sexta-feira, março 19, 2010

Qual é a estratégia?

Pergunta, e bem, Ricardo Arroja no Vida Económica "Qual é a estratégia?":
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"Ora, neste quadro de emagrecimento, a questão que se coloca é: donde virá o crescimento económico? Trata-se de uma questão essencial, pois, apesar das estimativas conservadoras do Governo, a verdade é que, depois dos dados referentes ao PIB, divulgados na semana passada, a economia portuguesa parece mais próxima de uma segunda recessão técnica do que de outra coisa qualquer. Assim, para que o PEC bata certo, o crescimento terá de materializar, caso contrário, lá estaremos a fazer contas de novo. (Moi ici: estamos sempre condenados a fazer contas de novo porque o PEC só faz o tratamento dos sintomas e não vai às causas-raiz) Deste modo, a única via, aquela que tem sido repetidamente apregoada como a panaceia para os nossos males, é o crescimento da economia a partir das exportações. Infelizmente, o PEC, ao aumentar a carga fiscal e ao manter os custos de contexto (leia-se, burocracia pública), nada faz para melhorar a posição competitiva das empresas portuguesas no mercado europeu, muito menos no mercado internacional, dominado pelos asiáticos. Por isso, pensar que nos safamos à custa das exportações é uma mera fantasia."
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No mesmo semanário encontro uma aproximação da resposta à pergunta de Arroja no artigo "Cotec apoia criação de projectos inovadores e de alcance global":
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O que vai fazer crescer a economia portuguesa são as empresas que ainda não existem». É desta forma que Daniel Bessa, economista e director-geral da Cotec, sintetiza a importância da inovação e do empreendedorismo para o desenvolvimento da economia nacional."
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Ontem numa empresa, por causa deste raciocínio, durante a realização de uma análise SWOT, aquilo que começou por ser apresentado como uma ameaça "A situação económica das empresas portuguesas (potenciais clientes)", transformou-se numa oportunidade "As empresas do futuro e com futuro vão ter de apostar no ..." porque vão ter de ser empresas diferentes com abordagens diferentes.
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quinta-feira, março 18, 2010

A coisa está a ficar preta...

Bolsa de Atenas afunda 4% e risco da dívida grega dispara

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Alemanha atira responsabilidade de salvar Grécia para o FMI

Euro escorrega com tragédia grega

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Grécia pede ajuda financeira aos líderes europeus

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Juros da dívida grega a dois anos disparam 32 pontos base

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Atenas lança novo "SOS" à Europa

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German Calls for Austerity Have Europe Grumbling

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Greek worries return to unsettle investors

Qual a diferença entre o tratamento sintomático e o ataque às causas-raiz? (parte V)

Continuado.
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- Mas por que é que dizem que a nossa proposta só ataca os sintomas?
- Na última auditoria da qualidade o auditor chagou-me a cabeça por causa disso, mas acabou por não escrever nada sobre isso no relatório final.
- Mas o que é que querem dizer com isso de atacar sintomas?
- Por que é que aumentou a quantidade de defeitos que entregamos ao cliente?
- Não sei, sei lá, eu só trato das compras de matérias-primas!
- Temos um problema chamado reclamação do cliente. Qual o sintoma, qual a manifestação da existência do problema?
- O aumento da quantidade de defeitos que entregamos ao cliente!
- E por que é que esse sintoma se está a manifestar?
- Sei lá! Se soubesse já tinha actuado!
- Mas nós já actuamos!
- Já?!?!
- Sim, ao reforçar o controlo da qualidade com a contratação de dois controladores. Só que essa acção representa um sacrifício da nossa margem sem ir ao âmago da questão que é "Porque aumentaram os defeitos que entregámos ao cliente?"
- Pois, gastamos dinheiro com mais controlo da qualidade e continuamos a produzir produto defeituoso, que controlamos e rejeitamos dentro da nossa casa. O cliente já não o recebe mas ele continua a acontecer.
- Com esta actuação fazemos um sacrifício e reduzimos o sintoma...
- Mas continuamos a produzir defeitos...
- Até parece a cena do PEC, o aumento de impostos é o mesmo que o nosso sacrifício da margem. Contudo, não se vai às causas.
- É como tomar uma aspirina para eliminar o sintoma da temperatura elevada... sem sabermos porque é que ela acontece.
- É só cosmética...
- É só cosmética...
- E como se vai ao âmago da coisa?
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Continua.

The Lunatics Have Taken Over the Asylum

Ao som desta música dos anos 80? ler estes delírios:
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Convém recordar "“The Roving Cavaliers of Credit”"

Para reflexão

Aqui.

Um conselho

Um conselho para quem tem de fazer apresentações "SYSTEMS THINKING: Death by bullet points"
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"In all fairness, PowerPoint is not the problem; operator error is what contributes to the dysfunctional communication in organizations."

Para reflexão

Neste artigo "E se o problema do euro estiver na Alemanha e não na Grécia?" há um factor que não é tido em conta... a demografia.
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Qual a idade média da população alemã?
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À medida que uma pessoa envelhece o perfil do seu consumo e da sua poupança vai-se alterando, se agregarmos os comportamentos de milhões de pessoas na mesma trajectória...

quarta-feira, março 17, 2010

Qual a diferença entre o tratamento sintomático e o ataque às causas-raiz? (parte IV)

Um parêntesis nesta estória só para encaixar este flash:
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Tal como um cliente ameaça um fornecedor que não quer ou não sabe melhorar o seu desempenho...
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"admitiu hoje que um país europeu seja obrigado, em último recurso, a sair da zona euro se, “repetidamente, não cumprir as condições” necessárias para se manter na moeda única."
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Faz lembrar aquela citação de Gertz e Baptista, qualquer coisa do tipo, "Cortar, cortar numa empresa até ao crescimento."
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O PEC de 2010 é só uma amostra do que aí virá em 2011 e 2012 e por aí fora.
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Pudera, se nos ficamos pelo tratamento sintomático.

Migração de valor

O desemprego, a incerteza quanto ao futuro, a desconfiança face aos políticos, o aumento dos impostos...
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Qual a reacção da massa de consumidores?
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A revista strategy+business vem recordar a migração de valor em curso, vem-nos ajudar a recuar e a perspectivar o conjunto. Para perceber a nova frugalidade, a migração de valor em curso.
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"A new frugality, characterized by a strong value consciousness that dictates trade-offs in price, brand, and convenience, has become the dominant mind-set among consumers in the United States — and probably in other wealthy countries as well. Two-thirds of American shoppers are cutting coupons more frequently, buying low price over convenience, and emphasizing saving over spending. Per capita consumption expenditure has declined across demographic groups. Consumer sentiment remains weak. These trends are not going to change, no matter the pace of economic change."
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"In short, the Great Recession has forced consumers to shift their behaviors, and many of these new behaviors will stay in place. As consumers persist in more frugal behaviors — such as trading down to private labels and buying packaged foods rather than eating out — companies that rely on pre-recession strategies and tactics will find themselves struggling against strong headwinds.
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Given the fundamental shifts in consumer behavior, consumer marketers and retailers — across categories as varied as food and beverage, home improvement, consumer electronics, and apparel — should be changing their product assortments, pricing strategies, advertising, and promotions. Companies that do this well will find the winds far more favorable, and they will prosper first and most in the new value-driven marketing environment."
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Trechos destacados de: "The New Consumer Frugality"

Para reflexão

"Martin Wolf: China, Germany Commiting World to Deflation"

Qual a diferença entre o tratamento sintomático e o ataque às causas-raiz? (parte III)

Voltamos à PME da parte II e à sala de reuniões onde está novamente reunida a equipa de Direcção.
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- O cliente não aceitou a nossa proposta!
- Não aceitou!?!?
- Dizem que a nossa proposta só ataca os sintomas...
- Só os sintomas? O que é que isso quer dizer?
- Dizem que a nossa proposta não é estrutural, não vai à raiz do problema. E mais, dizem que se estamos dispostos a aumentar os custos adicionando dois controladores da qualidade, então querem uma reunião connosco para discutir uma redução dos preços.
- Mas quem é que eles pensam que são? - Gritou o Director da Produção.
- Clientes que pagam a tempo e horas. - Respondeu o Director Comercial com um tom de voz destroçada.
- Mas por que é que dizem que a nossa proposta só ataca os sintomas?
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Continua.

terça-feira, março 16, 2010

Qual a diferença entre o tratamento sintomático e o ataque às causas-raiz? (parte II)

Portugal não tem poupança suficiente. Assim, todos os anos tem de ir buscar financiamento ao exterior para se manter. Uma empresa só existe virada para o exterior, pois, a única forma de se sustentar é conseguir seduzir clientes que estejam dispostos a trocar dinheiro por produtos e serviços.

Consideremos uma PME que acaba de receber uma carta do seu principal cliente:

“Segue em anexo um gráfico que visualiza o Vosso desempenho nos últimos 12 meses. Nele podem reparar que Vos foi atribuída a categoria de fornecedor de nível C. De acordo com o nosso contrato têm um mês para apresentar um programa que nos elucide sobre o que vão fazer para deixarem de ser fornecedor C.

Recordamos que os fornecedores tipo C deixam de ser nossos fornecedores preferenciais e, por isso, as encomendas a colocar à Vossa empresa serão reduzidas em 50%”

O Director Comercial termina a leitura da carta, pousa-a na mesa e fita os olhos dos seus colegas de Direcção.

- Quem é que temos de “untar” desta vez para resolver isto?

- Desta vez isso não vai resultar, com estes tipos isso não funciona.

- Bom, nesse caso vamos ter de fazer sacrifícios e cortar um pouco na nossa margem.

- Não creio que eles estejam a pedir uma redução do preço. Estão a pedir um plano para reduzir a quantidade de defeitos que lhes chegam a casa.

-Bom, então sempre temos de fazer sacrifícios e reduzir a nossa margem. Temos de reforçar o controlo da qualidade, vamos contratar mais dois controladores da qualidade para que se evite que os defeitos cheguem a casa deles.

-Todos de acordo? OK! Então vamos responder-lhes com um programa que prevê o reforço do controlo da qualidade.

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Continua

Aprender com os erros dos outros

Hoje, quando o Governo assinalar "A nova estratégia nacional para a energia que o ministro da Economia, Vieira da Silva vai anunciar hoje contrasta com o clima de restrição do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC). O volume total de investimento previsto para o sector, até 2020, é de 31 mil milhões de euros, para 130 mil a 140 mil novos postos de trabalho."(aqui)
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Era interessante que algum jornalista perguntasse ao ministro uma opinião sobre a experiência espanhola:
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"El informe muestra el terrible coste laboral y económico que está provocando el modelo energético implantado en España, consistente en el desvío de enormes recursos públicos al fomento de las energías renovables. Entre 2000 y 2008, el Gobierno español ha comprometido un total de 28.671 millones de euros -descontada la inflación- en subsidios públicos al fomento de energías renovables para los megavatios instalados sólo en dicho período. Un dinero que ha sido o será "sufragado íntegramente por el bolsillo de los ciudadanos, ya sea mediante nuevas subidas en el precio de la luz o aumento de impuestos", advierte.
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Como resultado, este despilfarro de recursos ha provocado la destrucción neta de 113.000 puestos de trabajo en la economía española, según el informe. Es decir, 2,2 trabajos destruidos por cada “empleo verde” generado por este sector gracias a la subvención."
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Ou seja, usando a referência espanhola, a estratégia do Governo ao promover esta bolha nas energias renováveis irá destruir cerca de 290 a 310 mil postos de trabalho.
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Julgo que foi Confúcio que disse que a forma suprema de inteligência era aprender com os erros dos outros para os não repetir:

segunda-feira, março 15, 2010

Qual a diferença entre o tratamento sintomático e o ataque às causas-raiz? (parte I)

Para reflexão

Ando para começar a ler o livro "The Third Chapter - Passion, Risk and Adventure in the 25 Years after 50"... pois foi dele que me lembrei ao ler este artigo de jornal "Starting over at 55":
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"A study by Babson College and Baruch College found that Americans age 55 and above started 18.9 percent of all businesses created in 2008, compared with 10 percent in 2001. The 55-and-overs are playing a larger role in entrepreneurship partly because the number of Americans in that age category is rising rapidly. (The Center for Retirement Research at Boston College found only a small increase in the percentage of those older than 55 who are self-employed since 2001, although it found a spurt upward since mid-2008.)"
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E já agora... aqui.

Destruir oferta?

Isto "Is China's Politburo spoiling for a showdown with America?" e isto "Taking on China" anda à volta disto "Cenários: O que diz Roubini (parte I)"

Estratégia vs processos

Recebi, do outro lado do Atlântico, esta questão:
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Estou então buscando conceitos que me amparem para a defesa desta tese, principalmente que demonstrem de forma inequívoca como se faz a conexão da estratégia com os processos de negócio. Nas minhas pesquisas cheguei ao seu livro “Balanced Scorecard - Concentrar uma organização no que é essencial” e gostaria de confirmar contigo se encontrarei no mesmo a conceituação sobre a ligação entre a estratégia e os processos de negócio. Principalmente como fazer o desdobramento da estratégia até o nível operacional de processos.
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Eis a minha tentativa de resposta "Estratégia vs processos".

domingo, março 14, 2010

A paixão por procedimentos (parte II)

Continuado.
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"Procedures can erode expertise.
When we get comfortable with procedures, we may stop trying to develop more skills. Why bother, if the procedures usually get the job done?
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A number of studies have shown that procedures help people handle typical tasks, but people do best in novel situations when they understand the system they need to control. People taught to understand the system develop richer mental models than people taught to follow procedures."
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"Procedures can mislead us.
The biggest worry is that following procedures can lead us in the wrong direction and that we won’t notice because the reliance on procedures has made us so complacent."
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Á atenção dos auditores "Skilled performers need latitude to depart from procedures."
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Recordo um velho episódio de um dos meus heróis dos anos 80 "Macgyver". Um episódio em que MacGyver tem de vencer Sandy, um computador:
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"MacGyver: Well, old Sandy sure has a mind of her own, doesn't she?
Jill: Yes, but she thinks like me. So I should be able to think it through and find her pattern, logically and rationally.
MacGyver: Without the emotion, right?
Jill: That's what gives her the edge. People and emotion can't get in her way.
MacGyver: Well, I say we trust our instincts—go with our gut. You can't program that. That's our edge."
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"In summary, we can see that procedures are insufficient, can get in the way, can interfere with developing and applying expertise, and can erode over time. Procedures work best in well-ordered situations in which we don’t have to worry about changing conditions and we don’t have to take context into account to figure out how to apply the procedures, or when to jettison them"
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"Procedures are most useful in well-ordered situations when they can substitute for skill, not augment it. In complex situations—in the shadows—procedures are less likely to substitute for expertise and may even stifle its development.
Here is a different statement that I think works better: In complex situations, people will need judgment skills to follow procedures effectively and to go beyond them when necessary."
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Portanto, quando um consultor que nunca teve outra ocupação para além de consultor, postula, decreta, ordena a criação de procedimentos por tudo e por nada... beware!!!
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"Like all tools, procedures have strengths and weaknesses. Although I have been describing their limitations, we certainly shouldn’t discard them. Here is what they buy us:
  • They are training tools. They help novices get started in learning a task.
  • They are memory aids. In many jobs they help workers overcome memory slips.
  • They can safeguard against interruptions.
  • They reduce workload and make it easier to attend to critical aspects of the task.
  • They are a way to compile experience and historical information. Procedures are useful when there is a lot of turnover and few workers ever develop much skill.
  • They can help teams coordinate by imposing consistency. If the people on the team know the same procedures, they can predict one another’s next moves."
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"The downside of procedures is that they usually aren’t sensitive to context. In complex situations we may not know when to start and end each step. The people making up procedures usually try to substitute precision and detail for tacit knowledge."
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Para terminar, uma sugestão que descobri na prática, não há muito tempo:
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"When we do want to teach some procedures, the typical way is to present the standard procedures and make everyone memorize them.
Here is another way to teach procedures: Set up scenarios for various kinds of challenges and let the new workers go through the scenarios. If the procedures make sense, then workers should get to see what happens when they depart from the optimal procedures. When procedures are taught in a scenario format, people can appreciate why the procedures were put into place and can also gain a sense of the limitations of the procedures. This scenario format seems to work better than having people memorize the details of each step."

A acompanhar com interesse

"Prateleiras inteligentes revolucionam o retalho e prometem aumentar vendas"
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Nevertheless, aconselho a estudarem a evolução da proposta de introdução da Sensomatic nas lojas.

Fractais

Um jovem natural de França, pequena aldeia a cerca de 20 km de Bragança, (onde, BTW, em pleno Agosto se podem apanhar saborosas cerejas da árvore) que tire uma licenciatura em Engenharia Química e que queira desenvolver a sua actividade profissional nesse ramo, quase de certeza que terá de abandonar esse pequeno paraíso e emigrar para o litoral.
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Subindo na escala de abstracção... "Top Spanish scientist heading to the US"