segunda-feira, setembro 16, 2024

Ver para lá do que se conhece (parte V)


"When someone loses part of a leg, a prosthetic can make it easier to get around. But most prosthetics are static, cumbersome, and hard to move. A new neural interface connects a bionic limb to nerve endings in the thigh, allowing the limb to be controlled by the brain. The new device, described in a report in Nature Medicine, could help people with lower-leg amputations feel as if their prosthesis is part of them.

...

Getting the neural interface hooked up to a prosthetic takes two steps. First, patients undergo surgery. Following a lower-leg amputation, portions of shin and calf muscle still remain. The operation connects shin muscle, which contracts to make the ankle flex upward, to calf muscle, which counteracts this movement. The prosthetic can also be fitted at this point. Reattaching the remnants of these muscles can enable the prosthetic to move more dynamically. It can also reduce phantom limb pain, and patients are less likely to trip and fall.

...

In step two, surface electrodes measure nerve activity from the brain to the calf and shin muscles, indicating an intention to move the lower leg. A small computer in the bionic leg decodes those nerve signals and moves the leg accordingly, allowing the patient to move the limb more naturally."

Uma ilustração do que é a destruição criativa a funcionar. Não se pode dizer que não avisámos.

Parte Iparte II, parte III e parte IV.

Trechos retirados de MIT Technology Review, September/October 2024 

domingo, setembro 15, 2024

Curiosidade do dia

 


Brandir o grito de "falha de mercado" para manter o status quo...

Receio que se seja a versão tuga do Relatório Draghi. É preciso salvar os incumbentes porque não sabem ou não querem adaptar-se à alteração da realidade.

Regresso a Schumpeter

A Argentina ilustra o que acontece quando se retorna a alguma sanidade.

Portugal, o país das TAPs e das Efacecs, o país onde ...
"... faltou sempre o dinheiro que o "Portugal profundo" preferiu gastar na "ajuda" a "empresas em situação económica difícil"..."
Portugal, o país onde deixar as empresas morrer é tabu. Na sequência de:
Regresso a Schumpeter:
"Capitalism, then, is by nature a form or method of economic change and not only never is but never can be stationary. And this evolutionary character of the capitalist process is not merely due to the fact that economic life goes on in a social and natural environment which changes and by its change alters the data of economic action; this fact is important and these changes (wars, revolutions and so on) often condition industrial change, but they are not its prime movers. Nor is this evolutionary character due to a quasi-automatic increase in population and capital or to the vagaries of monetary systems of which exactly the same thing holds true. The fundamental impulse that sets and keeps the capitalist engine in motion comes from the new consumers' goods, the new methods of production or transportation, the new markets, the new forms of industrial organization that capitalist enterprise creates."

 Interessante que a tabela que referi em Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte V) ou melhor, os mastins dos Baskerville ao vivo e a cores. vem originalmente desta publicação, com o interessante nome de "EU INNOVATION POLICY - HOW TO ESCAPE THE MIDDLE TECHNOLOGY TRAP", agora é relacionar com o título do último relatório do Banco Mundial e referido em Europe, aka red tape paradise (parte II).


sábado, setembro 14, 2024

Curiosidade do dia

O "deep state tuga" está cada vez mais receoso que o proximo orçamento não seja aprovado. "Orçamento em duodécimos é desaconselhável pela incerteza económica".

Pobre Pedro Nuno Santos, de infiltrado do bloco no PS a muleta do orçamento do PSD. A vida dá cada volta.


Europe, aka red tape paradise (parte II)

Li na diagonal este "World Development Report 2024 - THE MIDDLE-INCOME TRAP" e fiquei logo com a ideia de que aquilo que se escreve para os "middle-income countries" também se pode aplicar à Europa quando se faz a comparação da evolução da produtividade na Europa e nos Estado Unidos. Quando escrevi na Parte I a referência à destruição criativa ainda não visto este relatório.

A destruição criativa desempenha um papel crucial no aumento da produtividade, como enfatizado no World Development Report 2024. O relatório destaca que as forças da criação (inovação e entrada de novas empresas) e da destruição (o desaparecimento de empresas e tecnologias obsoletas) são motores essenciais do crescimento económico e da melhoria da produtividade. A teoria schumpeteriana, que sustenta esta ideia, defende que o avanço tecnológico contínuo e a concorrência entre novos participantes e incumbentes empurram a economia para mais perto da fronteira tecnológica.

Por exemplo, os novos players introduzem inovações, frequentemente substituindo incumbentes, o que leva a um aumento global da produtividade ao fomentar a concorrência. Curiosamente, os incumbentes também podem contribuir para a destruição criativa ao actualizar as suas próprias tecnologias e processos, melhorando a produtividade sem necessariamente serem eliminados. Esta dupla contribuição, tanto de novos players como de incumbentes, é fundamental para manter um ambiente económico dinâmico e competitivo.

Agora, a parte irónica: os países enfrentam desafios para tirar pleno partido da destruição criativa. Porquê? Porque as forças da "preservação" – leia-se, os incumbentes bem instalados e as barreiras regulamentares – geralmente sufocam os benefícios da destruição criativa. E aqui é que entra o verdadeiro golpe de mestre dos governos, que dizem estar a ajudar a economia. Subsidiam os incumbentes, aquelas empresas que já estão há séculos no mercado e que supostamente são os "pilares" da economia. Quem não recorda a treta dos campeões nacionais. Mas o que estão realmente a fazer? Promovem a estagnação e, claro, o empobrecimento. Ajudam a manter vivas empresas ineficientes, enquanto bloqueiam novas ideias e inovações que poderiam dinamizar o mercado. No fundo, medidas que reduzam as barreiras de entrada, fomentem a concorrência e permitam que as empresas ineficientes falhem são a verdadeira chave para desbloquear os ganhos de produtividade, mas parece que isso não faz parte da agenda​.

São anos a escrever aqui:

sexta-feira, setembro 13, 2024

Curiosidade do dia

Uma vez participei numa reunião de condomínio em que se decidia a necessidade de cada condómino entrar com mais de 3 mil euros para umas obras urgentes no telhado. Alguns condóminos diziam que não tinham dinheiro para a obra, outros que estavam a sofrer com infiltrações, ameaçavam o condomínio com um processo. A certa altura a representante da empresa que geria o condomínio tomou a palavra e agiu como o adulto na sala:

- Ser dono de uma casa implica custos, quem não os pode pagar, se calhar tem de equacionar deixar de ser proprietário.

Lembrei-me desta cena ao pensar na reacção das organizações empresariais acerca do aumento do salário mínimo.

O Carlos Cruz capaz de fazer esta relação não é o mesmo que escrevia neste blogue em 2021. A teoria dos Flying Geese mudou a minha visão da economia para sempre. E já agora estou farto de bofetadas de short-term people e de "kits produtividade", talvez eu esteja a chegar à fase de Cavaco após esta reunião.

Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte V) ou melhor, os mastins dos Baskerville ao vivo e a cores.

Esta noite tive oportunidade de ouvir a primeira hora do programa Contracorrente de ontem na rádio Observador sobre o tema "Draghi, a Europa e um destino: "Uma longa agonia"".

A certa altura (minuto 30,5) Paulo Ferreira cita este quadro da parte B do relatório Draghi:

Este quadro ilustra um tema que refiro recorrentemente aqui no blogue:
Quando no quadro acima se olha para 2022 e se comparam os sectores económicos dos EUA e da UE o que se nota? A ausência das empresas tecnológicas na UE... é a este tipo de ausência, mas em Portugal, que chamo metaforicamente "os mastins dos Baskerville". A "culpa" não é das empresas presentes, a culpa é do que está por trás da ausência das outras empresas, das empresas inexistentes.



quinta-feira, setembro 12, 2024

Curiosidade do dia

Deixa-me adaptar a frase:

“There are decades where nothing happens; and there are years where decades happen.”

Primeiro um disclaimer:

As Mittelstand são mais importantes para a Alemanha do que as VWs, BMWs et al. Já o escrevi aqui no blogue mais do que uma vez. A diferença é que as Mittelstand são muito mais pequenas, estão nas zonas menos densamente povoadas e menos sujeitas a flutuações de preços e procura

Hoje no FT no artigo "Abu Dhabi closes in on German group that helped invent chemistry":

"at the heart of Abu Dhabi oil group Adnoc's effort to seal Europe's biggest takeover deal this year.

The target, Covestro, is a jewel of German industry. Spun out of pharma-to-chemicals conglomerate Bayer in 2015, its Leverkusen headquarters sit in the industrial heartland of North RhineWestphalia"

No mesmo artigo encontro um apanhado recente:

"Foreign takeovers of German companies, such as the 2016 purchase of robotics group Kuka by China appliance maker Midea, and US-based Carrier's acquisition last year of family-owned Viessmann's heat pump business, have sparked concern in Berlin about the fate of the country's industrial edge." 

Na capa do WSJ de hoje:

"Volkswagen is going through its deepest crisis in years. So is Germany. And that's no coincidence.

While the carmaker's travails are exposing missteps, they also show how Germany's economic model is struggling to keep up with a changing world. Fixing these problems will require changes both for the carmaker and one of the world's largest economies.

...

"VW is to Germany what Nokia was to Finland or Samsung is to South Korea... There's a scenario where that sector will shrink significantly and replacing those jobs with equally well-paid jobs will not be easy," said Dirk Schumacher, Europe economist at Natixis.

According to economists and analysts, Germany's economic malaise and VW's crisis have joint roots: heavy reliance on China, high costs, and an eroding technological leadership. 

Recuo ao meu mágico ano de 2008 e a um texto de Beinhocker:

“Likewise, we cannot say any single strategy in the Prisioner’s Dilemma ecology was a winner. .

Lindgren’s model showed that once in a while, a particular strategy would rise up, dominate the game for a while, have its day in the sun, and then inevitably be brought down by some innovative competitor. Sometimes, several strategies shared the limelight, battling for “market share” control of the game board, and then an outsider would come in and bring them all down. During other periods, two strategies working as a symbiotic pair would rise up together – but then if one got into trouble, both collapsed.”

We discovered that there is no one best strategy; rather, the evolutionary process creates an ecosystem of strategies – an ecosystem that changes over time in Schumpeterian gales of creative destruction.” 

Suspeito que muitos problemas decorrem de não aceitarmos a destruição criativa e encarar o futuro com mais optimismo... algo difícil num continente cada vez mais transformado num hospício geriátrico, crente que os imigrantes vão pagar os direitos adquiridos sem uma revolta.

Exportações - primeiros 7 meses de 2024



Portugal exportou bens no valor de quase 48 mil milhões de euros no primeiro semestre, uma subida de 2,3%, o que equivale a mais de 102 milhões de euros do que em igual período de 2023.

De salientar o grande salto nas exportações de produtos farmacêuticos. Num mês, exportou-se quase tanto quanto nos seis meses anteriores. Julgo que isto tem a ver com entregas semestrais para mercados exóticos. Nos primeiros cinco meses as exportações caíam mais de 10% face ao valor homólogo, nos primeiros seis meses já cresciam 3,9%, e agora estão a crescer mais de 75% em termos homólogos. 

O mês de Julho traz uma melhoria acentuada do panorama exportador. O número de céluas verdes continua sem alteração, mas a quantidade de setas a apontar para cima cresceu muito. Claro que as exportações automóveis, como têm um peso muito grande, e tiveram uma evolução negativa, mancham os resultados.

As exportações de calçado e têxteis continuam negativas mas parece que o pior já passou. 

quarta-feira, setembro 11, 2024

Curiosidade do dia

O Think Tank desta semana tem intervenções muito boas de Jorge Marrão.

A certa altura Jorge marrão dá o exemplo, como uma metáfora, de uma empresa que está mal e os sindicatos, para ajudar, pedem aumentos de salários.

Sorri... mão amiga enviou-me isto ontem à noite, "VW-Sparpläne treffen auch Zulieferer":

"While the misery at Volkswagen is making waves and probably not only affecting the group itself, IG Metall believes it can help with a 4-day week and wage demands."

Nota: Acompanho a crítica de Marrão à politica da redistribuição, mas ao contrário dele não vejo futuro para o país. PS e PSD são adeptos da redistribuição. IL não tem coragem para carregar uma moto-serra, está mais interessada em crescer eleitoralmente. 


Fake vs Real

Fui buscar o livro "Authenticity" de Gilmore e Pine à estante para procurar a figura 6.1 The Real/Fake Matrix:

Encontrei uns bons pontos sobre o tema aqui, "Authenticity".

Já agora para os que querem ser tudo para todos:
"TP: Doesn't that make it impossible for a business to figure out how to render itself authentic?
JP: No, but it is difficult. You just have to realize that you may be able to render authenticity for some of the people all the time, maybe all of the people some of the time, but never all of the people all of the time."

Recordei este tema ao ler "Feeding the algorithm" de Seth Godin:

"Feeding the algorithm works when you’re the only one doing it. It works when you seek to fit right into the middle of the lane. And it works if you’re willing to outfeed everyone else–at least until the algorithm changes.

...

The alternative is to be uncomfortable. To create remarkable work and leave scale to others. To figure out how to show up in a way that is generous and distinctive, and to refuse the bait that others take when they decide that feeding the algorithm is their best option."

terça-feira, setembro 10, 2024

Curiosidade do dia

"To meet the objectives laid out in this report, a minimum annual additional investment of EUR 750 to 800 billion is needed, based on the latest Commission estimates, corresponding to 4.4-4.7% of EU GDP in 2023. For comparison, investment under the Marshall Plan between 1948-51 was equivalent to 1-2% of EU GDP."

Sei que sou um cínico, por isso, não consigo deixar ver em Draghi uma espécie de António Costa e Silva europeu:


É preciso salvar as Efacec's europeias.

BTW, Draghi quer mesmo dizer 800 bilhões? O DN refere 800 mil milhões.


Trecho inicial retirado do relatório Draghi. 

Europe, aka red tape paradise

"Before selling a single bra in the EU, the Italian lingerie maker Yamamay will soon have to provide a wealth of data on what it will be made of, who will make it and what it will cost the planet.

Production of the company's popular underwear ranges used to start with a sketch to get the aesthetics right before finding the fabric. "Nowadays it's the opposite," says Barbara Cimmino, Yamamay's head of corporate social responsibility. "We have had to totally change the way we work."

...

This is partly driven by Yamamay's own sustainability agenda - but it will soon be mandatory in order to comply with a new regulation governing the sustainable design of products, agreed by Brussels this year and due to be fully implemented in the late 2020s.

"It is very, very difficult," Cimmino says.

The driver of this increased paperwork is the EU's sprawling Green Deal climate law of which the ecodesign regulation is a part. Announced in 2019, the Green Deal aims to drive the EU to net zero emissions by 2050 and rewire the bloc's economy from one that is driven by consumption to one based on recycling, reuse and longevity.

But it has also turned out to be a bureaucratic machine that has spawned reams of legislation that businesses across the EU are struggling to implement, or even understand.

...

The incoming legislation has implications for sectors across the EU, but they are particularly acute for the 197,000 companies that make up the bloc's textile industry.

With 1.3mn employees, the industry is the world's second-biggest exporter of clothes and textiles by value after China. Before 2019, the sector was not heavily regulated but will soon be subject to 16 new pieces of primary legislation under the Green Deal, governing everything from microplastics to financial reporting.

Businesses, particularly large companies, will be expected to gather and report data on water use, energy consumption, labour conditions, waste, chemical use and emissions throughout much of their supply chain.

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The sustainability agenda means "a good 5 to 7 per cent extra cost," Crespi says, "which at the moment we are never able to turn to the market".

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In a study, the consultancy SB+CO found that many large companies were willing to risk fines rather than comply during the uncertain early years of the regulations, in order to avoid incurring "expensive advisory fees" and sucking time out of the business.

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The challenge is even harder for the 89 per cent of businesses in the textile industry that are microenterprises, with scant resources to hire consultants, make significant changes or even gather data.

"An entrepreneur can spend nine to 16 hours processing administrative requests from local authorities... That is taking a lot of productive time away from their schedule," says Véronique Willems, secretary-general of the trade group SMEunited.

Although SMEs are largely exempt from many of the regulations, they are affected "de facto because they are part of value chains", Willems adds. Cimmino says Yamamay "for sure" has had to drop suppliers that cannot meet the requirements.

Many of Euratex's member companies are "concerned that producing in Europe is still uncompetitive", Scalia says. One executive puts it more bluntly: "People are panicking like crazy."  [Moi ici: Já ouviram os empresários têxteis portugueses falarem sobre isto? Talvez na véspera da entrada das obrigações em vigor]

...

"Over-regulation places significant additional costs on businesses, proving unsustainable for SMEs and inadvertently favouring non-European companies that are not bound by the same stringent rules," his report, published in April, said.

...

In the meantime, Euratex's Scalia warns, textile companies will seek cost efficiencies, which portends a possible wave of consolidation in the industry. For companies managing day to day, "it's difficult to process all this information ... it's overwhelming, he says. "The commission has put a lot of meat on the grill, more than anyone could possibly eat.""

Recordar:

E se recuarmos a 2007 neste blogue e àslições de Maliranta com base na experiênca finlandesa:
"As creative destruction is shown to be an important element of economic growth, there is definitely a case for public policy to support this process, or at least avoid disturbing it without good reason. Competition in product markets is important. Subsidies, on the other hand, may insulate low productivity plants and firms from healthy market selection, and curb incentives for improving their productivity performance. Business failures, plant shutdowns and layoffs are the unavoidable byproducts of economic development."

O meu lado cínico imagina logo a indústria dos “can I go to the bank” a engendrar estas coisas, quando era mais certeiro deixar morrer e remover obstáculos. Assim, uns iluminados pretenderão substituir-se ao mercado e vai simplesmente deixar dívida que terá de ser paga.

No FT de 09.09.2024 em "Europe's red tape problem".

segunda-feira, setembro 09, 2024

Curiosidade do dia

Há dias escrevi aqui:
"No país das contas certas, com 90% do orçamento dedicado a salários e pensões não dá para mais, mas ao menos podia haver alguém que se importasse, que não ficasse só por picar o cartão, que levantasse a cabeça e pensasse.

É pedir muito..."

Esta manhã na estação de comboios de Valadares parei para tirar esta foto. 

Quem olha pelo espaço público?

Quantos mais meses passarão até que alguém decida cortar aquelas ervas? Já nem espero que alguma vez o grafiti seja apagado da parede da casota-abrigo.

Esta mensagem subreptícia diária de desprezo pelo espaço comum é medonha.

O fim da fábrica do mundo


Recordar este postal recente onde:
"Factory workers that source to Shein typically get paid between Rmb7,000 ($982) and Rmb12,000 a month, depending on how many clothes they finish."
E fixar aquela mensagem final do vídeo sobre o aumento de inflação expectável. 

O que julgo que falta é considerar o impacte da evolução da tecnologia e a democratização da produção no  perfil da produção que emergirá após o colapso demográfico da China.

domingo, setembro 08, 2024

Curiosidade do dia

"O número de pessoas empregadas em Portugal já ultrapassou os 5,1 milhões de profissionais, um valor histórico para o país. No entanto, apesar dos valores históricos, em Portugal encontram-se profissionais com um baixo nível de qualificações.

Segundo dados da Randstad, 35,2% dos trabalhadores em Portugal apresentam o nível mais baixo de qualificações, ou seja, têm no máximo o ensino secundário obrigatório. Estes dados são o dobro da média europeia.

Entre os empregados, 34,2% são trabalhadores com qualificações do ensino superior, que apresentam uma taxa de emprego de 80,2%. Já no caso dos trabalhadores que apresentam apenas o ensino secundário a taxa de emprego situa-se nos 10,7 pontos abaixo.

No caso dos desempregados os trabalhadores que apresentam apenas o ensino secundário correspondem a 52,4%.

Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad Portugal, afirma que "esta análise permite-nos retirar conclusões muito relevantes sobre a evolução do mercado. Regista-se uma perspetiva de crescimento muito positiva, mas há ainda uma fatia grande da população em idade ativa a quem a falta de formação dificulta muitas vezes a integração ou reintegração no mercado de trabalho"."

Por isso é que os imigrantes que chegam ao país são todos universitários.

Trecho retirado de "Portugal tem o dobro da média europeia de trabalhadores com baixas qualificações"

Um bom exercício

Um bom exercício para fazer numa empresa.
"If you were forced to increase your prices by 10x, what would you have to do to justify it?

What sort of brand looks and feels like something that expensive? What positioning would you take? How would the design of both the website and the product need to change?

What subset of your market would you have to target? Do they have different problems that need solving, or different needs? Would they consider the high price a positive, because it fulfills a need to be seen as someone who is successful, or because they feel “buying from the best” lowers the risk of their decision? What would you need to do for them to be able to display that badge? What sort of relationship would you want to cultivate with each customer? How would your business model change?

What expensive services might you need to supply? Human support? Infrastructure? Is it possible for those costs to be “only” 2x or 3x more than today, so that the net impact is massive profitability?

Often early startups charge too little, and established companies struggle to charge more to existing customers. Thinking about what could justify a massive hike, you might be able to do some of those things and justify at least 2x."

Responder a estas perguntas é um bom exercício porque força a empresa a pensar de forma estratégica sobre como agregar valor significativo ao seu produto ou serviço. Obriga uma empresa a sair da zona de conforto e a ter de imaginar como criar uma oferta de altíssimo valor. Isso abre espaço para inovações e melhorias, tanto no produto quanto na experiência do cliente. É um desafio à mentalidade do status-quo. 

Ao imaginar uma justificação para cobrar 10x mais, a empresa tem que repensar profundamente sua proposta de valor. Isso pode revelar oportunidades não exploradas para atender um segmento premium ou oferecer serviços diferenciados. Obriga a pensar em como o branding, o design e a imagem da empresa precisariam mudar para justificar um aumento tão significativo no preço ajuda a refinar a identidade da marca e a alinhar mais fortemente a percepção de valor.

Ao considerar que subsectores do mercado estariam dispostos a pagar um preço mais alto, a empresa pode identificar nichos mais lucrativos e descobrir maneiras de servi-los de forma mais eficaz.

A ideia de fornecer serviços mais caros e agregar valor permite que a empresa analise a relação custo-benefício e explore como aumentar a lucratividade sem aumentar os custos na mesma proporção. 


Trecho inicial retirado de "Extreme brainstorming questions to trigger new, better ideas"

sábado, setembro 07, 2024

Curiosidade do dia

Comparações.







Deixar dinheiro em cima da mesa

"When it first arrived as a luxury from East Asia, tea was an exotic drink reserved for royalty and aristocrats. But price, it seems, is no longer an indicator of a good brew. Asda's Everyday teabags, which cost only £1.20 for 80 bags, have been pronounced the nation's tastiest.

This was the result of a blind tasting competition organised by the consumer group Which? Seventy-nine "experienced and committed" tea drinkers judged products from some of the biggest brands, including PG Tips, Tetley and Twinings.

Asda's Everyday teabags got the highest overall score, at 72 per cent. Sixty-eight per cent judged the colour to be perfect, and 49 per cent found the flavour to be "just right". Of the ten brands tested, Twinings, which at £4.80 for 80 bags cost four times as much as the Asda offering, came last alongside Tesco Original Tea, with 67 per cent each. Overall, 60 per cent of tea tasters liked the colour and bitterness of Twinings, but fewer than half were satisfied with the strength of its flavour. Although two thirds of the panel enjoyed the bitterness of Tesco Original, 35 per cent said it was too dark and 34 per cent considered it not to be strong enough."

Quanto dinheiro é que os produtores do chá que entra na composição do "Asda's Everyday teabags" deixam em cima da mesa?

A culpa não é da Asda, a culpa é de quem não investe numa marca, ou não tem noção da qualidade do seu produto. Recordar a Raporal.

Trecho retirado de "Asda's 2p teabags make the best brew" publicado no jornal The Times de ontem.