A propósito de "
PME nunca vão criar emprego para doutorados", "
Reitores: Lugar dos doutorados é nas empresas, não nas universidades" (BTW, estes dois textos fizeram-me lembrar aquele caso desta semana nos Estados Unidos em que os pais puseram o filho de 30 anos em tribunal para o expulsar de casa) e "
Portugal continua a ter doutorados a menos e em situação precária", deixem-me contar-lhes uma estória verdadeira.
Investigador em laboratório universitário resolve testar o mercado e ir a entrevista de emprego em empresa privada. A empresa oferece-lhe 1800 euros por mês brutos. Acham que é um mau salário para alguém com menos de 28 anos e sem experiência fora da universidade?
O investigador pergunta quanto é que isso lhe permitirá ganhar líquido. Fazem umas contas de merceeiro na hora e dizem-lhe que isso equivale a cerca de 1200 euros líquidos por mês.
O investigador sorri e declina a proposta. Actualmente tem uma bolsa de investigação, julgo que de 1280 euros. Bolsa pelos vistos não é considerado salário, é considerado apoio ou subsídio. Por isso, tudo o que recebe é limpo de impostos.
Escusado será dizer que este investigador daqui a uns anos será mais um daqueles que andará pelas ruas a protestar porque não tem Segurança Social e tem precariedade laboral.
Qual é o salário médio do país? Quantas PME poderiam investir 1800 euros num investigador? Assim, para os doutorado, trabalhar para o Estado, ficar ad eternum com uma sequência de bolsas de investigação é quase o mesmo que emigrar para outro país onde se ganha mais, ou se pagam menos impostos.