terça-feira, abril 23, 2024

Um balanço

Mão amiga fez-me chegar uma entrevista a Fortunato Federico, "Presidente do Grupo Kyaia", publicada no semanário Nascer do Sol no passado dia 19 de Abril.

Algumas notas. Primeiro o lado positivo:

"Não precisávamos de produzir mais. Nós precisávamos de produzir com valor acrescentado. Não é produtividade, mas valorização do produto. Fala-se muito em produtividade, é um termo dos economistas, [Moi ici: Eu aqui no blogue culpo os engenheiros] mas cheira a escravatura.[Moi ici: O problema é confundir competitividade com produtividade]

Não é produzir, é valorizar.

Valorizar é com pensamento, com lentidão, com menos consumo.

Fazer um sapato à mão é muito mais bonito e muito mais prático para a formação humana do que fazê-lo à máquina.[Moi ici: Ao longo dos anos quanto do investimento foi no sentido das máquinas para apoiar a produtividade física?]"

Depois o óbvio:

"FF - Há quatro anos, montámos o meu sonho para a indústria: uma pequena Amazon. Portugal faz 80-90 milhões e eu pensei em vender pela minha plataforma digital, que era a Overcube. A minha ideia era ter uma pequena Amazon que escoasse a nossa produção e escoaria também partes das marcas portuguesas que iam para o mercado internacional.

Se nós vendêssemos 10% dos sapatos que exportavamos, era um negocio da China, um bom negócio. Mas também não funcionou, devido, primeiro, à mão-de-obra caríssima; segundo, uma mobilidade terrível. Era uma movimentação que não permitia estabilidade nenhuma.

A Overcube tinha lá 30 engenheiros a trabalhar, hoje tem 3 ou 4."[Moi ici: Recuo a 2018 e ao que escrevi em Como se compete num mundo de Amazons e Zalandos et al? Querer um negócio da China e sem mão-de-obra de qualidade ... come on]

Depois o lado humano, perder um filho deve ser, é um choque brutal.

segunda-feira, abril 22, 2024

Fatiar objectivos grandes

Trechos que se seguem foram retirados de "The Secret to Accomplishing Big Goals Lies in Breaking Them into Flexible, Bite-Size Chunks"

Isto não é propriamente novidade, uso-o há anos e anos, mas parece que não é muito conhecido:

"Subgoals can make all the difference when ambitious targets seem too daunting

...

At first glance, breaking down a bigger goal into smaller pieces might seem like a superficial "reframing trick." In actuality, it is a versatile goal-setting strategy that you can apply to almost any target—whether it's learning a second language, picking up a new skill at work, starting an exercise regimen or saving for retirement. But how certain are scientists that this trick is effective? Through a large, multimonth field experiment, we were able to confirm the power of this technique-which validates much older research with contemporary scientific standards.

...

Similarly, we believe part of why subgoals motivate people is that these objectives make them focus on committing small bits of time or money to their goal in the near future, which is less daunting than making equivalent but larger and longer-term commitments. Taken together, this recent research suggests that whether goals require taking a single action or "keeping your nose to the grindstone," subgoals may help.

So don't plan to run 365 miles this year; aim for seven miles a week."

E volto a Schaffer - Uma sucessão de pequenos projectos que produzem resultados rapidamente, a Karl Weick - Small Wins e A importância de criar etapas proximais.

Já agora Procrastinação

"Eu devo fatiar os objectivos distais em objectivos proximais, em tarefas muito concretas. Para quê? Por que essas são muito mais tangíveis, são muito mais próximas, de modo que eu possa lidar com elas..."


domingo, abril 21, 2024

A receita irlandesa na Grécia (parte III)

 Recordar:

"The Greek economy is forecast to grow nearly 3% this year, approaching its pre-crisis size of 2009 and far outpacing the euro zone average of 0.8%.
...
 To ensure long-term growth, the country needs to diversify beyond the typical economic drivers of tourism, real estate and services."

Trechos retirados de "Greek economy surges after decade of pain"

sábado, abril 20, 2024

Sobre o que vemos...

 Há anos chamaram-me a atenção para o facto dos mais próximos de Jesus não o terem reconhecido inicialmente quando este ressuscitou, desde Maria Madalena até aos discípulos a caminho de Emaús.

Depois li Anil Seth e ouvi Daniel Hoffman.

Por isso, volta e meia penso sobre o tema. Por exemplo:

Ontem apanhei isto e é tão weird... 

sexta-feira, abril 19, 2024

Curiosidade do dia

 Lançam foguetes por causa disto "Portugal bate Espanha na produção de sapatos".

Lembram-se da fábrica de produção de meias que "roubámos" à Lituânia

Cuidado com o que festejam...

Para reflexão!

 

 "Thought Provoking Consulting. There is, he says, "serious oversupply" in the retail market — too many businesses vying for our custom — and, as recent retail collapses have demonstrated, not enough consumer spending to sustain them all. Yet separate ICS data shows that over 30 per cent of people would pay more for a product or service if they received exceptional customer care.

...

The best service I have received on the high street is from Hobbs. It's one of the few shops where sales staff have the confidence to say, "That style doesn't suit you as well as this one." How ironic that telling me not to buy something is the reason I keep going back.

...

Based on data it has collected between 2017 and 2023, firms with customer-satisfaction scores at least one point higher than their sector average achieved average compound revenue growth of 7.4 per cent. This compared to flat revenue growth for firms with average satisfaction scores at least one point below average. The impact was even greater on EBITDA (earnings before interest, taxes, depreciation and amortisation — a measure of profits), which averaged just over 20 per cent at the leading firms — twice the rate of those with below-average scores.

...

As I think back to the origins of service culture, to the close relationship between the customer spending money and the independent shopkeeper who has hit on a formula that keeps people coming back to spend more, I wonder, "How hard can it be?"

Bosses cannot and should not rely on technology or statistics to do the job of telling them about the customer experience. [Moi ici: Eheheheh! O tema do Big Data aqui no blogue] They should regularly be "on the shop floor" (or in the contact centre or with the tech team) listening to staff and customers, asking questions and understanding precisely where they're able to delight us, and frustrate us. In an online world, the need to make these human connections becomes more vital.

With years of high inflation forcing consumers to buy less stuff, getting value for money has never been more important. But this does not mean a race to the bottom with pricing. A third of customers say they will pay more for better service."

Recordar: Cuidado ao tirar os humanos da equação 

Trechos retirados de "How did customer service get so bad?

quinta-feira, abril 18, 2024

Voltar aos Impressionistas

Ontem apanhei esta estória sobre os Impressionistas, "Refusing the salon of the refused", em mais um postal de Seth Godin. E voltei a 2014 e a "A coragem dos Impressionistas".

"But most of all, so much easier today than in Paris 150 years ago, these individual painters did two things: They picked themselves and they did it together.

Everyone wants to be picked, but no one wants to organize the collective 'we'.

It's the 'we' that creates a school of thought, a movement, a network, a culture.

Curate, connect, organize and lead. Who better than you?"

quarta-feira, abril 17, 2024

"Estratégia para outros, a minha empresa não precisa"

"I frequently get challenged by leaders of companies in highly fragmented industries as to why I am I so obsessed about them winning. They argue that they don't need to think about winning over every other player. They just need to do a good job serving their customers."

Parei a leitura deste artigo, "Strategy in Highly Fragmented Industries" para recordar experiências com este tipo de lideranças:

Por falar em rabo, alguns leitores deste blogue hão-de lembrar-se da estória de um destes líderes dizer:
"Os clientes são como os peidos, uns vão e outros vêm"

Voltemos ao artigo: 

"That was the case because playing in my highly fragmented market taught me how to play at a level of competitiveness that was completely inadequate for the world outside my little market."

Tão verdade que até dói!!! 

Recordo outro tema: Bruce Jenner - A sua empresa tem cada vez menos espaço para ser um Bruce Jenner

Um último recorte:

"But, if those inside the industry aren't making the investments that produce a better way of serving customers, somebody else outside the industry will. And the best targets are fragmented industries in which no single player thinks that it needs to invest to Play-to-Win."

Pois, gente que acha que pensar estratégia é para outros, não para a sua empresa. 



 

terça-feira, abril 16, 2024

Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas (parte II)

Em "Libertar a economia do colete de forças fiscal" sublinhei:

"O investimento privado reflete a saúde das economias. Se as expectativas e se o contexto são favoráveis, este indicador rapidamente espelha essa confiança. É por esse motivo que a decisão, tomada por este Governo, de acelerar o desagravamento fiscal sobre o trabalho, duplicando, até ao verão, a descida que estava prevista no Orçamento do Estado, tem de ser sublinhada e valorizada. As famílias precisam de espaço de manobra - já. A redução do IRC ao longo da legislatura também contribuirá para libertar recursos financeiros, permitindo finalmente a sua aplicação em fatores produtivos que puxem os negócios e a economia para a frente.

O aumento da produtividade está diretamente ligada ao investimento. Se o nosso pais tem hoje trabalhadores mais qualificados e empresários igualmente mais preparados, o que nos tem faltado é precisamente capital para investir. Passo a passo, com políticas públicas coerentes e com o propósito de criar riqueza e não apenas redistribuir o pouco que existe, Portugal tem hipóteses de crescer mais, desenvolver-se mais e, deste modo, fazer subir a maré para todos - isto é, aumentar os rendimentos das pessoas, aproximando os salários dos valores que são pagos nas economias europeias mais desenvolvidas."

É pena o jornalismo não ter gente dedicada ao tema da produtividade. Perceberia esta frase:

Mais uma vez:

"Alguém diz ao filho com 5 anos?

- A actuação do vosso ano na Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!" 

Perceberia que isto que se segue não faz qualquer sentido:

"aumentar os rendimentos das pessoas, aproximando os salários dos valores que são pagos nas economias europeias mais desenvolvidas"

Nunca será possível chegar ao nível dos salários das economias europeias mais desenvolvidas a produzir com o mesmo perfil de economia que temos. Isto é duro de ouvir. Por isso é que ninguém tem coragem de o dizer. Por mais que a produtividade na produção de [colocar aqui um exemplo] aumente, o limite para os salários é o preço a que se consegue vender (não pensem que o conseguem pelo aumento da produtividade física).

Assim, continuam alegremente neste jogo de sombras: A produtividade não aumenta porque [colocar aqui um culpado externo que sirva de bode expiatório]. Esta postura desculpa os intervenientes, pobres vítimas dos governos de turno... 

Imaginem um governo ter a coragem de dizer isto Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas e de explicar porquê.

segunda-feira, abril 15, 2024

Hype versus orgânico

 Primeiro, li "'You can't cheat the fundamentals': Why Prime has been reduced to the bargain bin", por causa de um tweet de Rory Sunderland.

O pico inicial de vendas, impulsionado pelo hype e pela novidade, muitas vezes não é sustentável. À medida que a novidade passa, o mesmo acontece com o interesse do consumidor se o produto não estabelecer uma posição sólida no mercado ou não atender às necessidades contínuas do consumidor. Ao contrário das marcas que crescem gradualmente e investem no estabelecimento de mercado a longo prazo, as marcas impulsionadas pelo hype podem não investir na infraestrutura e no marketing necessários para sustentar o crescimento inicial. Marcas estabelecidas como a Red Bull demonstraram que uma estratégia de expansão de mercado gradual e controlada pode levar ao sucesso sustentado.

O declínio da Prime no seu segundo ano ilustra que, apesar de um início forte, os princípios fundamentais do marketing - como disponibilidade, aposta contínua de marca, preços correctos e propostas de produtos fortes - são essenciais para o sucesso a longo prazo. Os produtos que aumentam rapidamente em popularidade devido a tendências ou promoção de influenciadores também podem cair rapidamente. Cautela com os modismos.

Depois, li "Calçado: Portugal garante à Veja sucesso no 'slow fashion'" e encontrei uma estratégia oposta à da Prime:

"Em 2005, é lançada a marca, com uma "produção pequena, sem investidores e sem publicidade", uma estratégia que se mantém até hoje, apostada em crescer sempre "de forma sustentável, passo a passo, a partir do passa a palavra, sem pressas". E sem pressas, passaram quase 20 anos, período em que vendeu já mais de 12 milhões de pares de sapatilhas,

...

E como se ganha uma dimensão destas sem publicidade, sem stocks e sem investidores? "Com determinação, com tempo e encontrando parceiros bons. Não temos fornecedores, temos parceiros. E vivemos do passa a palavra. Vivemos num tempo em que todos estão sempre com muita pressa e a publicidade existe para quem quer crescer depressa. Nós não temos essa pressa. Produzimos pouco e crescemos passo a passo, de forma saudável. Acabou o modelo que quer? Daqui por seis meses há mais. E, por isso mesmo, não queremos investidores, este é o nosso projeto de vida, queremos ser livres", sublinha o empresário."

domingo, abril 14, 2024

Curiosidade do dia

 

e sinto que algo não bate certo (parte II)

Esta semana no meio de uma corrida ao final da tarde apalpei as mangas da sweatshirt e sorri. É uma velha sweatshirt com mais de trinta anos. a dobra nas mangas está corroída pelo uso, as costuras em vários locais estão coçadas até mais não, e há muito que deram de si. Estão como aquelas peças da Patagonia que alguns proprietários exibem com justificado orgulho. A minha sweatshirt não é luxuosa, comprei-a num catálogo da La Redoute quando me mudei para Estarreja em 1993. A minha sweatshirt tornou-se luxuosa para mim depois de tantos e tantos quilometros juntos. 

Quantas sweatshirts eu deveria ter comprado ao longo destes trinta anos se me comportasse como um consumidor normal?  Quantos postos de trabalho não se criaram por minha causa?

Acabei de relacionar sustentabilidade, temperança no consumo e uma noção subjectiva de luxo.

Agora quero recordar a minha visão cínica sobre o oxímoro de usar na mesma frase sustentabilidade e fast-fashion: Are you prepared to walk the talk? (parte II).

Agora vamos recordar um postal recente sobre outro oxímoro, luxo e quantidade (luxo e grande escala): e sinto que algo não bate certo.

Na semana passada encontrei este artigo, em inglês (Inglês? Estranho!), "Luxury is the counterpoint to a throwaway economy":

"Shoes, especially women's shoes, have always been an object of desire and a symbol of feminine power, but they have never had the status that they have today. In a more casual world, the trend is to wear and "abuse" sneakers, which have been elevated to cult status, but at the other end of the spectrum, it's also about buying exceptional shoes based on purely emotional attributes. Functionality and comfort are left at the door! And this is where we position the shoe as a luxury item, as we define it by its intangible characteristics of beauty, differentiation, and status. There are many footwear luxury brands, especially in the women's universe, that have been established in the market over the last 20 years, giving the footwear sector a status and a place of its own, separate from fashion and leather goods. 

...

For me, true luxury is knowing that an extraordinary object or experience has been created with me in mind and for me. [Moi ici: Luxo em grande escala? Come on!] In such an anonymous and artificially personalised world, I value real human relationships.

Yes, luxury has a personal meaning and therefore a wide range of meanings. Luxury is ultimately something we lack; it can be recognition and social status, or simply the need for a cool glass of water or to appreciate something beautiful. There is no room for judgment in this area, nor there are any right or wrong answers.

However, I aim to understand luxury from an economic perspective and to add these psychological and sociological levels to determine business and communication strategies. I am also interested in understanding luxury in a more concrete sense, in terms of its impact on society and culture. In this sense, luxury has a more precise understanding.

Can luxury and sustainability go hand in hand?

Of course! They have to be! Let's not forget that the economic model of luxury is precisely the one that encourages the careful protection of timeless products that can be used, repaired and inherited. [Moi ici: Isto não encaixa com "grande escala"] A luxury that respects the craftsmanship, preserves the material and immaterial heritage, and that today plays an important role in cultural patronage. A luxury that also follows a business model and a long-term vision that necessarily requires a more sustainable economic and financial model. Luxury is the counterpoint to a throwaway economy."

Se lerem este artigo na íntegra, a seguir voltem a ler e sinto que algo não bate certo e reflictam... qual o sentido da "grande escala"? Quem querem enganar? Picking winners?

Agoram pensem nas implicações para uma indústria que procura servir o mercado do luxo? Faço aqui um parêntesis para recordar uma empresa que no seu hall de entrada tinha um recorte de jornal afixado na parede. Um recorte que classificava os produtos da empresa como os "Ferrari da indústria". Um dos sócios da empresa uma vez disse-me que não gostava desse título. Perguntava-me:

- Quantos Ferrari se vendem por ano?

Quais as implicações para uma indústria que procura servir o mercado do luxo, em vez de continuar no ritmo do fast-fasion?

A transição de uma indústria do fast fashion para o mercado de luxo pode trazer implicações significativas, tanto positivas quanto desafiadoras. 

Implicações Positivas:

- Margem de Lucro Superiores: Produtos de luxo geralmente tem margens de lucro mais altas devido ao seu valor percebido e à qualidade superior.

- Sustentabilidade: Produtos de luxo tendem a enfatizar a durabilidade e o uso de materiais de alta qualidade, o que pode ser mais sustentável a longo prazo em comparação com o fast fashion, que frequentemente resulta em desperdício e práticas não sustentáveis.

Desafios e Implicações Negativas:

- Custos Iniciais Elevados: A transição para o mercado de luxo pode requerer investimentos significativos em materiais de melhor qualidade, tecnologia de produção avançada e marketing para reposicionar a marca do fabricante.

- Mudança na Cadeia de Fornecimento: Pode ser necessário reavaliar e potencialmente alterar fornecedores para garantir a obtenção de materiais que atendam aos padrões de qualidade do luxo.

- Volume de Vendas Reduzido: Ao contrário do fast fashion, que visa volume e rotatividade rápida, o mercado de luxo foca em exclusividade e vendas menos frequentes de produtos de maior valor.

- Redução do número de empresas fabricantes e com menos trabalhadores.

E mais uma vez recomendo a leitura de e sinto que algo não bate certo

sábado, abril 13, 2024

Exportações dos primeiros dois meses do ano

 Confesso que não estava à espera deste retrato:


Dos sectores que sigo há anos apenas 2 com sinais preocupantes e um terceiro a seguir com cuidado.

Os sinais preocupantes são os relativos ao calçado e à cortiça que continuam a cavar um fosso na diferença face ao acumulado homólogo. O terceiro é o do sector automóvel.

Os restantes sectores negativos face ao período homólogo ilustram já uma redução do défice de desempenho. E a maioria com um desempenho positivo.

Questões:
  • Por exemplo, gostava de saber se a guerra em Gaza tem algo a ver com a redução das exportações de animais vivos.  
  • Por exemplo, gostava de saber o que está por trás do crescimento dos preparados hortícolas. Recordo que em 2023 as exportações cresceram mais de 33% acima de 2022.
  • Por exemplo, gostava de saber o que mudou para que as exportações de máquinas parecerem ter voltado a acelerar.
Deixo como referência Evolução das exportações entre 2022 e 2023 que também inclui uma comparação entre 2015 e 2023.



sexta-feira, abril 12, 2024

Voltar ao "optimismo não documentado"

Recomendo a leitura deste postal de Seth Godin, "Demanding certainty"

"The defenders of the status quo often demand certainty when facing decisions about the future.

...

But certainty? Certainty is another word for stalling."

Faz-me recordar o "optimismo não documentado":

quinta-feira, abril 11, 2024

Reposicionar o negócio actual (parte III)

Parte I e parte II.


Recordo que há uns anos, ainda Rui Rio era presidente da câmara do Porto, comentei as suas palavras sobre a possibilidade da política (ou da estratégia, para alargar o tema), foi em 2012, em "Agora é que vão começar as decisões políticas".

Entretanto, ontem li um texto de Roger Martin de onde sublinhei:

"Rumelt sees strategy as a necessary response to a challenge. I call it problem, but that is six of one, half dozen of the other. Neither of us argues for doing strategy because it is that time of year. We both want it to be motivated and guided by the solving of a challenge/problem. Rumelt argues for a lot of work on the diagnosis of the challenge - really understanding why the challenge exists in order to determine what coherent set of actions could overcome the challenge."

O que é a vida das empresas senão um periódico repensar sobre quais as decisões estratégicas para fazer face a um problema que cresceu até não poder ser mais ignorado? 

 

quarta-feira, abril 10, 2024

Reposicionar o negócio actual (parte II)

Parte I.

Terminei o postal da parte I com este trecho e esta imagem:

"É como se algumas empresas olhassem para a actividade comercial como:"


Não o escrevi, mas na minha mente ficou a palavra "sorte". Empresas que confiam na sorte.

Entretanto, ontem em "Dual Transformation" encontrei:
"we highly recommend reading Competing Against Luck, a 2016 book by Clayton Christensen, our colleague David Duncan, Taddy Hall, and Karen Dillon) or rely on the accumulated experience of your team to provide detailed answers to these five questions.
1. Why have people historically bought from us?
2. What do we provide that they really care about?
3. What is the disruptive shift in our market?
4. What used to matter to them but doesn't really anymore?
5. What do they wish we could do that we don't?"
Interessante o uso da palavra "Luck" no título referido acima. O livro é para ajudar a competir com aqueles que apenas confiam na sorte.

Que valor único, que valor diferente é que uma empresa é capaz de fornecer aos seus clientes? Qual o job to be done? Os clientes contratam produtos ou serviços para realizar tarefas específicas nas suas vidas, quais? 

O sucesso reside em compreender e desbloquear o progresso funcional, emocional ou social que os clientes procuram. É a velha ideia de Peter Drucker de que os clientes pagam pela satisfação, e não apenas pelos produtos ou serviços. Por isso, as empresas devem concentrar-se em entender os problemas e objectivos subjacentes dos clientes, em vez de simplesmente vender produtos ou serviços. 
Os clientes podem ter dificuldade em articular as suas necessidades, mas podem explicar os seus objectivos e preferências, orientando as empresas nos seus esforços de transformação.

É este exercício que as empresas dos sectores tradicionais precisam de fazer. Não basta esperar pela próxima mudança da maré conjuntural.

terça-feira, abril 09, 2024

Reposicionar o negócio actual


"The Circle of Disruption
...
In fact, we believe that it is the greatest challenge facing leaders today. Creating a new business from scratch is hard, but executives of incumbents have the dual challenge of creating new businesses while simultaneously staving off never-ending attacks on existing operations, which provide vital cash flow and capabilities to invest in growth. The hastening pace of disruptive change means leaders have precious little time to respond. In fact, the time when leaders need to be most prepared for a change is right at the moment when they feel they're at the very top of their game."
O livro é sobre a disrupção tecnológica, mas talvez seja interessante para as vítimas de outro tipo de disrupção.

Quando o negócio actual está a definhar é preciso:
  1. Reposicionar o negócio actual para aumentar a sua resiliência
  2. Criar um novo motor de crescimento.
  3. Criar sinergias entre os dois.
Escrevo isto e recordo um documento onde uma empresa olimpicamente ignorava o ponto 1, fundamental para financiar o ponto 2. Uma geografia nova com um preço médio de venda 35% superior à média actual, e um cliente novo numa geografia estagnada, com um preço 75% acima do preço médio praticado nesse mercado.

É como se algumas empresas olhassem para a actividade comercial como:

O que está do outro lado do buraco é um mistério.

segunda-feira, abril 08, 2024

Sobre a transição dolorosa...

"A produtividade per capita em Portugal está abaixo da média da UE27. Segundo o Eurostat, no nosso país a produtividade por hora de trabalho, em 2022, situa-se em 22 euros, o que compara com 46 euros para a média da UE27, 40 euros em Espanha ou 63 euros na Alemanha. A produtividade nominal por trabalhador empregado em Portugal foi de 76,7% face à média dos países da UE27 em 2022 (76,8% em 2012). Ou seja, a produtividade média por trabalhador é 23,4% inferior em território nacional, o que coloca Portugal no fundo da lista do "ranking" europeu de produtividade. Com pior classificação estão apenas 4 países: Polónia, Letónia, Grécia e Bulgária. A liderar estão países como a Irlanda (124,8% acima da média) e o Luxemburgo (59,2% acima da média)."

Estes números são duros, muito duros! 

Contudo, não creio que a solução passe pelas ideias apresentadas no artigo de onde retirei os números, "Contributos para o aumento da produtividade em Portugal".

Mais uma vez:

"Alguém diz ao filho com 5 anos?

- A actuação do vosso ano na Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!"

Claro que não. 

Por isso, continuamos num jogo de faz de conta que se abstém de pôr o dedo na ferida.

Quando escrevo sobre a transição dolorosa, não é dolorosa só para os trabalhadores, mas também e sobretudo para as empresas. 

domingo, abril 07, 2024

Indicadores, propaganda e realidade.

O trecho que se segue foi retirado de "Organizational Control Systems and Pay-for-Performance in the Public Service":

"If output based control and reward systems are applied although the task does not display the prerequisites for output control, dysfunctional effects may arise. Individuals who are not intrinsically motivated will have a strong incentive to respond to those indicators that are easy to measure, that is, the quantifiable performance-related aspects of a task. Data that is not easy to measure is disregarded, although it might be crucial to fulfilling the task. The reliance on quantitative criteria to govern work behaviour neglects the more important qualitative aspects of public services. LeGrand (2010, p. 63), for example, mentions ambulances that concentrated on dealing with emergencies a short distance away so as to meet the goal to respond within eight minutes. They ‘hit the target and miss the point’.

...

For example, Fehr and Schmidt (2004) show that output-dependent financial incentives lead to the neglect of non-contractible tasks. An example in public service is teachers responding with ‘teaching to the test’ when they are assessed according to quotas of students who pass a certain exam. Dalrymple (2001) presents an illustrative example. French police officers decided not to investigate a robbery. The robbery would have increased their district’s crime rate that in turn would have cancelled the officers’ end-of-year bonuses. Other examples are chronically ill patients excluded from healthcare, teachers responding to evaluations by excluding bad pupils from tests (for empirical evidence in the US see Figlio & Getzler, 2002) or putting lower quality students in special classes that are not included in the measurement sample. In the academic field, an example is the ‘slicing strategy’ whereby scholars divide their research results into as many papers as possible to enlarge their publication list. These effects contribute to what is called the ‘performance paradox’, namely the fact that performance measures have the tendency to ultimately lose their ability to discriminate between good, average, and bad performance. This explains evidence suggesting that in spite of more sophisticated tools for output measurement performance has not improved."

O trecho que se segue foi retirado de "Numbers Speak for Themselves, or Do They? On Performance Measurement and Its Implications":

"The second decade of the 21st century was an extraordinary successful one for crime fighters in the Netherlands. Various high-impact crimes went down spectacularly, home burglaries dropped, for instance, from 91,930 in 2012 to 42,798 six years later. "I look back with pride at the achieved results," the responsible Dutch minister stated, celebrating the police's efforts.- His pride was supported by convincing numbers. And the numbers speak for themselves. Or do they?

A collective of investigative journalists scrutinized the "making" of these crime figures and found that there was more going on.? The number of high-impact crimes was used as a key indicator to measure the "performance" of police units. To appear better, some eager superiors pressured subordinates to suppress this number. For instance, when burglars broke a window and searched a home for valuable items but eventually did not steal anything, this could be classified as a case of destruction (a low-impact crime) instead of home burglary (a high-impact crime), improving the indicator for high-impact crimes."

Assim como este outro:

"treat indicators of performance never as the “end” of a conversation, but always as the beginning of one. When a performance measurement system is used as a platform to start dialogue about what matters, this can produce various positive outcomes." 

sábado, abril 06, 2024

Assim, não admira.

Em Agosto de 2023 publiquei este postal, "Empobrecimento garantido" que ilustrava como o crescimento dos salários em Portugal está divorciado da evolução dos lucros.

Assim, não admira:

"Portugal passa Espanha e Itália e torna-se o 2.º em precariedade"

- De onde vem o dinheiro para pagar os salários e os impostos?

- Das vendas.  

- Errado! Da margem entre o preço de venda e o custo de produzir e entregar.

Se a concorrência não deixa o preço de venda subir para compensar o aumento do custo de produzir e entregar, a margem vai encolhendo ano após ano. Assim, com receio crescente sobre o futuro, os empregadores decidem racionalmente diminuir os riscos, os compromissos para o futuro.

Daí o interesse do patronato em mão de obra barata imigrante.