

sábado, julho 20, 2024

Curiosidade do dia

"At the higher levels, economics is a complex subject involving a deep understanding of equations and maths. At a basic level, however, it is pretty simple. Resources are scarce. Prices are signals. Incentives matter. Markets are efficient, and supply and demand always find a way of matching in the end - even if it involves some painful adjustments along the way. Those are the fundamental lessons drilled into students on any introductory course.
...
Such as? Let's start with a few obvious examples. In the legislation set out in the King's Speech this week, the Government said it plans to equalise the minimum wage for young and older staff. Sounds fair, right? After all, why should a teenager not be paid the same as a 40-year-old colleague doing the same job? The problem is, if you were running a warehouse would you rather hire a forklift truck operator with 20 years of experience, or someone who left school last week, if the wages are the same? That's right. You would prefer the guy with experience. Young people will find it very hard to get that crucial first job. Prices matter, as it turns out, and that includes the price of labour.
...
Everybody just games the system. In one famous example, hospital managers in Moscow met their target to reduce the numbers of old people dying in their beds by kicking them all out into the streets in the middle of the Russian winter. Sure, they all died, but the target was met. If we really wanted to build more houses, we would liberalise the planning rules so it is easier and more profitable. Because, hey, incentives work. But it seems no one in the Starmer administration is aware of that."

O princípio do empregador-pagador.

O jornal Público, talvez em 2017(?), trouxe um artigo sobre o impacte da imigração no concelho de Odemira. Fixei na memória sobretudo o impacte no Centro de Saúde e na habitação para os "filhos da terra."

Anos depois, com o parceiro das conversas oxigenadoras abordámos o tema das externalidades. As empresas importam gente para seu benefício, mas deixam ao resto da sociedade custos que elas não pagam. Por várias vezes estive tentado a desenvolver o tema aqui no blogue, mas é delicado pois facilmente somos apelidados de racistas. Ainda na última conversa fiz o paralelismo com o princípio do poluidor-pagador. Agora encontro o princípio do empregador-pagador.

A verdade é que no FT do passado dia 17 li "Food industry urged to cover migrant workers' upfront costs."

As ideias principais do texto andam à volta de:
  • Encargos financeiros sobre os trabalhadores migrantes: Os trabalhadores agrícolas migrantes contraem frequentemente dívidas para cobrir custos iniciais, como voos e vistos, antes de conhecerem os seus rendimentos no Reino Unido, conduzindo a riscos de servidão por dívida.
"Farm workers coming to the UK are at risk of debt bondage because they often borrow money to cover flights and visas without knowing what they will earn, a report by the Migration Advisory Committee found."
  • Recomendações do Comité Consultivo para a Migração (MAC): O MAC sugere que o sector alimentar deve cobrir estes custos iniciais para manter o acesso à mão-de-obra estrangeira, recomendando um "princípio do empregador-pagador", onde as despesas de recrutamento e deslocalização são suportadas pelos empregadores.
- "The food sector should cover upfront costs faced by migrant farm workers if it wants to keep access to the overseas labour it relies on, the government's advisers on migration have said."
- "But workers also need more certainty over how much they will earn, the committee added, calling for a guarantee of at least two months pay, to ensure they could recoup the costs of coming to the UK."
- "It urged the industry to accelerate action to move to an 'employer pays principle', so that recruitment and relocation expenses are borne by employers rather than workers."
  • Esquema de Trabalhador Sazonal (SWS): O SWS permite aos produtores do Reino Unido contratar cerca de 45.000 pessoas anualmente com vistos de seis meses. O actual governo pretende reduzir o programa ao mesmo tempo que incentiva a automatização, e o Labour comprometeu-se a reformar o sistema de imigração para reduzir a dependência de trabalhadores estrangeiros.
- "To maintain current levels of food production, there was no immediate alternative given a lack of willing UK recruits to the seasonal worker scheme (SWS), the report published yesterday said, urging ministers to give industry certainty over the scheme's future."
- "The SWS allows UK growers to hire around 45,000 people a year on six-month visas. The previous Conservative government said in May that the programme would run at least until 2029 but noted the aim would be to taper its size over time, while encouraging farmers towards automation."
- "Labour pledged before the general election on July 4 to reform the immigration system with a view to reducing overseas hiring, by making employers' access to visas conditional on greater efforts to train UK workers."
  • Grupo de Trabalho da Indústria: Um grupo de trabalho da indústria está a trabalhar na forma como o “princípio do empregador pagador” poderia ser implementado, mas está a fazer progressos lentos devido a divergências sobre a partilha de custos na cadeia de abastecimento.
- "An industry task force, including supermarkets, growers and recruiters, has said it will model ways an EPP model could work. But it has made slow progress because there is no consensus on how to share costs along the supply chain, given the tight margins imposed by retailers on UK growers."
- "The MAC said the task force needed to work faster and urged it to set a timeframe to present proposals. Ministers should then confirm the scheme's continuation only if this timeframe was met, it said."

Recordo porque é que em 1904 St. Louis organizou uns Jogos Olímpicos e hoje não é conhecida pelos seus sapatos:

Ainda a propósito de "To maintain current levels of food production, there was no immediate alternative given a lack of willing UK recruits to the seasonal worker scheme (SWS)". As pessoas não querem trabalhar porque o salário é baixo, não porque não queiram trabalhar. Há uns anos, quando isto acontecia, a esquerda diria "As empresas que fechem se não podem pagar melhores salários". Agora  chamam imigrantes para esses postos de trabalho.

Quando uma empresa não consegue pagar salários que garantam um mínimo de condições de vida, é um sinal de que essa empresa, ou sector económico, tem de encolher e/ou fechar. Recordar Depois do hype: O mastim dos Baskerville!

sexta-feira, julho 19, 2024

Curiosidade do dia

"Indian-Americans have achieved a breathtaking amount in this country in a couple of generations. What's impressive is both the range of their success and that they have succeeded entirely on their own steam. No ethnic or racial favors have come their way from schools, colleges or government. At least until the recent Supreme Court ruling on affirmative action, it was a disadvantage to be an Indian student applying to an Ivy League school.

...

I'm an ethnic Indian immigrant to the U.S., in the process of becoming an American, but I don't write this to be self-congratulatory. Instead, I do so to point out that contrary to claims of "systemic racism" and pervasive "white privilege," America has been a place where this ethnic minority has blossomed. Indians constitute just under 1.5% of the country's population, and yet we've had two IndianAmericans (Nikki Haley and Vivek Ramaswamy) compete for the Republican presidential nomination this year. Vice President Kamala Harris, lest we forget, was born to an Indian mother. Indian-American CEOs run Google and Microsoft as well as Novartis, Starbucks, FedEx, Adobe and IBM.

...

What Indians don't specialize in is grievance. There is no Indian lobby pushing for increased "representation" in this or that economic or political sector, no pressure group ululating for ethnic enclaves, or for information to be provided in a language other than English. You won't be told, when you call your bank, to "press 2 for Telugu." You won't have Indian parents at American public schools clamoring for special dispensations for their children. There is, instead, a quiet determination among Indian-Americans to take full advantage of being in a land that gives them a range of opportunities unavailable in their country of ancestral origin.

It is deeply unfashionable to speak these days of the American Dream. To do so marks you out, in certain circles, as anachronistic or sentimental. But if there's one group that holds fast to its belief in the American Dream, it's Indian-Americans. Unapologetic about their drive to thrive, they are rightly scornful of those who would say that America is a place that thwarts people on the basis of race."

Li este texto na tarde de ontem no WSJ do dia 17.07:

Depois, à noite apanhei no Twitter:

Livrem-se da decomposição do cristianismo

Primeiro a frase completa:

"Pour le colonisé, la vie ne peut surgir que du cadavre en décomposition du colon."

"Pour le colonisé [Moi ici: O mais fraco, o que merece cuidado na tradição cristã que impregnou o pensamento ocidental], la vie ne peut surgir que du cadavre [Moi ici: Desejar a morte do outro, algo pouco cristão] en décomposition du colon. [Moi ici: O outro é o forte, por isso merecedor do nosso desdém, ou o segundo na escolha. Como o camelo que passa mais facilmente pelo buraco da agulha que o rico. Sim, eu sei que a tradução do grego não foi a melhor]"

A frase foi construída para chocar. Usa o anticristianismo, o desejar a morte de alguém, para justificar uma mensagem do cristianismo. 

Fiquei a pensar é que o apelo ao anticristianismo é também, uma licença para abandonar os preceitos do cristianismo. Como diz Tom Holland, só o cristianismo embebido na sociedade impede que hoje o mais forte tenha prioridade sobre o mais fraco. Sem cristianismo, poderemos ter sem quaisquer pruridos alguém a escrever:

"Pour le colon, la vie ne peut surgir que du cadavre en décomposition du colonisé."

O paradoxo de usar a retórica anticristã para transmitir uma mensagem cristã, sugere que o abandono dos valores cristãos pode levar a uma reversão em que os fortes dominam os fracos sem restrições morais.

Isto a propósito de uma frase de uma euro-deputada da França Insubmissa.


quinta-feira, julho 18, 2024

Curiosidade do dia

Este tweet merece mais divulgação:

Marcas e customização

A propósito do artigo "Swiss Supreme Court Rules That Rolex Customizer Artisans de Geneve Is Legal"

Primeiro, a regulamentação legal sobre a customização:

  • O Supremo Tribunal Suíço decidiu que a Artisans de Geneve (AdG) pode personalizar legalmente relógios Rolex a pedido do proprietário do relógio para uso pessoal. No entanto, a AdG não pode comercializar ou anunciar estes produtos modificados usando as marcas registadas da Rolex sem consentimento.

Em 2020 a Rolex entrou com uma acção judicial sobre este tipo de serviços. A AdG, desde então, mudou o seu modelo de negócios. Agora, eles personalizam apenas relógios que os clientes já possuem, em vez de vender relógios pré-personalizados. Esta adaptação evita infracções com as marcas registadas.

O Tribunal diferenciou entre personalização de uso pessoal e marketing comercial. A personalização para uso pessoal não infringe as marcas registadas, enquanto o uso comercial, incluindo marketing e venda de produtos modificados, requer autorização do proprietário da marca.

A decisão reforça o princípio do esgotamento da marca, ou seja, uma vez vendido um produto, o proprietário tem o direito de modificá-lo para uso pessoal. Isto não se aplica a actividades comerciais que possam prejudicar os consumidores em relação à origem ou endosso do produto.

Esta decisão tem implicações mais amplas para a indústria relojoeira e potencialmente para outras indústrias onde a customização está a crescer. Equilibra os direitos do consumidor de personalizar produtos com os direitos dos proprietários das marcas de proteger as suas marcas registadas.

As empresas especializadas em serviços de customização podem operar dentro dos enquadramentos legais, garantindo que os seus serviços são claramente para uso pessoal e não para revenda comercial. Isto incentiva a inovação em modelos de negócio que se concentram na customização e não na produção em massa. 

O que me faz espécie é a incapacidade das marcas perceberem o potencial de mercado da customização. Por que não são elas próprias a tentar ganhar a preferência dos clientes para a realização destes serviços? Ou, por que não criam parcerias com customizadores para controlarem a qualidade e a representação da marca?