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quarta-feira, dezembro 14, 2022

Cuidado com os americanos

"Esta semana, um empresário alemão andou no Vale do Ave a fazer contactos para deixar encomendas têxteis que costumava colocar na China e Turquia. "Está disposto a pagar 20% mais para reduzir a exposição numa zona que considera de risco" conta um industrial do sector, animado com a perspetiva do negócio

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Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP, a associação do sector metalúrgico, admite que 2022 vai fechar com exportações superiores a €20 mil milhões, 10% acima do recorde de 2021 e pelo menos quarto dos melhores registos mensais de sempre. Para isso, diz, pesam subidas nos principais mercados do sector Espanha, França e Alemanha além dos Estados Unidos, que deu um salto homólogo de 70% em oito meses

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Na fileira têxtil, as previsões apontam mais uma vez para um recorde nas exportações, depois de o terceiro trimestre fechar 19,2% acima de 2019 (€4,7 mil milhões). Em quantidade, o ganho é de apenas 6%, o que leva Mário Jorge Machado, presidente da associação setorial ATP, a sublinhar que "há valorização de produto, mas também há mão da inflação". Aliás, recorda, o ano obrigou muitas empresas a recorrerem a lay-off pela subida dos custos e por cortes nas encomendas de marcas preocupadas com a redução do consumo.

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muitas marcas americanas querem alternativas à Ásia,

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No calçado ainda ninguém assume que o recorde de €1,96 mil milhões de 2017 será batido na frente externa, [Moi ici: Mentira o presidente da APICCAPS assumiu-o no último número do Dinheiro Vivo] mas "este é seguramente um dos três melhores anos de sempre", admite Paulo Gonçalves, porta-voz da associação setorial APICCAPS,

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No caso da indústria do mobiliário, 2022 puxou os EUA do 5° para o 3º lugar no ranking dos maiores mercados, com um crescimento de 30% nas vendas, e Angola, "a beneficiar da alta do petróleo" para crescer 50%, regressou ao top 10."

Qual o perigo do mercado norte-americano? A sua baixa sofisticação, afinal estamos a falar de clientes que estão a sair da Ásia. Recordo o que escrevi em 2018 aqui no blogue, Tanta coisa que me passa pela cabeça...:

"Quem segue este blogue sabe que há muitos anos escrevemos e defendemos aqui que o mercado americano não pode competir com o europeu em preço unitário."

Por exemplo, na última Monografia Estatística publicada pela APICCAPS podemos encontrar:

  • Preço médio de um par de sapatos importado pelos Estados Unidos - 11,37 USD
  • Preço médio de um par de sapatos importado por Portugal - 13,28 USD
  • Preço médio de um par de sapatos importado pela Alemanha - 17,94 USD
  • Preço médio de um par de sapatos importado por França - 18,26 USD

Trechos retirados de "O sonho americano das exportações portuguesas" publicado no caderno de Economia do semanário Expresso do passado Sábado.

sábado, outubro 15, 2022

Pode ser que cole à parede

Ontem, 13.10.2022 - "Cada falência é uma vitória de Putin", diz o líder da indústria têxtil portuguesa

"O presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Mário Jorge Machado, deixou esta quinta-feira mais um alerta sobre como o disparo do preço do gás natural está a pressionar a indústria têxtil: “Cada falência é uma vitória de Putin, que está a usar o gás como arma económica”."

Parece que o Putin tem as costas largas, e eu sou a última pessoa a querer defende-lo.

A 18.10.2021 - "Já há empresas têxteis a ponderar encerrar portas devido à escalada dos preços da energia"

"Já há empresas têxteis a ponderar encerrar portas devido à escalada dos preços da energia. Com os preços do gás natural cinco vezes mais caros e da eletricidade duas vezes mais elevados do que há três meses, muitas empresas deste setor já fazem contas e admitem não conseguir fazer face ao aumento dos encargos energéticos, a que acresce ainda a subida ou escassez de matérias-primas. Uma situação que poderá comprometer a retoma económica antecipada pelo Executivo, alerta Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP)."

Em 2013 apresentei este gráfico:


Entre 2005 e 2012 o sector têxtil perdeu 3000 empresas e manteve o volume de exportações. Nesse tempo o impacte da China era visto, justamente, como "É a vida!"

Em 2022 as exportações têxteis estão em alta. Por que devemos salvar empresas? Desconfio que muita gente quer que empresas condenadas pelo mercado sejam salvas pelos contribuintes.

BTW, a propósito disto ""TÊXTEIS PORTUGUESES PASSARAM O TESTE DE STRESS HA 20 ANOS"" onde se pode ler:

"os desafios ao sector são enormes mas “os têxteis portugueses passaram o teste de stress há 20 anos”, disse Pedro Siza Vieira, ex-ministro da Economia,

...

E os que passaram esse teste de stress de há 20 anos não vão agora ser derrotados por mais uma crise."

Este advogado de gabinete lisboeta tem de aprender o que é o índice de turbulência - Debaixo da superfície calma e pacata. Fez-me lembrar a parolice nortenha O provincianismo nortenho!

Qualquer reunião empresarial para que convidem estas personalidades é um sinal para não perder tempo com essas reuniões. O que é que eles sabem da economia transaccionável? Come on!

Portanto:


"Para este responsável, no curto prazo a "prioridade deve ser salvaguardar a indústria têxtil", ao mesmo tempo que esta se prepara para um "futuro competitivo a longo prazo". Futuro esse que terá de ser assente em "fundações fortes", ou seja, em inovação, criatividade, qualidade e sustentabilidade. "Eu sei que estas podem parecer só palavras bonitas, mas acredito que precisamos de continuar a investir em inovação, de continuar a atrair criatividade para as nossas empresas, de produzir artigos de alta qualidade e de nos tornarmos mais sustentáveis porque essa é a receita para o nosso sucesso num mercado globalizado e altamente competitivo", frisa.
Mas tudo isso exige diz Alberto Paccanelli, um "novo quadro regulatório no qual a qualidade e a durabilidade se tornem o norte, [Moi ici: Durabilidade? Come on Are you prepared to walk the talk? Qualidade? O que quer dizer qualidade? Um Fiat tem menos qualidade que um Mercedes? Tudo conversa para levantar barreiras alfandegárias] em que a transparência e a sustentabilidade são premiadas e em que os free riders, que não cumprem com as regras e os standards [europeus], são mantidos fora do mercado". Ou seja, há que garantir que o novo quadro será "justo e equilibrado, o que exige um diálogo constante e próximo entre o regulador e a indústria", defende."

segunda-feira, outubro 10, 2022

Pavões

Ontem fui, mais uma vez, ameaçado. 

Desta vez para que mais dinheiro dos meus impostos seja canalizado para financiar o Portugal Fashion, depois da TAP, da EFACEC, do Euro, da Expo, da ...

Segundo o JN de ontem:

"O Portugal Fashion, um evento de promoção da moda nacional que permite divulgar as fileiras do têxtil e calçado e alavancar a internacionalização do setor, está em risco de não se realizar a partir do próximo ano por falta de financimento europeu. [Moi ici: Por que se organiza um evento como o Portugal Fashion? Haverá algum estudo sobre as consequências da participação das empresas no Portugal Fashion? O evento é eficaz ou não? Se é eficaz, os participantes não estão dispostos a financiar o evento? Se não é eficaz, então não vale a pena fazê-lo!]

...

TÊXTIL VALE 6 MIL MILHÕES A realização do evento no Porto é tida como essencial para o têxtil e o calçado. [Moi ici: Isto cheira-me a um empolamento exagerado do impacte do evento. Imaginam que se o evento fosse mesmo essencial para o têxtil e o calçado não aparecia financiamento privado para o fazer?] Ao dar "visibilidade" à fileira do têxtil nacional, através do "espetáculo que é a passagem dos produtos pós confeção", este certame potencia negócios com valor acrescentado, [Moi ici: Potencia negócios com valor acrescentado para quem? E esses beneficiados não estão dispostos a investir no evento?] novos contactos e atrai pessoas, adianta Mario Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).

...

Dentro da fileira, [Moi ici: Têxtil] "o elo mais fraco, que está menos desenvolvido, é o de marcas com origem portuguesa. Não temos conseguido criar marcas com um posicionamento a nivel global". E, "se não tivermos um centro em que se comece a fazer a criação dessas marcas, matamos ou diminuimos significativamente a possibilidade de isso acontecer", explica, ainda, Mário Jorge Machado. [Moi ici: OK, então o presidente da ATP tem estudos que demonstrem o impacte positivo do evento? Pode apresentá-los?] Nesse sentido, se o Portugal Fashion acabar, "vai ser ainda mais difícil" dar visibilidade, sobretudo a nivel internacional, ao setor têxtil e, em particular, às marcas nacionais." [Moi ici: Não têm curiosidade em saber qual o retorno em euros para as marcas que participaram em edições anteriores do evento?] A dimensão internacional vai ficar fortemente prejudicada e diminuida' frisa. [Moi ici: Será que ele disse isto sem se rir?]  Com este evento, há uma promoção setorial e do pais. Por isso, deve haver algum investimento público para fazê-lo, defende o presidente da ATP, descartando a possibilidade de serem as empresas do setor a suportarem todos os encargos." [Moi ici: Então querem organizar um evento que supostamente beneficia as empresas participantes e não querem correr riscos?

Quando referi a minha estupefacção no Twitter, alguém escreveu "pavões" 

sábado, julho 30, 2022

Qual o resultado final?


 Qual o resultado final deste jogo de forças?

Isto a propósito deste artigo no Caderno de Economia do semanário Expresso de ontem, "Têxtil volta a ter empresas em lay-off":

""Na indústria têxtil há cada vez mais clientes a atrasarem ou a suspenderem encomendas e já temos algumas empresas em lay-off ou a jogar com a antecipação de férias", diz ao Expresso Mário Jorge Machado, presidente da ATP Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, preocupado com a evolução de um sector que pede o regresso de mais apoios, [Moi ici: Sempre a mesma doença portuguesa] num regime equivalente ao que foi adotado no pico da pandemia de covid. "Temos os consumidores assustados com a guerra, a inflação, a questão energética, a subida das taxas de juro. O retalho começa a retrair-se e a indústria sente também esse impacto", explica o empresário e dirigente associativo para defender "um quadro mais flexível, que facilite a reação rápida das empresas às flutuações da economia".

É verdade que os números da exportação continuam a ser positivos: até maio, as vendas ao exterior tiveram um crescimento homólogo de 19%, para os €2,6 mil milhões (mais 17% face a 2019), mas a evolução relativa ao volume tem vindo a abrandar mês após mês, acumulando agora um saldo positivo de 6%, e "a faturação é sempre reflexo de decisões de encomendas entregues alguns meses antes" sublinha, para garantir que o momento atual "é de arrefecimento".

A tendência é transversal a todos os segmentos da indústria têxtil, mas nesta fase as empress mais afetadas são as de acabamentos, tinturarias, tecelagem, tricotagem e algumas confeções, precisa. Do lado dos clientes, o abrandamento é especialmente sentido na Europa, com destaque para a Alemanha, e nos EUA."

Outras leituras:

quinta-feira, julho 01, 2021

Não se pode querer sol na eira e chuva no nabal!

Recordo este gráfico de 2013:


Então, comparava as exportações de 2012 com as de 2006. O valor era o mesmo, mas enquanto que em 2006 existiam 8000 empresas, em 2012 já só existiam 5000 empresas.

Entre 2006 e 2012 a produtividade das empresas portuguesas da indústria têxtil e do vestuário cresceu.

Vivemos num país em que os salários e os custos aumentam mais do que a produtividade física. Por isso, os preços unitários têm de aumentar, mas nem todas as empresas o conseguem fazer. Assim, as empresas com produtos mais básicos desaparecem, são obrigadas a fechar, porque não podem competir com a Ásia, Turquia ou Marrocos. Por outro lado, as empresas que conseguem aumentar preços, fazem-no porque sobem na escala de valor. São mais pequenas e precisam de menos trabalhadores. 

Com o encerramento das empresas menos produtivas a produtividade estatisticamente sobe muito mais. Recordar o exemplo:
Ontem, li "Têxtil e vestuário admite perder de 11 mil a 56 mil postos de trabalho até 2030":
"O estudo é da responsabilidade da ATP e contempla três cenários distintos, desde a visão mais pessimista, que admite o desaparecimento de 3500 empresas e de mais de 56 mil empregos, à mais otimista, que prevê o encerramento de cerca de mil empresas e de mais de 11 mil postos de trabalho. A grande diferença está na riqueza gerada. No caso do cenário 'chumbo', o mais negativo, cairá para menos de cinco mil milhões de euros de faturação, enquanto as exportações se ficarão por pouco mais de quatro mil milhões de euros. Em contrapartida, no cenário 'ouro', o mais positivo, o volume de negócios do setor subirá para mais de 10 mil milhões de euros, com as exportações a serem responsáveis por oito mil milhões de euros, um aumento de 30% e de 53%, respetivamente, face aos valores pré-pandemia."
"Na melhor das hipóteses, a indústria têxtil e do vestuário vai aumentar a facturação e as vendas ao exterior. Mas voltarão os encerramentos de fábricas e os despedimentos.

O plano estratégico anterior apontava três cenários possíveis para 2020, agora fala-se num para 2025. E é este último que prevê que uma forte quebra no número de empresas em laboração e um grande número de despedimentos. O sector da indústria têxtil e vestuário (ITV) tinha, em 2018, 6700 empresas, de acordo com o Banco de Portugal, e quase 139 mil trabalhadores. O projectado para 2025 reduz para “mais de 4000 empresas” e 110 mil trabalhadores. O que, a confirmar-se, significaria que cerca de um terço das empresas de ITV vão fechar e haveria à volta de 28 mil despedimentos."

Lamento este uso de linguagem negativa sobre os encerramentos e os despedimentos... isto parece forte, mas é como dizer que o leão é mau quando mata a gazela.

Se queremos que os trabalhadores têxteis sejam mais produtivos, e possam ter melhores salários, as empresas incapazes de subir na escala de valor têm de fechar e libertar os seus trabalhadores para outras áreas da economia onde possam ser melhor remunerados.

O erro é acreditar acriticamente que as empresas em Portugal podem continuar a crescer como antes de haver china.

Com base neste documento, atentem na evolução da facturação por trabalhador na indústria têxtil e de vestuário portuguesa:


Não se pode querer sol na eira e chuva no nabal! Recordar a evolução dos custos da mão-de-obra no têxtil e vestuário:

Eu, que sou consultor contra mim falo. É muito difícil fazer o corte epistemológico, mudar de agulha, mudar de paradigma comercial, produtivo, competitivo. Quantas vezes empresas recebem apoios e subsídios para inovação e acabam por usar esse dinheiro, sem dolo, como uma forma de reduzir os custos e poder prolongar o modelo de negócio actual por mais um ou dois anos, continuando a competir pelo preço. Não é impossível, mas é muito difícil. É abandonar a navegação por cabotagem e avançar, com medo claro porque se trata de gente com skin in the game, não são políticos a torrar impostos futuros, e avançar para mar incógnito onde os mapas antigos diziam "aqui há dragões"!

Por isso, o deixem as empresas morrer continua a ser a minha orientação principal.

terça-feira, abril 28, 2020

Let that sink in, quietly

O Jornal de Negócios de ontem traz um artigo, "O que esperam para 2020 os principais setores da economia?", que ajuda a perspectivar o que aí vem na economia portuguesa:
"Até final de abril, cerca de 70% da indústria têxtil e do vestuário terá entrado em lay-off total ou parcial, com a quebra na faturação de 50% a 70% este mês. As estimativas são do líder da associação do setor (ATP), frisando, porém, que “a quebra nas receitas será maior”, pois “os clientes estão a atrasar os pagamentos vencidos de encomendas entregues”. Mário Jorge Machado admite “uma quebra no emprego de 5% a 10%” no conjunto do ano.
...
De acordo com o último inquérito de conjuntura semanal da APICCAPS, quase metade (46%) das empresas da “indústria mais sexy da Europa” está atualmente fechada. “Mas deverão voltar ao trabalho regular em maio”, sinaliza Paulo Gonçalves. Do total das empresas inquiridas, 92% reportam um impacto negativo com a pandemia.
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Composto por 15 mil empresas, o setor da metalurgia e metalomecânica está a contar com uma redução de faturação próxima dos 3,5 mil milhões de euros no segundo trimestre (quebra homóloga entre 40% e 50%), que “decorre essencialmente de adiamentos de encomendas e não de cancelamentos”.
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O cluster do mobiliário, que inclui também colchoaria, tapeçaria ou iluminação, num total de 4.500 empresas e 31 mil trabalhadores, estima que a crise do novo coronavírus, que vai pôr dois terços do setor em lay-off, terá um impacto negativo de 30% na faturação anual, em relação a 2019.
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O setor da construção estima um impacto mensal de 493 milhões de euros com a paragem da atividade, tendo em conta a perda de volume de negócios e a manutenção de despesas com trabalhadores e com a banca. Apesar de continuar a haver obras no terreno, o impacto da covid-19 já se faz sentir, designadamente no emprego, com o aumento do número de desempregados, em março, em 11,3%.
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A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) espera uma quebra de 50% em 2020, o mesmo cenário admitido pelo Governo para todo o setor. “Teremos choques de receita de 50% face a 2019”,
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O último estudo da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) revela que, para o conjunto de 2020, 55% das empresas preveem um declínio das vendas superior a 20%.
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Há subsetores, como o das flores e plantas, que apontam para quebras na faturação na ordem dos 70%, devido ao corte nas exportações. Mas as empresas mais penalizadas da indústria agroalimentar são as que dependem “em mais de 50%” da hotelaria e da restauração. Como acontece com a indústria do vinho, que registou nas últimas semanas perdas que oscilam entre 20% e 100%, sendo que a média situa-se nos 50%,
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O setor automóvel no seu conjunto representa 19% do PIB, emprega diretamente 200 mil pessoas e pesa 25% nas exportações de bens, com sete das 10 maiores exportadoras em 2019. Nos componentes, a AFIA estima uma quebra de 30% na faturação este ano. A ACAP admite uma quebra de pelo menos 25% na produção automóvel e de mais de 35% nas vendas de veículos.
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Na semana de 13 a 17 de abril, quase um quinto das empresas de construção e atividades imobiliárias já dava conta de uma redução superior a 75% no volume de negócios, enquanto mais de metade apontava para quebras entre os 10% e os 50% nessa semana."

sábado, fevereiro 22, 2020

Riscos e oportunidades: Covid-19

Interessante no Correio da Manhã de ontem:
"As empresas portuguesas do sector têxtil estão a preparar 'planos B' para lidar com o impacto do Covid -19 na China, admitindo recorrer a novos fornecedores na Índia e na Turquia. [Moi ici: Como se fosse tão fácil como sair da loja A e entrar na loja B num centro comercial] A falta de matéria-prima pode ditar o encerramento de fábricas já em março. O cenário é traçado ao CM por Mário Jorge Machado, presidente da Associaçâo Têxtil de Portugal (ATP). Se a epidemia não abrandar, a fileira do têxtil e vestuário admite que poderá ser forçada a parar a produção no próximo mês, perante a falta de matéria-prima. Fios, tecidos, botões, forros, fechos e etiquetas são alguns dos componentes cujo fornecimento está a ser afetado pelo vírus com a paragem da produção na China. [Moi ici: Estou a imaginar uma oportunidade para armazenistas com monos fazerem um negócio de oportunidade. Quando a Apple ou a Adidas avisam o mercado acerca do impacte do Covid-19, fazem-no porque a produção do produto acabado não está a ocorrer na China. Neste caso do têxtil, o que falha é a matéria-prima e componentes para a produção feita cá. O impacte é semelhante, em ambos os casos o produto não chega ao mercado. Embora, seja mais fácil arranjar alternativa de matéria-prima do quer alternativa de fabrico] E mesmo com os 'planos B' em marcha, as empresas terão de esperar semanas para que a matéria-prima indiana ou turca comece a chegar a Portugal. "Sendo uma situação preocupante, não é dramática" , assegura Mário Jorge Machado. O responsável admite que o vírus poderá trazer "oportunidades" a Portugal. "Temos uma série de compradores que vieram cá fazer compras. Perceberam que estar dependente da Ásia é uma ameaça." O interesse tem chegado sobretudo de França, Alemanha, Reino Unido e Suécia."
Fui em busca de artigos de jornal em Espanha sobre o impacte do Covid-19 na Inditex, "El sector textil español busca alternativas a las fábricas chinas por el coronavirus":
"Las colecciones que llegarán a las tiendas el próximo invierno se producen ahora –la mayor parte de la colección primavera-verano ya está entregada–, y puede afectar de forma notable a las firmas de fast fashion, que lanzan colecciones y modelos nuevos cada pocas semanas,
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“En el sector hay inquietud y se están buscando centros productivos alternativos en el norte de África, Egipto, Portugal o España”, aseguran.
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En el caso del gigante Inditex, que también renueva colecciones continuamente –vende 65.000 referencias al año–, la producción está más diversificada. El 95% de su fabricación se produce en doce países, aunque China es su principal proveedor, con más de 1.800 plantas que trabajan para llenar las tiendas de Zara, Bershka o Pull&Bear. Sin embargo, más del 50% de la producción se encuentra en países más cercanos, como España, Marruecos, Portugal o Turquía.
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China también es el principal proveedor de Mango, aunque en los últimos años ha seguido el modelo de Inditex y ha diversificado la fabricación de sus prendas. Las empresas grandes, con todo, podrán tener una mayor capacidad de reacción si el cierre de fábricas se mantiene. El mayor problema, explican fuentes del sector textil, está en las pequeñas firmas con fuerte dependencia de China y poca capacidad para llevar su producción a otros países.
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Voces del mundo de la moda empiezan a plantear que la cadena de distribución “debe replantearse”. Primero, porque depender en exceso de un solo país deja a las empresas demasiado expuestas a la coyuntura de terceros. Y segundo, porque los largos trayectos para transportar la mercancía están en cuestión por su impacto climático."
Alguns números daqui:
"Así, el 31% de la ropa de Mango se fabrica en China, el 50% de Desigual y el 41 % de la de Mark and Spencer. Por su parte, C&A dispone de 300 factorías en el país asiático, por 239 de GAP y 89 de Primark." 

domingo, fevereiro 09, 2020

2019 vs 2018 - exportações


Mobiliário continuou a crescer e mais do que em 2018.
Máquinas retomaram o cresciomento, mas ainda sem recuperar do golpe de 2018.
Vestuário, plástico e calçado  caíram em 2019. O calçado tinha caído em 2018 e duplicou as quedas em 2019.
Aeronaves cresceram muito e mais do que recuperaram o perdido em 2018.
Óptica continua a crescer muito robustamente, depois de um 2018 conde já tinha crescido quase 30%.
Agricultura a crescer bem, o normal dods últimos anos.
Combustíveis e ferro fundido tiveram um ano negativo.
Automóveis, desaceleração do crescimento para metade do verificado em 2018.

Interessante no Público de ontem o artigo "Têxtil: desvio espanhol e anemia alemã interrompem década de crescimento":
"As vendas da indústria têxtil e vestuário (ITV) a Espanha caíram 73 milhões de euros em 2019.
...
É a primeira vez, desde 2009, que as vendas ao exterior da ITV num ano não ultrapassam a facturação do ano precedente. Foram nove anos sempre a crescer, uma tendência agora interrompida porque o principal cliente de Portugal, a Espanha, e o terceiro maior comprador, a Alemanha, registaram quebras de 4,3% e 3%, respectivamente.
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No primeiro caso, a razão parece ser a transferência de encomendas de Portugal para Marrocos e Turquia por parte de grandes clientes da confecção portuguesa, como a Inditex – o grupo espanhol dono de marcas como Zara, Pull & Bear, Bershka e Lefties, entre outras. Porquê? Segundo a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, “alguns players importantes alteraram a lógica de fornecimento” nos segmentos de “moda e fast fashion” porque “do ponto de vista dos preços, Portugal tem perdido alguma competitividade”. [Moi ici: Recordar esta reflexão recente sobre rapidez e preço. É o eterno sobe e desce] 



Nesse particular, Marrocos e Turquia conquistaram encomendas que antes eram satisfeitas em Portugal, porque em termos de proximidade acabam por ser colocados no mesmo patamar que a confecção portuguesa, que foi o sector que mais comércio perdeu e aquele que, como diz a ATP, “mais sente o peso” dos custos salariais.
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Já no caso da Alemanha, para onde se venderam menos 14 milhões de euros, a explicação fundamental será o clima de estagnação que pautou a economia alemã e que terá influenciado o comportamento dos consumidores naquele país, refere a mesma responsável."

terça-feira, novembro 05, 2019

Mais bofetadas e a turbulência em curso

Na sequência de "Bofetadas e locus de controlo - produtividade é que não" um empresário mandou-me um e-mail:
Em anexo ao texto do e-mail vem um ficheiro em pdf com informação detalhada da empresa e cópia do passaporte do Managing Director.

Trata-se, portanto, de um negócio que corre de vento em popa em Portugal.

Quando tinha o meu escritório na Avenida da República em Gaia, um dos meus vizinhos, por causa do sinal de recepção deficiente, vinha para o corredor falar por telefone com trabalhadores da construção civil, para tentar contratá-los para obras na Holanda. Recordo os 12 € por hora com alimentação e casa era o último valor que ouvi. Inicialmente andava pelos 9 €:



Por que recordo isto? Porque o valor era negociado cá e pago cá. O trabalhador estava empregado numa empresa portuguesa, por acaso a realizar trabalho na Holanda. A legislação salarial holandesa não se aplicava ao trabalhador português.

Talvez por isso, isto:



Assim, estes trabalhadores vêm do Bangladesh, as empresas portuguesas não lhes pagam, pagam um serviço a uma empresa bangladeshi que tem trabalhadores bangladeshis que por acaso estão a realizar um serviço para essa empresa em Portugal. Ou seja, a legislação salarial portuguesa não se lhes aplica. Ou seja, a solução para os empresários portugueses, (e espanhóis e italianos, segundo o empresário que me enviou o e-mail) não é subir na escala de valor, nem é deslocalizar para a Ásia... é trazer a Ásia para a Europa.

Ao fim do dia, no Jornal de Notícias apanho "Falências voltam a crescer no têxtil, calçado e metalurgia":
"Apesar do número total de falências estar a cair desde a crise financeira, há sinais de alerta em várias indústrias.
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O anúncio em letras grandes foi publicado num jornal diário e dá conta da venda, em leilão eletrónico, de máquinas para a indústria do calçado. Em causa a falência da Calçado Bangue, de Romariz, Santa Maria da Feira. É uma das 238 empresas da indústria têxtil e da moda que, desde janeiro, estão em tribunal com processos de insolvência, mais 42% face ao período homólogo.
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A situação não é exclusiva do calçado. As insolvências nos têxteis e na metalurgia somam, nos primeiros nove meses do ano, mais do que no total de 2018. O arrefecimento da economia europeia, a preferência da Inditex por fornecedores marroquinos ou turcos e a concorrência da China, que está a colocar em dificuldades os produtores europeus de torres eólicas, ajudam a explicar. A questão mereceu um alerta do Fórum para a Competitividade que, nas suas perspetivas para o terceiro trimestre de 2019, destacou os "riscos elevados" nos setores têxtil e calçado. Não só as insolvências estão a crescer, como as exportações estão a cair, respetivamente, 1,1% e 7,5%"
Lembram-se de eu escrever aqui sobre os movimentos subterrâneos na economia portuguesa?

Os incautos olham para os números globais das exportações e comprazem-se com a evolução, eu há anos que separo as coisas, uma coisa são as empresas grandes que competem pelo preço, outra coisa é a imensa multidão de PMEs.

Estão a ver o e-mail lá de cima? Estão a recordar o texto inicial da bofetada? Pensem nisto:
""As empresas que ainda trabalham na lógica do preço baixo estão condenadas a prazo. Sem outros elementos de diferenciação, são simplesmente trocadas mal apareça um concorrente, no Norte de África ou na Ásia, que faça mais barato, nem que seja por um cêntimo", diz o diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). Paulo Vaz garante, no entanto, que o setor realizou uma "enorme transformação, na última década" e que a generalidade das suas empresas "modernizou-se, qualificou-se, investiu na inovação tecnológica e na diversificação de produtos e mercados"."
Confesso que não sei se haverá demasiado wishful thinking nesta descrição de transformação. Estou um bocado pessimista. Penso que a maior parte da mudança foi por causa da proximidade produção-consumo. Vantagem que agora desaparece com o Norte de África e Turquia.

Acredito que o sector vai voltar a encolher e a ter de se concentrar em nichos.
"Mais difícil de aferir é a situação da metalurgia. A campeã das exportações continua em alta, com as vendas ao exterior a crescerem 7%. A AIMMAP," 
Não sei onde é que vão buscar estes números. Olhando para os dados do INE publicados há um mês o sector da metalurgia, sem o automóvel, caiu 1,9%. Se incorporarmos o automóvel, coisa que a AIMMAP não fazia no passado, e bem, o crescimento é de 4%. O que só mostra a evolução que denuncio há um ano acerca do parcial II.

No DN interessante estes números sobre o mesmo tema da evolução das insolvências:


Esta evolução era de esperar, economias saudáveis não crescem até ao céu. Economias saudáveis de vez em quando têm um ano ou mais menos bom. Por outro lado, temos um contexto em forte evolução com a Turquia e o Norte de África a darem cartas.

Por cá, politicamente a prioridade é a distribuição. Ao menos, podiam facilitar as condições para que capital estrangeiro investisse no país.

quarta-feira, setembro 04, 2019

De volta a 2009 e ilusões de um I9G

Ontem o Jornal de Notícias trazia este artigo "Exportações do têxtil caem ao fim de sete anos".

Nada de novo. Temos acompanhado o tema, desde quando ele ainda não era tema.
Em Janeiro de 2019 ironizei com o tema, mas há dias fui esbofeteado em público.

Se não há novidade por que refiro aqui o artigo? Por causa da forma como o referido artigo termina. No postal de Janeiro último escrevi:
"Os políticos à segunda, terça e quarta, enchem o peito, levantam a crista e gritam que estão contra os salários baixos. Os mesmos cromos à quinta, sexta e sábado, ficam preocupados quando as empresas que trabalham preço começam a fechar. Vamos começar a ouvir vozes a pedir apoios e subsídios."
No artigo leio:
"Ricardo Costa, vereador da Câmara de Guimarães, pede ao Governo que acelere as medidas já propostas pela Autarquia para travar uma eventual crise: "Não podemos ser meros prestadores de servicos, temos de criar necessidades". Em causa estao acções importantes como o I9G ou a redução do custo de tratamento das águas residuais."
Parece que os políticos regressaram a 2009:

  • e à falta de inconstância: políticos que querem aumentar salários, mas acham as empresas incapazes de pagarem o custo de tratamento das águas residuais;
  • e ao torrar dinheiro para salvar empresas (não se lembram dos Senhores dos Perdões? #ComPrimos #TrazParentes). Que sentido faz aquela afirmação "temos de criar necessidades"? É esse o papel dos políticos? Alargar para o têxtil do preço-baixo a pouca vergonha do activismo político no sector leiteiro? A procura genuína muda, os políticos chegam-se à frente para torrar dinheiro impostado aos saxões em medidas que criam (?) procura artificial e, reduzem os incentivos para que as empresas que têm potencial para sobreviver se reformulem, e lancem as suas experiências de reinvenção. Stressors are information. Prefiro a Via Negativa.
Um outro tema, de um outro campeonato, é o do I9G (recordar aqui).
O texto do Jornal de Notícias refere, como seria de esperar:
""A redução de Espanha tern sobretudo a ver corn aquilo que foram as encomendas da Inditex, sobretudo aquelas que são muito baseadas no preço", revela Paulo Vaz, diretor-geral da Associacdo Textil e Vestuario de Portugal (ATP)."

O que refere o artigo sobre o I9G?
"Elaboração de projetos de inovação com o objetivo de transferir conhecimento produzido na Universidade do Minho e outras entidades do Sistema Científico para as empresas sediadas em Guimarães. Este é o conceito que define esta “triangulação perfeita” assente no projeto I9G,
...
“Este projeto demonstra a capacidade de transferir o conhecimento que se produz nas nossas universidades para as nossas empresas e é uma condição decisiva para ganharmos a batalha da competitividade, através pessoas mais qualificadas e com mais investigação para desenvolver os produtos." 
E vocês acham que PME habituadas, moldadas, batidas a competir pelo preço baixo são o alvo adequado para receber este conhecimento científico e subir na escala de valor? Come on! Get a life!
Os macacos não voam, trepam às árvores!!!

As escolhas feitas no passado limitam o campo de possibilidades no presente. Não é impunemente que se tem um passado. Para usar esse conhecimento científico é preciso:
  • mudar de clientes;
  • mudar de proposta de valor;
  • passar a ter actividade comercial - não é o mesmo que vender minutos;
  • passar a ter actividade de marketing;
  • gerir as pessoas de outra forma;
  • organizar a produção de outra forma.
Estamos a falar em passar de um passado de dinossauro azul ou, muito provavelmente vermelho, para um futuro de dinossauro preto:
O meu conselho é simples: Deixem as empresas morrer!

Aprendam com Maliranta e Taleb!


Aproveito para sublinhar que o discurso do sector e das suas associações continua sereno e longe do alarmismo de há dez anos.

terça-feira, maio 14, 2019

O fim de um ciclo (parte III)

Parte I e parte II.
"Many investors lose sleep over "black swans" -- hard-to-predict events that cause chaos, like terror attacks or the bursting of the dot-com bubble.
Now authorities in China are being urged to watch for "gray rhinos" -- obvious dangers that are often ignored anyway."(daqui)
Nunca é se, é quando. Quando é que a maré muda. A maré muda sempre.
"As exportações da indústria têxtil e do vestuário começam a tremer e fecharam o primeiro trimestre do ano a cair 0,9%, pressionadas pelo segmento do vestuário (-2%) e pelo desempenho negativo dos 4 maiores clientes da fileira: Espanha, França, Alemanha e Reino Unido, anunciou esta sexta-feira a ATP - AssociaçãoTêxtil e Vestuário de Portugal.
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Depois de bater três recordes consecutivos na exportação, para fechar 2018 nos 5,3 mil milhões de euros (+2%), o sector entrou em 2019 já de forma cautelosa.
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No seu conjunto, a fileira exportou 1,35 mil milhões de euros, menos 12 milhões de euros do que no ano anterior, e terminou o trimestre com um saldo positivo de 241 milhões de euros na balança comercial, o que se traduz numa taxa de cobertura de 122%.
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Com uma quota de 29,7% nas exportações da fileira têxtil, Espanha continua, assim, a estar sob o "efeito Inditex", o grupo que reúne marcas como a Zara, Pull&Bear, Bershka ou Massimo Dutti, é o maior cliente das têxteis do Vale do Ave e tem estado a desviar compras que fazia habitualmente no país, especialmente as encomendas de valor mais baixo, para outros destinos, designadamente a Turquia e Marrocos."
E quando se escreve:
"No entanto, o esforço das empresas para diversificarem clientes e encontrarem alternativas à quebra de Espanha está a ter resultados positivos em dois destinos do top 10 do ranking das exportações do sector, com os Estados Unidos a protagonizarem a maior subida (+14,8% ou 11 milhões de euros)" 
Há que ter cuidado, os Estados Unidos são um mercado de preço:
"É que o mercado dos EUA "é um dos mais sensíveis em relação ao preço, mesmo em produtos de valor acrescentado" 
Tempo para parar para pensar, tempo para reflectir no que cortar, tempo para reflectir no que focar, tempo para lançar novas sementes, tempo para testar novos caminhos.

É claro que há gente a sofrer com esta evolução, por isso, peço desculpa por recordar esta ironia: Boas notícias, Portugal a ser abandonado pelo negócio do preço (1)

quinta-feira, março 14, 2019

Boas notícias, Portugal a ser abandonado pelo negócio do preço (parte II)

Parte I.

Ontem no Jornal de Notícias, "Associações anunciam nova crise do têxtil", com pérolas extraordinárias:
"Ontem, em Guimarães, os dirigente da Confederação Portuguesa da Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), António Monteiro, pôs o dedo na ferida: "A situação é de tal ordem preocupante que há muita gente em desespero. Prevejo o encerramento de dezenas de empresas nos próximos dias"
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Entre as medidas a tornar, António Monteiro defende a criação de um fundo de segurança à subcontratação para compensar desistências de encomendas, a criação de um contrato obrigatório entre multinacionais e subcontratados, a criação de uma comissão arbitral para a resolução de conflitos e a criação de um fundo de formação profissional para a formação de costureiras."
Que falta de noção!!!

Prefiro a evolução deste senhor, quem o lia há 10 anos e quem o lê hoje:
"Não é pelos preços que iremos encontrar a nossa competitividade e o que está a acontecer com a Inditex poderá ser pedagógico para muitas empresas, que se acomodaram, e um sinal importante para a nossa indústria de que o preço não é a resposta", afirmou o diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) em declarações à agência Lusa.
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"A grande questão é que as empresas aprendam de vez a lição de nunca ficarem com excesso de dependência relativamente a um cliente ou a um mercado em particular. Mais uma vez, a história repetiu-se com algumas delas, sobretudo as mais pequenas, que tiveram de encerrar, mas a minha convicção é que não é isso que vai afetar de uma forma violenta, ou pelo menos dramática, um setor que hoje em dia tem outros argumentos, alternativas e mercados e outra forma de reagir na procura de outros clientes", considera.
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Quanto às exportações para Espanha, Paulo Vaz acredita que "têm ainda potencial para crescer", até porque este mercado "está a ser berço de um conjunto de novas marcas muito orientadas para a sustentabilidade", em oposição ao "excesso de homogeneização que se encontrou em modelos de 'fast fashion' como a Inditex"."
ADENDA: Vão ver como começou a primeira loja Zara... um subcontratado a quem não desistiram de colocar encomendas, mas desistiram de comprar encomenda produzida. O homem teve de minimizar o prejuízo. Alugou um espaço em La Coruña, e começou a vender ... e nunca mais parou.
Há os que apesar de empresários nunca deixarão de ser funcionários e há os outros.

quinta-feira, fevereiro 08, 2018

"não se pode competir como o Bruce Jenner"

Na passada terça-feira, no arranque de um projecto balanced scorecard, o empresário fazia uma intervenção inicial à sua equipa de gestão onde recordava que, pelo facto de terem rejeitado no passado trabalhar com marcas de preço, para se poderem concentrar nas suas próprias marcas, deram a oportunidade a concorrentes pequenos crescerem e aproveitarem essas oportunidades. Escolhas estratégicas são assim, têm sempre "mas" agarrados e, por isso, é que doem.

Foi desta dinâmica que me recordei assim que li as primeiras linhas de “Não há nenhum drama em deslocalizar produção”:
"Os industriais do sector têxtil admitem que é inviável estar ao mesmo tempo a “vender diferenciação e custo por minuto”, estando a transferir cada vez mais encomendas para países do Leste europeu e do Norte de África."
Como devíamos todos ter aprendido com Skinner, num mundo de especialistas, num mundo de salami slicers, não se pode competir como o Bruce Jenner.

Imaginem o potencial de aprendizagem de subida na escala de valor, com tempo, nesses países do Leste europeu e do Norte de África. Se por cá não se tiver unhas para tocar guitarra... é a vida. Não adianta ficar com medo. É fazer como Jordan Peterson escreve no título do Capítulo I do seu livro mais recente, "Stand up straight with your shoulders back"

Reparem como finalmente a ATP veio ao encontro deste blogue, com 10 anos de atraso, mas veio:
"Hoje Portugal tem uma lógica de especialização e vai ter de se afastar da dependência da mão-de-obra. A aposta tem de ser clara em profissionais altamente qualificados, em mais investimento na terceirização das actividades para ir buscar valor acrescentado, margem e inovação tecnológica. Isso não se faz com a massificação da produção. Não é o futuro; é o presente que é nesse sentido. Já é dificil encontrar exemplos de empresas que tenham grandes contingentes de mão-de-obra. E mesmo esses estão estruturados em empresas mais especializadas e que funcionam numa lógica de grupo.
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As actividades com mão-de-obra intensiva, mais ligadas à confecção, vão ter de encontrar outras soluções, que não as tradicionais, que passavam por aumentar as suas capacidades produtivas [Moi ici: Recordar o que costumo dizer sobre as estratégias cancerosas de crescimento do rendimento] nesse domínio. E não é possível por várias razões, desde logo por já ser dificil encontrar pessoas para trabalhar.
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É a evolução natural. A ascensão na cadeia de valor sacrifica um conjunto de coisas. Não podemos estar num patamar superior a vender diferenciação, moda e inovação tecnológica e, simultaneamente, continuarmos a ter empresas que vendem capacidades produtivas e 'custo por minuto'."



quarta-feira, junho 28, 2017

Surpreso explica a surpreso

A propósito de "Têxtil português conta história de sucesso ao FMI" onde se pode ler:
"“foi uma conversa simpática, na qual o FMI se mostrou muito interessado e surpreso por uma indústria dita tradicional ser hoje uma indústria moderna, incorporando tecnologia, design e serviço e aumentando a sua presença global“.
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Os responsáveis pelo setor têxtil aproveitaram a ocasião para demonstrar como um setor condenado há uma década exibe hoje uma dinâmica renovada e aparece como exemplo para outros setores na economia tendo, em 2016, ultrapassado a fasquia dos cinco mil milhões de euros em exportações.
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A ATP destacou ainda, na sua apresentação, a mudança de paradigma do setor baseando-se a competição no valor e não no preço, o que implicou por parte do setor uma aposta no design, na moda, na tecnologia, na inovação e no serviço. E também um investimento em missões internacionais e na participação nalgumas das mais importantes feiras do setor."
Não deixo de enquadrar esta surpresa do FMI no que relato aqui há anos e anos como sendo a mentalidade da tríade, baseada no século XX: eficiência, escala, volume, custo.

E recordando aquele título "Sei o que fizeste no Verão passado" viajo até 2010 e a "Arrepiante". Não foi só o FMI que ficou surpreso, foi a própria cúpula da ATP uma vez que a revolução foi bottom-up e começou pelas empresas mais pequenas.

A propósito deste exemplo usado pela ATP:
"Isabel Furtado fez inclusivamente uma apresentação do grupo TMG, especialmente focada na mudança de uma empresa têxtil convencional para uma altamente tecnológica."
Recordo este postal escrito num parque de campismo no Gerês "Exemplo da diversidade intra-sectorial".

A TMG que apresentaram ao FMI não tem nada a ver com o têxtil... foi onde tive o meu primeiro emprego.

sábado, novembro 12, 2016

A explicação simples

Ao longo dos anos aqui no blogue zurzi vezes sem conta em Paulo Vaz, director-geral da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, porque sistematicamente traz para a praça pública um discurso que menoriza o sector. Ainda me lembro da campanha absurda que com o deputado Nuno Melo fez contra os têxteis paquistaneses.
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Como se o têxtil português competisse com o têxtil paquistanês.
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Depois, o bottom-up surpreendeu-o, enquanto ele ainda pregava o fim do têxtil por causa da Ásia, os empresários tinham dado a volta e punham o sector a bombar novamente e a protestar por falta de pessoal.
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Por tudo isto, tenho sempre dupla precaução relativamente ao que Paulo Vaz diz.
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Assim, ao ler "Por que caíram as exportações têxteis para os EUA?" e sem qualquer informação extra, comecei a pensar em alternativas que expliquem o fenómeno. Então, com um sorriso nos lábios, inventei esta justificação:

  • Os Estados Unidos é um mercado muito concentrado no preço 
"É que o mercado dos EUA "é um dos mais sensíveis em relação ao preço, mesmo em produtos de valor acrescentado"

  • a capacidade produtiva é limitada e não pode ser aumentada tão rapidamente quanto crescem as encomendas
  • as encomendas dos mercados europeus têm crescido e pagam muito melhor
"As exportações de têxteis e de vestuário aumentaram 6% nos primeiros nove meses do ano.
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Já os destinos europeus reforçaram o seu peso no total das exportações, registando um crescimento de 9%, com Espanha a reforçar a liderança enquanto melhor destino – mais 12%, para 1,341 mil milhões de euros. Regista mesmo o maior crescimento absoluto: acréscimo de 148 milhões de euros.
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Alemanha (com um aumento de 27,6 milhões de euros, o que traduz um crescimento de 9%) e Itália (mais 18,6 milhões de euros, o que significa que cresceu 14%) são outros mercados em destaque.
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Fora da UE, a ATP destaque o crescimento registados nas exportações para a Macedónia (mais 384%), México (18%), Turquia (17%), Arábia Saudita (56%), Marrocos (8%), Canadá (8%), Cabo Verde (23%) e Japão (16%)." (fonte)
Assim, se eu fosse director-geral da ATP, em vez de estar com explicações complicadas:
"Por outro lado, há uma justificação mais ligada com a gestão de expectativas. "Houve uma altura em que as exportações dispararam pela convicção de que se podia chegar rapidamente a um acordo [comercial da União Europeia] com os EUA, ainda no mandato de Obama. ..."



 Avançava com uma mais simples:

  • Perante constrangimentos ao aumento da capacidade produtiva, as empresas portuguesas preferiram canalizar a produção para mercados que pagam melhor e valorizam mais a vantagem competitiva portuguesa

quinta-feira, outubro 20, 2016

"Seria uma demonstração de maturidade e autonomia notável "

A propósito de "Líder dos têxteis avisa Governo que é tempo de cair na realidade":
"Perante o ministro da Economia, o presidente da ATP mostrou-se ainda "espantado com a política económica seguida pelo Executivo, privilegiando o consumo interno, que também quer dizer as importações, penalizando, em consequências, o crescimento económico". "É tempo de cair na realidade e mudar o rumo, até porque o Governo tem tido como marca o pragmatismo e não a ideologia", reclamou."
O que é que recordei aqui ainda esta semana? A necessidade das empresas que puderem, fazerem o by-pass ao país! Escrevi:
"Então quer dizer que as asneiras deste governo não prejudicam as empresas? Claro que prejudicam!
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No entanto, o impacte sobre as exportadoras é muito reduzido."
O mesmo artigo refere alguns factos que minam a argumentação do presidente da ATP:
"Segundo os dados avançados pela ATP, a indústria têxtil e do vestuário deverá fechar este ano com um volume de negócios de 7.200 milhões de euros e 132 mil postos de trabalho, acima dos quase 130 mil que assegurou em 2015. E as exportações, que até Agosto aumentaram 6% em termos homólogos, de acordo com o INE, no final deste ano deverão ultrapassar os cinco mil milhões de euros." 
O presidente da ATP tem de fazer um esforço para mudar de discurso quando quiser "picar" o governo. Tem de demonstrar em que medida o crescimento e a melhoria poderia ter sido maior se tivesse sido tomada a medida A ou B. Ou então, levar ainda mais à letra o meu desafio de se fazer o by-pass ao país e não convidar ministro nenhum para um evento como este "fórum anual da indústria têxtil". Seria uma demonstração de maturidade e autonomia notável num país de encostados ao Estado.
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BTW, o Boletim de Conjuntura do 2º trimetre de 2016 para o sector do calçado, uma publicação da APICCAPS inclui o resultado de um inquérito às empresas sobre as limitações à produção. Eis o resultado:

segunda-feira, julho 18, 2016

É preciso ter uma lata!!!

"“Fénix Renascida: os novos sectores do têxtil e do calçado” foi o tema que juntou ontem, no Laboratório da Paisagem, empresários e actores da indústria têxtil, do vestuário e de calçado. Passado, presente e futuro foram discutidos nesta conferência sob a égide da Vida Económica, onde estas actividades económicas, consideradas tradicionais, mostraram que têm estratégia para continuar a crescer e a expandir-se no mundo inteiro.
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o sector têxtil ultrapassou a crise da abertura dos mercados, nomeadamente a ameaça da China na primeira década deste século, a recessão económica mundial em 2008 e a crise das finanças públicas em Portugal em 2011 e está atualmente no bom caminho para atingir um recorde nas exportações. «Este ano estamos convencidos que vamos ultrapassar os 5 mil milhões de euros de exportação», afirmou Paulo Vaz, diretor-geral da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, sublinhando ainda que o feito se torna mais relevante por haver menos empresas no sector. «Hoje, a indústria têxtil e vestuário exporta quase 80% do que produz face a 65% em 2008», apontou Paulo Vaz."
Para uns lisboetas - enquanto esta gente anónima faz pela vida, cria riqueza e emprego, exporta e sobe na escala de valor - Portugal vive tempo perdido.
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É preciso ter uma lata!!!

Trechos retirados de "Renascer das cinzas"

sábado, janeiro 09, 2016

Acerca da produtividade e dos feriados (parte II)


Mais um bom ano para o têxtil nacional: "Exportações têxteis e de vestuário dispararam 10%" e "Têxteis perto de bater recorde de 12 anos na exportação":
"O Plano Estratégico para o "Cluster Têxtil e Moda 2020", divulgado em Setembro de 2014, prevê que esta indústria chegue ao final da década a exportar cinco mil milhões de euros por ano, o que significaria "voltar ao pico" das vendas ao exterior, registado em 2001, mas agora com quase metade das empresas e dos trabalhadores, que recuaram para 120 mil."
Os que me ouviram aqui em 2013 e viram esta imagem:

Imaginam qual foi o aumento da produtividade por trabalhador neste sector?
Basta pensar no quanto mais se factura por trabalhador.
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Foi por causa do aumento da eficiência?
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Nope! Até acredito que tenha baixado.
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Foi por causa do aumento da capacidade?
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Nope! As fábricas até encolheram em número e em tamanho!


Agora, voltem à segunda equação da parte I.
Profitability = Intellectual Capital X Price X Effectiveness
Subir na escala de valor é isto, aumentar o lucro à custa de produzir ofertas com maior valor acrescentado que podem ser vendidas a um preço superior. Não um preço baseado na visão marxianista de ser igual ao custo mais uma margem fixa, mas um preço ajustado ao valor que o cliente reconhece.
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A peça até pode custar o mesmo a produzir aqui e na China. Qual é a vantagem de a encomenda ser entregue num prazo curto? Qual é a vantagem de a encomenda ser pequena e não um contentor inteiro? Qual é a vantagem de a encomenda poder ser paga muito mais perto do momento em que se começa a receber das lojas? Qual é a vantagem de a encomenda poder ser alterada em função do que está a dar? Qual é a vantagem de a encomenda ...
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Muitos dos que me ouviram em 2013 ficaram surpreendidos: eu previa sucesso; previa esperança; previa resultados e explicava porquê. Entretanto, 2011, 2012, 2013, as pessoas eram massacradas com o ir além da troika, com o mais tempo, com o mais dinheiro, com o sair do euro, com o "historietas de exportações", com o "e vamos viver de quê?"com a espiral recessiva. Até a ATP não acreditava no futuro...
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Outra prova do tempo, não?
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BTW, lembram-se do meu remate sobre produtividade acerca do turismo?

quinta-feira, novembro 12, 2015

Uma dúvida

Acerca da evolução das exportações do têxtil e vestuário houve um facto que me ficou na retina:
"Em termos de mercados, «Espanha e Estados Unidos continuam a ser os mercados que assinalam maior crescimento absoluto, respetivamente com um acréscimo de 99 e 49 milhões de euros, seguidos pela Alemanha com um aumento de 10 milhões de euros», aponta o diretor-geral da ATP."(1)
E:
"Em termos geográficos, Espanha continua a destacar-se entre os principais mercados das exportações portuguesas de vestuário, com uma quota de 42,1%, tendo registado uma subida de 9,2%, para 907,6 milhões de euros, entre janeiro e setembro de 2015.
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Nos principais mercados, sobressaem ainda pela positiva a Alemanha (+1,5%, para 194,28 milhões de euros) e os Países Baixos (+3,3%, para 79,5 milhões de euros), assim como os EUA, que registaram um aumento de 38,5% das exportações nos primeiros nove meses do ano, para 57,1 milhões de euros."(2)
Como não estou a trabalhar com o sector não tenho informação em primeira mão. Por isso, gostava de perceber o que se está a passar no sector em termos macro. Por um lado temos o crescimento das exportações para Espanha, certamente muito influenciadas pelo fenómeno Inditex e pelo universo do fast-fashion. Por outro lado, temos o forte crescimento da procura norte-americana que tem de vir de outro tipo de procura, que assenta necessariamente num outro modelo de negócio.
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Se é fácil perceber as vantagens competitivas da produção nacional para fazer parte do modelo fast-fashion, não tenho certezas sobre quais as vantagens competitivas responsáveis pelo crescimento das exportações para os Estados Unidos. Há um único modelo, ou são vários modelos que contribuem para os quase 39%?



Trecho 1 retirado de "Sem perder o ritmo"
Trecho 2 retirado de "Exportações em ascensão"
 

segunda-feira, outubro 19, 2015

"um atestado de desconhecimento da realidade" (parte IV)

Parte Iparte IIe parte III.
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No mesmo programa o ex-ministro Teixeira dos Santos também resolveu secundar uma posição que já ouvi Paulo Portas defender: muito preocupado com as importações convida as empresas portuguesas a trabalhar para as substituir (minuto X a Y)
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Vejamos o exemplo do mobiliário português.
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Em 2010 [Moi ici: Estava na moda nesse ano, como não recordar Nuno Melo, a ATP e os paquistaneses] uma das associações do sector tinha esta opinião "Indústria declara 'guerra' aos móveis oriundos da Ásia":
"A Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) está preocupada com as crescentes importações de móveis do Sudeste asiático, em especial de países como a China, as Filipinas, a Tailândia e o Vietname. Apesar de a produção nacional ser excedentária em 300 milhões de euros, 67% do consumo nacional de mobiliário já é importado, 30% do qual do Sudeste asiático. Produto mais barato, reconhece o presidente da AIMMP, Fernando Rolin, mas que alerta para os custos na competitividade nacional: "Quanto mais móveis asiáticos se venderem, mais gente se põe no desemprego, que depois não terá dinheiro para comprar nem produtos chineses nem portugueses."
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A indústria do sector produziu 900 milhões de euros e exportou 690 milhões em 2009.
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"Para exportar 690 milhões de euros, andamos a vender uma cadeira no Japão, uma mesa em Singapura, um aparador no Egipto, um toucador e uma cama em Nova Iorque, um psiché em São Francisco e sabe-se lá o quê atrás do sol-posto e, em contrapartida, quando queremos vender mobiliário à loja do lado, onde quase podíamos entregar os móveis à cabeça, ela está cheia de produto asiático", diz o presidente da AIMMP. Rolin admite que em condições normais "esta seria uma situação que teríamos de resolver à custa da nossa competitividade", mas o problema, salienta, reside nas razões de base, que permitem "que o móvel asiático chegue ao retalhista, em média, 40% mais barato que o nacional"."
Depois disto o que é que aconteceu?


  • as exportações cresceram acima de 9% em 2011;
  • as exportações cresceram acima de 6% em 2012;
  • as exportações cresceram 11% em 2013;
  • as exportações cresceram 13% em 2014;
  • as exportações cresceram cerca de 12% nos primeiros 6 meses de 2015.

  • Acaso a indústria portuguesa de mobiliário pode competir, num mercado aberto, com os preços do mobiliário asiático?
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    E, no entanto:
    "A taxa de cobertura das exportações pelas importações do período em referência é de 235%."
    David não pode competir de igual para igual com Golias. David, o melhor que tem a fazer é esquecer Golias e os que preferem Golias e, concentrarem-se em quem prefere David, estejam eles onde estiverem.
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    E Teixeira dos Santos não sabe o que são Custos de oportunidade?