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sexta-feira, julho 26, 2024

Os NPCs

Olho para o mundo através dos meus olhos, da minha mente, das minhas experiências. Acredito que só vêmos o que a nossa mente nos deixa ver.

Por isso, posso fazer, faço, julgamentos injustos ou incompletos.

Há momentos encontrei esta citação no Twitter adaptada de uma frase de Carl Jung:

“Until you make your unconscious choices conscious, they will direct your life, and you will call it fate.”

Jung sugere que muitas das nossas decisões são feitas inconscientemente, influenciadas por experiências passadas, crenças e padrões de pensamento dos quais não estamos cientes. Essas escolhas inconscientes moldam a nossa vida de maneiras significativa, afectando as nossas relações, profissão e bem-estar geral. Quando não reconhecemos a origem dessas escolhas, tendemos a atribuir os resultados ao "destino" ou a forças externas, em vez de à nossa própria agência. 

Jung enfatiza a importância de tornar essas escolhas conscientes, o que envolve um auto-exame e uma reflexão profunda.

Há dias apanhei este tweet:

E fiquei a pensar na quantidade de pessoas que eu sinto, se calhar erradamente, que atravessam a vida como autênticos NPCs.

Depois, relacionei tudo isto com um texto publicado por Seth Godin há dias, The paradox of lessons . As lições, por sua vez, levaram-me a Ortega Y Gasset. Se vivo como se não tivesse agência, não penso no futuro. Por isso, não ajo para mudar o meu presente:

“O meu presente não existe senão graças ao meu futuro, sob a pressão do meu futuro. Pois bem, isto significa que neste agora do tempo que um relógio mede eu sou de cada vez o meu futuro e o meu presente”

“Digo, pois, que eu agora sou conjuntamente futuro e presente. Esse meu futuro exerce pressão sobre o agora e dessa pressão sobre a circunstância brota a minha vida presente”

terça-feira, setembro 21, 2021

"à custa de acumular com o seu uso mais conflitos para a hora seguinte"

Há tempos, a 28 de Agosto último, o jornal Público numa entrevista com José Eduardo Martins escreveu:

"Ao dr. Costa interessa tanto o que se vai passar daqui a três anos, como a mim o que se vai passar daqui a 300. O dr. Costa quer saber da semana que vem. O que é desesperante é que a direita nem a semana que vem percebe. Está a acontecer tanta coisa grave, estamos perante a última oportunidade… [Moi ici: Não concordo. Há sempre uma oportunidade, temos é de esperar pelo timing certo. Como escrevi há dias no Twitter: "este país tem de piorar antes de começar a melhorar. até lá é preciso deixar a situação apodrecer. não vale a pena ter ilusões ou até preocuparmos-nos com isso. quando o povo estiver maduro a mudança acontece, até lá é esperar" numa rotunda onde se simula que se anda, mas não se sai do sítio] Fomos perdendo lugares todos os anos, atrás de nós na União Europeia já só estão a Bulgária e a Roménia."

Hoje de manhã, enquanto caminhava relacionei este trecho com um texto de Ortega Y Gasset que citei aqui em 2006:

"o poder público, o governo, vive o dia-a dia; não se apresenta como um porvir franco, não significa um anúncio claro de futuro, não aparece como começo de algo cujo desenvolvimento ou evolução resulte imaginável. Em suma, vive sem programa de vida, sem projecto. Não sabe aonde vai porque, rigorosamente, não vai, não tem caminho, prefixado, trajectória antecipada. [Moi ici: Como não recordar as rotundas de Joaquim Aguiar?] Quando esse poder público tenta justificar-se, não alude para nada ao futuro, antes pelo contrário, encerra-se no presente e diz com perfeita sinceridade: "Sou um modo anormal de governo que é imposto pelas circunstâncias." Quer dizer, pela urgência do presente, não por cálculos do futuro. Daí que a sua actuação se reduza a esquivar o conflito de cada hora; não a resolvê-lo, mas a escapar dele para já, empregando seja que meios forem, mesmo à custa de acumular com o seu uso mais conflitos para a hora seguinte. O poder público sempre foi assim quando exercido directamente pelas massas: omnipotente e efémero.

O homem-massa é o homem cuja vida carece de projecto e anda à deriva. Por isso não constrói nada, mesmo que as suas possibilidades, os seus poderes, sejam enormes."

Este "à custa de acumular com o seu uso mais conflitos para a hora seguinte" é um tema que encontro recorrentemente em Karl Weick. Ainda ontem li:

"Small events have large consequences. Small discrepancies give off small clues that are hard to spot but easy to treat if they are spotted. When clues become much more visible, they are that much harder to treat. Managing the unexpected often means that people have to make strong responses to weak signals, something that is counterintuitive and not very “heroic.” Normally, we make weak responses to weak signals and strong responses to strong signals." [Moi ici: Há anos escrevi aqui no blogue sobre esta doença nacional. Tratamento sintomático que alimenta o problema de fundo que vai engordando nos bastidores]


segunda-feira, junho 22, 2020

O futuro pode ser uma causa a actuar no presente

Um artigo à boa moda antiga na revista HBR de Julho-Agosto de 2020, "Learning from the future".
"If companies want to make effective strategy in the face of uncertainty, they need to set up a process of constant exploration—one that allows top managers to build permanent but flexible bridges between their actions in the present and their thinking about the future. What’s necessary, in short, is not just imagination but the institutionalization of imagination. That is the essence of strategic foresight.
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uncertainty precludes prediction but demands anticipation—and that imaginatively and rigorously exploring plausible futures can facilitate decision-making.
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Humans tend to conceive of time as linear and unidirectional, as moving from past to present to future, with each time frame discrete. We remember yesterday; we experience today; we anticipate tomorrow. But the best scenario planning embraces a decidedly nonlinear conception of time. That’s what Long View and Evergreen did: They took stock of trends in the present, jumped many years into the future, described plausible worlds created by those drivers, worked backward to develop stories about how those worlds had come to pass, and then worked forward again to develop robust strategies. In this model, time circles around on itself, in a constantly evolving feedback cycle between present and future. In a word, it is a loop.
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Once participants began to view time as a loop, they understood thinking about the future as an essential component of taking action in the present. [Moi ici: Ao ler isto, como não recordar Ortega Y Gasset e como ele nos mostra que o futuro pode ser uma causa a actuar no presente] The scenarios gave them a structure that strengthened their ability to be strategic, despite tremendous uncertainty." 

terça-feira, janeiro 28, 2020

Aprender com o futuro (parte I)

Depois de ter visto os vídeos apresentados em "Generative Listening" fui em busca da bibliografia de Otto Scharmer e fixei-me em dois títulos:
  • Theory U: Leading from the Future as It Emerges
  • The Essentials of Theory U: Core Principles and Applications
O primeiro título tem tudo a ver com as conversas oxigenadoras... e também com o tema do calçado e do têxtil precisarem de uma nova abordagem, para ultrapassarem um modelo que parece que ficou fora do seu prazo de validade. Daí o "leading from the future as it emerges"... o futuro agir como a causa... o retorno ao bom velho Ortega y Gasset "O meu presente não existe senão graças ao meu futuro".

Entretanto, optei pela leitura do "The Essentials of Theory U: Core Principles and Applications" porque aparece como um resumo das ideias do autor. Ontem de manhã, apesar da chuva, mergulhei numa caminhada e leitura:
“We live in a moment of profound possibility and disruption. A moment that is marked by the dying of an old mindset and logic of organizing. And one that is marked by the rise of a new awareness and way of activating generative social fields. [Moi ici: Mais tarde o autor descreve o significado deste termoWhat is dying and disintegrating is a world of Me First, bigger is better, and special interest group-driven decision making that has led us into a state of organized irresponsibility. [Moi ici: Até aqui o bigger is better a levar tareia. A malta que se reúne nos Encontros da Junqueira continua mergulhada no século XX]
What is being born is less clear. It has to do with shifting our consciousness from ego-system to eco-system awareness—an awareness that attends to the well-being of all.  [Moi ici: Tudo acerca dos ecossistemas do negócio e da regra de maximização do bem comum]
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 [Moi ici: Corro o risco de usar e abusar do exemplo de Zapatero que ainda há dias referi em "O paradoxo dos peritos", mas reparem no trech que se segue] My first insight is quite elemental. There are two different sources of learning: (1) learning by reflecting on the past and (2) learning by sensing and actualizing emerging future possibilities.
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All traditional organizational learning methods operate with the same learning model: learning by reflecting on past experiences. But then I saw time and again that in real organizations most leaders face challenges that cannot be responded to just by reflecting on the past. Sometimes past experiences are not particularly helpful. Sometimes they are the very obstacles that keep a team from looking at a situation with fresh eyes.
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In other words, learning from the past is necessary but not sufficient. All disruptive challenges require us to go further. They require us to slow down, stop, sense the bigger driving forces of change, let go of the past and let come the future that wants to emerge.
But what does it take to learn from the emerging future? When I started to ask this question, many people looked at me with a blank stare: “Learning from the future? What are you talking about?” Many told me it was a wrongheaded question.
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Yet it was that very question that has organized my research journey for more than two decades. What sets us apart as human beings is that we can connect to the emerging future. That is who we are.   We can break the patterns of the past and create new patterns at scale.
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Let me say this in different words. We have the gift to engage with two very different qualities and streams of time. One of them is a quality of the present moment that is basically an extension of the past. The present moment is shaped by what has been. The second is a quality of the present moment that functions as a gateway to a field of future possibilities. The present moment is shaped by what is wanting to emerge. [Moi ici: Ah! Ortega y Gasset] That quality of time, if connected to, operates from presencing the highest future potential. The word presencing blends “sensing” with “presence.” It means to sense and actualize one’s highest future potential. Whenever we deal with disruption, it is this second stream of time that matters most. Because without that connection we tend to end up as victims rather than co-shapers of disruption.”
Lembram-se de Boyd e da rapidez? Quando não se conhece o futuro, quando se procura aprender com o futuro que está a emergir, a rapidez é fundamental, e as organizações são tanto mais rápidas quanto mais colaborativa for a aprendizagem de todos e por todos. Não chega o líder iluminado.

Continua.

segunda-feira, junho 26, 2017

Juntar as peças

Há umas pessoas que defendiam défices mais elevados ao mesmo tempo que defendiam níveis de dívida mais baixos sem perceberem a contradição. Lembro-me do grande Ortega y Gasset falar dos que lançam ideias sem a capacidade de idear, quando deparo com textos escritos por quem não tem capacidade de reflectir nas incoerências que transmite.

Ontem passei-me quando confrontei o título deste artigo, "Falta mão de obra ao líder das exportações nacionais", com uma boa parte do seu conteúdo:
"o setor metalúrgico assume-se como o grande setor da economia portuguesa. Entre os maiores problemas está a falta de mão-de-obra qualificada.
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Por falar em estabilidade, o que pensa o presidente dos metalúrgicos sobre a subida do salário mínimo?
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Terá reflexos na indústria? Aníbal Campos sublinha que “as pequenas e médias empresas são afetadas pela subida do salário mínimo, mas há também empresas estrangeiras que estão em Portugal e que vão ser afetadas”. Sobretudo se a comparação for feita “com o que se passa na antiga cortina de ferro que tem salários muito mais baixos”. Ainda assim o presidente da principal associação do setor refere que está “à vontade” porque para além da sua empresa Silampos “não praticar salários mínimos”, também na AIMMAP, desde que está à frente da associação, “o salário do setor sempre foi superior ao mínimo nacional”. Uma regalia que, adianta, é dada “em troca de outras condições, como são a flexibilidade e o banco de horas”.
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Andamos sempre à frente do salário mínimo, mas esta subida é considerável não podemos ir à frente”. E deixa o alerta: “Se não houver bom senso isto vai ter consequências para a economia”."
E segue-se um trecho extenso sobre a falta de mão-de-obra no sector:
"“O setor não tem número de formandos necessários e isto é uma tragédia e com a taxa de desemprego a baixar, este é um problema que se vai agudizar”, sublinha." 
E a jornalista não juntou as peças?

Como é que é a curva da oferta e da procura?

Se o sector está a bombar, se a procura por mão-de-obra está a crescer e se a oferta de mão-de-obra é insuficiente... o que manda é o mercado, de nada adianta estar preocupado com o salário mínimo.

sábado, janeiro 16, 2016

Em tempos de volatilidade (parte II)

Parte I.
"A strategic leader must look at strategic decisions from two perspectives: “outside in” and “future back.By “outside in,” we mean that a strategic leader starts with the external marketplace when addressing problems, without getting wrapped up by internal organizational issues.[Moi ici: Há os que partem dos contactos políticos, dos contactos nos media, para moldar o mercado à sua maneira "contra" os clientes]
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By “future back,” we mean that strategic leaders play the long game. Their long-term vision guides short-term decision-making in a flexible way. Strategic leaders plan backward from their idealized future images to what they must do now [Moi ici: A receita deste anónimo da província; começar pelo fim. Viajar até ao futuro para que o futuro seja a causa do presente. Recordar "O meu presente não existe senão graças ao meu futuro" e "Construir o futuro, em vez de aguardar por ele"] to be ready in five years or more. Being more strategic means reimagining your future and adapting your strategy or business model appropriately to changing times, to give your business the best chance of staying vital and sustainable. [Moi ici: Para um autóctone de um país com mais de 8 séculos de história falar em instabilidade, em disrupção... umas vezes sabe a conceito abstracto, outras a blasfémia. Não somos como os indonésios, com terramotos ano-sim ano-não.]
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In a rapidly changing world, strategic leaders engage not only with the competition but, more broadly, with an ecosystem of diverse and potentially disruptive forces such as customers, suppliers, partners, organizational cultures, capital markets, and technological innovations. The continual threat of disruption requires the capacity to envision the future and catalyze change."[Moi ici: Outra vez o anónimo da província e a sua mania dos ecossistemas, aquilo a que outros chamam, e muito em, de co-criação, aquilo a que Esko Kilpi chama de networks]
Trechos retirados de "Winning the Long Game - How Strategic Leaders Shape the Future" de Steven Krupp

Recordar também:

terça-feira, março 11, 2014

Acerca do futuro desejado


"to reach your goals first write them down, and then determine different possible ways of achieving them. Then, close your eyes and imagine yourself following those paths. Imagination “warms up” the action brain and “jump starts” your brain.
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to improve your confidence, one especially helpful type of imagery that you can use is called motivational-general mastery (M-GM), which involves keeping an eye on your goal, while imagining coming from behind. M-GM stands in contrast to the static imagery of imagining having your goal in hand, as in holding up a trophy. Actually coming from behind to reach your goals appears to be a more powerful way to increase your confidence. To do this, clearly define your benchmarks, and then denote where you are and when and how you anticipate reaching and even exceeding them. Literally sketch this out on paper first so that you can use this script to create your mental image.
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The next question people often ask is: How can I imagine exceeding my benchmarks when I have no idea of how I will actually do it?
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Not knowing “how” doesn’t actually matter, since the brain will figure this out once you let it know where you want to go.
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Brain science teaches us that a picture is worth a 1000 words because it serves as an attentional guide, motivator and map to the brain to help you navigate your way to come from behind to reach or exceed your goals. Now that you know how to translate vision into reality, what’s stopping you?"
Depois de ler isto, sobre um tema que me fascina, não pude deixar de procurar e reler:



Trecho retirado de "To Reach Your Goals, Make a Mental Movie"

quarta-feira, julho 30, 2008

Como é que o tempo flui?

O futuro é um tema que me atrai.
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Durante anos percebia a relação de causa-efeito, com causas no passado e efeitos no presente ou no futuro. Depois, com Ortega Y Gasset fiquei fascinado com a colocação das causas no futuro, para influenciar o presente.
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Richard Normann no seu livro "Reframing Business - When the Map Changes the Landscape" acrescenta-me mais alguns motivos de reflexão:
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"It can be argued that time is always now and that there is nothing we can do about that. And that the only thing that happens is that 'the now' is moving.
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"business executives have always realized that the real reason for mentally moving into the future is to influence the minds and therefore the actions of people living in the present. The idea behind moving into the conceptual future therefore is to create a different future by influencing action now.
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the human mind continuously creates different mental images of possible futures - what we now think of as acenarios - and that the existence of these can actually be shown physiologically in the brain. Such scenarios are in fact necessary for survival and for being able to structure our present. We use them in a 'what of if?' sense.
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By imagining ('living in') and empathizing with alternative possible future states and events we can 'back-cast' to the present, and we can begin to consider what we have to do to handle possible eventualities, prepare ourselves, perhaps influence the course of events. These future scenarios provide us with relevancy structures without which we would have much lower if any possibilities at all to distinguish what is relevant to us or not - we would be drowned by signals and information.
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it is part of the nature of the human mind to move conceptually and more or less freely between the conceptual past, the here-and-now, and the conceptual future. In fact, the more and the richer experiences we can dig out and bring into the future from the past, the richer the present. Therefore we should try to be 'exiles from the past'. And the more we can bring of insightful aand rich scenarios from the future into the present - the more we can become 'vistors from the future' - the ritcher the present.
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All this suggest another mental image of how time moves (or how we relate to the time domain):