quarta-feira, maio 25, 2016

Um exemplo do Evangelho do Valor

Esta semana o caderno de Economia do Expresso traz uma artigo que me enche as medidas, "Um produtor que arrisca dizer não":
"Um produtor que tem 47% do volume de vendas concentrado num rótulo e vende esse vinho na totalidade pode descontinuar a marca? Os irmãos Serrano Mira. da Herdade das Servas, em Estremoz. decidiram que sim. Por isso, assumem o risco de descontinuar a produção da marca de entrada de gama em nome da "qualidade acrescida" da oferta, fiéis à estratégia de fazer todo o seu vinho com uvas próprias.
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A vindima de 2015, marcada por uma quebra de produção e um aumento da qualidade de uvas e vinhos, ajudou a tomar esta decisão. A reconversão de 70 dos 300 hectares de vinhas próprias. que só estarão a produzir dentro de alguns anos, também.
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Chegaram a estar na grande distribuição, mas em 2007 saíram, para se focarem no canal Horeca (restauração e hotelaria), com uma política de proximidade dos clientes e uma rede nacional de pequenos distribuidores.
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acredita que a tendência é ver a moderna distribuição a tentar pressionar o preço e quem segue uma política diferente a tentar comprar outros vinhos, o que o leva a não misturar marcas nos dois canais.
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A decisão de descontinuar a gama mais baixa, que estava a crescer 40% ao ano, surge numa altura em que a empresa não era capaz de responder à procura e decidiu assumir uma nova visão, apostando em produtos com mais valor e na criação de margem de manobra para reforçar a presença internacional, numa lógica de consolidação. recusando a dispersão por mais mercados. Perde à partida 47% do negócio em volume e 27% em valor. Admite vender menos umas 300 ou 400 mil garrafas este ano, mas acredita poder manter a facturação.
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na época das vindimas, estão prontos a receber enoturistas, outra vertente no negócio desta quinta"
Um exemplo prático da aplicação do Evangelho do Valor.
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Aquele último sublinhado é todo um tratado. Comparar uma empresa que aposta na eficiência a todo o gás e uma empresa que faz o mesmo que estes irmãos:

  • menos 300/400 mil garrafas este ano
  • menos horas de funcionamento da linha de engarrafamento - menos horas de trabalho, menos custos de energia, menos risco, menos ... e igual facturação.
A eficácia é muito mais rentável.

BTW, sublinho também a postura relativamente à distribuição grande. Em vez de "ladrar" e continuar a jogar o seu jogo, foram consequentes e deixaram esse campeonato.

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