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sábado, setembro 03, 2022

Como eu gostava de saber

Há cerca de um mês perguntava Qual o resultado final?

Agora, refino a equação desta maneira:

A guerra e a inflação baixam a procura agregada (mercados tradicionais das exportações portuguesas e restantes mercados).

A saúde da economia chinesa e da sua política Covid zero, a disrupção das cadeias de fornecimento, levam a que potenciais clientes de novos mercados possam estar disponíveis para comprar a empresas portuguesas. A menos que as barreiras à entrada sejam baixas e as empresas chinesas possam ser substituídas facilmente noutros países asiáticos.

Assim, as exportações portuguesas embora sejam prejudicadas pela guerra e pela inflação nos mercados tradicionais, podem ser beneficiadas na substituição das empresas chinesas quando as barreiras à entrada de terceiros for mais alta.

Alguns números:
Como eu gostava de saber ... lembrei-me disto:

"Conhecem a história da empresa de calçado que, nos anos 60 do século passado, enviou dois vendedores para África, um para Angola e outro para Moçambique, para desenvolver negócio? Ao fim de uma semana, o que estava em Angola ligou para a sede desanimado porque ninguém usava sapatos, por isso, ia regressar para não gastar mais dinheiro. No final dessa mesma semana, o que estava em Moçambique também ligou. Estava entusiasmado! Ninguém usava sapatos, havia um mercado potencial tremendo por desenvolver, teria que prolongar a estadia."

E volto a Março de 2013... "Por que é que calçado e têxtil têm tido desempenhos tão diferentes?"  

Pois é: Os modelos mentais agarram-se a nós como lapas... nós somos os modelos mentais que carregamos, e mudar um modelo mental é muito difícil... há que partir o molde que nos enformou... tão difícil que às vezes parece impossível.

sexta-feira, agosto 12, 2022

Exportações no 1º semestre de 2022

Exportações no 1º semestre de 2022 e comparação homóloga com 2019 e 2021.


Em relação a 2021, em cerca de 99 categorias só 3 evidenciam variação homóloga negativa.
Em relação a 2019 o mesmo desempenho positivo. O sector exportador já está acima do pré-pandemia.

Da próxima vez que ouvirem as queixas das cerâmicas ou das têxteis, lembrem-se destes números de crescimento das exportações. O mais provável é estarem a vender e a perder dinheiro. Não se esqueçam dos que pedem subsídios ao governo, impostos nossos, para subsidiar as suas exportações, porque não conseguem subir os preços. Cada vez mais o país do Chapeleiro Louco.

BTW, exportações a crescerem mais depressa para fora da UE do que intra UE.

sábado, julho 30, 2022

Qual o resultado final?


 Qual o resultado final deste jogo de forças?

Isto a propósito deste artigo no Caderno de Economia do semanário Expresso de ontem, "Têxtil volta a ter empresas em lay-off":

""Na indústria têxtil há cada vez mais clientes a atrasarem ou a suspenderem encomendas e já temos algumas empresas em lay-off ou a jogar com a antecipação de férias", diz ao Expresso Mário Jorge Machado, presidente da ATP Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, preocupado com a evolução de um sector que pede o regresso de mais apoios, [Moi ici: Sempre a mesma doença portuguesa] num regime equivalente ao que foi adotado no pico da pandemia de covid. "Temos os consumidores assustados com a guerra, a inflação, a questão energética, a subida das taxas de juro. O retalho começa a retrair-se e a indústria sente também esse impacto", explica o empresário e dirigente associativo para defender "um quadro mais flexível, que facilite a reação rápida das empresas às flutuações da economia".

É verdade que os números da exportação continuam a ser positivos: até maio, as vendas ao exterior tiveram um crescimento homólogo de 19%, para os €2,6 mil milhões (mais 17% face a 2019), mas a evolução relativa ao volume tem vindo a abrandar mês após mês, acumulando agora um saldo positivo de 6%, e "a faturação é sempre reflexo de decisões de encomendas entregues alguns meses antes" sublinha, para garantir que o momento atual "é de arrefecimento".

A tendência é transversal a todos os segmentos da indústria têxtil, mas nesta fase as empress mais afetadas são as de acabamentos, tinturarias, tecelagem, tricotagem e algumas confeções, precisa. Do lado dos clientes, o abrandamento é especialmente sentido na Europa, com destaque para a Alemanha, e nos EUA."

Outras leituras:

sábado, julho 16, 2022

Exportações nos primeiros 5 meses do ano

Exportações portuguesas nos primeiros cinco meses do ano. Comparação entre 2022 com 2019 e 2021:

Comparando com o mês anterior:
Desempenho impressionante dos produtos farmacêuticos, mas praticamente todos os sectores que acompanho há anos com números muito bons. 



sexta-feira, junho 17, 2022

Competitividade sem competitividade? Mas o que é ser competitivo?

Procurem uma explicação simples para relacionar estes temas:

  • Sucesso das exportações portuguesas em curso (ver em Quem é este morcão? (parte II) - Dos 15 sectores relacionados com PMEs que sigo mensalmente, quando comparo as exportações dos quatro primeiros meses de 2022 com os de 2019 vejo: 1 sector a crescer mais de 60%, vejo 4 sectores (como a cerâmica e os plásticos) a crescer mais de 30%; e vejo 7 sectores (como os têxteis, calçado, máquinas e óptica) a crescer entre 10 e 30%)
  • Economia portuguesa menos competitiva desde saída da troika 
Então, somos competitivos ou não somos? Recordo a lição que aprendi e registei em Mea culpa e Mea culpa (III). Ou então, vejam o exemplo do Uganda, Competitividade, absurdo, lerolero e contranatura.

Competitividade sem competitividade? Mas o que é ser competitivo?
A explicação está nesta matriz do Mea Culpa (parte II):
Querem mais um tema para relacionar com os anteriores:

É assim, ou se sobe na escala de valor, ou tem de se importar trabalhadores para manter os salários baixos necessários para manter competitividade sem produtividade.

E coragem para políticos assumirem estas coisas e explicitarem-nas de forma clara e transparente?

terça-feira, junho 14, 2022

Quem é este morcão? (parte II)

Dados das exportações dos quatro primeiros meses de 2022 e comparação com 2021 e 2019.

Há dias em Quem é este morcão? escrevi que perante um cenário como o da tabela acima muitos empresários dirão, a quem lhes vier falar de problemas sobre o amanhã e o depois de amanhã:
"Quem é este morcão para me vir falar de problemas quando tudo corre bem?"
Tudo corre bem? Mas quem é que admite que tudo corre bem? Se calhar, se se admitir que algo corre bem ainda se atrai o mau olhado... ou aumentos da impostagem.

"As exportações das indústrias transformadoras estão em alta, mas os empresários temem que os efeitos da guerra na Ucrânia, da inflação e do aumento e falta de matérias primas venham a condicionar as vendas ao exterior nos próximos meses. A falta de mão de obra é outra das grandes preocupações.
...
"Os números são ainda muito animadores, embora as empresas continuem bastante inquietas quanto às perspetivas causadas pela guerra", diz o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), acrescentando que "teme-se um abrandamento por causa da falta de matérias-primas, que continua a ser uma realidade, tal como a falta de recursos humanos". 
...
A questão resulta de um problema demográfico, conhecido de todos, mas também da incapacidade em atrair imigrantes na dimensão pretendida. "Sabemos que Portugal e a Índia têm um acordo assinado nesse sentido, mas que o Consulado português em Nova Deli não emite vistos. 
...
"Não se pode dizer que os negócios estejam propriamente a correr mal, mas olhamos para estes números numa dupla perspetiva: a satisfação com os resultados obtidos é ensombrada por um conjunto de sinais de alerta e preocupação, que não nos permitem fazer previsões para o futuro", diz o diretor de comunicação da APICCAPS. Paulo Gonçalves destaca a "inflação descontrolada"' em vários países prioritários para o calçado, a par da a "descompensação do mercado ao nível do abastecimento de matérias-primas" a que acrescem as preocupações com a guerra, que "obriga a algumas reservas".
...
Por fim, a indústria têxtil e do vestuário está a crescer também a dois dígitos, com vendas ao exterior de quase 2082 milhões de euros, mais 18% do que em igual período de 2021. Neste caso, a dinâmica de crescimento é maior para os mercados comunitários, que estão a crescer 18,8% para 1553 milhões de euros. Os extracomunitários crescem 15,5% para 528 milhões. Fonte do setor mostra alguma relutância em "festejar" este crescimento, considerando que parte disto será efeito da inflação sobre as matérias-primas. "Não representa necessariamente que estejamos a fazer mais nem que estejamos a vender a mais" defendem."[Moi ici: Ui!!! Cheira-me a tanto medo de pressões salariais]

Leio estas reacções e dou comigo a pensar numa expressão de Daniel Kahneman: What You See Is All There Is. Parece que o presente é um paradigma que está em risco de ser desfigurado por forças para lá do nosso controlo. Como se a realidade não fosse sempre uma sucessão de paradigmas que depuseram paradigmas anteriores considerados na altura como melhores.

Também é verdade que os dirigentes associativos não estão no terreno competitivo, as associações não competem, quem compete são as empresas individuais, por isso têm de falar de generalidades pacíficas para os associados.

O que o morcão propõe é assumir o controlo do guiador, olhar para as forças que modelarão o futuro próximo, e lançar hipóteses de actuação para estar à frente da onda de mudança. Assumir o controlo do guiador passar por abdicar do papel de coitadinho com a mão estendida, passa por focar o olhar no horizonte e fazer acontecer algo de diferente. Quando olho agora mesmo para o Sales Navigator do Linkedin só vejo: XXXX has slowed growth. There has been reduced hiring and less job openings than usual.

Muitas empresas fora de Portugal estão a antecipar uma grande recessão e estão já a mexer-se. Há quem suspeite que já se está numa recessão. E como é que as PMEs se preparam para este cenário?

domingo, maio 29, 2022

Mudar de vida?

Quando é que uma empresa decide que tem de mudar de vida?

Quando já não consegue sustentar-se com o seu trabalho e também não consegue que o estado a mantenha ligada à máquina com apoios e subsídios.

São uma minoria as empresas que decidem mudar quando a vida lhes parece correr bem. Mudar quando a vida corre bem? Sim, mudar para aprimorar o que já se faz, o meu clássico: fazer batota.

A maioria dos empresários são humanos normais e, por isso, procuram a "satisficing" e não a maximização da satisfação.

Ontem escrevi sobre o pensamento mágico:

Acreditar que basta adicionar miolos a um negócio para ele dar a volta é ... 

Sem primeiro reconhecer que se tem um problema, sem primeiro reconhecer que se tem um desafio, sem primeiro reconhecer que o que nos trouxe até aqui não será capaz de nos levar até ao fim da próxima etapa, os miolos não servem para nada.

Qual a situação actual nos sectores de bens transaccionáveis? Lembram-se dos números do primeiro trimestre? Reparem neste tom optimista "Exportações portuguesas de mobiliário já batem período pré-pandemia". Cresceram 3% face a 2019, vejam os outros sectores: 


Recordar do início de Maio "O futuro próximo dos sectores tradicionais em Portugal nos próximos meses". A mensagem que recebem do mercado é a de que precisam de mudar?

Não!!!

E está tudo assim tão bem? Não!!!

Como vão as margens? Quanto vão precisar de crescer os preços para continuarem a ter negócio no futuro? Nunca esquecer que em demasiadas empresas a realidade é que "cada encomenda é um prego no caixão".

Para quem precisa de mudar de vida, ou de fazer batota, vamos animar uma acção de formação online durante o mês de Julho, sobre a formulação e execução de uma estratégia com o auxílio do balanced scorecard. Os interessados podem contactar-me através do metanoia@metanoia.pt 

sábado, maio 21, 2022

"we realize that opportunity is all around us if we keep our mind open"

"Fico a pensar ...  Qual é, qual deve ser o papel de uma associação empresarial nesta teia de interesses conflituantes?"
Foi assim que terminei este postal, "Pergunta sincera, pergunta honesta". Entretanto, há dias neste outro postal, "Exportações, gansos, mastins e ... "amélias"" usámos os números do INE para ilustrar a evolução das exportações por causa do risco de trabalhar com a China, hoje e no futuro.

Ontem encontrei este artigo, "Supply chains are never returning to ‘normal’", escrito numa perspectiva norte-americana:
"The conventional wisdom at this time is that most of the world has moved on from the pandemic (except for China); therefore, supply chains will return to “normal.” Unfortunately, this is not the case. The world has permanently changed and supply chains are going to face continuing challenges for decades to come. Among those challenges are:
  • Supply chains will remain under constant threat of disruption for the next decade
  • Supply chains operate best when the world is peaceful and stable
  • A smoothly running supply chain requires “buffer stock,” which is challenging with declining population demographics
  • There is a conflict between environmental, social and governance (ESG) goals and supply chains optimized for cost and speed. If we prioritize ESG, we will need to contend with supply chain risks
  • Supply chain technology will become the big venture capital category winner as companies continue to make investments in technologies that can help them mitigate their supply chain challenges
...
Cheap labor is becoming scarcer, particularly in Asia. This is largely due to aging populations – the average age continues to increase and there are fewer people to work in these manufacturing jobs.
...
Companies will look closer to home for product sourcing. They will prioritize production in countries that are far more stable and friendly to the United States."

O que é que as associações empresariais estão a fazer para tirar partido deste contexto? Ainda têm de fazer esta evolução "We start to see bridges"

BTW, o artigo descreve a evolução em curso como decorrente destes eventos recentes, quem segue este blogue pode recordar este texto de Maio de 2020, ""El coronavirus actúa como acelerador de cambios que ya estaban en marcha"".

quinta-feira, maio 19, 2022

Live and let live (parte II)

""O artigo manual não tinha concorrência, quando começou a vir do oriente não houve hipótese. Eles ganhavam menos e tinham menos condições do que nós, era impossível competir. Chegámos a exportar, para a Venezuela, Moçambique, Malaui têm as nossas tapeçarias", diz Urbano Pereira.
...
Continuam a usar a lã e misturas de lã, além de algodão e acrílicos. Trabalham em dois turnos, muitas vezes 24 horas por dia, fabricam 2400 peças por dia. Não têm stock, tudo o que produzem é por encomenda e só para exportação. "O nosso grande forte sempre foi a exportação. Todas as empresa da região estavam dependentes do mercado nacional e, com a crise, acabaram por encerrar. Com a exportação, focámo-nos na qualidade", justifica Telmo Chareca.

Trabalham para grandes cadeias internacionais, nomeadamente dos EUA, Canadá, Europa, Japão. Os grupos nacionais preferem continuar a abastecer-se na Asia, embora muitas das mantas que a Newplaids fabrica cheguem a Portugal através das cadeias de lojas espanholas e americanas.
'O nosso produto diferencia-se por uma qualidade média-alta. As empresas nacionais preferem comprar na Asia, que tem produtos com uma qualidade baixa. Mas as coisas estão a mudar com a pandemia, devido ao custo do transporte. O preço de contentor vindo da China, que custava quatro mil euros, triplicou", argumenta Miguel Chareca. A covid 19 teve efeitos na produção, mas já alcançaram níveis superiores ao da pré-pandemia. Faturaram 4,4 milhões de euros em 2021, mais 400 mil que em 2019."

Produtos com "qualidade média-alta" e produtos com uma "qualidade baixa". Cuidado com esta linguagem, ambos são produtos com qualidade no sentido de ausência de defeitos. A palavra qualidade aqui é usada no sentido de mais ou menos atributos. Um Mercedes tem mais qualidade que um Fiat, mas um Fiat pode ter menos defeitos que um Mercedes.

Mais atributos são mais caros e destinam-se a diferentes segmentos de clientes-alvo. Normalmente, as empresas portuguesas que exportam poduzem artigos mais caros, e as empresas portuguesas que vendem para o mercado nacional, mercado com baixo poder de compra, importam artigos mais baratos. Recordar as conservas, o calçado e o mobiliário - Live and let live

Trechos retirados de "Mira de Aire da indústria têxtil dá lugar a museu e fábricas familiares

sexta-feira, maio 13, 2022

Exportações, gansos, mastins e ... "amélias"

O covid interrompeu a minha rotina de análise dos números das exportações. Olhemos então para os números das exportações no primeiro trimestre de 2019, 2021 e 2022 e comparemos o desempenho daquele grupo de actividades que sigo aqui há vários anos:


Os números estão alinhados com o que vou vendo no meu trabalho, com o que vou lendo sobre Espanha também.

Excelente trabalho de quem está no terreno, mas não se iludam: lembrem-se dos gansos e dos mastins.

Em noventa e duas entre 99 categorias económicas as exportações estão a crescer, e o que dizem, e em que gastam a atenção os líderes associativos?
"As principais confederações patronais do país voltaram a estar juntas em conferência de imprensa. Criticam agora a "falta de ambição" do Orçamento para este ano, numa fase dificil para as empresas." (Lido no JdN de ontem)

Tão focados e viciados em estender a mão à caridade do governo de turno que nunca mais percebem que podem construir pontes onde outros só vêem lacunas: "We start to see bridges where others see gaps."

sexta-feira, abril 29, 2022

Polígrafo - VERDADE e preconceito

No passado dia 26 de Abril vários jornais replicaram uns números do Pordata sobre a agricultura em Portugal. Eis alguns dos recortes que sublinhei:
"A riqueza criada pela agricultura em 2021 foi de 3,5 mil milhões de euros. Descontando a inflação acumulada ao longo dos anos, este valor tem vindo a diminuir desde o início dos anos 80. Nessa década, a agricultura gerava mais do dobro da riqueza atual", apontou, numa nota divulgada a propósito do dia da produção nacional, que se celebra esta terça-feira.

Em 2020, 1,3% da riqueza gerada pela União Europeia (UE) veio da agricultura, destacando-se a Roménia e a Grécia (3,8% do Produto Interno Bruto). Em Portugal, o peso era de 1,6% do PIB, importância que tem vindo a descer desde 1995, altura em que situava nos 3,7%."(daqui)

A minha primeira interrogação foi: como medem a riqueza criada? 

A minha segunda interrogação foi: começam com um valor absoluto, 3,5 mil milhões de euros, mas será que depois, no resto do parágrafo, falam de percentagem da riqueza criada pela agricultura no bolo total da riqueza criada pelo país?

"Se em 2021 a riqueza criada pela agricultura era de três mil e 500 milhões de euros, nos anos 80 gerava mais do dobro da riqueza.

Tem perdido trabalhadores, quase um milhão em três décadas e os que mantém ganham bem abaixo da média.

Já a produtividade baixou, embora pouco." (daqui)

Este primeiro parágrafo leva a crer que nos anos 80 a riqueza criada pela agricultura era de 7 mil milhões de euros? Nesta fonte encontrei:

"A riqueza criada pelo setor em 2021 foi de 3,5 mil milhões de euros quando, em 1980, o Valor Acrescentado Bruto tinha chegado aos 8183 milhões de euros."

Mais de 8 mil milhões de euros em 1980? 

Confesso que estou confuso ...

Vamos aos dados do Pordata. Qual a evolução do VAB do país e qual a evolução do VAB da agricultura?


Não encontrei no Pordata dados sobre o VAB do país anteriores a 1995, falha minha. Assim, comparando a riqueza criada pela agricultura no âmbito global da riqueza criada pelo país temos: 

Realmente, o gráfico parece responder positivamente à minha segunda interrogação. Começam com milhões de euros, que depois misturam com percentagens e... talvez daí se chegue aos 8 mil milhões de euros.

E aquele último parágrafo, a produtividade baixou? Baixou?!?!?! Como medem a produtividade?

"Os dados compilados pelo Pordata concluem ainda que a agricultura tem cada vez menos trabalhadores: em 1989, Portugal tinha 1,5 milhões de agricultores, o equivalente a 16% da população residente, e, três décadas depois, tinha 650.000." 

Se dividirmos o VAB da agricultura pelo número de trabalhadores ... como fica a produtividade por trabalhador, a riqueza criada por trabalhador? Cresceu 182% Não é esta produtividade? Então qual é?

Há anos que acompanho a evolução estatística da agricultura portuguesa, nomeadamente a nível de exportações. Um claro sucesso económico. Em 2009 não exportávamos nem mil milhões de euros e em 2021 chegámos aos 2,5 mil milhões de euros. Sempre a crescer, só tropeçou em 2020. Não temos crescido como eu gostaria, demasiada produção intensiva, estragação da marca Portugal, mas aqui o tema deste postal é outro.

Fico com a ideia de que muita gente nas redacções dos jornais, orientada por um preconceito negativo acerca da agricultura portuguesa, interpretou os números... e alguns até parecem ter inventado números, para suportar esse preconceito. Depois, a maioria das pessoas acriticamente recebeu a informação e arquivou na mente o preconceito transformado em VERDADE.

Engraçado... ontem ao final da tarde num webinar apresentei esta imagem:

Recolhemos os dados para depois fazer a sua análise. A análise é objectiva. Passa por traduzir tabelas em gráficos, comparar com metas ou critérios de desempenho. Depois da análise vem a avaliação. A avaliação é pessoal, é subjectiva, depende da nossa história, da nossa experiência, das nossas expectativas. A avaliação deve gerar conhecimento, perspicácia, entendimento, para alimentar a tomada de decisões.

quinta-feira, abril 21, 2022

Sildávia, exportações em alta e crescimento anémico

Ontem no Jornal de Negócios podia ler-se na capa:

Como não recuar de imediato a 2008 e à previsão mais fácil de todas as que foram feitas neste blogue: É triste ... (BTW, em Julho de 2018 Nuno Garoupa escrevia no Público "Quer isso dizer que, dentro de dez anos, com enorme probabilidade, apenas a Bulgária e a Roménia serão mais pobres que Portugal." Sorry, estamos em 2022 e a Roménia está à beira de nos ultrapassar.) Sim:

Interessante ... pensem bem naquela capa do JdN:

As exportações dos primeiros dois meses do ano 2022 superam as de 2021 em praticamente todos os sectores económicos. Por exemplo calçado 24%; mobiliário 11%; metalomecânica 9%; têxtil e vestuário 20%; plásticos 30%; borracha 15%; cerâmica 29%; farmacêuticos 13%; fertilizantes 137%, ... (OK, automóveis -4%)

Por exemplo, achei interessante encontrar em "Europe Wants Its Supply Chains Close to Home But It's Complicated" este relato:

"Maia & Borges, a toymaker based in northern Portugal, is on course for 12 million euros (almost $13 million) of revenue in 2022, up from 1.5 million euros in 2019, having won multiple orders from Europe, and the U.S when Asian supply chains were snarled up in the early months of the pandemic. Patricia Maia, chief executive officer, said the family firm will make 10 million toys this year and is building a third factory to cope with demand expected to hit 40 million by 2024. "From a business perspective, we've had a good two years,' she said."

Há menos de um mês escrevi Pergunta sincera, pergunta honesta sobre os dois cenários: com ou sem China. Onde discorro sobre a competitividade sem produtividade. Por fim, volto a Portugal não irá crescer se continuar a “exportar ‘mais do mesmo’”.

Lembrem-se, a culpa nunca é dos empresários no terreno. Esses dão o melhor que podem e sabem, alguns conseguem subir na escala de valor. Devemos sempre recordar o cão dos Baskerville: quem é que não está no terreno e porque não aparecem? 

Ainda esta semana foi-me roubada a atenção para esta notícia, por exemplo: "Simoldes investe 45 milhões em nova fábrica em Espanha". Não pela empresa, mas pelo sinal, mas pelo exemplo. Por que acontecem coisas deste tipo?

Lembram-se dos jogadores de bilhar amador contentes por terem roubado uma empresa aos lituanos? Em Ultrapassados pelo Leste

Como diria a Red Queen, in order to stay in a (competitive) place you have to run very hard, whereas to get anywhere you have to run even harder. Mas to get anywhere, como referem Taleb e Maliranta, é preciso sexo, Sexo, jardineiros, intervencionistas, Taleb e Cavaco Silva (parte III), não como estão a pensar, mas como mecanismo que permite o unlearn e o relearn.

segunda-feira, fevereiro 28, 2022

Live and let live

No sector de bens transaccionáveis as PMEs portuguesas exportadoras praticam preços mais elevados para o mercado interno ou para o mercado externo?

Os consumidores do mercado interno são iguais aos do mercado externo? Não! Têm poder de compra diferente.

ME - mercado externo
MI - Mercado interno

Muitas PMEs exportadoras ou não trabalham para o mercado interno, ou produzem produtos diferentes, mais baratos para ele. 
Muitas PMEs exportadoras nunca sobreviveriam a trabalhar só para o mercado interno. O mercado interno é pequeno e não aguenta margens elevadas.
Muitas PMEs exportadoras nem perdem tempo a trabalhar para o mercado interno. 

O que defendo aqui neste espaço desde o início deste blogue em 2004?
  • As empresas devem ter uma estratégia! 
  • Ter uma estratégia passa por escolher os clientes-alvo, os clientes que podem ser servidos com vantagem competitiva.
  • O objectivo das empresas é o lucro, não a quota de mercado.

Alguns exemplos:
Por isto, o que penso sobre a ideia de focar as PMEs exportadoras na redução das importações, em vez de continuarem a fazer o trabalhar de ganhar mercado no exterior, está bem descrito em Produtividade e tretas académicas.

Tudo isto por causa de mais uma exibição de falta de pensamento estratégico em "Madeira e mobiliário com vendas recorde ao exterior de 2587 milhões" no DN de ontem:
"Apesar da pandemia, 2021 foi um bom ano para as exportações da fileira nacional da madeira e mobiliário, que atingiram os 2587 milhões de euros, ultrapassando em 1,6 milhões o máximo histórico que havia sido alcançado em 2019. O presidente da Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) mostra-se "muito satisfeito" com esta performance, mas alerta para o crescimento de 21% nas importações, que levaram a uma "queda abrupta" do saldo da balança comercial, para 440 milhões de euros. [Moi ici: O artigo começa com uma descrição positiva]
...
Mas nem tudo são boas notícias, já que as importações da fileira de madeira e mobiliário, que haviam abrandado em 2018 e 2019 e caído em 2020, cresceram 21% em 2021, ou seja, a uma taxa superior à das exportações, arrastando o superávite do setor para 440 milhões de euros, valor que equivale aos níveis de 2011. "Um absoluto desastre", diz o presidente da AIMMP. "O país precisa de aumentar as exportações, sem agravar as importações, caso contrário não teremos crescimento económico, mas apenas um empobrecimento gradual e coletivo", defende, sublinhando que "na situação económica e empresarial em que nos encontramos, os incentivos ao consumo não constituem fonte de crescimento, mas de agravamento do endividamento externo"."

Querem aumentar a produtividade e os salários ao mesmo tempo que se dedicam a produzir baratos, com margens baixas e em pequenas quantidades? 

Live and let live.

quinta-feira, novembro 11, 2021

Exportações 2021 versus 2020 (primeiros 9 meses)

2020 e 2021 são anos anormais influenciados pelo cometa Covid.

Tenho trabalhado com PMEs que estão tão cheias de trabalho, será que isso se reflecte nas estatísticas? Enchi-me de curiosidade e fui ver o que dizem os números das exportações, segundo o INE. 

Não adianta enganar-me comparando 2021 com 2020, comparei 2021 com 2019 (primeiros nove meses de cada ano).

No total, as exportações de 2021 estão 913 milhões de euros abaixo do nível de 2019. No entanto, se excluirmos os automóveis e as aeronaves, as exportações de 2021 estão acima das de 2019.

Primeiro, considerei apenas os sectores em que as exportações cresceram mais de 20% face ao período homólogo de 2019:

Agricultura e metalurgia a crescer muito.
Agricultura, e maquinaria mecânica a crescer bem.

Depois, seleccionei sectores que embora cresçam menos de 20%, representam crescimentos superiores a 100 milhões de euros.
Aqui já aparece a indústria. Interessante como o vestuário de malha recupera, ao contrário do outro vestuário e do calçado, em 2021 só Janeiro fo abaixo de 2019.

Depois, seleccionei os sectores onde as exportações caem mais de 40 milhões de euros:

Interessante, o Janeiro e Fevereiro de 2021 no calçado foi tão mau que afecta o acumulado YTD.

sexta-feira, agosto 13, 2021

Anónimos!

Por vezes acontece-me!

Quando tomo consciência do facto fico aborrecido comigo mesmo.

Ler algo e perceber que finalmente acordámos para a mensagem do que já lemos, mas antes não ligámos, não realizámos. Quantas vezes já terei lido e terá ocorrido o famoso “Entrar a 100 e sair a 200”

Esta semana ao ler BE 2.0 de Jim Collins e Bill Lazier fixei este trecho “In an interesting and surprising study, David Birch analyzed the data from 34,000 exporters and found that those companies with between 50 and 500 employees were actually more likely to be exporters than large companies.”. Fui à fonte e encontrei “Trading Places: Small Businesses and Global Trade”. 

"Small companies don't export -- I hear it all the time. Join a discussion about the state of our global competitiveness any you'll hear it, too. Perhaps you'll be the one who says it.

...

Data exist for about 40,000 companies involved in international trade, 34,000 of which export (the rest are importers only). It's not a complete sample. The international activities of many smaller companies are hard to track, so the database inevitably overemphasizes -- and better represents -- larger manufacturing-related companies. Still, what it indicates about smaller companies is fascinating.

First, the businesses most likely to be exporters today are small, not large. The second biggest group of exporters consists of companies with just 20 to 49 employees"

A edição original deste livro foi escrita algures no final do século passado. O artigo citado acima é de Abril de 1988. Como será agora? E como será em Portugal?

Dados de do INE relativos a 2019:


91% das empresas exportadoras têm menos de 50 trabalhadores. Em termos de valor estamos a falar de 19% das exportações são feitas por empresas com menos de 50 trabalhadores.

Ser pequena não implica que uma empresa não exporte. Tenho um especial carinho por empresas pequenas. Se a hipótese Mongo vingar as empresas pequenas têm mais hipóteses de exportar porque podem exportar o que é diferente, o que é específico. 

Recordo este exemplo. Empresa sofreu o choque de 2007/2008, teve de encolher, sofreu com isso e recomeçou com feiras, com mais inovação, e um bom trabalho de servir o cliente, de dar a cara. Depois, o word-of-mouth também começou a dar resultado. 

Por exemplo, esta semana, talvez na sequência deste postal recebo mensagem no Linkedin:

"Quando vir nas notícias que as exportações estão a crescer, sorria, e lembre-se dos anónimos como nós. Hoje vamos carregar o contentor número 11 do ano 2021. Uma faturação recorde e com um staff mínimo."

Logo perguntei:

"11 contentores em 2021? Magnífico!!! Parabéns!!! Foram contratos ganhos antes, durante ou depois da pandemia? Como é que os clientes conheceram a empresa? Feiras anteriores? Word of mouth? Internet? Em que países estão esses clientes? Por que é que esses clientes escolheram a Maquinol?"

Resposta:

"Tenho que arranjar tempo para uma resposta completa. Os clientes vem de recomendação de outros clientes, e feiras anteriores. Três dos quatro nos USA 🇺🇸 e um no Chile 🇨🇱. Escolhem a Maquinol porque temos uma máquina que mais ninguém tem. A tal oferta diferenciada que, já existe há alguns anos mas agora há mais provas em clientes satisfeitos como referência."


 

E recordo Mais um dos "37" lamed waf - foi uma travessia difícil, mas resultou!

quarta-feira, agosto 11, 2021

Acerca das exportações

Como andam as exportações daquele grupo de sectores que acompanho há mais de 10 anos?

Não me interessa comparar com 2020. 2020 não existe! Como se comportou o 1º semestre de 2021 em comparação com o 1º semestre de 2019?

A maioria dos sectores teve um 1º semestre de 2021 melhor que o de 2019. As exportações totais do 1º semestre de 2021 foram superiores às do 1º semestre de 2019.




segunda-feira, agosto 02, 2021

Para reflexão

"The era of export is coming to an end. Instead of making and sending goods, it becomes a trend to send money and data to make and supply goods locally. It means that the world is ending in a world where labor is cheap and raw materials are cheap.

The world economy in the era of the so-called 'post-corona' as predicted by German business thinker Dr. Hermann Simon.

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"The era of hyper-globalization, when exports amounted to twice the GDP (gross domestic product), is over, and we are now entering the era of de-globalization. “As local production increases through FDI (foreign direct investment), exports will decrease, and the restructuring of the global economy will accelerate accordingly,” he said.

...

“Companies have learned how easily global supply chains can collapse (due to a pandemic). An alternative is to set up a production base overseas where raw materials and parts can be directly supplied, and operate it through an independent local corporation. In other words, instead of investing in the country where the head office is located, we invest overseas where there are demand sources or raw materials. 

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In the past, it was not easy to set up a high-tech factory abroad. However, advances in advanced technologies such as 5G (5th generation mobile communication) and 3D (3D printer) are making this possible. “It is now possible to send data in real time to make things (with 3D printers) in factories on the other side of the world. There is no longer any need for products to be moved between countries. This means that the global supply chain (GVC) can be reorganized to be the center of the data flow (rather than the flow of parts and raw materials).”


Dr. Simon said, "These days, quite a few CEOs (CEOs) say that it is 'like a miracle' when they see companies running well without business trips or face-to-face meetings." This experience is not just a surprise, but leads to a 'sympathy' between the business owners and professional managers that 'it is okay to give more autonomy to overseas branches and manpower'. “It doesn't matter where the headquarters is anymore. Now, the important thing for CEOs of global companies is to find a region that is optimized for 'the industry we are good at'."

Trechos retirados de "“The era of living on exports will end after Corona,” a world-class business scholar warns

domingo, julho 18, 2021

Custo de oportunidade, again!

Há dias, talvez sexta-feira, via Twitter encontrei este texto, "What do economic scholars consider powerful economic knowledge of importance for people in their private and public lives? Implications for teaching and learning economics in social studies" de Niclas Modig.

"Based on Young’s notion of powerful knowledge, acquiring disciplinary knowledge emerging from an economic epistemic community is expected to make an important difference for people when dealing with economic issues in their daily lives. In this regard, this article’s author asked Swedish scholars of economics at higher education institutions what they considered to be the most important economic concepts that people would need to acquire and understand

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People need economic knowledge to make well-informed decisions when facing economic questions in their private and public lives. However, research from different parts of the world has shown that adults, students and youngsters alike often lack economic knowledge 

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According to research, the lack of economic knowledge is even pervasive amongst social studies teachers, who are responsible for providing basic economic education [Moi ici: Eheheheh!]

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The results are drawn from an online questionnaire (see Appendix 1) sent to all identified (419) economists in all 48 higher education institutions in Sweden, except nine economists at the author’s own university. 

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Two items (questions 10 and 11) in the questionnaire are of particular importance, focussing on what the economists consider to be the most important concepts in economics for people to acquire and understand. Both questions were open ended, making it possible to list an unlimited number of concepts for each question. The concepts were summarised based on frequency and then sorted into broader categories;

...

As shown in Figure 3, opportunity cost is the largest category when the individual (74) and the citizen perspectives (60) are merged, with a total of 134 occurrences, followed by interest, with 51 occurrences (33 from the individual perspective and 18 from the citizen perspective), and marginal concepts, with 49 occurrences (33 from the individual perspective and 16 from the citizen perspective)."

Posto isto, como não recordar João Duque em "Produtividade e tretas académicas" (Junho de 2020):

“Para começar, acho que podemos ir à lista de importações e começar a fazer o que importamos. Se conseguimos passar a fazer ventiladores, porque não outras coisas?”[Moi ici: Até sinto vergonha alheia ao reler isto!]

Ou a estória de reduzir a importação das conservas, "Como se pode ser tão burro e cometer sempre os mesmos erros???"

Recordo a frase de Napoleão:

E recuo a 1986/87 quando tinha cerca de 22 anos, um mundo pré-China, um mundo em que nós eramos uma china, ""um atestado de desconhecimento da realidade" (parte IV)"[Fevereiro de 2016).

Por fim, recordo Abril de 2014 com "Acerca do custo de oportunidade".

"Martha Stewart, let us agree, can iron shirts better and in less time than anyone else in the world. So, does it make sense for Martha Stewart to iron her own shirts? No!" 

segunda-feira, março 08, 2021

Turquia - Portugal em 144 horas

Sábado fez 10 anos que publiquei "Pregarás o Evangelho do Valor", depois fui para Arrifana onde fui trabalhar com os amigos Paulo e Pedro. Julgo que foi ao final dessa manhã que me apresentaram o amigo António.

Sábado ao princípio da noite o amigo Pedro mandou-me esta imagem via WhatsApp:
Portugal -> Turquia e Turquia -> Portugal com entregas em 144h (6 dias).

Como não recordar um texto publicado fez ontem três meses ""Come on! Esta gente não analisa os números?"" onde escrevi:
"O que ressalta é a evolução turca e albanesa. Em 2010 a Turquia exportava cerca de 75 milhões de pares de sapatos, em 2019 exportou 275 milhões de pares a um preço médio de 3.29 USD. A Albânia em 10 anos duplicou as suas exportações. Presumo, pelo preço médio de cada par, que há ali mão de know-how italiano."

E chamei a atenção para a transitoriedade do status quo no sector privado exportador. A base do sucesso do modelo nos últimos 10 anos posta em causa por dois países próximos do centro da Europa com custos de produção muito baixos. Por isso:

"finding a sustainable competitive advantage may not be that important. What is important, however, is that companies have a contingency plan to deal with the upcoming prospects for an expansion of available resources or possible constraints created by other actors in the market." 

E isto joga bem com a mensagem do lucro como uma ilusão, parte significativa dele é para pagar os custos do futuro, como aprendi com Schumpeter. Há que estar sempre focado no amanhã, recordo esta série "Quantas empresas". Recomendo a parte X dessa série.

E já agora, na sequência dessa parte X, voltar ao postal de ontem sobre "The search for a profitable niche market"




quinta-feira, fevereiro 11, 2021

2020 vs 2019, 2019 vs 2018, 2018 vs 2017 - exportações

Há um ano publicava o quadro que comparava 2019 com 2018. Agora dá para apreciar 2020:

O quadro que sigo há anos... acho que em 2010 já publicava estes números.

Dá para ver como 2020 foi cruel para as exportações. 
PMEs uma desgraça
Empresas grandes ainda maior desgraça
Escapou a agricultura.

Desde o pico de 2017 o calçado já perdeu quase 500 milhões de euros de exportações.

Vamos mesmo ficar todos bem!