sexta-feira, maio 27, 2016

Curiosidade do dia

"O actual executivo prometeu o fim da austeridade e o regresso das regalias, sem nunca dizer bem onde estão os recursos para isso. É preciso encontrar capital para erguer a banca, investimento para dinamizar o crescimento, cortes para equilibrar o orçamento. Mais cedo ou mais tarde retórica e promessas vão embater nas leis da aritmética, e o tempo se encarregará de despertar os portugueses para a triste carência nacional.
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A dívida é o que é, e as únicas alternativas razoáveis são produzir mais e consumir menos, a chamada austeridade, ou vender património. Sugestões de revolta ou reestruturação dos créditos, aliviando pontualmente a situação, acabam em geral muito caras. Perante o desfalque, os mercados fecham-se, ostracizando o país caloteiro e impedindo o acesso a novo capital; que é precisamente o que mais falta ao país endividado.
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A crise será ultrapassada quando aceitarmos viver com o que temos, ignorarmos exigências irrealistas de interesses e grupos instalados e nos dedicarmos a lidar com os desafios do desenvolvimento na nova economia globalizada."
Trechos retirados de "Estádios de angústia"

Cuidado com o sucesso (parte II)


"Assuming a good strategy, short-term success is a function of alignment; that is, to execute the strategy, managers work hard at getting the right people, ensuring that the organization is structured the right way, that they are measuring and rewarding the right things, and that they are developing a culture that promotes behaviors to accomplish their key success factors. This is not an easy task, but when it is successful, the alignment drives the execution of the strategy and the firm succeeds and begins to grow. Over time, as the organization gets larger, managers learn what tweaks to make to tighten the alignment; better metrics are developed; lessons learned are reflected in new procedures and processes; structures are refined; better control and coordination is achieved; and the skills needed to make the machine run become abundant. All of these changes increase the performance of the organization. Unfortunately, this tighter alignment also increases the chance of structural inertia. The people who have diligently worked to develop the structures, systems, processes, and metrics associated with success are loath to change them, especially for uncertain opportunities offering lower-margin business.
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Separate from size and structural inertia, as a successful organization lives longer, it also develops norms that set expectations about those behaviors associated with success. People learn that certain behaviors are rewarded, both formally and informally, in terms of status and recognition, and other behaviors are frowned on or punished. People who comply with these norms are promoted, and new employees are selected based on their ability to fit with corporate expectations. This social control system or cultural alignment helps execute the strategy and contributes to the success of the firm. Unfortunately, it also leads to cultural inertia and makes change more difficult.
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So we have a paradox: the alignment of the formal control system (structure and metrics—or organizational hardware) and of the social control system (norms, values, and behavior—or organizational software) is critical to the successful execution of the strategy. But these also foster the organizational inertia that can make it difficult to change, even in the face of clear threats. Thus, in the short term, managers work hard to align the organization with the strategy. As long as  the external environment remains relatively stable, this is the key to organizational success and survival."
Várias linhas de pensamento:

  • a troika e os consultores. Quando o mundo muda mesmo, é preciso a colaboração de alguém de fora do sistema para ajudar a perceber a ratoeira mental de que se é prisioneiro;
  • as PME portuguesas do transaccionável, do tempo em que éramos a china da Europa antes de haver China, tiveram de chocar contra a parede da realidade e, depois, elas, ou a massa cinzenta que sobrou delas, teve de testar, fuçar, explorar (exploration) e criar novas hipóteses, novos seres vivos, novas empresas;
  • e os políticos que não aprendem?


Trechos retirados de "Lead and disrupt : how to solve the innovator’s dilemma" de Charles A. O’Reilly III e Michael L. Tushman

Plataformas em todo o lado

Via @CelioRod cheguei a "Hunting for the Insurance Industry’s Own Airbnb". Mais exemplo do momentum que está a ser criado pela plataformas e que varrerá o mundo transformando-o e eliminando a herança do século XX.
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Quando eu era muito miúdo na aldeia do meu pai havia o "Acordo das vacas". Os homens faziam entre eles uma espécie de seguro para que se uma das suas vacas morresse os outros contribuíam com uma parte para que não perdesse tudo. Imaginem, sem intervenção do Estadinho!!!
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Por isso, depois do trabalho sujo feito por plataformas suportadas por poderosos business-angels, o trabalho de combater o status-quo incumbente, ficará aberta a porta para as plataformas cooperativas.
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Voltando ao texto:
"The principle behind many of these startups is the same: peer-to-peer insurance in which groups of customers pool premiums. Claims are initially paid from this pooled money, and traditional reinsurers act as a backstop if payouts exceed the pooled amount. Any money left in the pot at the end of the year is returned to customers in the form of cash back or discounts. Customers are incentivized not to make frivolous claims, while the companies get nothing from denying claims. Ideally, everyone wins.
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The Berlin startup currently offers home, private liability and legal expenses insurance in Germany. But the company has bigger goals. “We have an international ambition and a model that can be applied in any market. Our first expansion target for 2016 will be Australia,” says co-founder Tim Kunde.
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It's entirely possible that, once consumers understand the concept, the appetite for this kind of “peer-to-peer insurance” could eventually be as large as Kunde envisions. “So far, more than 80 percent of users received some of their insurance fees back. In the property insurance line, the average cash back was 33 percent of the paid insurance fees,” says Kunde. From the customer's perspective, what’s not to like?"
Já oiço as seguradoras de braço dado com a Antral a gritar contra esta inovação.

Bilhete de identidade de processo

Ontem, aproveitei o feriado para dar uma vista de olhos a "Management stratégique et management de la qualité" de Francis Roesslinger e Dominique Siegel.
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Que desconsolo! Um tema tão interessante e tão maltratado. Enfim, uma procissão de lugares-comuns.
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A única coisa que aproveitei foi esta espécie de bilhete de identidade para um processo:
Interessantes estas novidades que nunca usei no meu documento:
1 - Esta referência explícita às restrições de um processo;
2 - Esta referência aos riscos de um processo;
3 - Esta referência à classificação de crítico ou de contexto.


Outro exemplo do Evangelho do Valor

Ainda esta semana escrevemos "Um exemplo do Evangelho do Valor" para ontem voltar a encontrar outro exemplo.
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Antes de mais, recordar os gráficos de Marn e Rosiello, e os de Dolan e Simon:
O primeiro sobre o impacte do aumento do preço.
E este segundo sobre o efeito assimétrico da subida/descida dos preços nas quantidades a perder/ganhar para manter o mesmo lucro.
"A Ervideira, produtor vitivinícola do Alentejo, acaba de divulgar os seus resultados referentes aos primeiros quatro meses deste ano.
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Neste período, a empresa registou a venda de cerca de 150 mil garrafas nos primeiros quatro meses de 2016, o que representa uma descida de 20,8% quando comparado com igual período de 2015, porém obteve uma faturação de cerca de 620 mil euros, o que representa um aumento de cerca de 8% quando comparado o primeiro quadrimestre de 2015. Isto é justificado pela subida média do valor unitário de 32%, provocado pelo crescimento nas vendas dos vinhos topos de gama."
Dois exemplos em dois dias, sintoma de que a mensagem estará a passar ""Não nos interessa exportar mais volume, interessa-nos exportar mais valor"" e, já agora "Para fazer crescer a auto-estima".
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Façam as contas e imaginem o quanto a empresa poupa em horas de engarrafamento, garrafas, mão-de-obra, energia, paletes, espaço de armazenamento e transporte, para facturar mais 8%... a tríade passa-se com estas estórias.
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Qual o lado negativo? Mais vinho espanhol a granel será importado para servir os consumidores portugueses, indisponíveis para pagar mais por vinho. Paciência, eu faria o mesmo no lugar dos engarrafadores.
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Trecho retirado de "Ervideira consolida vendas em categoria premium"

quinta-feira, maio 26, 2016

Curiosidade do dia

Os media estão sempre do lado da geringonça, esteja ela no governo de turno ou na oposição.
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Em 2013, porque interessava aos media, o desemprego que interessava relatar era o homólogo porque dava uma imagem negativa, apesar do desemprego estar a cair fortemente. Foi nessa altura que escrevi "Se subir o desemprego, ainda desce".
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Agora que a geringonça está no poder, apesar de meses sucessivos com o desemprego a subir, os media recorriam ao valor homólogo para poder dar um toque optimista, a comparação homóloga é negativa.
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Agora é a minha vez de escrever "se baixar o desemprego, ainda sobe". Tendo em conta os dados até Abril de 2016 do IEFP, se o desemprego em Maio não cair em cerca de 9000 pessoas, apesar da diminuição mensal o homólogo passará a ser positivo na comparação.
BTW, viram algum jornal referir-se aos números do IEFP publicados na passada sexta-feira?

Dia do Cliente 2016 – Do Sonho à Ação (SAMSYS)


Na próxima terça-feira, 31 de Maio estarei no auditório da Exponor para participar no "Dia do Cliente 2016 – Do Sonho à Ação", mais uma realização da Samsys. A participação é gratuita mas de inscrição obrigatória aqui.
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Já que vou estar lá lembrei-me: interessados em conversar sobre o Balanced Scorecard, ou sobre estratégia, ou sobre Mongo? Por que não tomar nota do meu número de telefone e contactar-me lá para conversarmos durante o intervalo?
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Recordar a minha participação em 2013.

Desemprego, legislação laboral e o anónimo da província

Quem sou eu? Um mero anónimo engenheiro da província com formação de base em química e quase 30 anos de experiência de contacto em primeira mão com a realidade económica portuguesa (mais de 20 anos como consultor).
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Quando leio artigos como este "Réformes du marché du travail au Portugal : les derniers seront-ils les premiers?", fico a pensar, qual a granularidade com que os investigadores olham para a realidade?
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Eu sei que o desemprego em Portugal está alto, muito acima da média da UE, basta olhar para os marcadores deste postal. No entanto, a pergunta que me assalta é: até que ponto poderia ser diferente? Até que ponto a legislação laboral poderia ter ajudado a não inflacionar o valor?
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De onde vem o desemprego que existe actualmente? Qual o peso da legislação laboral?
"La faiblesse du modèle productif portugais a entrainé, dès les années 2000, un ralentissement de la croissance et une hausse du taux de chômage. De 4,2 % en 2000, le taux de chômage a plus que doublé en 2007 (8,5 %), et a atteint un pic de 17,4 % au premier trimestre 2013.
Phénomènes indéniablement corrélés, on assiste à la même période à des destructions massives d’emplois, touchant principalement les secteurs de la construction, de l’industrie, de l’administration publique et des activités de commerce et de réparation. [Moi ici: Pena que o texto misture tudo e não ponha uma ordem cronológica nesta destruição. Pena que o texto não identifique grandes vectores que estiveram por trás desta destruição e a sua evolução ao longo do tempo. Recordo este postal sobre o imobiliário e o desemprego. Pena que o texto não chame a atenção para a transformação na indústria portuguesa, recordar este postal ""Por que é que calçado e têxtil têm tido desempenhos tão diferentes?" O número que aparece é do calçado, fábricas mais pequenas com produtos mais caros, (recordar aquela fábrica que não conseguia sobreviver a vender produtos a 20€ e passou a ter sucesso a vender produtos a 230€), mas o mesmo fenómeno se passou no ITV, no mobiliário, em todo o lado] La dégradation du marché de l’emploi a touché les jeunes en priorité : de 21,4 % en 2007, le taux de chômage des jeunes passe à 34,7 % en 2014. Triste singularité du modèle portugais, le diplôme n’y a pas le rôle protecteur qu’il peut avoir dans la majorité des pays européens : en 2008, 26,9 % des jeunes diplômés sont au chômage, contre 16,2 % des non diplômés."[Moi ici: Este número também considero importante porque revela, IMHO, a existência de fortes barreiras à criação de novas empresas, por exemplo, por causa da protecção dos incumbentes]
Recordando esta série ""despedir é sempre resultado de uma maldade ou de preguiça da gestão" (parte V)" (sobretudo a parte I), quando um choque obriga a mudar de paradigma estratégico, a maioria das empresas tem de encolher. Recordar o que começou a acontecer à construção civil em 2001 e à obra pública em 2011. Recordar o choque chinês no país que era a "china da Europa" antes de haver China e que dizimou a indústria transaccionável. Recordar o choque da troika nos serviços do mercado não transaccionável.
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Uma outra legislação laboral teria minorado o desemprego mas em pouca extensão, acredito eu. O país tinha de passar por esta fase. IMHO o ponto para o futuro é, como criar condições para que se reduzam as barreiras à entrada de novas empresas, sobretudo PME.
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Recordar esta reflexão de 2011 confirmada pelo famoso relatório sobre o desemprego em 2012 e pelo Banco de Portugal em 2016.
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Claro que ainda falta outro choque, adiado por enquanto pela CRP, o emagrecimento da Administração Pública. Basta ver o que aconteceu com os agrupamentos de escolas, quantos funcionários foram dispensados com a concentração de tarefas de back-office?

Estratégia e iteração (parte II)

Parte I.
"Before going any further I want to dispel the myth that focusing on strategy management is only for companies and organizations of a certain type and size. It’s just not true. If you are working towards producing some sort of result, outcome, or impact you have to have (1) an idea of what needs to be in place, and what you must focus on, to produce your desired result (i.e. your business model) and (2) a roadmap that’s been thoughtfully designed to get you there (i.e. your strategic plan). These are the non-negotiable keys to success for every organization (regardless of size or maturity level).
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Strategy management is the process that ensures that your organization is always doing the right things and producing the desired results. Essentially – strategy management guides your organization on a path to success!
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You see, in today’s dynamic and changeable business environment, the nature of strategy, and strategy management, has completely changed. Disruption is everywhere and strategy isn’t about implementing a task list any more. To ensure business success and organizational sustainability, strategy management absolutely must be focused on continually testing and refining your hypothesis about what your organization does, how it needs to work to produce results, and the nature of the results and outcomes you produce, and the impacts you enable.
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Strategy has become a constant cycle of testing and refining your business model leveraging feedback from both inside and outside your organization."
Trechos retirados de "Strategy Management Should Be a Core Competency for Every Organization"

BTW, estratégia é pensamento materializado em acções. Se a estratégia muda ... as acções têm de se alterar. E o documento de Centeno? Por que continuam com acções que decorrem dele quando o mundo mudou?

Portanto, cheira-me a futurologia da treta

A propósito de "If robots are the future of work, where do humans fit in?" algumas notas:
"you take the best and brightest 200 human beings on the planet, you scan their brains and you get robots that to all intents and purposes are indivisible from the humans on which they are based, except a thousand times faster and better.
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These Ems, being superior at everything and having no material needs that couldn’t be satisfied virtually, will undercut humans in the labour market, and render us totally unnecessary."
Enquanto lia isto fiquei um pouco incrédulo com a crença algo absurda, IMHO, na importância do QI para ter sucesso. Juro que me recordei logo da LTCM e dos seus 4 prémios Nobel da Economia. Fundada em 1994 estoirou em 1997.

Depois, ainda me lembrei daquele conflito que ficou gravado para sempre na minha mente  MacGyver vs Sandy.
"We need to rethink our view of jobs and leisure – and quickly, if we are to avoid becoming obsolete"
Oh!
Ó!
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Como isto se enquadra com a minha visão de Mongo!!!
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Basta recuar a este postal desta semana "Mongo em grande". Como é que estes autores escrevem artigos com falhas básicas como esta? É mais combate político actual do que preocupação genuína com o futuro!!!
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Não somos nós que vamos ficar obsoletos em Mongo. Em Mongo, o que vai ficar obsoleto é essa criação do século XX: o emprego, o "job".
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Em Mongo, a democratização da produção levará a um estado em que cada um terá as máquinas que permitirão a sua produção pessoal, ou a sua produção a uma escala artesanal baseada na vantagem competitiva da arte.
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Portanto, cheira-me a futurologia da treta.

quarta-feira, maio 25, 2016

Curiosidade do dia

Esta tarde no Facebook louvaram o lado positivo deste postal, "Um exemplo do Evangelho do Valor".
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Este blogue esforça-se por revelar o lado positivo do Portugal anónimo que fuça e se transforma, até porque sempre evitei o registo gerador de cortisol.
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No entanto, não posso deixar de sentir algum humilde paralelismo com o condutor deste comboio. É preciso que todos se preparem para o embate porque ele vem aí:


BTW, cuidado com o alinhamento dos media e dos dependentes do Estado e o seu esforço de branqueamento da realidade:

Um exemplo do Evangelho do Valor

Esta semana o caderno de Economia do Expresso traz uma artigo que me enche as medidas, "Um produtor que arrisca dizer não":
"Um produtor que tem 47% do volume de vendas concentrado num rótulo e vende esse vinho na totalidade pode descontinuar a marca? Os irmãos Serrano Mira. da Herdade das Servas, em Estremoz. decidiram que sim. Por isso, assumem o risco de descontinuar a produção da marca de entrada de gama em nome da "qualidade acrescida" da oferta, fiéis à estratégia de fazer todo o seu vinho com uvas próprias.
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A vindima de 2015, marcada por uma quebra de produção e um aumento da qualidade de uvas e vinhos, ajudou a tomar esta decisão. A reconversão de 70 dos 300 hectares de vinhas próprias. que só estarão a produzir dentro de alguns anos, também.
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Chegaram a estar na grande distribuição, mas em 2007 saíram, para se focarem no canal Horeca (restauração e hotelaria), com uma política de proximidade dos clientes e uma rede nacional de pequenos distribuidores.
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acredita que a tendência é ver a moderna distribuição a tentar pressionar o preço e quem segue uma política diferente a tentar comprar outros vinhos, o que o leva a não misturar marcas nos dois canais.
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A decisão de descontinuar a gama mais baixa, que estava a crescer 40% ao ano, surge numa altura em que a empresa não era capaz de responder à procura e decidiu assumir uma nova visão, apostando em produtos com mais valor e na criação de margem de manobra para reforçar a presença internacional, numa lógica de consolidação. recusando a dispersão por mais mercados. Perde à partida 47% do negócio em volume e 27% em valor. Admite vender menos umas 300 ou 400 mil garrafas este ano, mas acredita poder manter a facturação.
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na época das vindimas, estão prontos a receber enoturistas, outra vertente no negócio desta quinta"
Um exemplo prático da aplicação do Evangelho do Valor.
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Aquele último sublinhado é todo um tratado. Comparar uma empresa que aposta na eficiência a todo o gás e uma empresa que faz o mesmo que estes irmãos:

  • menos 300/400 mil garrafas este ano
  • menos horas de funcionamento da linha de engarrafamento - menos horas de trabalho, menos custos de energia, menos risco, menos ... e igual facturação.
A eficácia é muito mais rentável.

BTW, sublinho também a postura relativamente à distribuição grande. Em vez de "ladrar" e continuar a jogar o seu jogo, foram consequentes e deixaram esse campeonato.

Cuidado com o sucesso

"although the alignments are very different, each is necessary for the successful execution of a particular strategy. When competition is based on efficiency and cost, the winner will most often be the organization that is most successful at reducing variance and promoting incremental innovation. When the market is changing rapidly, the  alignment needed to succeed is one that is best able to experiment and adapt quickly."
Recordar:

"the alignment that promotes success for one strategy may be toxic for another. And here is the rub: the alignment that makes a mature organization successful can kill an emerging business. And in the same way, the alignment that makes an emerging business work can make a mature business inefficient. On top of that, a firm’s strategy isn’t timeless. ... the alignment that has made an organization successful at one point may put it at risk in another. Great companies—those with a proud tradition—are potentially the most vulnerable to what we have labeled the success syndrome"
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Trechos retirados de "Lead and disrupt : how to solve the innovator’s dilemma" de Charles A. O’Reilly III e Michael L. Tushman

Dinheiro em cima da mesa

A propósito de deixar dinheiro em cima da mesa, "Your New Hit Product Might Be Underpriced":
"The odds are stacked against new products or services. Between 65% and 75% miss their revenue or profit goals, depending on whose research you look at.
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But one innovation pitfall is particularly insidious because it doesn’t involve an outright failure; in fact, these product launches actually do well in the marketplace. But they don’t do nearly as well as they could, leaving big revenue and profit on the table.
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We term these product launches “minivations” and they are the result of product developers who don’t realize just how much value their offerings would provide to customers. They then grossly underestimate how much customers would be willing to pay for them and charge prices far below what they could have charged."
Conhecendo o Evangelho do Valor ... podem imaginar o quanto dinheiro fica em cima da mesa!

Estratégia e iteração

Estratégia é o caminho que se faz quando se viaja para o futuro desejado.
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Quando se faz o caminho, o mundo pode mudar, a nossa percepção sobre o mundo pode mudar, adquirimos novas competências que nos podem abrir perspectivas que antes ignorávamos ou não sonhávamos poder abraçar. E mesmo que nada mudasse no contexto, quem nos garante que nós acertámos à primeira?
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Humildade. Confiamos na estratégia que desenhamos mas não cegamente, sempre com uma precaução, just in case.
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Por tudo isto, faz todo o sentido esta ideia da iteração estratégica. A iteração n é baseada, parte da iteração n-1. A iteração n é nova, é diferente, mas não descarta a totalidade do passado.




terça-feira, maio 24, 2016

Curiosidade do dia

Até na construção se pode meter código "Two 24-Year-Old Women Raise $1.7M For Tech To Streamline Construction Projects"

Acerca das plataformas


Mongo em grande

Há anos que escrevo sobre Mongo e a democratização da produção. Há anos que desconfio das empresas grandes de consultoria que falam da impressão 3D e escondem dos seus clientes, as empresas grandes, o que pode acontecer em termos de produção pessoal e produção das empresas mais pequenas. Por isso, em 2013 escrevi "Ponto de vista".
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Na última semana tenho lido uma série de informação sobre o tema:

Acerca do desemprego

Julgo que foi na passada quinta-feira que ouvi Nicolau Santos na Antena 1 a explicar que a descida do desemprego em 2014/2015 tinha sido uma mistificação engendrada pelo anterior governo. Segundo Nicolau Santos toda a gente sabe que o desemprego em Portugal só baixa se a economia crescer em torno dos 2%. (BTW, a primeira vez que ouvi esta lei económica ser enunciada foi talvez há mais de 10 anos. Na altura quem a enunciou foi Camilo Lourenço, e o número que ouvi então foi de 3%).
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Baseado nesta suposta lei, como o PIB em 2015 "só" cresceu 1,5%, Nicolau Santos explicou aos ouvintes que o desemprego tinha baixado por causa das maquinações dos estágios proporcionados pelo IEFP. Como tenho referido aqui no blogue, alguma coisa aconteceu ao desemprego medido pelo IEFP a partir de Julho de 2015. Não consigo deixar de pensar que Nicolau Santos disse o que disse para defender o governo actual.
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Por isso, qual não foi o meu sorriso ao ler os últimos números do desemprego publicados pelo IEFP. Finalmente uma quebra mensal de jeito: -2,1%.
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No entanto, como a quebra foi menor que a quebra mensal homóloga, a variação do desemprego em termos homólogos continua a aproximar-se de 0% (curva a azul na figura abaixo)

Algumas notas interessantes do boletim do IEFP:
"A evolução, comparativamente a abril de 2015, mostra a descida do desemprego nos homens (-3,7%) e nas mulheres (-0,1%).
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Quanto ao grupo etário, os jovens apresentam um acréscimo de +1,6% e os adultos apresentam uma descida de -2,3% do desemprego.
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Nos níveis de escolaridade, na comparação homóloga verifica-se que o decréscimo percentual mais acentuado foi assinalado no 1º ciclo do ensino básico (-8,8%). Os detentores do ensino secundário e do ensino superior registaram subidas no desemprego, +2,6% e +0,4% respetivamente.
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Relativamente a abril de 2015, o grupo “Trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices” apresentou a mais expressiva descida percentual do desemprego, -10,3%.
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O desemprego evolui da seguinte forma nos três sectores de atividade económica face ao mês homólogo de 2015: +9,1% no sector primário, -9,7% no secundário e -0,3% no terciário."
Apesar de tudo parece que continua o regresso à indústria, o que explicará os números dos homens, dos jovens  e do sector secundário.

BTW, não acredito na validade daquela lei enunciada por Nicolau Santos. Talvez ela fizesse algum sentido no século XX quando o crescimento do emprego estava ligado a outro tipo de vantagens competitivas. Quando a Autoeuropa ou a Galp cresce, o PIB cresce mas o emprego directo pouco mexe. Quando uma PME cresce, ou nasce, os números do PIB podem não mexer mas o emprego cresce.

Recomendações

E volto a "Your Whole Company Needs to Be Distinctive, Not Just Your Product" para chamar a atenção para:
"Our recommendations include:
  • Be skeptical of benchmarking. Don’t be drawn into practices that are not right for your company, even if they’re common throughout your industry.