sexta-feira, setembro 24, 2010

O futuro que nos está reservado é delicioso

"Para os bolsos dos portugueses, o ano de 2011 vai ser pior do que este e, muito provavelmente, o mais violento desde que se iniciou esta crise em 2007."

Escreve Helena Garrido no Jornal de Negócios no artigo "Chegou a hora de tirar a cabeça da areia"
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Quem visitar este blogue tem de reconhecer uma coisa: a minha taxa de sucesso na previsão do futuro é muito superior à de pessoas como Peres Metelo ou Luís Delgado. E podemos ir ao passado buscar evidências, por exemplo:
Assim, proponho-me re-escrever o trecho acima de Helena Garrido da seguinte forma:
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"Para os bolsos dos portugueses, o ano de 2012 vai ser pior do que 2011 e, muito provavelmente, o mais violento desde que se iniciou esta crise em 2007."
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E depois, com a entrada em jogo das PPPs:
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"Para os bolsos dos portugueses, o ano de 2013 vai ser pior do que 2012 e, muito provavelmente, o mais violento desde que se iniciou esta crise em 2007."

Atacar os poucos vitais... não os muitos triviais

Estou na zona do Grande Porto onde, ontem e hoje, estou a realizar uma acção de formação sobre "Melhoria Contínua".
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Uma das ferramentas mais potentes que pode ser utilizada num projecto de melhoria, um projecto para atacar um problema crónico, é o diagrama de Pareto.
Um diagrama de Pareto lista de forma ordenada decrescente a contribuição de vários factores para o problema.
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Num projecto de melhoria, nunca teremos sucesso se optarmos por trabalhar com os muitos factores triviais, aqueles que só contribuem para o ramalhete. Por mais que trabalhemos aí... será sempre trabalho pouco remunerado, o retorno do projecto será sempre baixo, diminuto. No noticiário das 7h da manhã na Rádio Renascença, Basílio Horta defendeu a diminuição do número de deputados e da dimensão do governo como solução para o défice português. A sério, não estou a brincar.
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Um projecto de melhoria só tem hipóteses de ser bem sucedido se começar por atacar os principais contribuintes para o problema, os poucos mas vitais. Será que Basílio Horta faz ideia de qual é a estrutura do défice?

A Terra dos Mortos-Vivos

"I see this same pattern in early stage startups. Early sales look fine, but often plateau. Engineering comes into a staff meeting with several innovative ideas and the head of sales and/or marketing shoot them down with the cry of “It will kill our current sales.”
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The irony is that “killing our current sales” is often what you need to do. Most startups don’t fail outright, they end up in “the land of living dead” where sales are consistently just OK but never breakout into a profitable and scalable company. This is usually due to a failure of the CEO and board in forcing the entire organization to Pivot. The goal of a scalable startup isn’t optimizing the comp plan for the sales team but optimizing the long-term outcome of the company."
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Trecho retirado de "Panic at the Pivot – Aligning Incentives By Burning the Boats"

Nichos

Um artigo interessante "Lucrar com apenas uma loja" na revista Exame deste mês de Setembro.
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"No entanto, isto só acontece quando o produto final é de excelência. Tem de ser algo que maravilhe"... a qualidade do produto/conceito é primordial, pois quando há uma democratização corre-se o risco de se desposicionar e desfidelizar o conceito inicial.
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Num mercado de nicho vence quem é único. O não querer agradar a todos, mas apenas a alguns, com uma oferta que convença os consumidores e os transforme em embaixadores da marca, responsáveis por grande parte da sua publicidade, é a explicação de como é possível vencer com apenas um ponto de venda. Se os clientes se querem sentir únicos é fundamental não massificar."

quinta-feira, setembro 23, 2010

Um mundo novo precisa de habitantes novos e práticas novas

Na sequência deste artigo "Down with fun" reconheço que há um certo exagero na infantilização do mundo em que vivemos, parece que tudo tem de ser "cool & fun".
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No entanto, há um lado que o autor não aborda.
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O mundo "adulto" que nos trouxe até ao final do século XX deixou-nos num mundo de abundância, num mundo massificado, num mundo globalizado, num mundo plano, num mundo dedicado às mega-empresas e à produção em série e à padronização.
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O mundo que está a despontar no início deste século XXI é um mundo novo, um mundo de "markets of one", um mundo não tão plano, um mundo semi-globalizado, um mundo de variedade, um mundo de diferenciação.
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Este mundo novo requer mais do que a aplicação da razão, solicita muito mais o lado direito do cérebro, apela a um uso mais balanceado dos dois lados do cérebro.
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Este mundo novo requer gente capaz de pôr as regras em causa muito mais rapidamente que a geração anterior. Ou seja, requer menos soldados, menos autómatos, menos operários e mais artesãos, mais empreendedores, mais gente apaixonada e envolvida.
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Julgo que o autor do artigo esquece esta vertente: a economia será diferente e vai precisar de pessoas e ambientes diferentes.

Mais um retrato do mundo que aí vem - Sonho de um optimista ingénuo (parte VI)

Na semana passada, num texto que estou a preparar para dar resposta a uma encomenda de um pequeno livro, escrevi num capítulo a que chamei "Quem somos?":
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"A resposta à pergunta: “Qual é o negócio da empresa?” pode dar uma âncora de estabilidade num mundo em mudança permanente por que remete a empresa para um outro nível de pensamento, para algo que é mais profundo que a espuma e o reboliço do dia-a-dia.
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Qual é o negócio da empresa? Qual é a sua razão de ser? Qual é a sua finalidade? Para que é que ela existe? Qual é a sua Missão?
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Muitas empresas pensam que o seu negócio é fabricar um produto. Nos tempos que correm isso é curto, isso é muito curto.
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Uma empresa pode produzir sapatos e estar no negócio da moda! Outra empresa pode produzir sapatos e estar no negócio da rapidez, da flexibilidade! Outra empresa ainda, pode produzir sapatos e estar no negócio de vender minutos de trabalho!
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Qual é o negócio da sua empresa? Qual é a sua missão?"
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Ontem descobri este texto do semanário Sol "Calçado português pisa o caminho da moda com diversificação da oferta" onde se pode ler algo nesta linha:
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"Depois de ganharem fama nos pés, as empresas nacionais de calçado estão a diversificar a oferta com o lançamento de novos produtos que complementam as colecções de sapatos e algumas querem tornar-se grupos de moda.
A Fly London, do grupo Kyaia, deu na maior feira de calçado, em Milão, mais um passo na caminhada «para se transformar numa marca do segmento de moda» com o lançamento de uma linha de óculos de sol, cintos e bijutaria."
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É um dos caminhos a seguir... mais um exemplo da explosão das pequenas empresas que vão inundar o mercado de opções, de escolhas, que vão acabar com a sociedade de consumo massificado.

quarta-feira, setembro 22, 2010

O tal país tecnológico de que fala Sócrates

Em finais de Agosto deste ano a minha filha mais velha dirigiu-se ao "Registo" em Estarreja para renovar o bilhete de identidade.
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À pergunta qual: o número de contribuinte?
Respondeu não tenho!
No Registo escreveram: Não sabe.
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Dada a urgência em obter o bilhete de identidade renovado (agora cartão do cidadão, ou cartão único, ou whatever) dirigi-me ao Registo para saber quando estaria pronto.
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Lá descobriram que se encontra empancado nas Finanças, para lhe atribuírem um número de contribuinte, desde 2 de Setembro.
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-Vá às Finanças (em Estarreja) para ver se lhe resolvem isso!
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Depois de três idas às Finanças e duas ao Registo, e já lá vão 9 dias, continuam a atirar a responsabilidade de um para o outro e nada se resolve.
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Será que devo fazer uma reclamação em cada um dos serviços?
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Será que devo matar alguém?
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Será que devo disfarçar-me de cigano romeno em França para me resolverem o problema?
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Uma nova página do capitalismo

À medida que o consumo em massa vai cedendo e dando lugar aos "markets of one", novos modelos mentais e de negócio têm de ser desenhados e experimentados.
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Um bom artigo para reflectir sobre o tema pode ser encontrado aqui "Creating value in the age of distributed capitalism".
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"In the same way that mass production moved the locus of industry from small shops to huge factories, today’s mutations have the potential to shift us away from business models based on economies of scale, asset intensification, concentration, and central control. That’s not to say factories are going away; their role in supplying quality, low-cost goods, including the technologies underpinning the shift to more individualized consumption, is secure. Yet even mass production is becoming less homogenous (consider the ability to order custom sneakers from Nike). And for many goods and services, new business frameworks are emerging: federations of enterprises—from a variety of sectors—that share collaborative values and goals are increasingly capable of distributing valued assets directly to individuals, enabling them to determine exactly what they will consume, as well as when and how. This shift not only changes the basis of competition for companies but also blurs—and even removes—the boundaries between entire industries, along with those that have existed between producers and consumers."
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Flexibilidade, flexibilidade, flexibilidade

O número de Outubro da Harvard Business Review inclui o artigo "It May Be Cheaper to Manufacture at Home" de Suzanne de Treville e Lenos Trigeorgis.
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Um título destes atrai logo a minha atenção.
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No entanto, se fosse responsável pelo artigo, em vez de "mais barato" escreveria "mais valor"!
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Num mundo onde a produção massificada vai fazer cada vez menos sentido, a flexibilidade será cada vez mais fundamental.
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"When designing supply chains, managers typically rely on the discounted cash flow (DCF) model to help them value the alternatives. But because DCF undervalues flexibility, companies may end up with supply chains that are lean and low cost under normal circumstances—but extremely expensive if the unexpected occurs."

terça-feira, setembro 21, 2010

Amigo precisa-se

Peres Metelo na TSF garante que nos 8 primeiros meses do ano a despesa desce!
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"Aumento da despesa está "em linha" com valor orçamentado" garante o secretário de Estado do Orçamento.
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Peres Metelo não tem um amigo que o faça ver a figura que anda a fazer?

Para reflexão

Mais um excelente postal de Steve Blank "The Peter Pan Syndrome–The Startup to Company Transition"
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Para ler e reflectir sobre as dores de crescimento de uma empresa.
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Não chega mexer na forma como se produz...

segunda-feira, setembro 20, 2010

Não há garantias?

Não percebo muito de, nem perco muito tempo com o futebol.
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Tudo o que vou sabendo é pela rádio, quando, nos noticiários, o tema é abordado.
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Em Agosto, na semana anterior ao desafio da Supertaça, os media só falavam da falta de confiança e intranquilidade no FC Porto. O treinador do Porto quase perdeu a cabeça com as questões numa conferência de imprensa.
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Agora, 9 jogos oficiais depois, ainda invicto... o que dizem os media?
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Passemos do futebol para a política, para a economia, para a religião, para ... qual a garantia de investigação, de estudo, de fundamentação?

I'm waiting for you!!!

Um diz "Gasta!" os outros dizem "Gasta mais!" (parte II)

Hoje, às 14h04, ao atravessar a portagem da Brisa em Albergaria ia perdendo o controlo do carro.
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A sério!!!
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Estava a ouvir o noticiário da Antena 1, pelas 14h04 aparece a voz do paladino da austeridade orçamental, a referência autárquica para para o país sobre como lidar com a despesa e as dívidas, a criticar o governo pelo aumento do défice.
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Exactamente, esse mesmo, o rei das dívidas autárquicas: Luís Filipe Menezes.
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Claro que tive um ataque de riso.
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Mais um que não se vê ao espelho!!!

Modelos mentais castradores e treta mediática

"In January 2006, the FOB price for the average made-in-China cotton T-shirt was 69,6% above the average for US imports from all countries.
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China is and will remain the preferred supplying country, at least for the next few years simply better than their competitors."
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Trecho retirado do livro livro de David Birnbaum "Crisis in the 21st Century Garment Industry and Breakthrough Unified Strategies".
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Muito chinfrim, muita polémica, muita demagogia, muita gritaria... poucos factos, menos seriedade.

A 31 de Dezembro de 2004 acabou o sistema de quotas que geria o comércio mundial de têxteis (ver aqui: "futuro dos têxteis após 2005").
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"Apenas 5 meses depois o panorama era este "O governo de Pequim acusou a União Européia de protecionismo na questão dos têxteis. Em resposta ao convite do bloco europeu para negociar com a China a contenção das exportações de produtos têxteis e fio de linho para a União Européia, o ministério chinês do Comércio assinalou que "a China está muito insatisfeita com o pedido".
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Segundo informações do bloco, as importações de têxteis chineses aumentaram 187% no primeiro trimestre deste ano em relação ao ano passado." (ver aqui: "Acirra-se crise têxtil entre UE e China")
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Lembro-me deste tema ser tratado nos media. Lembro-me dos comentários inflamados de políticos a clamarem contra o sucedido.
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"From January to May of 2005, according to OTEXA data, US cotton T-shirt imports from China increased by a colossal 1532% over the same period in 2004 - from 830530 dozen to 13559000 dozen. During the same period, imports of cotton trousers from China increased by a mind-boggling 1608% - from 723000 dozen to 12353000 dozen.
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Something had to be done.
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However, the closer we look at these events the less they make sense. First of all, what kind of factory is able to increase production fifteen-fold in five months?
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In 2006, exports of the strategic products literally collapsed as customers shunned made-in-China cotton T-shirts and cotton trousers."
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Repare-se só nesta cena macaca:
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"By the year 2000, a separate Hong Kong or Macau garment industry simply no longer existed. The companies may have been headquartered in Hong Kong and Macau, but the machines were just about all China.
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Unfortunately, this reality was not incorporated in the data. For the purpose of international trade. Hong Kong and Macau continued to be counted as separate entities. Consequently, international institutions and trading partners listed made-in-Hong Kong and made-in-Macau garments as different from made.in-China germents. This was complete fiction.
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Prior to quota phase-out, China's quota for the major garment export categories such as cotton T-shirts and cotton trousers was tiny compared with its enoumous production capacity. At the same time, Hong Kong's and, to a lesser degree, Macau's quotas for these same categories were enormous compared to their tiny production capacity.
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The solution for everybody involved was obvious: use Hong Kong and Macau quota to ship made-in-China garments. A new and profitable industry of T-shirt and troser smuggling was invented and made-in-China garments wew "submarined" out to Hong Kong and Macau. This allowed China to export garments above their quota limits, while simultaneously allowing Hong Kong and Macau to fully utilize their own quotas, which were far larger than their production capacity."
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Com o fim das quotas, a produção chinesa deixou de ser vendida como made-in-Hong Kong ou made-in-Macau e apareceu tudo como made-in-China!!!!!!!!!!!!!!
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Media e políticos........ alguém explicou isto?
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Muito chinfrim, muita polémica, muita demagogia, muita gritaria... poucos factos, menos seriedade.
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Trechos retirados do fabuloso livro de David Birnbaum "Crisis in the 21st Century Garment Industry and Breakthrough Unified Strategies".

domingo, setembro 19, 2010

Um diz "Gasta!" os outros dizem "Gasta mais!"

""Temos um Governo que dá a impressão de querer gastar ainda mais"" diz o líder do PSD.
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E uma oposição que compete no mesmo campeonato "Educação - PSD quer livros escolares gratuitos para o ensino escolar obrigatório"

Útil para quem aprecia design, ou é formador, ou é professor, ou é comunicador...

Via Presentation Garr Reynolds Zen descobri John McWade...
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Um espectáculo de desarmante simplicidade e facilidade de comunicação de conceitos.

Bottom-up, bottom-up, bottom-up, simplicity, simplicity, simplicity

"It's the Spending, Stupid"
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"Complexity, The Enemy of Freedom And the Harbinger of Revolution"
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"#Complexity, The Enemy of Freedom And the Harbinger of #Revolution"
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BTW, E quando no último Contraditório (Contraditório? Onde está o contraditório naquele grupo de alinhados?) Ana Sá Lopes, indignada, afirma "Já chega de cortar!" (falava sobre o défice e o corte na despesa do Estado). Já chega de cortar? Mas já começaram a cortar?

When discontinuities strike

“Prior success handicaps change.” The recent apogee adds further disadvantage: “I don’t know any comprehensive statistics that would stand up to academic scrutiny, but my feeling is leadership changes hands in seven out of ten cases when discontinuities strike. A change in technology may not be the No. 1 corporate killer, but it’s certainly among the leading causes of corporate ill health.”
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O que foi 2007?
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O que tentaram ser os estímulos?
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Trecho retirado de "The Limits of Strategy: Lessons in Leadership from the Computer Industry"