Nada de novo. Temos acompanhado o tema, desde quando ele ainda não era tema.
Em Janeiro de 2019 ironizei com o tema, mas há dias fui esbofeteado em público.
Se não há novidade por que refiro aqui o artigo? Por causa da forma como o referido artigo termina. No postal de Janeiro último escrevi:
"Os políticos à segunda, terça e quarta, enchem o peito, levantam a crista e gritam que estão contra os salários baixos. Os mesmos cromos à quinta, sexta e sábado, ficam preocupados quando as empresas que trabalham preço começam a fechar. Vamos começar a ouvir vozes a pedir apoios e subsídios."No artigo leio:
"Ricardo Costa, vereador da Câmara de Guimarães, pede ao Governo que acelere as medidas já propostas pela Autarquia para travar uma eventual crise: "Não podemos ser meros prestadores de servicos, temos de criar necessidades". Em causa estao acções importantes como o I9G ou a redução do custo de tratamento das águas residuais."Parece que os políticos regressaram a 2009:
- e à falta de inconstância: políticos que querem aumentar salários, mas acham as empresas incapazes de pagarem o custo de tratamento das águas residuais;
- e ao torrar dinheiro para salvar empresas (não se lembram dos Senhores dos Perdões? #ComPrimos #TrazParentes). Que sentido faz aquela afirmação "temos de criar necessidades"? É esse o papel dos políticos? Alargar para o têxtil do preço-baixo a pouca vergonha do activismo político no sector leiteiro? A procura genuína muda, os políticos chegam-se à frente para torrar dinheiro impostado aos saxões em medidas que criam (?) procura artificial e, reduzem os incentivos para que as empresas que têm potencial para sobreviver se reformulem, e lancem as suas experiências de reinvenção. Stressors are information. Prefiro a Via Negativa.
""A redução de Espanha tern sobretudo a ver corn aquilo que foram as encomendas da Inditex, sobretudo aquelas que são muito baseadas no preço", revela Paulo Vaz, diretor-geral da Associacdo Textil e Vestuario de Portugal (ATP)."
O que refere o artigo sobre o I9G?
"Elaboração de projetos de inovação com o objetivo de transferir conhecimento produzido na Universidade do Minho e outras entidades do Sistema Científico para as empresas sediadas em Guimarães. Este é o conceito que define esta “triangulação perfeita” assente no projeto I9G,E vocês acham que PME habituadas, moldadas, batidas a competir pelo preço baixo são o alvo adequado para receber este conhecimento científico e subir na escala de valor? Come on! Get a life!
...
“Este projeto demonstra a capacidade de transferir o conhecimento que se produz nas nossas universidades para as nossas empresas e é uma condição decisiva para ganharmos a batalha da competitividade, através pessoas mais qualificadas e com mais investigação para desenvolver os produtos."
Os macacos não voam, trepam às árvores!!!
As escolhas feitas no passado limitam o campo de possibilidades no presente. Não é impunemente que se tem um passado. Para usar esse conhecimento científico é preciso:
- mudar de clientes;
- mudar de proposta de valor;
- passar a ter actividade comercial - não é o mesmo que vender minutos;
- passar a ter actividade de marketing;
- gerir as pessoas de outra forma;
- organizar a produção de outra forma.
Aproveito para sublinhar que o discurso do sector e das suas associações continua sereno e longe do alarmismo de há dez anos.
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